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Danielle Hepner 03/11/2020 19:54
    Pedra da Tartaruga - PNMMT

    Pedra da Tartaruga - PNMMT

    Passeio pela Pedra da Tartaruga, no Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis, em Teresópolis - RJ

    Hiking

    Quando morava no Rio de Janeiro, um dos meus programas favoritos era pegar o carro e ir tomar café da manhã em Teresópolis. Odeio café, mas ali, sentada no Mirante do Soberbo, eu amava comer um pãozinho de queijo enquanto tomava uma cafézinho fresco. Coisas sem explicação, afinal, sempre fui do time do chá.

    Então esse foi mais um dia daqueles em que a vontade de subir a serra pra tomar café da manhã me engoliu. Peguei o carro e, bem cedinho, passei na feira. Comprei algumas frutas e dirigi pela Linha Vermelha até a Rodovia Washington Luís, onde segui até a Rio x Magé, trecho que leva à Teresópolis. Depois dessa entrada, é praticamente seguir em frente e subir a serra até chegar ao Soberbo. Do Rio até lá é mais ou menos 1h30 de carro.

    Bem, tomei meu cafézinho e resolvi entrar em Terê, meio sem saber ao certo o que faria. Passando pela entrada do Parque Nacional da Serra dos Órgãos vi que havia uma fila interminável de carros; nesta mesma hora lembrei do Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis - Núcleo Pedra da Tartaruga, no bairro Salaco. Por estar sozinha e ser uma trilha de fácil orientação e acesso, achei que seria uma boa (e prudente) passar um tempinho lá. O caminho até o parque é super tranquilo e pude estacionar em seu interior, bem do lado da entrada da trilha.

    Aliás, é um lugar muito bacana de ir em família, por exemplo. O setor Pedra da Tartaruga conta com trilhas de fácil acesso, estrutura de banheiros e até mesmo um parquinho com brinquedos, tipo gangorra e balanço, para crianças.

    A trilha para a Pedra da Tartaruga é muito tranquila mesmo. Pode ser feita a partir do caminho dos banheiros e dos brinquedos ou pelo acesso ao lado de um centro dos guardas do parque.

    Tem cerca de 750m de extensão e levei por volta de 10 minutos indo no ritmo de passeio. Da trilha, não há dificuldade alguma. É uma subida bem tranquila. Com uns 680m há uma bica com água potável e alguns bancos. Deste ponto, o resto do trajeto é também tranquilo até a área de camping da Pedra da Tartaruga.

    Do alto é possível ter 360º da vista da região, com destaque pra belíssima Mulher de Pedra e a Pedra do Camelo, esta última sendo possível acessar a partir da trilha da Pedra da Tartaruga.

    O local conta com uma enorme área de camping. Pra minha sorte, no dia que fui estava bem vazio e tinha apenas uma barraca. Passei o resto da manhã deitada na canga, lendo, comendo frutas e fotografando... Resumindo: jiboiando rs. Aquela vibe de ficar sossegada curtindo a energia da natureza, sabe?!

    Aí, quando a fome já não era mais suprida pelas minhas frutinhas, resolvi descer pra almoçar direitinho.

    Cume da Pedra da Tartaruga com vista para a Mulher de Pedra e, bem ao fundo, os Três Picos

    Considerações:

    Quando fiz esta trilha era bem limpa e sinalizada. Era um local frequentado por famílias, crianças... Foi muito tranquilo fazê-la sozinha, não me senti insegura em momento algum. Porém, recentemente ouvi de alguns amigos que a Pedra da Tartaruga já não é mais um local tão seguro assim, tendo ocorrido alguns furtos no camping e muita bagunça (música alta, gritaria...) na área de acampamento principalmente durante a noite.

    Triste, visto que um dos fatores do respeito na atividade outdoor é caminhar e acampar com o mínimo de barulho possível, respeitando outros praticantes, bem como a harmonia do ambiente natural. Além, claro, de sermos educados com todos, que aí já é valor que devemos trazer de casa né não?!

    Na época recolhi bem pouquinho lixo no camping pois os guardas cuidavam bem dessa questão. E sobre fogueiras, é sempre importante lembrar que NÃO DEVEMOS FAZER FOGUEIRAS, além de não ser permitido no parque. Use fogareiro e leve roupas adequadas paras as condições climáticas.

    Acho que o momento pede um comentário a respeito da sensação de estar ou não segura. Como dito, fui sozinha fazer uma caminhada fácil em um local que eu já conhecia. Mas, será mesmo que foi uma prática segura?!

    A mulher, em pleno século XXI, ainda é alvo de uma série de preconceitos, críticas e violência. O risco de fazer algo sozinha não vem atrelado ao fato de que acidentes acontecem, mas sim de que vivemos em um mundo de tensão onde nos preocupamos constantemente se alguém vai fazer algo ruim com a gente. A trilha é muito legal, estar na natureza é muito bom, mas, infelizmente, coisas ruins podem acontecer. Sendo mulher, me dói profundamente falar isso, mas não aconselho que façamos essas atividades de forma independente. Se fosse apenas pelo risco de eventualmente torcer o pé ou até mesmo se perder na montanha, tudo bem, vale pra todo mundo e esses acidentes podem acontecer a qualquer momento. Mas o que dói de verdade é saber que somos constantemente alvo de atrocidades que vão desde a arrogância e violência até casos de feminicídio. E o fato de muitos locais serem pouco frequentados e mais desertos aumentam a nossa inseguraça pra isso. O natural, que deveria ser algo que nos preenche, nos deixa feliz, acaba trazendo um pouco de tensão por não saber se tem pessoas má intencionadas por ali.

    Até quando a gente ainda vai viver assim, com uma série de medos que não se limitam à violência do asfalto? Porque mesmo essa violência não é normal, a gente apenas se acostumou.

    É um bom momento pra refletir. O que pode ser feito pra melhorar isso? Pensar no bem, tentar ser um ser humano melhor... Tudo isso já representa uma pequena revolução.

    um beijo.

    Danielle Hepner
    Danielle Hepner

    Publicado em 03/11/2020 19:54

    Realizada em 24/06/2018

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    Danielle Hepner

    Danielle Hepner

    Rio de Janeiro - RJ

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    nerd! professora de matemática apaixonada por montanhas, viagens, doguinhos e ukulele.

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