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Claudio Luiz Dias 24/08/2018 22:10
    Vulcões da Italia - o Vesúvio e o Etna

    Vulcões da Italia - o Vesúvio e o Etna

    Nesta postagem são agrupadas informações básicas e culturais para quem quer ver de perto dois gigantes adormecidos: o Vesúvio e o Etna.

    Montanhismo

    Na Itália há três vulcões em atividade: o Vesúvio, perto de Nápoles, o Etna na Sicília e o Stromboli, na ilha de mesmo nome, também perto da Sicília, no mar Tirreno.

    Ao visitar os vulcões Vesúvio e Etna e ver seus efeitos sobre a paisagem e populações, passamos a compreender como é possível que na história das religiões tenham havido, e ainda hoje há, deuses que são ao mesmo tempo Criadores e Destruidores, como o deus Ai Apaec da cultura Moche no Peru (cultura que floresceu cerca de 1.000 anos antes dos Incas), o deus Shiva dos Hindus e mesmo Deus dos judeus, católicos e muçulmanos, com seus dilúvios e destruições de cidades.

    deus Ai Apaec

    Ai Apaec era o deus criador, protetor e provedor de água, alimentos e triunfos militares e ao mesmo tempo destruidor ou degolador, pois exigia sacrifícios humanos em sua honra.

    Na mitologia hindu, Shiva simboliza a destruição, a renovação, a transformação. É por meio dele que o mundo e todos nós evoluímos, deixando o passado para trás para dar lugar ao novo.

    E assim tem sido na história desses vulcões, que apesar da destruição que causam, mantém o fascínio e quase uma adoração de seus súditos italianos. Os solos renovados pela lava e cinza produzem uvas, castanhas, cerejas, limão e mel, que além do turismo, fornecem sustento aos moradores do entorno.

    Na viagem realizada em maio de 2018 visitamos o Vesúvio e o Etna, ficando o Stromboli (que é o mais ativo vulcão europeu, com erupções ocorrendo com um intervalo médio de uma hora) para uma próxima jornada.

    O Vesúvio

    O Vesúvio é talvez o mais conhecido devido à sua grande erupção no ano de 79 da nossa era que soterrou duas cidades romanas (Pompeia e Erculano), congelando-as no tempo. Chegaram até nossos dias os relatos minuciosos dessa erupção redigidos por Plínio, o jovem, que assistiu tudo de um barco na baia de Nápoles. Hoje erupções explosivas de grande magnitude são denominadas plinianas.

    Tivemos como base a cidade de Nápoles, ficando hospedados no Hostel Federico II, um apartamento totalmente reformado, tendo quatro quartos com banheiros privativos. A proprietária Rosana, além de muito simpática, prepara um excelente café da manhã. (via Antonio Tari, no centro histórico de Nápoles. Telefone: +393335603039. Está também em www.booking.com)

    Antes de subir no Vesúvio, nos preparamos para conhecer sua história.

    A primeira parada foi no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles - MANN (www.museoarcheologiconapoli.it). Muitos mosaicos, afrescos, objetos variados e cerâmicas retirados de Pompeia e Erculano estão expostos neste museu (Entrada a 12 Euros).

    Mosaico que decorava uma casa em Pompeia, preservado graças à tragedia de 79dC.

    No dia seguinte fomos visitar as ruínas da cidade romana de Pompeia que foi fundada no século VIII aC, foi coberta por cinzas do vulcão Vesúvio em 24 de Agosto de 79 dC, ficando soterrada até ser reencontrada por acaso em 1748. Desde então, as escavações vem mostrando como era a vida em uma cidade nos tempos da Roma Antiga.

    Cinzas e lama protegeram as construções e objetos dos efeitos do tempo, moldando também os corpos das vítimas, o que fez com que fossem encontradas do modo exato como foram atingidas pela erupção.

    A erupção de 79 foi tão intensa que mudou o curso do rio Sarno e aumentou a área litorânea do entorno.

    Para chegar ao sítio arqueológico pegamos um trem regional em Nápoles descendo na estação Pompei Scavi (Trem 2,90 Euros, Entrada do Parque Arqueológico 17 Euros).

    Importante: após comprar os bilhetes de trem, não esqueça de “convalidá-los” antes de embarcar. É um processo simples em que você insere o bilhete em máquinas espalhadas pela estação e é então impresso o horário do momento. O bilhete passa então a ter validade. Não convalidar os bilhetes pode custar uma cara multa (50 Euros) se houver fiscalização.

    É fortemente recomendado adquirir um mapa (8 a 12 Euros), pois sendo a cidade arqueológica muito grande é fácil perder-se ou gastar mais tempo do que o normal. Infelizmente os nomes das ruas dos mapas não tem relação com as placas fixadas nas ruas. Mesmo assim, como as ruas são ortogonais, o guia ajuda a chegar nos principais pontos de interesse, como as termas, a Arena, os teatros, e padarias.

    Também é importante levar comida (lanches, frutas e água), além de calçado confortável, pois a exploração leva o dia todo e o piso é irregular (lembra um pouco o piso de Paraty-RJ).

    Ruinas de Pompeia, observadas pelo Vesúvio

    E como o Vesúvio continuava ali, observando-nos o tempo todo, resolvemos subir nele no dia seguinte para um visitinha mais íntima e encarar olho a olho este gigante que finge dormir.

    Subida ao Vesúvio

    O Vesúvio é o único vulcão na Europa Continental a ter entrado em erupção nos últimos cem anos (a última foi em 1944), sendo considerado atualmente um dos mais perigosos do mundo devido a sua tendência de erupções explosivas. No seu entorno há uma população de 3 milhoes de habitantes. Por isso, há sitemas de monitoramento constante de atividades sísmicas.

    Fomos de trem até Ercolano, outra cidade destruída pela erupção de 79 DC (Trem 2,20 Euros) e da estação, pegamos um bus shuttle da Vesúvio Express, que oferece o transporte (10 Euros ida e volta) e o bilhete de entrada (10 Euros ). A única desvantagem do ônibus é que há um horário determinado para voltar.

    Não recomendamos fazer a caminhada a pé ou bike até a base do Vulcão porque, apesar de uma bela paisagem, o risco de atropelamento é grande. A estrada é estreita e sinuosa, com fluxo nos dois sentidos. Ônibus de excursão disputam espaço com as vans e carros particulares.

    O ‘estacionamento’ fica a mais ou menos a 1000 metros de altitude e há local para compra de ingresso (mesmo preço da agência próxima da estação de trem de Ercolano).

    Para chegar até a imensa cratera 200 metros acima, seguimos caminhando pelos 800 metros da trilha, que é fácil, apesar de íngreme e em uma superfície de terra e lava endurecida com pedregulhos soltos, o que a torna um pouco escorregadia. Na Guarita de entrada há empréstimo de bastões de caminhada de madeira.

    Trilha de 800 metrosque leva à cratera 200 metros acima

    Havia pessoas de todas as idades, o que demonstra que a trilha é fácil e vale muito a pena, tanto pela visão da cratera do vulcão e suas fumarolas (sim ele está ativo), como da vista de toda a baía de Nápoles.

    Vista parcial da imensa cratera, com fumarolas ativas

    imensa cratera

    Ótima estrutura da trilha e vista da Baia de Nápoles

    No percurso há três estações de apoio, com lanchonete, loja de souvenires e apoio para piqueniques . Lá são vendidos vinhos de uvas cultivadas nas encostas do Vesúvio, para orgulho dos locais.

    Uma das estações de apoio

    Presenciamos uma aula de física a alunos pré adolescentes, na qual a professora explicava entusiasmada que a lava sobe e sai da cratera quando a energia térmica se transforma em energia cinética! Será que é isso que acontece com o leite naquele instante em que desviamos o olhar enquanto ele ferve?

    A partir da última estação de apoio, a trilha se finda e é preciso autorização para o acesso. Não encontramos na internet ou no local, oferta de guias para explorar a borda oposta da cratera, o que nos deu a entender que os grupos que vimos lá no alto, além do fim da trilha, eram cientistas ou estudantes especializados.

    Fim da trilha. A partir deste ponto, só pessoas autorizadas

    O Vesúvio encontra-se inserido em um Parque Nacional bastante extenso, com muitas trilhas e atrações no entorno. É possível obter mais informações e uma lista de guias credenciados em http://www.parks.it/parco.nazionale.vesuvio/index.php.

    Para terminar o dia, resolvemos então fazer exatamente o inverso: voltar a Nápoles e visitá-la por baixo, o famoso passeio "Napoli soterrânea" (Entrada por 10 Euros).

    Nos primórdios da ocupação pelos gregos, a então cidade Neápolis ia sendo construída com blocos de rocha calcária extraídos sob as próprias residências ou templos.

    O processo se iniciava com a escavação de um poço comum. Então um salão ia sendo escavado com teto abobadado e os blocos de rocha eram içados pela abertura do poço.

    Os romanos interligaram essas cavidades, fazendo a água circular e assim cada casa tinha sua própria fonte de abastecimento. Na idade média. o lixo jogado deixou o lugar fétido e a peste se espalhou. Durante a 2ª Guerra Mundial os subterrâneos serviram de abrigo antiaéreo e atualmente os vários quilômetros de túneis abaixo das ruas e casas são explorados pelos turistas.

    Há até alguma concorrência de operadoras que exploram trechos específicos e se intitulam como "percurso oficial". (www.napolisotterranea.org --- www.lanapolisotterranea.it ---http://www.laneapolissotterrata.it)

    Lá em baixo (cerca de 40 metros de profundidade) faz um pouco de frio e há um pequeno trecho (opcional) totalmente escuro e muito apertado, não recomendado para claustrofóbicos ou para quem está acima das estaturas medianas.

    É como explorar uma caverna, só que feita por homens, há 5 mil anos.

    Deixando o Vesúvio e Nápoles para trás, e depois de uns dias pela Costa Amalfitana, fomos para a Sicília, onde fica “A Montanha”, como os sicilianos chamam o Etna.

    A Sicília

    A ilha da Sicília foi objeto de desejo de muitas civilização, como os fenícios no sec XI a.C, e os gregos no séc. VIII a.C..

    Foi na Sicília que durante a Odisseia, Ulisses enfrentou os ciclopes (gigantes com um único olho no meio da testa que moravam em cavernas dentro do Etna). Quando Ulisses cegou o ciclope Polifemo para poder fugir da ilha, o ciclope lançou a esmo grandes blocos de rocha para tentar atingir os barcos de Ulisses. Estes blocos permanecem na costa de Aci Trezza, hoje uma vila de pescadores.

    Ilhas Ciclopes, em Aci Trezza, Sicília

    Fico imaginando um grego vendo o Etna em erupção expelindo rochas a grandes distâncias. A justificativa mais plausível seria mesmo a de que um gigante estaria arremessando tais pedras….

    A Sicília esteve sob domínio dos Cartagineses entre os séculos V e III a.C. e então conquistada por romanos no final da primeira guerra púnica, quando a Sicília se tornou o celeiro do império devido ao clima e à fertilidade do solo.

    Depois de saqueada por Vândalos e Ostrogodos, foi anexada ao Império Bizantino em 535 e ao império árabe (sarraceno) em 820.

    Ficou então sob domínio dos Angevinos (franceses) e depois dos Aragoneses (espanhóis), quando foi criado o Reino das Duas Sicílias.

    E não parou por aí: Habsburgos da Austria (mesma família da nossa imperatriz Leopoldina) e Bourbons da Espanha (parentes da rainha Carlota Joaquina) também reinaram por lá.

    Os franceses voltaram em 1799 com Napoleão Bonaparte. Mas em 1860, com ajuda de Giuseppe Garibaldi, Victorio Emanuel II sagrou-se rei da Itália unificada, e a Sicília foi incorporada ao Reino por plebiscito. Garibaldi em suas campanhas militares teve ajuda incondicional de sua esposa, a brasileira Anita Garibaldi, considerada heroina de dois mundos e mãe da pátria. Infelismente, Anita morreu em Ravenna em 1849, sem ver a Italia unificada.

    Essa longa história vem deixando vestígios vivos nesta linda ilha, com um mar azul e incrivelmente transparente.

    E muito mais antigo que tudo isso, existe o Etna, um dos vulcões mais fascinantes do mundo.

    Escolhemos como base a cidade siciliana de Catânia por sua posição geográfica (35km do Etna), permitindo acesso em viagens curtas também a Taormina (norte) e Siracusa e Noto (ao sul), todas na costa do Mar Jônico.

    A costa do mar Jônico tem cores incríveis. Nem sempre há praias como as que conhecemos.

    A passagem do continente para a Ilha da Sicília é feita pelo estreito de Messina, onde o canal tem apenas três quilômetros de largura.

    A viagem de trem de Salerno a Catânia (20 Euros), levou cerca de 7 horas, considerando que duas horas foram gastas na travessia.

    Incrivelmente, o trem manobra e entra dividido em duas partes em uma grande Balsa que na parte superior tem um amplo salão, com cafeteria, banheiros e acomodações acessíveis durante a travessia.

    Preços e horários de passagens de trem são disponíveis em www.trenitalia.com ou www.italiarail.com/.

    Em Catania, que foi fundada no sec. VIII a.C. por gregos, duas coisas são marcantes: o Etna e Santa Ágata, cujas histórias se fundem.

    Ágata era uma jovem nobre que morreu na cidade em 5 de fevereiro do ano 251, por ocasião de um terremoto provocado pelo Etna enquanto ela estava sendo martirizada e teve os seios cortados. Acredita-se que o Etna abreviou assim, os sofrimentos da menina.

    Martirio de Sant’Agata óleo sobre tela de autoria de Francesco Guarino

    Conta-se que no aniversário de morte de Santa Ágata, o vulcão Etna iniciou uma nova grande erupção. Os moradores pegaram o véu da Santa, que era guardado como relíquia pelos cristãos de Catânia e subiram no monte em oração. Foi então, que o Etna cessou a erupção e a lava simplesmente parou de deslizar montanha abaixo.

    Mas foram várias outras as erupções do Etna que lançaram lava sobre a cidade, cobrindo (total ou parcialmente) construções gregas e romanas e mudando inclusive a orla.

    E em 1693 a cidade de Catânia foi completamente destruída por um terremoto causado por uma erupção. A cidade foi então reconstruída com melhor urbanismo, largas avenidas e os prédios seguiram a Arquitetura Barroca, que a caracteriza até os dias atuais.

    Nesta reurbanização, foi aberta a Via Etnéa, que cruza toda a cidade e à noite, os quarteirões próximos da Catedral (Duomo) se transformam em área pedestre, com intensa vida noturna com ótimos restaurantes.

    Via Etnea à noite, em Catânia, Sicília

    Vida e morte, criação e destruição, devastação e reconstrução, um ciclo que não se finda. Molda e dá a vitalidade à ilha e aos seus habitantes.

    O Etna

    É o vulcão mais alto da Europa, atingindo aproximadamente 3350 metros de altitude, mas isto varia bastante devido às frequentes erupções. Considerando a área total, o Etna supera em quase três vezes o tamanho do Vesúvio.

    O Etna, além do cone principal, possui outros 700 cones secundários. Isto significa que está muito ativo. A última erupção ocorreu no dia 28 de fevereiro de 2017.

    Tudo faz parte de um Parque Nacional (http://www.parcoetna.it/). Se tiver mais tempo na região, há muitas trilhas (sentieri) e cavernas vulcânicas para serem exploradas.

    Subida ao Etna

    Nesta primeira estada na Sicília, nosso objetivo em relação ao Etna foi obter informações sobre como explorar a área. O melhor jeito foi ir até a base do vulcão, chamado Rifugio Sapienza.

    De Catânia há uma linha de ônibus da companhia AST, que sai às 8h15 (horário único) da Piazza Giovanni XXIII (em frente a estação ferroviária) e vai até o Rifugio, numa viagem que dura cerca de 2 horas (5 Euros). E a volta é às 16h30.

    Mas resolvemos ir de van com uma operadora de turismo contratada em Catânia (www.katanelive.it - dia inteiro por 30 Euros por pessoa, sem refeições). Nosso guia foi o simpático Vicenzo (www.vintour.it).

    Quiseram os deuses que após dias plenos de sol explorando as cidades do entorno junto ao mar, o dia da subida amanheceu nublado.

    Aqui deve ser feito um parêntesis para falar sobre o clima. Sendo uma montanha com mais de 3.000 metros de altura, no inverno o Etna fica coberto de neve e se transforma em uma Estação de Esqui (www.etnasci.it).

    Nossa viagem foi no meio da primavera (maio) e as temperaturas estavam bastante agradáveis. Mas ainda era possível avistar o cume nevado desde a cidade de Catânia.

    Visão do Etna desde a cidade de Catania, com um resto de neve no cume e uma grande fumarola. Os pontinhos pretos no ceu azul são centenas de andorinhas que dominam essas bandas na primavera

    Mas as condições climáticas podem mudar muito rapidamente.

    Por isso, é importante definir a data da viagem dentro do tipo de exploração que se quer fazer, e que tipo de equipagem será necessária.

    Subimos pelo lado sul e nossa primeira parada foi a cidade de Nicolosi, com pouco mais de 7.000 habitantes, a 700 metros de altitude. No brasão da cidade uma citação ao cidadão que resiste ao fogo da montanha para se tornar uma gema resplandescente. É a cidade mais próxima da base do Etna. Ótima parada para um café e uma conversa com Salvatore um senhor local sobre a história da Igreja Matriz dedicada ao Espirito Santo.

    Depois, continuamos a subir por uma estrada muito bem pavimentada, com algumas paradas para observar os efeitos das erupções e corrida de lava de erupções passadas, que engoliram algumas casas

    Um dos motivos para a estrada ser tão boa é que ela precisa ser constantemente recuperada, por conta dos fluxos de lava que a atravessam....

    Chegamos então no Rifugio Sapienza que é o ponto principal de estacionamento de excursões, base das operadoras especializadas, lojas, albergue, restaurantes, entrada para o teleférico (http://funiviaetna.com/) e até um cinema 7D que coloca você no centro de uma cratera em erupção.

    A partir do Rifugio Sapienza, a cerca de 1.900 metros de altitude, é possível acessar livremente várias crateras secundárias. A paisagem é surpreendente. Lava endurecida, rochas soltas, trilhas escorregadias e a relva tentando recolonizar o solo.

    A primeira cratera foi a Silvestre. Pequena, mas 100% acessível. Foi formada na erupção de 1986.

    Depois subimos uma outra cratera, mais alta. A Capannina, formada na erupção de 2001. Uma caminhada de cerca de 30 minutos até a borda mais alta e então uma visão para acalmar a alma e elevar o espírito!

    O relevo é ondulado, com muitas nuances e tons, fazendo parecer que estamos em meio a grandes vagas de um mar revolto.

    Neste dia haviam muitas joaninhas e outros besouros, vivendo talvez das pequenas plantas que teimavam em crescer e florescer nas encostas instáveis.

    É a vida se renovando. Shiva sabia das coisas...

    Mesmo nublado, era possível avistar a orla do mar Jônico e algumas cidades praianas.

    Para chegar até a altitude de 2500 metros é preciso pegar o teleférico (funivia), o que não é barato.

    Para chegar às crateras principais (crateri sommitali), a 2900 ou 3330 metros é obrigatório contratar uma operadora, com guias especializados.

    As turmas saem por volta das 9h00 da manha se houver condições climáticas aceitáveis.

    E é feito um Combo, inciando-se com um trecho em teleférico, subindo mais um pouco com carros 4x4 e depois uma exploração a pé que dura de 2 a 3 horas. Ao final do dia, o retorno se faz com um trekking montanha abaixo até o teleférico (passando por um mirante). O roteiro todo leva de 5 a 6 horas e é considerado de média dificuldade.

    Há outros roteiros também, como por exemplo o Etna Traversata, uma caminhada de sul a norte, passando pela cratera principal. Dura cerca de 6 a 9 horas, sendo de alta dificuldade.

    Ou ainda o Valle del Bove, um trekking na caldeira do Etna, andando junto dos fluxos de lava e canais de areia preta. Dura 5 a 7 horas, com dificuldade média.

    Mas há muito mais para explorar, com graus de dificuldade mais elevados.

    As principais operadoras que vimos no Refugio Sapienza foram:

    Gruppo Guide Alpina Etna Sud (www.etnaguide.com). No folheto informa que os equipamentos (attrezzatura) necessários são fornecidos pelo guia e que há possibilidade de pick-up no hotel do excursionista. Possuem uma cabana bem equipada no Refúgio e uma sede em Nicolosi.

    Volcano Sicily Experience (www.volcanosicilyexperience.com) . Ficam em um stand na frente do Restaurante Crateri Silvestri, no Rifugio Sapienza. O guia que nos atendeu foi bastante prestativo e passou muita confiança. Esta operadora faz trekking também no Vulcão Stromboli.

    Havia um quiosque da operadora Etna Touring (www.etnatouring.com), mas no momento não tinha atendente. Possui sede em Nicolosi e também faz transfers.

    Ao fundo o teleférico e em primeiro plano um ônibus 4x4

    Em todas as operadoras há recomendação para levar água e comida, pois não estão inclusas no pacote e não há carregadores.

    O calçado deve ter cano alto, para não entrar areia e pequenas pedras, que podem facilmente estragar um trekking. Goros, blusa corta vento, calça comprida, capa de chuva, óculos escuros e protetor solar, além de bastão de caminhada, são recomendações básicas.

    Como chegamos no Refugio Sapienza perto das 12h00 e o dia estava nublado, não fizemos a subida até as crateras principais, nem mesmo usamos o teleférico. Por isso, recomendamos ficar hospedado em Nicolosi, até para se fazer uma espécie de adaptação à altitude, e na manhã da subida, confirmando as condições climáticas com a operadora escolhida, segue-se com taxi ou transfer da operadora até o Rifugio.

    Uma coisa que nos chamou a atenção pelo lado negativo é a quantidade de lixo jogado próximo do estacionamento dos ônibus.

    Após explorar as crateras acessíveis e as lojinhas de souvenires, deixamos o Rifugio Sapienza descendo pelo lado Norte, menos utilizado.

    A estrada não é tão boa e há curvas mais sinuosas.

    Estrada na vertente norte norte

    Paramos na cidade de Zafferana, com seus incríveis doces de marzipã e produtos agrícolas como mel, tomates, azeites, vinhos, tudo produzido a partir da Montanha.

    Chegamos de volta à Catânia exaustos, mas como era nossa última noite na cidade, criamos coragem para nos aprontar e sair para uma bela pizza com um bom vinho.

    Para voltar a Nápoles, utilizamos o transporte aéreo com uma companhia de baixo custo, a Easy Jet (www.easyjet.com). Como compramos as passagens com bastante antecedência, o custo por pessoa foi de 17 Euros, abaixo do valor da passagem de trem e o tempo de viagem é bem menor (1h30).

    A empresa é muito boa, com boa aeronave. Mas você deve ficar atento com a rigidez em relação à bagagem. Enquanto a passagem custou 17 euros, para despachar uma bagagem extra desembolsamos outros 18 Euros, no momento da compra do bilhete pela Internet. Se fosse despachar no momento do check in teria sido 45 Euros. E presenciamos o caso de um senhor italiano que tentou embarcar com uma mala acima das especificações (tamanho e peso) e no momento do embarque teve que desembolsar 100 Euros. Pensa num italiano nervoso!

    Por isso, caso decida ir de avião, pense bem na bagagem e lembre-se que no inverno a quantidade de roupas, botas e outros apetrechos aumenta consideravelmente. Neste caso o trem pode ser mais econômico.

    Além disso, as filas de check in das empresas de baixo custo são intermináveis. Recomendamos estar no Aeroporto pelo menos três horas antes do embarque.

    E uma última dica: os acentos A, B e C permitem uma visão panorâmica do Etna em pleno vôo. Você pode esperar pela sorte, ou se quiser garantir o lugar na janelinha, tem que pagar para reservar os acentos.

    Decolando de Catânia com o Etna nos observando....

    A Sicília nos conquistou e em breve voltaremos para A Montanha!

    Participantes: Claudio Luiz Dias, Izilda Maria Dias, Silvana Caetano e Carlo Cury

    Claudio Luiz Dias
    Claudio Luiz Dias

    Publicado em 24/08/2018 22:10

    Realizada de 13/05/2018 até 01/06/2018

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    6 Comentários
    Isabel 26/08/2018 12:51

    Belissimo e detalhado relato de sua viagem pela Italia. Amigo alem de muito culto voce e um otimo escritor . Continue partilhando conosco suas viagens com otimas dicas.

    Claudio Luiz Dias 26/08/2018 15:27

    Isabel, obrigado pelas palavras e pelo incentivo. Abraço

    Claudio Luiz Dias 31/08/2018 09:33

    Vamos combinar Ericka. Quem sabe subiremos juntos o Etna no ano que vem!

    Claudio Luiz Dias 08/09/2018 09:43

    Uma atualização: nova erupção do Etna no final de agosto de 218 www.terra.com.br/amp/noticias/mundo/italia-eleva-nivel-de-alerta-por-erupcao-no-etna,a5c939497d261ad0f1d0813c674db8b4uaozpx3v.html

    Junior (Jota Jota) 13/09/2018 15:11

    Irado esse lugar, hein! Não sabia da existência desses vulcões. Parabéns pelo relato. Está muito bem detalhado =)

    Claudio Luiz Dias 14/09/2018 10:49

    Valeu Junior! abraço

    Claudio Luiz Dias

    Claudio Luiz Dias

    Caraguatatuba

    Rox
    345

    Agrônomo pela ESALQ USP.Trabalha na CETESB (Agência Ambiental do Estado de São Paulo) desde 1990. Interesse por meio ambiente, historia e cultura (foco em cerâmica indígena)

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