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Danielle Hepner 12/05/2022 11:21
    Bate e volta aos Portais de Hércules

    Bate e volta aos Portais de Hércules

    Hiking de 1 dia pelas montanhas incríveis do Parque Nacional da Serra dos Órgãos - Sede Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro.

    Hiking Montanhismo

    Relato:

    Ah, o PARNASO... Desde 2016, quando fiz a travessia Petrópolis × Teresópolis, ainda não tinha voltado neste setor. Tanto tempo fechado, o sonho de voltar às montanhas ora petropolitanas ora guapimirienses ora teresopolitanas, que fazem do parque sua morada, parecia cada vez mais distante.

    Quando finalmente as atividades do PARNASO retornaram, conforme relatei na Travessia Cobiçado × Ventania, precisamos abortar nossa ida dadas as condições climáticas e chances reais de muitos raios durante nossa caminhada.

    Eis que a nova oportunidade surgiu. A Josye me convocou para uma Petrô × Terê em um dia. Ainda sem me sentir segura para tal desafio, sugeri um bate e volta aos Portais de Hércules e ela topou! Chamou o Will, a Cíntia... E, depois de muito tempo sem encontrá-la, conversei na véspera com a Cid, amiga de longa data que a montanha me deu, que sempre topa tudo. Seria a nossa oportunidade de reencontro depois de mais ou menos um ano sem nos encontrar.

    Cid veio pra minha casa na sexta a noite, então saímos nós duas para encontrar a Cíntia, Josye e Will em nosso ponto de encontro na Vila da Penha às 05:00 da manhã de sábado. De lá, dirigi até a padaria Migs, que fica próxima a entrada do PARNASO. Tomamos café tranquilos e quando era 07:30 mais ou menos já estávamos dando entrada no parque e começando a nossa caminhada.

    Entrada do PARNASO

    Os 2km iniciais são por trilha bem marcada e aberta com subidas leves até o larguinho onde há a marcação para a Cachoeira Véu da Noiva. Passamos direto, caminhamos por mais cerca de 1,3 km, chegamos na Pedra do Queijo, onde fizemos uma parada para hidratação. Nessa hora, meu coração se encheu de felicidade, inclusive. Josye e Will levaram uma garrafa de suco de uva beeeeem geladinha só pra mim!

    Suquinho de Uva na Pedra do Queijo - Coração se alegra! <3

    De lá, seguimos caminhando por mais 1,2km, num trecho com uma pequena subida, uma descida razoável e mais uma subida até o Ajax, completando cerca de 5km do percurso. Vale dizer que até este ponto há muitos locais para captação de água, inclusive no próprio Ajax.

    Ajax, antes da subida da Isabeloca

    Ali encontramos um rapaz que faria a Petrô × Terê solo. Conversamos um pouco com ele, comemos de novo, e decidimos que era hora de enfrentar a subida mais intensa da Isabeloca, de cerca de 1 km de extensão, até finalmente chegar ao Chapadão. Ali em cima, um presente. O dia lindo iluminava toda a região, tínhamos uma vista maravilhosa e privilegiada de uma parte encantadora da cidade Imperial. Paramos para fotos, risadas... Todos estávamos muito empolgados!

    Estávamos há apenas 2km do Açu. Tocamos pra cima em mais uma pequena subida até o "Graças a Deus", um mirante em que é possível acompanhar visualmente, do alto, toda a trilha já percorrida pelo Vale do Bonfim até o momento. Dali pra frente praticamente não há variação de altimetria até finalmente chegarmos aos Castelos do Açu, completando 8km de percurso e também o que seria o primeiro dia da travessia considerada por muitos como a mais bonita do Brasil.

    A mulherada no mirante Graças a Deus

    Açu <3

    No Açu fizemos uma rápida parada para irmos ao banheiro e já tocamos, pois nosso objetivo era chegar aos Portais de Hércules, que ainda estava a cerca de 2km de distância. Fomos na direção da travessia para descer o Morro do Açu e cruzarmos o pequeno vale para, ali, subir o Morro do Marco. Vale comentar que a descida é ingreme e em rocha, testando bem a aderência do sapato. Na subida do Morro do Marco, um terreno um pouco mais enlameado e escorregadio.

    Descendo o Morro do Açu para, depois, subir o Morro do Marco

    Quando chegamos às plaquinhas do alto do Morro do Marco, uma nuvem bastante úmida nos engoliu. Nos atentamos para, a partir de um determinado ponto, virar a direita e seguir aos Portais. Eu e Josye fomos nos guiando pelas setas, totens... E quando o mato alto fechava demais o caminho, a Josye consultada o GPS. Ainda que tudo agora estivesse branco por conta das nuvens, e enxergássemos apenas os nossos pés, conseguimos chegar aos Portais de Hércules! Infelizmente, zero vista. Hércules não estava muito de bem com a vida e, enfim, almoçamos apenas com a imaginação de que, a nossa frente, estaria um penhasco e a belíssima visão do Escalavrado, Dedo de Nossa Senhora, Dedo de Deus, Cabeça de Peixe... E, claro, a Coroa do Frade.

    Por sinal, o Will nos esclareceu que os Portais de Hércules recebem esse nome por conta do perfil de um rosto formado nas montanhas quando observadas por um determinado ângulo. Queria muito poder comprovar, mas, como falei, o tal Hercules acordou de ovo virado e sequer deixou a gente espiar a belezura que habita aquelas bandas.

    Nós cinco nos Portais de Hércules sem vista, porém felizes (:

    Depois de um tempo, resolvemos retornar, pois ainda haveria os mesmos 10km da vinda para finalizar nosso bate e volta.

    No retorno, as nuvens subiram um pouco e permitiram a nossa navegação de forma mais tranquila. Rapidamente estávamos de volta ao Morro do Marco, onde fizemos uma descida intensa e escorregadia até o pequeno vale, já iniciando a subida íngreme até o abrigo do Açu.

    De lá, uma breve parada para banheiro novamente, e decidimos que seria um toca sem paradas até a portaria, para fazermos o mínimo do caminho durante a noite.

    Nos despedimos do Açu e andamos num ritmo bem legal até o Chapadão. Ainda que o tempo tivesse virado um pouco, pudemos captar boas imagens de um pôr do Sol tímido. Fizemos a descida da Isabeloca até que, no Ajax, a noite realmente nos engoliu e as lanternas se fizeram necessárias. Deste ponto em diante, seguimos nosso caminho iluminadas pelas lanternas e também pelo brilho da lua e das estrelas. A noite caiu e estava, além de fria, fantástica!

    Tocamos até a portaria, completando nosso circuito de aproximadamente 20km num treino maravilhoso, muito alto astral, e com a galera andando demaaaaaais da conta!

    Fim do nosso bate e volta!

    Considerações:

    O que é fazer trilha com amigos? Olha, é muito bom evoluir, mas ainda melhor quando a gente conta com boas pessoas e parcerias! A companhia foi fora de série! Só consigo ser grata por tanta gente tão boa tanto no esporte quanto como seres humanos na minha vida!

    Nesse âmbito, muitas pessoas julgariam que foi um fiasco chegar aos Portais, andar um tantão e não ter vista nenhuma. No entanto, sempre levamos em conta que, mais importante que o destino final, o caminho, as pessoas, a vibe realmente importam. A trilha não deixou de ser maravilhosa porque não tinha vista. Talvez tenha sido até melhor. A vida que a gente não fotografa ou posta nos reserva grandes experiências e histórias. As pessoas fazem o caminho. <3

    Outro ponto é apenas um pensamento sobre o PARNASO em si. Sempre tendemos a valorizar aquilo que pagamos e não dar tanta atenção ao que é de graça... No entanto, saindo de uma gestão privada um tanto 'esquisita' para retornar ao ICMBio, senti um clima bem mais leve nos funcionários do Parque, percebi que tudo está muito bem manejado e cuidado... Antes até de pensar se é pública ou privada, a gestão que ama o lugar faz toda a diferença. O PARNASO está lindão!

    Danielle Hepner
    Danielle Hepner

    Publicado em 12/05/2022 11:21

    Realizada em 07/05/2022

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    Danielle Hepner

    Danielle Hepner

    Rio de Janeiro - RJ

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    nerd! professora de matemática apaixonada por montanhas, viagens, doguinhos e ukulele.

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