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Travessia do Rancho Caído | Parque Nacional do Itatiaia
Travessia (trekking) de 2 dias e cerca de 26km realizado no Parque Nacional do Itatiaia, saindo da Portaria da parte Alta e indo até Maromba
Montanhismo TrekkingTravessia do Rancho Caído
Data: 06 e 07/08/2022
Relato: Adhemar Sette
Local: Parque Nacional do Itatiaia
Atividade: Travessia (Trekking) de 2 dias e cerca de 26km
Participantes: 11 participantes (4 Clube Outdoor + 7 Grupo Perrengue)
Transporte: Van Suprema Rios
Início: Posto Marcão - https://goo.gl/maps/RPsb8hBCaX5me8559
Fim: Cachoeira do Escorrega - https://goo.gl/maps/QHnBqL2SRJfAixZ16
RELATO
Dia 1 - 06/08/2022
Nos encontramos atrás da rodoviária Novo Rio, como de costume, no Posto Shell RedeML. Marcamos a saída da van às 03:00, pois havia muitos relatos de longas filas para entrar no Parque. Os participantes foram chegando, se conhecendo e acabamos por sair às 03:30.
Fizemos uma viagem bem tranquila com parada no Graal Resende para aliviar aquela água do joelho. Chegamos por volta das 06:00 na garganta do registro quando começamos a subida até o parque.
Vale ressaltar aqui que a estrada se encontra extremamente precária, o início dela pode até enganar mas logo logo nos deparamos com o terreno completamente irregular, muito cascalho solto e crateras, nosso motorista Beto, com toda maestria, desviando e aliviando o sacode pra cá e sacode pra lá. Era possível ver carros atrás de nós chegando, mas sempre que encontrávamos um trecho mais complicado de transitar, ganhavamos espaço dos demais atrás de nós.
Chegamos por volta das (6:50) e já encontramos uma fila para entrar no parque. Para quem não sabe, desde que o parque abriu “pós pandemia” todas as travessias e atividades ficaram muito concorridas, fato este que pode ser visto na nossa própria pernada, são disponibilizados somente 26 vagas para esta, normalmente realizada em 2 dias.
Assim que a fila ia encurtando, avançávamos com a van e todos nela, cada parada era um gole no café e chocolate quente providos pelo Beto. Fazia frio mas nada anormal para esta época como temos visto nos registros.
Fizemos toda a parte burocrática para tentar acelerar o check in, já levamos o termo de conhecimento todo preenchido e pedimos para que todos já levassem impresso ou com download feito no celular, mais as identidades em mãos. Foi cobrada a checagem do kit de dejetos (KD)... quando um dos guardas viu que metade de nós tinha um shit tube pendurado para fora da mochila, ele deu um ok para seguirmos para a verificação individual dos ingressos.
A portaria do parque conta com mapinhas para cada visitante levar, diversos banners de etiqueta de montanha, banheiro e wifi, o Luiz Aragão está fazendo um ótimo trabalho.
Após TOOOOOODA checagem feita, Beto nos presenteou com suas guloseimas de sempre, aqueles amendoins, paçocas, pirulitos e barrinhas sempre salvam em algum momento da trilha, nos despedimos dele e demos um “até amanhã”. Começamos nossa caminhada da portaria até o abrigo Rebouças eram exatas 08:00. São cerca de 3km em linha reta sem desnível uma ótima forma de aquecer o corpo, muitos carros passaram por nós de vários outros visitantes que não curtem muito este aquecimento ;P.
Galera pronta perto do Abrigo Rebouças.
Chegando no Rebouças, Adhemar esperou todos agruparem, indicou novo ponto para ir ao banheiro, local para pegar água e comer o lanche/café da manhã, pois desta vez não tivemos como parar para tomar café da manhã na estrada, visto que tínhamos o problema de alta concorrência para chegar no abrigo e pegar bons lugares. Aguardamos a todos em uma roda para passar o briefing e assim começamos nossa pernada.
Fomos progredindo agora em ritmo mais cadenciado, já que os primeiros 3km foram só para aquecer mesmo e deixar cada um mais livre para andar no ritmo que quisesse. Logo já víamos a feição de todos mudando, à medida que íamos ganhando altitude, conseguimos ter uma visão do entorno do parque e, a todo momento, os participantes começavam a tentar identificar as montanhas e picos.
Chegando na bifurcação para Pedra do Altar e a descida para Cachoeira do Aiuruoca deixamos nossas mochilas e nos separamos daqueles que desejavam ficar para descansar mais e os que fizeram o ataque, lá em cima fica muito mais didático identificar vários Picos e roteiros famosos do parque, como Agulhas Negras, Asas de Hermes, Couto e Prateleiras, assim como parte do circuito 5 lagos... Não demoramos mais que 25min, após muitas fotos, nos reagrupamos para então iniciar nossa descida.
Pedra do Altar.
Todos reunidos, começamos a dar a volta na Pedra do Altar e descer até o vale onde fica a nascente do Aiuruoca, ponto curioso é que esta é considerada a nascente em maior altitude no brasil, aproximadamente 2540 metros. Passamos por ela despercebidos, enquanto admiravamos mais ao longe a formação dos Ovos de Galinha, e rumamos até a cachoeira do Aiuruoca, onde encontramos outros grupos que faziam tanto a travessia do Rancho Caído quanto da Serra Negra. Pela hora tardia (meio dia) resolvemos almoçar por lá mesmo. Após cada um comer seu almolanche, Adhemar perguntou quem queria de fato conhecer a cachoeira, engraçado relatar isso, pois quando chegamos na cachoeira, na verdade nós chegamos na cabeceira dela… a queda fica a uns 20m caminhando mais a frente, não dá nem 2min de descida, mas seu visual é tão lindo tanto de cima quanto embaixo, desafio mesmo é achar coragem para entrar naquela água gelada e ainda continuar a caminhar molhado e com vento.
Após o rango e o merecido descanso, colocamos as mochilas nas costas e voltamos a caminhar agora em direção aos Ovos da Galinha. De fato, muito perto, logo chegamos lá e novamente nos dividimos entre aqueles que queriam ficar, descansar mais um pouco e quem queria visitar as formações curiosas. Na mesma velocidade que subimos e olhamos todas as rochas curiosamente “encaixadas”, descemos e encontramos os outros que ficaram e estavam admirando a Pedra do Sino, sua subida se dá por lá também. Voltamos a caminhar e logo de cara pegamos a segunda subida do dia. Já chegando na crista dela, voltamos a avistar as Agulhas Negras, só que agora meio que de ladinho e já conseguindo ver o Pico do Maromba, avistando ele já dá para ter uma boa ideia de onde fica o acampamento, pois é como se o camping ficasse na base do Maromba. Para falar a verdade, todo o trekking é muito bem marcado e por ser em terreno bastante aberto, dá para ver todo o caminho que temos que percorrer, fica muito claro, mesmo de longe, os pontos de passagem entre as montanhas.
Agulhas visto do Vale dos Dinossauros.
Iniciamos a nossa descida final onde agora iriamos passar pelo Vale dos Dinossauros… um outro grande vale que fica exatamente atrás das Agulhas Negras, bastante diferente a visão dela, dá vontade de ficar neste mesmo vale e acampar por lá para poder pegar tanto o nascer quanto o pôr do sol com a barraca virada para o mesmo. Após breve admiração, seguimos até o nosso destino final.
O grupo estava um pouco disperso, porém Adhemar sempre em contato com o Bruno por rádio, todos foram chegando no Rancho Caído, por volta das 15:30, na área que é designada para o camping oficial, encontramos o outro grupo que já tinha saído na nossa frente com suas barracas montadas.
Chegamos no Rancho Caído.
O abrigo oficial do Rancho Caído foi registrado nesta empreitada que cabem 15 barracas. Caso haja alguma consciência em todos os grupos que acampam lá quanto ao tamanho da barraca e a organização, tem capacidade para até mais. Vou relatar brevemente aqui uma incursão que o Adhemar Sette teve com o Clube Excursionista Brasileiro lá há 1 mês antes aproximadamente.
Em Julho, nesta mesma pernada, ao chegar na área de camping em horário meio tardio, Adhemar se deparou com um grupo menor que havia formado uma pilha de pedras e montado uma fogueira no meio da área de camping oficial para fazer um churrasco. Estas pessoas estavam com espetos, grelha e outros utensílios para fazer um churrasco, tal fato foi registrado também por outro guia que atuava na região e toda a sua indignação com a situação. O link para postagem do instagram é este abaixo: https://www.instagram.com/p/Cf3vvLhgc_P/?igshid=YmMyMTA2M2Y=
Entramos em contato com o Luiz Aragão para relatar também sobre restos de lixos deixados no camping, nada muito absurdo como este churrasco, mas obtivemos a informação que pessoas da região do Maromba estão acessando a trilha clandestinamente para estas práticas nada éticas e de total desrespeito com a montanha. A mantiqueira é uma das formações mais linda que já vi, já sofreu inúmeras vezes com incêndios e este tipo de porcaria, vamos por favor manter aquilo que tão lindo desfrutamos. Link da postagem das porcarias deixadas por outros abaixo:
https://www.instagram.com/reel/ChAp3fYJfQ5/?igshid=YmMyMTA2M2Y=
Programa Parque Limpo do Parque Nacional do Itatiaia.
Depois de cumprimentar o outro grupo que já se encontrava na área de camping, muito receptivos e animados também, todos conseguimos nos organizar para que pudéssemos conviver e nos acomodar de forma tranquila. Passado algumas horinhas após um ajeita daqui, ajeita dali, monta barraca, descarrega a “casa” das costas dentro da barraca, todos estavam já bem confortáveis.
Proseamos mais um pouco, fomos em busca da fonte de água que fica muito próxima do acampamento, mais uma vez o Watercell X da Sea to Summit de 6L nos deu uma mão na roda, por volta das 17:30 começamos cada um de nós a organizar as jantas.
Watercell X da Sea to Summit de 6L.
Gostaria de fazer um ENORME PARÊNTESES para um dos integrantes desta pernada, nosso querido Zazá, com certeza esta atividade não teria sido a mesma sem ele, camarada brincalhão, muito alto astral, cheio de histórias para contar, cozinheiro masterchef, cantor, nos confidenciou que havia cerca de 40 anos que queira fazer esta travessia, por mais que já tivesse várias outras em seu currículo, nossa estadia no Rancho Caído com certeza foi um sucesso graças a sua presença e bom humor.
Todos de barriga cheia fomos nos ajeitando para dormir, a noite antes de entrar no casulo não parecia tão fria quanto de outros dias e registros do parque, eu particularmente fiquei até umas 19:30 em área aberta tentando admirar as estrelas que, infelizmente, eram poucas, pois havia muitas nuvens e uma ventania de leve se aproximando.
Dia 2 - 07/08/2022
Tínhamos planejado acordar por volta de 07:30, afinal, o segundo dia basicamente é uma descida com pelo menos 1 mirante significativo para parada e admiração, são cerca de 8km que podem ser percorridos entre 3 horas e 4 horas.
Porém, alguns já estavam inquietos na barraca, pois havíamos ido dormir relativamente cedo. Já ouvimos o nosso querido Zazá começar a cantar igual galo já as 06:30. Dado um leve puxão de orelha no mesmo, pois estávamos dividindo a área de camping com outro grupo, às 07:00 já era visível que cada um já estava querendo de fato se levantar.
Cada um foi se levantando aos poucos, organizando o próprio café, outros levantando para fazer o pips matinal e outros procurando um cantinho adequado para fazer o que chamamos de gestão do shit tube. A manhã pareceu outra farra com muitas brincadeiras e risadas providas pelo querido Zazá. Quando todos já haviam organizado tudo e já estavam com mochila nas costas, nos reunimos para o briefing. De forma cômica, Adhemar passou que não tinha muito o que esperar do dia, seria uma boa descida, a chegada na cachoeira do escorrega e uns bons refris e cervejas nos esperariam por lá.
Descida final.
Caminhando sempre com o Pico do Maromba ao lado, outra montanha imponente e bonita em que seu ataque se dá bem perto do Rancho, fomos ganhando um pouco de altitude para então começar a real descida. Paramos no último mirante onde podíamos avistar novamente o Pico das Agulhas Negras e a Pedra do Sino, tiramos fotos e enfim fomos ribanceira abaixo. O primeiro trecho da descida é um pouco íngreme, com vários lances de escadinha e zero cobertura, rapidamente ninguém mais já sentia o vento bater e o calor só aumentava, até que cerca de 1h e meia depois, começou o outro trecho com boa cobertura das árvores, vestígios da mata atlântica da região. Cruzamos alguns cursos de rio, paramos para agrupar e pouco antes das 13h já estávamos chegando em nosso destino final: a Cachoeira do Escorrega. A Cachoeira dos Macacos se deu antes para quem está vindo da travessia, onde decidimos passar batido por ela por conta do horário.
Finalmente chegamos na Cachoeira do Escorrega, pouco antes da última curva, o grandíssimo Beto já nos esperava com um forte abraço e seu cooler recheado de mate, cerveja e refris. Alguns decidiram dar um tibum na cachoeira para tirar a inhaca, outros seguiram para onde a van estava estacionada para tomar um banho de verdade ao custo de R$10,00. Quando todos já estavam cheirosos e devidamente limpos, fomos para o Restaurante Morrison Rock Bar, onde já havíamos reservado algumas refeições para o final da pernada. Por fim, fizemos uma ótima viagem de volta com muita baguncinha e risadas na van.
Grelha e espeto no Rancho Caído é sacanagem 😕
Nem me fale, ódio consumiu nessa hora.