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Danielle Hepner 22/03/2017 12:50
    Travessia Rebouças -  Maromba, via Rancho Caído

    Travessia Rebouças - Maromba, via Rancho Caído

    Uma das mais belas e clássicas travessias do Parque Nacional de Itatiaia.

    Trekking Montanhismo

    Logística:

    O grupo Mochileiros RJ organizou toda s viagem.

    Nos encontramos na Rodoviária Novo Rio, às 02:30 da manhã de sábado. Van para 15 pessoas, que nos levaria até o Posto do Marcão e, no dia seguinte, por volta das 14h, estaria nos esperando na Cachoeira do Escorrega, em Maromba.

    A ideia era tomar um café na Garganta do Registro por volta das 06h, subir até o Posto do Marcão e começar a andar às 07:00 (horário que abre a portaria do Parque Nacional de Itatiaia) até a base da pedra do Altar, fazer ataque ao cume e descer e caminhar até a Cachoeira Aiuruoca. De lá, Ovos de Galinha, Vale dos Dinossauros e finalizando com Rancho Caído, em camping selvagem. Tudo até às 17:00.

    No segundo dia, acordar cedinho e partir direto pra Cachoeira do Escorrega, em Maromba. Horário limite para chegada: 14h.

    Relato:

    Encontramos o grupo na rodoviária Novo Rio. Ali, a van nos aguardava. Fizemos uma viagem tranquila, porém choveu muito durante a madrugada.

    Depois de uma parada para café da manhã na Garganta do Registro, fomos direto pra entrada do PNI.

    Grupo na entrada do PNI

    Estrada entre o Posto Marcão e o Abrigo Rebouças

    Éramos 15 no grupo. Começamos a pernada pela estrada que leva da portaria até o Abrigo Rebouças. Apesar da chuva da noite anterior, o dia pareceu querer abrir.

    Área de camping do Abrigo Rebouças

    Do abrigo, fomos pela trilha que leva às Agulhas Negras, entrando na bifurcação que indica a Pedra do Altar. Durante todo o percurso, a imponência das Agulhas nos acompanhava. O tempo começou a fechar mais, porém ainda não chovia.

    Ponte Pênsil, no percurso e, ao fundo, Agulhas Negras

    Depois de cerca de 1h de caminhada, subida, chegamos na base da pedra do Altar. Deixamos as cargueiras e ,após 10-15min de subida, estávamos no topo. Tentei tirar fotos, mas o tempo começou a fechar mais e encobriu tudo.

    Topo da Pedra do Altar

    Descemos do Altar bem rápido, uns 5min, e continuamos a andar, agora o rumo era a Cachoeira do Aiuruoca. Fomos descendo por um Vale, todo o tempo em trilha bem marcada, até encontrarmos uma bifurcação: o caminho da esquerda levava a travessia de Serra Negra; a da direita, Rancho Caído. Seguimos pelo da direita.

    Um pouco a frente, tivemos nosso primeiro rio pra atravessar. Como veio chovendo bastante naquela semana, tudo estava bem úmido e enlameado. Atravessando o riozinho, mais uns 5 min e chegamos na queda da Aiuruoca.

    Atravessando o riozinho próximo à Cachoeira do Aiuruoca

    Nossa ideia era almoçar ali para, então, seguir para Rancho Caído. Porém, depois de 20 min na cachu, os trovões começaram a se fazer mais presentes e alguns pingos começaram a cair. Então, eu e mais 5 amigos resolvemos esticar e seguir logo para Rancho. Nos vestimos com capas, cobrimos as mochilas e partimos.

    Mas, não adiantou fugir da chuva. Ela nos alcançou na altura da bifurcação que leva aos Ovos de Galinha. Era uma chuva intensa, com névoa. Aliás, era tanta névoa que não conseguimos ver os tais Ovos.

    Debaixo de uma chuva fina, constante e geladinha seguimos caminhando. Nessa altura, contávamos apenas que as coisas da mochila estariam sequinhas pra que, na hora que chegássemos ao camping, pudéssemos nos aquecer.

    A névoa foi dando espaço a mais chuva e mais trovões. As pocinhas pequenas tinham virado bolsões d'água e os pés foram os primeiros a encharcar.

    Em determinado trecho, pouco antes do Vale dos Dinossauros, avistamos um javali enorme. Ao nos ver, o bicho saiu correndo.

    Vale dos Dinossauros

    Pouco depois da pedra que dá o nome ao Vale dos Dinossauros, o caminho começou a ficar mais difícil.

    Com a quantidade de chuva que caía, a água foi se acumulando no vale; os bolsõs estavam virando piscinas, filetes de água viraram rios. A travessia passou a ter água na altura das canelas.

    Em determinados trechos, tudo estava tão enlameado e escorregadio que era impossível dar mais de um passo sem levar um tombo.

    Assim, seguimos até avistar Rancho Caído. Faltava descer um pedacinho e subir um pedacinho. Era perto, mas levamos muito tempo. Essa descida foi muito difícil por tudo estar escorregando demais (até as plantinhas que serviam de apoio estavam debaixo d'água) e pela quantidade de buracos cheios d'água que a gente não via e acabava enfiando a perna.

    Mesmo com dificuldade, chegamos na parte baixa do Vale. O problema nesse ponto era atravessar o rio que se formou, que tinha água na altura dos quadris. Procuramos um lugar pra passar, muitas partes estavam tão fundas que, ao colocar os bastões pra verificar a profundidade, eles iam direto.

    Acabamos achando um ponto onde umas pedras mais altas ajudaram na travessia (mais altas em termos, pois a água continuava na altura dos quadris) Depois disso, subimos rapidinho o que faltava até a área de camping.

    Montar a barraca na chuva foi um desafio, ainda mais que a área de camping é "apertada". Mas ajudando os amigos e eles nos ajudando, conseguimos todos montar nossas casinhas. Era por volta de 16h quando arrumamos tudo.

    Meu problema foi que, ao ver minha mochila encharcada, percebi que meu saco de dormir e as roupas de frio também estavam molhados. Seco só restava uma leggin, blusa de respiração e o anorak.

    A noite, fria, demorou a passar. Ficamos nas barracas de 16h até 08h do dia seguinte. A chuva caiu durante toda a noite, ninguém se atreveu a sair das barracas.

    Desmontando o acampamento em Rancho

    No dia seguinte, ao acordar, vimos que a chuva tinha dado uma trégua. Então, depois de comer algo, todos começamos a arrumar nossas coisas pra desmontar o acampamento e seguir o resto da travessia.

    Era por volta de 9 da manhã quando fomos embora de Rancho Caído.

    Rancho Caído (e afogado)

    O caminho até a Cachoeira do Escorrega, em Maromba, é praticamente inteiro só descida.

    Logo depois do camping seguimos um bom trecho plano e bastante aberto. Pouco tempos depois inicia a descida.

    Alguns minutos depois de começar a caminhada, veio a chuva, mais uma vez.

    Muitas partes já estavam escorregadias e com muita lama e com a chuva ficou pior. Muitos trechos mais íngremes... Imagino que, sem chuva e névoa tenha uma vista linda.

    Depois de 1h30 mais ou menos começa um trecho de mata fechada, e assim seguimos por mais 2h mais ou menos. Chuva atrapalhando e mais rios pra cruzar, água nas canelas...

    Ao fim do percurso, por volta das 13h, ver a estradinha foi um grande alívio.

    Fim do percurso, ensopada

    Fomos até a casinha que é "portaria" do PNI pra dar baixa no nosso grupo. Depois seguimos por mais 600m até finalmente chegarmos à Cachoeira do Escorrega, em Maromba.

    Ali almoçamos e esperamos nosso resgate de volta para o Rio.

    Reflexão:

    A Travessia Rebouças x Mauá, via Rancho Caído, é uma das mais clássicas travessias do Parque Nacional do Itatiaia. Ao longo de seus 24km, contorna as Agulhas Negras e percorre planaltos, vales e cachoeiras.

    É uma travessia sem dificuldades, porém a chuva e os bolsões de água que se formaram tornaram o percurso mais complicado.

    Um cenário diferente, que exigiu controle físico e psicológico (principalmente depois de ver as roupas quentes molhadas).

    A travessia virou aqua trekking.

    Como lição, fica a importância de alguns equipamentos que eu deixava pra lá, tipo o saco estanque. Achava que a capa de chuva daria conta... Além disso, sempre confiar que tudo vai dar certo. Mesmo com chuva e sem as roupas, tudo deu certo.

    Gratidão por mais essa experiência.

    Danielle Hepner
    Danielle Hepner

    Publicado em 22/03/2017 12:50

    Realizada de 18/03/2017 até 19/03/2017

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    8 Comentários
    Eduardo Chaves 23/03/2017 19:13

    Irado!

    Renan Cavichi 24/03/2017 12:02

    Caraca, quanta chuva! Me lembrou a do Bonete que pegamos a volta toda com um temporal! Eu costumo levar saco estanque para as câmeras e as mudas de roupas em sacolas plásticas mesmo hahah, já segura bem a chuva caso passe na mochila! :D

    Renan Cavichi 24/03/2017 12:02

    Já fizeram o Bonete da Ilhabela?

    Danielle Hepner 24/03/2017 18:04

    Minha sorte foi que a câmera estava na bolsinha de neoprene rs (mas tive um mini infarto quando vi que podia estar molhada também rs) Agora, o saco estanque foi um belo vacilo mesmo... Pior foi que eu vi a previsão do tempo, sabia que ia chover a beça... Mas sei lá a bobeira que me deu na hora de organizar minhas coisas. :/ Nunca fiz o Bonete não. Bacana?

    Renan Cavichi 28/03/2017 11:29

    hahahaha mini infarto é boa! hahaha Nossa, Bonete é demais, acho que foi a única trilha que repeti 3x hahah é um paraíso! Apesar dos borrachudos famintos :D Na verdade o Bonete fica aqui no quintal! :) Moro em Caragua, de frente com a Ilhabela então fica fácil também! Fica o convite pra vocês quando quiserem conhecer essas bandas!

    Danielle Hepner 28/03/2017 14:46

    Renan, sempre falamos em conhecer a Ilhabela, só não saiu do papel ainda... Certo que te daremos um alô quando formos! Quando vier pro Rio, nos avise também! (:

    Renan Cavichi 08/04/2017 19:13

    Massa! Valeu Danielle! Combinado! Será um prazer recebê-los!

    Carlos Araújo 11/05/2017 21:17

    Todo mundo indo pra Itatiaia... só eu que não rsssssss.... :P

    Danielle Hepner

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