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Cristiane Kinguti 01/10/2015 11:56
    Desafio CAP e BIVAK Serra Fina 24 Horas

    Desafio CAP e BIVAK Serra Fina 24 Horas

    Serra fina em 24 horas

    O que é: A ideia do desafio não é uma corrida de aventura para atletas e sim para montanhistas, onde a base é o companheirismo, uma prova em duplas e também desafio pessoal. A proposta é: leve, rápido e bem equipado. Quer mais detalhes?

    Olha lá no site: http://www.bivak.com.br/loja/desafio-serra-fina-24-horas-cap-bivak.html

    Onde: Inicia em Passa quatro e termina em Itamonte. A Serra Fina é constituída por um conjunto de montanhas incluindo Pedra da Mina com 2798,39m e Pico dos Três Estados com 2665m.

    Dificuldade: Alta, é uma travessia para pessoas com experiência e resistência física. A travessia não é indicada para iniciantes, que geralmente realizam-na em 3 ou 4 dias, sendo que em 3 dias já é bem desgastante.

    Data: 26 e 27 de Setembro de 2015

    Resumo:

    Antes do feriado de 7 de Setembro fui à Bivak buscar alguns equipamentos para viajar com o Felipe e alguns amigos para Bocaina. Quando estávamos lá o Yoite me questionou: - Porque você não participa do desafio Serra Fina?
    Respondi - Não tenho dupla (Achando que isso cairia como uma boa desculpa), mas o Felipe ficou super empolgado e queria ver como estava seu rendimento no feriado.

    Na volta do feriado ele veio com aquela empolgação me falar sobre o desafio. Eu já havia feito a travessia em 2 dias, mas estava treinando para o desafio da Bivak e Cap. Detalhe: este ano passei por uma cirurgia e recebi alta para trilhas no feriado, ou seja, não me sentia apta para tal "LOUCURA’’, mas ao mesmo tempo me questionava: Por que não tentar? O que tenho a perder com isso? Não acabar a prova?
    Então conversamos e expliquei ao Felipe minhas dificuldades e disse: Se você não se importar de ir com calma e me esperar, vamos nessa! (Claro que eu estava com medo, quem não estaria com um friozinho na barriga?).

    E aí surgiu uma chance para treinar um pouco, o evento deveria acontecer no dia 12 e 13 de setembro mas devido ao mal tempo, a organização do evento resolveu adiar a data, o que na minha opinião, foi muito correto da parte deles, pois nesse final de semana a previsão era tempestade com descargas elétricas, então o melhor seria prezar pela segurança de todos.

    A nova data foi definida para o final de semana de 26 e 27 de Setembro e então começaram os preparativos para esta aventura. No final de semana antes da viagem fizemos trilha e durante a semana realizei caminhadas e boa alimentação.

    Eu já conhecia o lugar e sabia das dificuldades.

    Chegou o dia, sexta feira dia 25 de setembro! Pé na estrada e lá fomos nós, Felipe passou em Jacarei e de lá fomos direto à pousada em Passa Quatro.

    1 º dia - Pousada / Lobo até o vale do Ruah - Sobe e desce, sobe e desce...

    Sábado às 4:00 da manhã - amanhecer e hora de fechar os últimos detalhes da mochila.

    Tomamos café enquanto conversávamos sobre nossa estratégia de trilha

    Às 5:00 vem o anúncio: Podem subir nas vans.

    Às 5:40 chegávamos na toca do Lobo. Vi a placa de largada... uma euforia, um medo, uma ansiedade tomava conta do momento. O Adilson começou a nos passar as informações sobre como estava a sinalização, pontos de água, quem eram as pessoas que estariam por perto se precisássemos de auxílio e nos desejou bom desafio. Algumas fotos e foi dada a largada...

    Começou a subida e como eu sempre faço: devagar e sempre, então fui no meu passinho...
    A toca do Lobo é o primeiro ponto de água da travessia, portanto, o melhor local para abastecer. De lá fomos seguindo o caminho por uma trilhazinha.

    Nessa trilha existe um plato próximo a outra fonte de água, é fácil de escutar o barulho dela, mas é necessário descer um pouco a direita e desviar uns 20 metros apenas para colher essa água. Para chegar da toca do lobo até lá demoramos aproximadamente 1 hora (vale lembrar que a água da toca do lobo é transparente, já a outra é bem amarelada).

    Subimos, subimos e subimos, como meu parceiro era mais rápido na subida, adotamos a técnica dele subir um pouco a frente e me esperar nos cumes, mas sempre tentando manter o contato visual, porém as vezes ele se empolgava, e se distanciava bastante, rsrs.

    Chegamos na crista do Capim Amarelo, local clássico para algumas fotografias. Pense num lugar maravilhoso, onde você tem uma visão ampla de toda a crista da montanha.

    A temperatura estava nos ajudando, o tempo estava encoberto com algumas janelas de sol mas sem aquele calor forte e havia uma brisa muito boa. No 1º dia que ficamos muito expostos, quanto menos sol, melhor é.

    Alto do Capim Amarelo (2500 metros de altitude).

    No topo do capim amarelo paramos para um lanchinho e para relaxar as pernas, como sou lenta na subida mas aguento caminhar bastante tempo, optamos por parar apenas quando fossemos comer e de resto, andar, andar e andar sem parar, rsrs...
    Dali em diante o terreno foi ficando mais íngreme, um pouco de sobe e desce até que finalmente pisamos no Maracanã.

    O Maracanã também é uma opção de acampamento para aqueles que fazem a travessia em mais dias, ou por algum motivo, param antes da Pedra da Mina.

    Continuamos a trilha com a meta de alcançar a água que fica próxima a base da Pedra da Mina.

    Sim, já estávamos na trilha há algumas horas, com vários pontos de mato alto, alternados com encostas íngremes, pedras, subidas pesadas seguidas por descidas que só estavam ali para que você novamente tivesse de subir, mas o visual era encantador, sempre dava uma carga extra.

    Finalmente chegamos no ponto de água, onde comemos algo para ter energia para a subida final. Ali nos abastecemos apenas de água para subir a Pedra da Mina.

    Ali o tempo estava com vento forte e lá fomos nós encarar a última subida. A Pedra da Mina é conhecida por seu falso cume, você acha que o topo é ali, mas quando chega vê que tem muito mais pela frente, rsrs... Naquele momento eu estava cansada, mas quando você está com alguém na montanha e tem uma longa subida pela frente, mesmo com a dificuldade de falar e respirar para subir, é bom falar sobre a vida, assim o cansaço se camufla e você alcança mais energia rsrs...

    Quando chegamos ao topo da Pedra da Mina, aproximadamente umas 15:00 horas, foi um prazer sem comentários olhar para trás e ver todo o caminho percorrido.

    Ali parecia que nós tínhamos chegado ao final, assinamos o livro do cume, tiramos umas fotos e conversamos sobre descer até o fim do primeiro dia no Ruah e subir para ver o por do sol.

    Pedra da Mina (2797 metros de altitude).

    Começamos a descida ao Ruah, no meio da descida chamei meu companheiro e disse:
    - Terei que abortar subir isso aqui de novo, estou cansada e ele admitiu que também estava, afinal, no dia seguinte tínhamos uma longa jornada pela frrente.

    Chegamos no final do primeiro dia às 15:30. Tendo feito o percurso todo em 9:30, eu considerei um tempo muito bom. Fiquei animada, já tinha me superado.

    Ao chegar no acampamento, armamos as barracas, fomos pegar água (no Ruah também temos água mas como muitos usam lá como banheiro, é recomendável colocar clorin na água), comemos uma sopa e descansamos um pouco.

    Por volta das 20:00 começamos a aquecer a água para o jantar. Quando o céu abriu e vimos a Lua cheia deu um UP!.

    A luz da lua iluminava, nem foi preciso acender a lanterna, não fazia muito vento, o contrário do que geralmente acontece. O momento, o lugar e a beleza era algo que não consigo descrever.

    Jantamos, conversamos um pouco com outros participantes e a equipe de apoio do evento. Entrei na minha barraca para dormir.

    2 º dia – Do Ruah até a Garganta do registro - Bambuzinhos, capim alto e finalmente o fim da jornada..

    Acordamos às 04:00 da manhã no domingo e eu agradecia muito por meu corpo ainda não estar dolorido. Arrumamos tudo, tomamos café e ali ficamos esperando que todos os participantes estivessem prontos e que o pessoal do evento nos passasse as coordenadas daquele dia.

    Ás 05:00 foi dada partida, ainda no escuro ligamos nossas head lamps e lá fomos nós. No Ruah andamos meio que no fluxo até chegar na água onde todos abasteceram.
    O Ruah é o local propício para se perder na travessia, capim alto e muitas bifurcações. A dica é: sempre siga o rio a direita, se ele não estiver a direita algo está errado, rsrs

    Os primeiros sinais de sol vinham, o céu misturava um tom azul com faixas amareladas, inacreditavelmente o Ruah não estava molhado como de costume, parece que o tempo estava mesmo ajudando o desafio.

    O segundo dia é oficialmente conhecido pelo capim alto e pelos bambuzinhos que enroscam na sua mala e atrapalham a passagem, na minha opinião, o dia é lindo, mas essa parte é chata, chega uma hora que você quer xingar os bambus, rsrsrs (por isso, quando passar por lá, vale a dica de estar com a mochila o mais baixa possível). Após subir e descer uns 2 morros, iniciamos a subida de ataque ao Três Estados.

    Subimos e descemos bem no segundo dia, as subidas são menores e as descidas também até o 3 Estados.

    Chegamos ao topo dos 3 Estados, outro ponto de acampamento, lá é menor o espaço pra barracas, existe um escrito de ferro que identifica os Três Estados no topo (Minas gerais, Rio de Janeiro e São Paulo). Paramos para fazer um lanche, tirar algumas fotos e recuperar o fôlego para finalizar a travessia.

    Pico dos Três Estados (2665 metros de altitude).

    Ali parecíamos mais uma equipe do que uma dupla, pois estávamos eu, Felipe, Cassius, Luiz, Mario e Raime que andava sempre por perto para garantir nossa seguranca, estávamos todos meio que andando no mesmo ritmo, ou até mesmo, um esperando o outro. O espirito de montanha é esse, não é?

    Após o sobe e desce para chegar aos três Estados, enfrentamos mais capim, mais bambuzinhos daqueles que enroscam na roupa e cortam os braços (a manga longa foi bem vinda nessa hora).

    Bom, continuamos pela trilha no capim e seguimos em direção ao morro adiante, acreditávamos que o fim estava próximo, mas não tínhamos idéia de que até o final ainda haviam subidas e descidas, mato fechado, até chegarmos ao Alto do Ivos.

    Novamente trilha ingreme, lisa (se estivesse chovendo estaríamos ferrados), alguns degraus, trechos com bambus e capins, tudo isso começou a fazer com que nossa descida fosse um pouco mais lenta.

    Ao olhar para trás encontramos a energia que faltava, vímos a Pedra de Mina lá atrás bem pequena e sabíamos que de tudo que fizemos naquele dia, o que faltava não era o suficiente para que nos desmotivássemos.

    Quando Raime viu que nossa energia caiu ele nos falou do que nos aguardava na Garganta do Registro pão com linguiça e coca gelada, quer mais motivação do que isso? Rsrs

    Continuamos a descer, descer quando percebemos que estávamos andando em uma estradinha abandonada e lá pegamos a bifurcação que vai para o Pierre ou a Gargaanta do Registro. (Para sair na Garganta do Registro precisa passar pelo hotel São Gotardo, então é necessário pedir autorização antes de optar descer por lá)

    Chegamos próximo ao Hotel, havia uma placa 1 km apenas, ficamos eufóricos mais não tínhamos ideia, era 1 km de descidona. Rsrs

    Fomos novamente na técnica de conversar para as dores passarem, quando vimos estávamos diante de um portão vermelho. Quando ele abriu parecia o paraiso abrindo as portas para nós, rsrs...

    Concluímos o desafio, às 15:00 ou seja, 10 horas caminhando e chegamos todos juntos como uma equipe, nos abraçamos, demos parabéns, comemoramos, é claro. Ao terminar a travessia a alegria tomou conta de tudo e de todos nós, vimos o quanto tínhamos caminhado e o quanto tínhamos nos superado. Eu, pelo menos me lembro de pensar o quanto eu havia me superado, o quanto evolui em dois anos. Agradeci por ter a oportunidade dessa jornada e de todas as boas sensações que ela certamente me deu.

    Eu e o Felipe concluimos o desafio em 19:30.

    Claro que tenho que agradecer ao Felipe, por aceitar ir comigo, a dupla 6 que sempre esteve perto, a todos os Staffs e o apoio que o evento nos proporcionou.

    O evento foi muito bem organizado, contamos com um Kit de alimentação completo (Liofoods para o jantar, bananinha Paraibuna para lanchinhos), Sum para repor os sais que perdemos, a Curtlo com a camiseta do evento e o hotel que nos permitiu passar por dentro dele.

    Por tudo isso, o CAP e a BIVAK merecem muitos elogios e parabéns, primeiro por montarem uma evento de aventura num local tão isolado como a Serra Fina, realmente não é fácil. A sinalização estava ótima, estávamos muito seguros, se alguém precisasse de apoio sempre encontrava um staff para auxiliar, para ajudar ou até mesmo para bater um papo na subida enquanto recuperava as energias. Eles souberam manter o alto astral durante todo o percurso e nos passar conhecimento sobre o local. Parabéns pela iniciativa!

    E claro, parabéns a todos os participantes pela conclusão e acima de tudo pela participação!

    O pós evento foi no CAP, com a BIVAK, com a entrega de certificados, pizza e muita comemoração.

    Bem... disso tudo posso dizer: sempre, sempre haverá uma montanha a nossa frente para subir e basta respeitá-la, persistir sempre e continuar para que do cume dessa montanha possamos ver o nascer do sol. A montanha é gigante e a nossa determinação também deve ser.

    Que venham mais desafios !!!

    Cristiane Kinguti
    Cristiane Kinguti

    Publicado em 01/10/2015 11:56

    Realizada de 26/09/2015 até 27/09/2015

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    2 Comentários
    Keila Beckman 02/10/2015 23:24

    Demais...Parabéns!!!

    Edson Maia 03/10/2015 13:54

    Sensacional! Parabéns pela determinação!!

    Cristiane Kinguti

    Cristiane Kinguti

    São Paulo

    Rox
    414

    Já me desafiei em trilhas como a Serra Fina em dois dias, Desafio Serra Fina, Bocaina, Chapada dos veadeiros, Torres del Paine, Transmantiqueira e muitas outras viagens.

    Mapa de Aventuras
    www.criskinguti.com.br