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Danielle Hepner 12/01/2016 15:07
    Chapada Diamantina

    Chapada Diamantina

    Viagem de férias de três amigos, com roteiro de volta ao Parque Nacional da Chapada Diamantina

    Hiking Cachoeira Snorkeling

    A viagem pra Chapada Diamantina, pra mim, começou muitos meses antes da data marcada. Fiquei responsável por todo o planejamento e logística. Como não conhecia a região, pesquisei muito! Fui em sites de agências de turismo, procurei roteiros... Foi uma pesquisa enorme e cansativa. Porém, no fim do planejamento, eu já tinha completa noção de tudo o que encontraria por lá e como chegar em cada ponto. Inclusive, meus amigos me olhavam abismados durante a viagem, me perguntando: "Como você sabia que tinha que virar aqui, cara???"

    Enfim, planejei a viagem para quatro pessoas, a princípio. Mas, infelizmente, o quarto elemento foi convocado para uma missão, e só fomos eu, Zé e Barbieiri.

    Eu e Zé saímos do Rio na noite do dia 28/07, tendo Salvador como destino. Lá encontramos Barbieiri. Ficamos em Salvador até a tarde/noite de 30/07, quando pegamos o carro e partimos em direção a Lençóis.

    (Olha, a estrada é uma droga. A viagem durou 7h, a pista era totalmente esburacada... Uma droga. Além disso, de noite o tráfego de caminhões aumenta bastante, então por diversas vezes nos deparamos com esses monstros no meio do caminho.)

    Dia 1: Chegamos em Lençóis mega tarde, era mais de 01:00 da manhã. Lá, fomos pra Pousada Piçarras. O Rogério, proprietário, nos recebeu muito bem e indiciou o quarto. Era meio apertadinho, mas totalmente limpo e arrumado. Passamos a noite bem e acordamos cedo.

    Dia 2:

    Tomamos um super café da manhã na Piçarras. Acho que foi um dos melhores! Tudo mega fresquinho, uma delícia. Ali comemos bem pois não tínhamos levado muitos lanches para as trilhas. Fizemos o chek-out lá e, finalmente, iniciamos a viagem.

    Nossa primeira parada foi em qualquer lugar no meio da estrada. Ali, ficamos embasbacados com a imponência da paisagem. O cenário descortinava as chapadas, montanhas que tem a parte alta retinha, e um céu absurdo.

    Vista da Estrada

    Depois de recuperarmos o fôlego, seguimos pro Poço do Diabo/Rio Mucugezinho. Fizemos uma trilha bem boba e curta até o local. Ficamos por lá um tempo contemplando a paisagem, e, claro, explorando e fotografando.

    Saindo de lá, passamos pelo Morro do Pai Inácio, que subiríamos mais tarde, e seguimos rumo a Iraquara, onde visitamos a Pratinha e a Gruta Azul. Ali foi necessário pagar 20 dilmas para visitar. Nessas 20 dilmas estavam incluídos: pulseirinha, explicação sobre a formação da Pratinha, solo, o porquê da água ter aquele tom e o acesso às grutas.

    Gruta Pratinha

    Saindo da 'fazenda' a pé, andamos uns 15 minutinhos e chegamos na Gruta Azul. É um breu, até o raio de Sol bater na clareira iluminando a água e causando um reflexo lindo, além de deixar a mostra o tom cristalino da água.

    De lá, fomos em estrada de chão até o Morro do Pai Inácio. Paramos no meio da estrada para contemplar, mais uma vez, a paisagem. Aí, chegando na base do Pai Inácio, separamos o fleece pra levar. Lá em cima venta e num é pouco não...

    Pagamos R$5,00 para fazer a trilha. Achei que ia ser complicada, porém é tranquila a beça. Vencemos esse caminho em 20 minutos de caminhada, pois havia bastante gente na trilha.

    Lá no alto do Pai Inácio temos 360º da Chapada, vista pro Vale do Capão e do Pati, um negócio absurdo mesmo! O céu estava limpo, iríamos ficar lá para o por do Sol. Exploramos o morro, sempre embasbacados com a paisagem e a grandeza do lugar.

    Morro do Pai Inácio

    Depois, arrumamos um canto pra ficar e assistir o por do Sol.

    Quando estávamos descendo, a grande surpresa: era noite da Lua Azul, e nos deparamos com aquela esfera gigantesca e alaranjada, anunciando que a noite tinha chegado. Foi incrível demais.

    Por fim, pegamos o carro e seguimos rumo ao Vale do Capão, onde demos entrada na Pousada Tatu Feliz.

    Dia 3: Acordamos cedo, tomamos um belo café na Tatu Feliz. Pegamos o carro e fomos em direção ao Capão, onde paramos na entrada da trilha para a Cachoeira da Fumaça.

    O tempo estava bem feio, e já chuviscava. Porém, mesmo assim, resolvemos que faríamos a trilha. Paramos na associação para dar nossos nomes, e como eu havia estudado a região muito bem, fomos sem guia.

    A trilha é uma das mais lindas que já fiz. Flores pra todos os lados, de todos os tons. Imagino que se o tempo estivesse ensolarado eu demoraria muito mais, pois ia ficar embasbacada com o colorido do lugar e ia querer fotografar tudo! Porém, a primeira meia hora é um inferno. Subida é em pedras escorregadias secas, imagine como ficaram molhadas! Porém, depois desse ponto, é passeio no parque. Andamos por mais 1h30min no planalto, em trilha plana, até chegar no rio de águas vermelhas que gera a imponente cachoeira. Atravessado o rio, não leva mais que 5 minutos até o mirante.

    Finalmente tinha chegado no ponto que me motivou a ir pra Chapada Diamantina. A Fumaça é incrível! Segunda Cachoeira mais alta do Brasil, com seus 340m... Caramba.... Tive muita vontade de chorar de emoção por estar ali não apenas pela cachoeira, mas pela grandiosidade do cenário do Vale do Capão.

    Vista para a Cachu da Fumaça e Vale do Capão

    Mirante

    Ficamos um bom tempo ali, olhando, explorando, tirando fotos, agradecendo... E aí, resolvemos que iríamos explorar o outro lado.

    Mesmo com bastante névoa, foi incrível. Como a chuva começou a apertar, vimos que era o momento de nos despedirmos da Fumaça e iniciarmos o caminho de volta.

    Ao voltarmos na associação, comemos um açaí, pra repor as energias. Em seguida, retornamos a pousada, ainda maravilhados com o que tínhamos visto naquele dia.

    Dia 4: Arrumamos nossas coisas e fomos pro café. Na mesa, um casal e seus dois filhos se juntaram a nós. Em meio a conversa, descobrimos que estávamos falando com um dos velejadores que fizeram a viagem ao redor do mundo com Amyr Klink. O papo foi incrível, ele nos contou que estava na estrada há um mês, viagem de férias com a família. Eles nos deram sugestões de passeios, dicas... Galera bacana!

    Em seguida, fizemos check out na pousada e fomos aos nossos próximos destinos.

    Cachu Angélica

    Ali, no Vale do Capão mesmo, pegamos uma estradinha com acesso dentro da cidade que nos levou até um rio. Atravessando o rio, chegaríamos em Angélica e Purificação, duas cachoeiras pouco lembradas da Chapada, porém com uma beleza diferenciada. Nos disseram que bastaria seguir a trilha e cruzar o rio três vezes para chegar em Angélica, tudo em 15 minutos. Porém, não mencionaram que haveria uma bifurcação. Então, rolou uma exploração nos barrancos enlameados do começo da travessia do Vale do Pati. Quando nos demos conta que já tinha passado mais de 15 minutos, voltamos e pegamos o outro lado da bifurcação, finalmente encontrando Angélica.

    Como tínhamos perdido muito tempo por ali, e devido a falta de sinalização, resolvemos voltar e não encarar a trilha até a Purificação.

    Pegamos o carro e seguimos a estrada em direção a Palmeiras, pois faríamos uma parada no Riachinho. De acordo com as minhas pesquisas, apesar de não haver indicação sobre a entrada da trilha, fica a esquerda logo depois de uma ponte de madeira. E assim o fizemos. Andando um pouquinho, encontramos umas plaquinhas e seguimos. Para chegar lá não teve mistério, foram uns 5/10 minutinhos de descida em escadas de pedra. E, Riachinho só é 'inho' no nome, porque é uma cachu bem bonita, e com muita água!

    Cachu do Riachinho

    Tiramos fotos na parte mais alta e depois fomos até a parte baixa, onde encontrei uma 'gruta' e fiquei por lá. Os meninos estavam um pouco mais acima, deitados nas pedras, descansando e aproveitando a quietude.

    Acredito que ficamos por volta de 2h lá... Era uma paz, aquele barulhinho gostoso de água, pássaros... Foi uma das que mais curti!

    Aí, por conta da hora, e da fome, resolvemos voltar logo e partir em direção ao povoado de Conceição dos Gatos. A Liz, que trabalhava na Pousada Tatu Feliz, disse que Zezão, um nativo desse povoado, servia refeições em sua casa e que era tudo muito gostoso. Além disso, a Cachoeira Conceição dos Gatos ficava dentro de sua propriedade, e era um espetáculo. Então, fomos lá conferir.

    Primeiro almoçamos uma comidinha maravilhosa de Zenaide, esposa de Zezão. Comemos arroz, galinha caipira, palmito de jaca... E degustamos uma cachacinha das boas!

    Esperando a tão famosa galinha caipira preparada pela Zenaide, esposa de Zezão

    Barriga cheia, e o fim do dia já se aproximava, fomos conferir a Cachoeira Conceição dos Gatos. São 10 minutos de trilha. Zezão estava tentando adaptar o caminho para que cadeirantes também pudessem ter acesso, então boa parte do caminho era de cimento batido, e o restante era de pedras, terra...

    Cachu Conceição dos Gatos - Parte Alta e Parte Baixa

    Escolhemos ir na parte alta primeiro, onde tem uma piscina. Ficamos ali um tempinho. Zé entrou na água, Barbieiri deitou num cantinho e eu fui explorar. Encontrei um caminho, e subindo subindo subindo cheguei na parte mais alta da cachu, onde fiquei contemplando por um tempinho.

    Daí, vi que a noite já estava querendo cair e resolvi me aventurar até a parte baixa. Adianto que foi ideia de jerico. É um barrancão; tem até uns corrimões improvisados, porém era uma descida bem forte. E, como havia chovido no dia anterior, tava tudo mega escorregadio. Não caí, mas foi quase.

    A parte baixa deixa a mostra um cenário diferente, exibe a grandiosidade de Conceição dos Gatos nos seus 25/30m queda. Mas, como eu ainda tinha que subir e tava com medo de escurecer rápido, não fiquei mais que 5minutos lá embaixo.

    Voltei, com alguma dificuldade, mas também sem quedas. Encontrei os meninos e ai assistimos o por do Sol. Conceição dos Gatos foi uma surpresa incrível.

    Retornamos à casa de Zezão, nos despedimos e agradecemos a hospitalidade, e partimos em direção a Mucugê, por estrada de terra, passando por Guiné.

    No caminho, resolvi parar o carro. Desliguei todas as luzes, os meninos reclamaram sem entender. Saí do carro e os chamei pra fora também. O céu (caramba, que céu!) estava parecendo um pano preto que alguém derramou purpurina. Eles, meio sem jeito, me agradeceram por ter parado e mostrado aquilo pra eles. Ficamos ali meio boquiabertos com aquela imensidão de pontinhos brilhantes, contemplando. Aí, pelo avançar da hora, continuamos nosso caminho até Mucugê.

    Dia 5: Em Mucugê, que é uma cidade que me lembrou MUITO Paraty, ficamos na Pousada Mucugê. De todas as cidades que ficamos, Mucugê era a mais bem estruturada. Tinha banco, aceitava cartão de crédito... Bem, acordamos cedo, demos uma passada rápida no cemitério Bizantino. A ideia nesse dia era fazer um roteiro que abrangia as cachus de Ibicoara (Fumacinha e/ou Buracão). Porém, vimos que não seria uma boa visto que era nosso último dia e ainda voltaríamos pra Salvador.

    Resolvemos, então, mudar os planos e conhecer cidades e atrativos que estivessem no caminho Mucugê-Salvador. Nossa primeira parada foi em Igatu (foto acima), uma charmosa, e meio abandonada, cidade de pedra. Lindo mesmo! Parece saída de contos de fada! Lá, fomos na Cachoeira dos Pombos. Como não tinha nenhuma sinalização, pergutamos a algumas pessoas, e encontramos a trilha. Fomos andando até encontrarmos um rio.

    Margeando o rio, encontramos Pombos (foto ao lado). Eu e Zé estávamos desbravando e não reparamos que o Barbieri ficou pra trás. Então, quando me dei conta que ele não estava, marquei um ponto de encontro com Zé e fui atrás do Barbieri. Achei ele deitado numa sombra escutando forró e relaxando. (Detalhe importante: conheci o Barbieri nas aulas de dança!) Aí, falei: Ah, vamos dançar!!! Ele se animou e fomos procurar um trecho mais plano para dançar. E assim o fizemos. Zé nos avistou ao longe e filmou o forrózinho da Chapada.

    Retornamos ao carro, e partimos para Itaetê, pois iríamos no Poço Encantado. Ir pro Poço foi a parte mais fácil de toda a viagem. Tem placa até demais indicando o caminho.

    Chegando lá, pagamos o valor da visita e o guia nos deu capacete com lanterna. Então, descemos umas escadas até a entrada da caverna. Andamos lá por 5 minutos até que, na minha esquerda, surgiu uma claridade azulada. Virei o rosto e fiquei totalmente besta com o que vi.

    Poço Encantado

    Lá dentro, fomos até um patamar onde o guia pediu que desligássemos as lanternas e contou um pouco sobre a descoberta do Poço, e sua formação. Depois, liberou para fotos. Realmente o nome faz jus ao lugar, era Encantado mesmo.

    Voltamos e almoçamos por ali mesmo. E, dou essa dica pra todos que forem lá: ALMOCEM NO POÇO ENCANTADO! Foi a melhor galinha caipira que comi em toda Chapada Diamantina!

    Barriga cheia, nos informamos sobre como chegar a Nova Redenção para visitar nosso último atrativo, o Poço Azul. Seguimos por uma estrada de terra, a mais bonita estrada de terra que já vi, até a entrada de uma fazenda. Aí, 'invadimos' a fazenda até a beirada de um rio, onde tinha uma travessia de "balsa" até o outro lado, onde ficava o Poço Azul. O cara da balsa era a pessoa mais simpática e zueira que eu já tinha visto. Todo o tempo que ficamos ali o cara nos fez rir.

    No Poço Azul pagamos a entrada e fomos colocar as roupas de banho. Seguimos uma trilha rapidinha até lá. Foi o lugar mais incrível que já vi. O feixe de luz estava fraco, porém era suficiente para iluminar a caverna inundada por águas cristalinas, de um azul pra glorificar de pé. Para nossa surpresa, só estávamos nós na gruta! Então, o guia tirou várias fotos nossas lá. Parecíamos criancinhas desbravadoras! Foi muito bom mesmo!

    Poço Azul

    Como o tempo é limitado a 20 minutos na baixa temporada, saímos e fizemos a trilha de volta. A travessia de balsa nos fez economizar 80km no retorno a Salvador. Então, partimos rumo a BR 242 encerrando nosso roteiro de volta ao parque.

    Tenho muito carinho por essa viagem pois foi totalmente planejada por mim. Pesquisei muito diferentes destinos e acabei por escolher a Chapada e seus atrativos incríveis. Os meninos, ao final, estavam super gratos. Zé, que já curtia roteiros de aventura, curtiu muito todo o passeio e não hesitava em falar isso. Já o Barbieri, que não era muito chegado em natureza, só soube dizer que não esperava tanto da viagem e estava realmente encantado com tudo o que viu.

    Eu me senti feliz pelo que ouvi e por tudo o que vi.

    A Chapada Diamatina é um lugar inenarrável! Como sempre, felicidade e gratidão!

    Danielle Hepner
    Danielle Hepner

    Publicado em 12/01/2016 15:07

    Realizada de 31/07/2015 até 04/08/2015

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    2 Comentários
    Renan Cavichi 20/01/2016 15:53

    Demais o relato Danielle! A Chapada Diamantina está nos planos deste ano! :)

    Danielle Hepner 21/01/2016 12:35

    Obrigada, Renan! O lugar é incrível, faltaram muuuuitas coisas... Pretendo voltar! (:

    Danielle Hepner

    Danielle Hepner

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