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Claudio Luiz Dias 28/05/2016 08:15
    Vivenciando a Serpente - Rumo a Machu Picchu – Parte I Lima

    Vivenciando a Serpente - Rumo a Machu Picchu – Parte I Lima

    A ideia é compartilhar dicas e aprendizagens da viagem realizada ao Peru em abril de 2016, incluindo a trilha inca de 4 dias e muito mais.

    • A Motivação

    Considerando nosso interesse em cerâmica indígena, vimos alguns vídeos na internet sobre comunidades indígenas Shipbo do Peru amazônico que são reconhecidas por manter a tradição secular da cerâmica. Então, Carlo Cury e eu decidimos passar férias no Peru.

    Mas a curiosidade pelo Peru andino também era forte e resolvemos incluir Cusco e Macchu Picchu no roteiro. Até então, pouco sabíamos da rica cerâmica produzida pelas culturas pré-hispânicas.

    Como quem sai na chuva tem que se molhar, resolvemos encarar a trilha inca de 4 dias, apesar da nossa pouca experiência em trekkings.

    • A Preparação

    Decisão tomada, era preciso se preparar, com equipamentos e roupas, mas também fisicamente, além da logística da viagem.

    A escolha da data de viagem levou em consideração basicamente dois fatores: clima e custo.

    Nos meses de verão, as chuvas são constantes. Tanto que a trilha fica fechada em Fevereiro. No inverno, as chances de chuva são remotas, o céu fica azul, mas o frio é congelante. Além disso, no inverno, os preços quadriplicam. Por exemplo, uma passagem LATAM São Paulo-Lima que normalmente fica por 15.000 pontos da Multiplus, pula para 50.000 pontos na alta temporada. Além disso, nos meses de junho e julho, as festas Incas atraem multidões.

    Parabéns à TAM (agora LATAM) que diminuiu bastante os descartáveis durante as refeições a bordo. Tijelas de cerâmica, talheres de aço e copos de vidro (para o vinho). O voo entre São Paulo e Lima leva 5 horas e tem uma diferença de fuso de 2 horas.

    Assim, escolhemos o mês de abril. Um meio termo de frio, alguma possibilidade de chuva e preços mais razoáveis.

    Decidida a data de viagem, definimos o roteiro das cidades a visitar (Lima, Cusco e Pucallpa) e deixamos dias extras em Cusco, primeiro para fazer a adaptação da altitude e depois para prever necessidade de mudança nos dias da trilha.

    Pela internet pesquisamos Agências que fazem a Trilha. São muitas. Escolhemos a MACHUPICCHU TERRA SRL - www.machupicchuterra.com (AV. Pachacutec - nº 608 CUSCO). email info@machupicchuterra.com.

    As reservas de hoteis também foram feitas pela Internet. Neste caso usamos o buscador Booking.com que tem se mostrado bastante confiável e os hoteis correspondem ao anunciado. Além disso, há opções para todas as necessidades e bolsos.

    A grande antecedência na consulta (dezembro de 2015) favoreceu obtermos os ingressos para a trilha, Machu Picchu e Huaina Picchu nas datas escolhidas, pois há limites estabelecidos de turistas por dia, definidos pelo Ministério da Cultura. Mesmo assim, tivemos que alterar a data de início da trilha do dia 27 para o dia 28 de abril, o que foi uma coisa boa, como vamos contar mais adiante.

    Também foi preciso conciliar as datas de hospedagem e de voos internos para adequar todo o roteiro da viagem.

    Levamos a moeda local: Novo sol e também dolares. Evitamos utilizar cartão de crédito, que tem um alto índice de clonagem e no Brasil a conta vem com uma taxa alta para compras no exterior. Ao comprar soles no Brasil, peça à casa de câmbio escolhida pelo menos um pouco de dinheiro em notas pequenas.

    No Peru, os bancos ficam abertos também aos sábados (meio período), mas aceitam trocar poucas notas grandes (de 200 soles) por vez.

    É dificil dizer quanto de dinheiro levar porque depende o tipo de viagem e padrão de cada um. Mas para um estilo básico de viagem, pensando em almoço, uma lanche da tarde e jantar, podemos falar em uma média de 60 a 100 soles por pessoa por dia. E depois, tem a locomoção (taxi), passeios e compras, de simples lebrancinhas a roupas finas de alpaca.

    Uma sugestão é fazer ao contrario: sabendo qual é o montante disponível para gastar na viagem, estabeleça quanto se pode gastar por dia. No fim de cada dia, deve-se fazer a contabilidade. Se gastou mais, economize nos dias seguintes.

    Em Lima, compensou acertar previamente o transfer com o Hotel. O trajeto entre o Aeroporto e o bairro de Miraflores ficou por 25 dolares. Um táxi no Aeroporto para fazer o mesmo percurso ficaria por 50 dolares.

    Ficamos no Hotel Suites Larco, localizado na Av. Jose A. Larco. As suites possuem sala e cozinha. Assim, é possível comprar comida pronta no supermercado e preparar o jantar no Hotel, economizando "verba" para gastar com cerâmicas nas galerias de artesanato.

    Em Cusco, é interessante reservar o mesmo hotel para os dias que antecedem a trilha e para os dias após a trilha. Assim, parte da equipagem pode ficar no hotel e levar somente o necessário para a caminhada.

    Para os voos internos, escolhemos a StarPeru, pelo preço muito mais baixo do que as demais companhias aéreas pesquisadas na Net. Também pela internet pesquisamos opiniões sobre a empresa e como eram favoráveis, ficamos mais tranquilos para fechar a compra. Comprando passagens aéreas ida e volta, o preço total fica mais baixo.

    E de fato, a empresa foi muito boa, na pontualidade dos voos, no espaço interno, na cordialidade dos atendentes de voo e em terra, e também pouca fila nos aeroportos. A única coisa é que, como tínhamos comprado as passagens com muita antecedência, houve remanejamento da grade de voos que mudaram de código, com pequena alteração no horário, e talvez por isso, não conseguimos fazer o web check-in do voo de volta de Cusco a Lima, o que não representou problema no check-in no aeroporto.

    Com nosso amigo Renan Caviche obtivemos as primeiras noções sobre botas e bastões de caminhada. Mas talvez a dica mais importante dele foi que existiam as meias próprias para caminhadas longas, que não deixam o pé ficar úmido do suor. Normalmente, é isso que causa as temidas bolhas que podem transformar um trekking num tormento.

    Fisicamente, no Estúdio de Pilates Eduardo Chaves em Caraguatatuba, o Edu e a instrutora Cristina Brazil deram ênfase na preparação dos músculos inferiores e joelhos, que são muito exigidos neste tipo de trilha. Eu vinha de uma lesão no menisco, ocorrida em setembro de 2015. Por precaução, tive acompanhamento de ortopedista.

    Também fizemos uma avaliação com cardiologista para tirar dúvidas sobre efeitos da altitude. Com a altitude, a pressão sanguínea sobre para compensar a menor quantidade de oxigênio. Então, como a nossa (minha e do Carlo) é baixa, estávamos liberados.

    Percorremos várias trilhas em Caraguatatuba e Ilhabela, incluindo o Pico do Baepi e fizemos longas caminhadas na orla de Caraguatatuba como parte da preparação.

    E para registrar tudo, pegamos preciosas dicas de fotografia com nosso amigo Adalton Costa. Assim, pude comprar uma lente mais potente e é incrível o efeito dos filtros, principalmente em realção a superfícies espelhadas como água e vitrines envidraçadas dos museus.

    • Aclimatação

    Fizemos uma aclimatação não só física, mas também cultural, para entender e aproveitar melhor o que veríamos em Cusco, na trilha e em Machu Picchu.

    Isto começou em Lima, uma cidade muito bonita, limpa e florida. Quase não chove, mas na maioria dos dias há um nevoeiro intenso vindo do mar, depois o sol aparece e o céu fica azul. À noite esfria bem. O abastecimento de água para toda a cidade vem do rio Rímac, atendendo a 13 milhões de habitantes.

    As vias de circulação são denominadas avenidas, calles ou jiron (que se abrevia como Jr. ). Mas não é difícil ver placas nas esquinas de uma mesma rua com denominação de calle X e outra placa com denominação de jr. Y.

    Como nosso voo chegou por volta do meio dia, tivemos tempo de conhecer o bairro no entorno do Hotel, que fica numa das principais avenidas de Miraflores, a Av. Jose A. Larco. A poucas quadras dali, nos deparamos com uma praça de gatos. Mas são muitos gatos. Trata-se da Praça Kennedy.

    As pessoas vão lá e os bichanos se achegam para ganhar um colo ou um pedaço do seu lanche. Muitos levam água e ração de gatos. O local, apesar dos bem cuidados gramados e canteiros de flores não é bem propício para um pic-nic, já que o odor de urina e fezes de gatos é muito forte. Os gatos são das mais variadas idades, pelagem e saúde. Mas estão bem acostumados com as pessoas e é difícil passar pelo parque e sus imediações sem tentar fazer um carinho nos bichanos, atividade que é repetida por Limenhos e turistas. Se você não curte gatos, com certeza deve ficar longe dessa Praça.

    Mas aí você perde também as concorridas apresentações musicais que ocorrem num pequeno anfiteatro nas noites de sábado e também a feira de artistas que expõem seus quadros no Paseo de los Pintores nas quintas-feiras e domingos, ou artesanatos diariamente na Rotanda de los Artesanos.

    Nas coloridas galerias de artesanato das Avenidas Arequipa, Petit Thouars e Ricardo Palma, no bairro Miraflores, preparem-se para ouvir de cada lojista as frases: “adelante cabalhero; passe señor, pregunte; que procura? Considerando que cada galeria deve ter de 50 a 100 lojas, isso entra da mente do sujeito... Mas vale a pena ir às compras e nunca pague o valor que lhe dão de inicio. E aí vem outra frase: quanto quieres pagar?

    Estando no bairro de Miraflores, impossível não se admirar com o Shopping Larcomar. Um moderno complexo de lojas de grife e restaurantes, quase todo a céu aberto, construído à beira do barranco de 70 metros que separa o mar da cidade de Lima. Ótimo lugar para curtir um por do sol no Pacífico.

    Mas para uma região sujeita a terremotos, não nos pareceu uma boa ideia construir tão próximo da beirada do barranco. Por outro lado, Lima parece estar segura contra Tsunamis.

    Este incrível barranco tem origem no regime fluvial do rio Rimác que arrastou e depositou sedimentos arenosos e clastos (fragmentos de rocha) ao longo de milhões de anos, tornando-se um conglomerado pouco consolidado. Estes clastos, de diferentes tamanhos, possuem forma arredondada devido rolagem por ação da água do rio e telas impedem que ao cair, atinjam os carros que passam na avenida a beira mar.

    As praias também são cobertas por estas pedras tornando-as inóspitas para deitar sobre uma esteira ou canga! Além disso, a água gelada não é um atrativo para banhistas. Só mesmo o pessoal do surf se arrisca na água do mar.

    Quanto à gastronomia, o Peru dispensa apresentação. Tem uma culinária internacionalmente reconhecida. Comemos bem em todos os lugares que fomos, mesmo nos restaurantes mais simples. Mas preste atenção: no Peru, "menu" é um tipo de combo e não o "cardápio". Quando você pede o menu vem uma entrada, normalmente uma salada, ceviche (ou cebiche) ou sopa, um "plato de fondo" ou prato principal (que pode ser fixo do dia ou à escolher no cardápio), um suco e às vezes uma sobremesa. O preço normalmente compensa.

    A única ressalva é o preço do cafezinho. De modo geral, o café no Peru é muito caro, mesmo nos supermercados. Certifique-se de ver o preço no cardápio antes de ordenar.

    Por falar em supermercados, há pelo menos duas grandes redes: o Metro e o Plazavea, este um hipermercado. São boas opções para trocar dinheiro, seja de dolar para soles ou conseguir troco para notas graúdas de sol.

    O Centro Histórico de Lima também vale muito a pena conhecer, Plaza de Armas, Catedral, igrejas, museus, palácios... Tudo muito limpo e com jardins floridos. Raramente de vê algum papel ou plástico no chão. Normalmente se paga para visitar igrejas e seus museus e catacumbas. Nos horários de missa a entrada é franca, mas não dá direito a ir aos museus.

    Plaza de Armas

    O melhor meio de ir de Miraflores ao Centro é pelo corredor de ônibus do Metropolitano. Inicialmente é preciso comprar em guichês eletrônicos nas próprias estações um cartão (tipo bilhete único) por $ 4 soles e 50 centésimos, e creditar saldo. Cada passagem sai por $2,5 soles. OS funcionários nas estações espalhadas ao longo da Avenida Paseo de La República são bastante atenciosos e lhe orientam a utilizar a máquina. Para ir à Plaza de Armas, tome os ônibus da Linha C e desça na Estação Jr. Union.

    De ônibus expresso, evitam-se os incríveis congestionamentos que se formam nas horas do rush. E da-lhe buzina. Mas em algumas horas, estes ônibus também ficam superlotados, sendo difícil entrar. Tem que se pensar que Lima é uma capital com milhões de habitantes, com problemas da mobilidade tal como nas grandes cidades brasileiras.

    Na catedral de Lima, atente-se para o horário. Chegamos lá por volta das 16h30 e pagamos para entrar. Mas às 17h00 horas a igreja fechou e tivemos que sair sem terminar a visita. O Carlo reclamou e nos deixaram voltar no dia seguinte, com o mesmo bilhete.

    Também no Centro historio está a igreja de São Francisco (jr. Ancash), que nas catacumbas são expostas ossadas de mais de 20 mil pessoas e o Santuário Del Señor de lós Milagros (na av. Tacna), que tem um afresco no altar mor com cristo crucificado. Esta parede pintada foi a única do entorno que resistiu a vários terremotos, milagre que é atribuído à imagem de Cristo, por isso, senhor dos milagres.

    Uma réplica do afresco fica exposta no lado externo, onde devotos fazem suas preces.

    Próximo do Congresso Nacional, na Jr. Amazonas, existe uma feira de livros usados (Sebo) com centenas de stands com bilhões de livros sobre os mais diferentes temas. Compramos dois livros de uma coleção publicada nos anos 70 pelo Banco de Crédito Peruano, um sobre arte sacra e outro sobre cerâmica pré-hispânica. Apesar do entorno não ter o charme e atrativos dos pontos turísticos próximos dali, vale a pena visitar. Há por perto alguns pequenos restaurantes de comida do dia a dia dos limenhos. Almoçamos muito bem num deles.

    O Museo de la Nacion (Av. Javier Prado, 2465 Oeste), localizado junto do Ministério da Cultura, no bairro de San Borja, instalado em um moderno e imponente edifício esta fechado para manutenção. Uma pena. Mas a caminhada de uns 6km (ida e volta) entre a estação Javier Prado do Metropolitano e o Museu, valeu como mais uma preparação para a trilha de Machu Picchu.

    O imperdível Museu Nacional de Arqueologia, Antropologia e História Del Peru (ingresso a 10 soles, das 8h45 às 17h00), instalado em uma antiga mansão utilizada pelos libertadores Simon Bolívar e San Martin, no bairro de Pueblo Libre, nos deu a noção das diferentes culturas pré-hispânicas (Lima, Nazca, Chimu, Wari, Moche, Mochica, Paracas, Chavin, Vicus e Inca). A coleção inclui cerâmicas, múmias e os crânios alongados ou trepanados. O taxi de Miraflores a Pueblo Libre ficou em 35 soles.

    Rica coleção de cerâmica pré-hispânica


    Cranios alongados. Especulação sobre extra-terrestres Cranio com cirurgia de trepanação. E o paciente sobreviveu!!!!

    Começamos a entender que os Incas agruparam num mesmo império culturas diferentes, nunca as destruindo, mas sim assimilando o que cada uma tinha de melhor. E também foram utilizando as construções já existentes de culturas até já extintas.

    Mas parece que os Peruanos agora acreditam em uma nova deidade: a buzina. Acreditam que buzinando o carro parado em fila dupla vai andar, que o sinal vai abrir antes, que será possível passar entre dois carros, etc. Mas pelas marcas nas latarias, principalmente dos ônibus, essa deusa não tem atendido aos seus devotos.... De modo geral, não recomendamos dirigir no Peru.

    E os taxistas (todos) também ficam buzinando ou dando sinal de farol para todos aqueles que eles consideram um cliente em potencial, tipo assim, dois caras andando pelas avenidas com jeito de turista....

    Visitamos as ruínas de Huaca Pucllana no bairro de Miraflores (ingresso a 12 soles com direito a visita guiada), onde é possível ver as sobreposições de culturas: a Lima (que utilizou o local como entreposto e santuário) , Wari ou Huari (que utilizou o local como cemitério) e depois os Ychsma que utilizaram como um local para oferendas e aldeia.

    As casas e as pirâmides foram construídas em adobe (um tijolo feito de barro misturado com fibras vegetais).

    As escavações neste sítio começaram apenas em 1967 e somente na década de 80 houve uma restauração. Devido ao abandono das décadas anteriores, parte da área e pirâmides menores foram destruídas para a expansão urbana de lima.

    Há indicações de que para cada novo trecho a ser construído, os habitantes locais faziam oferendas, construindo imensos jarros de cerâmica que eram então propositalmente quebrados e enterrados, como mostra a representação montanda no local. Com o tempo, sacrifícios humanos também foram praticados. Mas eram escolhidas mulheres adultas em idade de reprodução, e não as virgens, já que o sacrifício era considerado maior. Alguns homens e meninos também sofram sacrificados. A diferença dos enterros normais e sacrifícios, é que nestes os corpos apresentavam morte violenta e não haviam oferendas (potes, milho, etc).

    Para a cultura Lima, o tubarão era uma importante divindade, frequentemente representada em tecidos e cerâmicas

    Outro importante sítio arqueológico perto de Lima é o Pachacámac, localizado em uma área de 460ha, próximo do mar e datado de 200 DC. O lugar era um centro de peregrinação e culto. Havia um oráculo onde os imperadores consultavam sua sorte.

    Pirâmide com rampa nº 01

    Como o sítio fica longe do centro de Lima, o melhor custo benefício para chegar lá é com ônibus panorâmico por 75 soles por pessoa (pela empresa Mirabus, com base em Miraflores, em frente à Praça Kennedy), que inclui guia e entrada no sítio.

    (na praça dos gatos, o parquinho de crianças tem grama sintética para evitar contato com as fezes dos felizes felinos).

    No caminho, o ônibus faz uma parada a beira mar para vermos um homem vestido de frei saltar de cabeça de um penhasco no mar gelado. Depois damos gorjetas ao corajoso "frei"!

    No complexo Pachacámac, um local totalmente árido, a visita começa pelo impressionante museu com peças de arqueologia e tecelagem, além da imagem do deus Pachacámac.

    Mascaras mortuárias: Como as mumias acabavam perdendo a forma, uma máscara de madeira ficava sobre o corpo acomodado em posição fetal, enrolado em muitos tecidos, para manter uma alusão à figura humana.

    Imagem do Deus Pachacámac. Neste totem estão representados os 3 níveis da existência: o inferior (dos mortos), no meio, o mundo dos vivos e na parte superior a espiritualidade, trilogia que também está na cultura Inca, representados pela serpente, puma e côndor.

    Os Incas ao ocuparem o lugar não o destituiram, como normalmente fazem os conquistadores, mas incorporaram seu culto. Tanto que o oráculo continuou a ser consultado até o último imperador Inca, Atahualpa.

    Nisto eu considero a cultura Inca semelhante como o Império Romano e sua Pax Romana.

    O irmão de Francisco Pizarro, o conquistador espanhol, chegou no lugar, vindo por uma imensa avenida de disciplinava o fluxo de peregrinos e até morou no lugar, próximo das incríveis pirâmides que eram revestidas com uma espécie de reboco vermelho (Templo Pintado), do qual pequenos fragmentos resistiram.

    Calle Norte

    Templo Pintado com o pouco que sobrou do roboco vermelho

    Na parte mais alta do terreno, os Incas ergueram um templo a um dos seus principais deuses, o Sol.

    As ilhas localizadas no mar bem próximo deste sítio arqueológico possuem sua lenda própria. Conta-se que a ilha maior é a formosa princisa Cavillaca que se atirou no mar com seu filho (ilha menor) por uma desilusão com o deus Cuniraya.

    O palácio de Las Mamaconas (mulheres escolhidas), atualmente restaurado, abrigava virgens provavelmente para sacrifícios humanos. Na época da conquista, os espanhois pensaram que era um tipo de convento.

    Num dos mirantes, vimos o que deveria ser uma espécie de sambaqui, pois tinha “lixo” pré-hispânico, com restos de crustáceos, conchas, camadas de vegetação (provavelmente da cobertura das construções, já que a área é extremamente árida, ossos de animais e cacos de cerâmica ao alcance dos olhos. Não se pode sair da trilha pois as escavações arqueológicas estão longe de acabar. Quanta coisa ainda será encontrada nas pirâmides?

    "Sambaqui" cheio de cacos de cerâmica pré-hispânica

    Então, depois de 3 dias em Lima, viajamos para Cusco.

    Claudio Luiz Dias
    Claudio Luiz Dias

    Publicado em 28/05/2016 08:15

    Realizada de 21/04/2016 até 24/04/2016

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    2 Comentários
    Patrícia 05/04/2017 16:37

    Parabéns Claúdio, pela viagem e obrigada por vc ter disponibilizado todas essas informações!!

    Claudio Luiz Dias 10/04/2017 08:07

    É um prazer poder ajudar viajantes. Obrigado Patricia

    Claudio Luiz Dias

    Claudio Luiz Dias

    Caraguatatuba

    Rox
    345

    Agrônomo pela ESALQ USP.Trabalha na CETESB (Agência Ambiental do Estado de São Paulo) desde 1990. Interesse por meio ambiente, historia e cultura (foco em cerâmica indígena)

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    Mínimo Impacto
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    Peter Tofte, Dri @Drilify e mais 442 pessoas apoiam o manifesto.