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Danilo Fonseca 05/08/2024 13:11
    Travessia Capão Lençóis via Cachoeiras do XXI e Fundão

    Travessia Capão Lençóis via Cachoeiras do XXI e Fundão

    Travessia de 2 dias entre Capão e Lençóis passando pela cachoeira da fumaça por cima, Cachoeira do XXI (Vinte e um) e Cachoeira do Fundão.

    Trekking Montanhismo Acampamento

    Fomos em um grupo de 4 pessoas.

    Saímos de Salvador-BA com destino à Palmeiras no ônibus de 23h. Chegando a Palmeiras por volta de 7hs da manhã, tomamos uma van ao custo de R$ 25,00 por pessoa, com destino ao acesso à Cachoeira da Fumaça.

    Procuramos lugar para tomar café da manhã, e na falta deste, fizemos a compra de pães, queijo e iogurte etc num mercadinho logo próximo.

    Barriga forrada, iniciamos a subida para a cachoeira da fumaça por volta de 09:30hs.

    Chegamos ao topo por volta de 11:40. A cachoeira estava com bastante água por conta das chuvas recentes. Fazia bastante frio também. Conseguimos, neste horário, uma boa "janela" com relação à presença de grupos de turistas. Tivemos a visão da cachoeira "só para nós" por alguns minutos.

    Topo da cachoeira da fumaça


    Em seguida, após fazermos fotos e um breve lanche, tomamos o rumo da Cachoeira do XXI (Cachoeira do Vinte e um) por volta de 12:30h, descendo pelo rio que alimenta a cachoeira da fumaça, e logo em seguida saindo dele subindo à direita.


    A partir de então, caminha-se por um platô, onde a trilha tem desvios bem sutis, e demanda bastante atenção. Este é o trecho mais exposto ao sol que vamos encontrar. A partir daí, inicia-se a descida por uma pequena mata (sempre tendendo à esquerda, porque derivando para a direita, se vai para o mirante da fumaça de frente e cachoeira do palmital).


    Após a pequena mata, adentramos enfim ao afamado "Córrego Verde", que leva este nome, acredito, em razão do aspecto verde dos muscos sobre as rochas no leito do rio.

    Aspecto do Córrego Verde

    Em razão das chuvas recentes, as pedras estavam bastante molhadas e muito escorregadias! O que tornou a nossa progressão mais lenta do que o esperado.

    Quanto mais se vai descendo no Córrego Verde, mais a beleza do lugar vai aumentando, de forma exponencial!

    Até que por fim, as pedras até então cobertas por musgo verde, vão dando lugar a uma espécie de fungo (não sei) da cor branca. Chega-se então ao encontro do Córrego Verde com o Córrego Branco, que a partir daí, unidos, irão formar adiante a cachoeira do XXI e do Fundão (a confirmar). Chegamos no encontro dos córregos às 14:45h.


    O aumento da beleza quanto mais se vai descendo o Córrego Branco também é proporcional ao aumento da dificuldade na transposição.

    Às 15:40 chegamos ao topo da Cachoeira do XXI, onde perdemos bastante tempo tentando encontrar por onde se dava a descida. É preciso subir uma trilha bastante íngreme saindo à direita do leito do rio, em seguida, se passa por um belíssimo paredão, que à época em que passamos estava jorrando água e coberto de musgos.

    Paredão coberto de musgos, à direita de quem desce a cachoeira do XXI.

    Então se inicia a descida mata a dentro, até a beira do precipício de onde já se avista a cachoeira o vale que corre abaixo. Neste ponto, os relatos dão conta de que costumava haver uma escada. Quando passamos no entanto, havia tão somente um batente de madeira, ancorado nas pedras, o qual também tivemos dificuldade de encontrar. É preciso chegar bem próximo da extremidade pra identificar o batente logo abaixo da pedra.

    Acesso à descida para a Cachoeira do XXI



    A partir daí, descemos até a chegada ao poço da Cachoeira do XXI, onde chegamos as 16:50h, e como tínhamos poucas horas de sol, decidimos logo seguir em busca da área de camping.

    Para se chegar ao camping, seguimos pelo leito do rio, até mais adiante subir numa discreta triha à esquerda. Quase imperceptível, não fosse o tracklog do GPS.

    O camping, para o resto do grupo, foi eleito como um dos melhores em que ja tinham estado. Não pude concordar, pois apesar de ser uma extensa área toda gramada e próxima a água, o acesso ao rio é um tanto complicado, com muito desnível entre as pedras (escorregadias), de maneira que descer para pegar agua e novamente subir não é uma tarefa tão fácil. Prefiro mil vezes o camping do Poção!


    Após armar-mos as barracas, tomamos um banho gelado já quase sem luz do dia, e ficamos à margem do rio para preparar-mos nosso jantar (Comida liofilizada mountain food!). Escolhi o arroz com carne de panela. O sabor é bom, mas para o esforço que fizemos no dia, comeria bem mais. Por sorte, ainda tinha comigo um pão do café da manhã (comprado no mercadinho no vale do Capão), que me serviu para forrar a barriga.

    A noite foi de lua nova, escura e de céu muito estrelado! Pudemos ver perfeitamente a Via Láctea. Um de nossos amigos esqueceu o saco de dormir, mas lembrou de trazer um "laser" com o qual ficamos apontando estrelas até a hora de dormir.


    Noite fria! Meu saco de dormir (suporta até 20º) não deu conta de me manter aquecido o suficiente. Tive que me valer de toda a roupa que consegui trazer para me esquentar.

    Pela manhã, tempo nublado, e em seguida chuva! O que deixou as pedras do leito do rio ainda MAIS escorregadias. Deixamos o camping as 10h, e seguimos para a Cachoeira do Fundão.

    Amanhecer na área de camping



    Após 40 min de caminhada, chegamos ao topo dela, quando então derivamos à direita, pra fazer a descida. Talvez a passagem mais perigosa de toda a trilha. Fica-se muito exposto à altura livre.

    Descida para a cachoeira do Fundão


    Graças a Deus fizemos a transposição em segurança, e chegamos as 10:50h ao pé da Cachoeira do Fundão. Lugar de extrema beleza e água gelada! Não resistimos ainda assim ao mergulho, e nos demoramos lá por cerca de mais cinquenta minutos, e as 11:45h seguimos.

    Cachoeira do Fundão - aspecto geral



    A partir daí, MUITO pula pedra dentro do cânion. O GPS dentro de cânios não tem muita serventia, então o jeito foi seguir intuitivamente, buscando a trilha e os momentos de troca de margem.

    Raro trecho de lajeado plano no curso do rio que correndo dentro do cânion, irá encontrar ao final com o Rio Ribeirão


    Um de nossos amigos sofreu duas quedas perigosas neste trecho (uma delas vide foto anexa), talvez em razão da bota inapropriada, pensamos.

    Em cima da notícia! - uma das quedas de nosso amigo



    As 14:10h, enfim chegamos ao entroncamento com o Rio Ribeirão. Foi bastante difícil encontrar a trilha que sobe para Lençóis, na margem oposta. A vegetação é uma espécie de capim, que estava bem alta! Nos perdemos por diversas vezes, e tivemos de retroceder para novamente encontrar o caminho, mesmo com o tracklog no GPS em mãos.

    Entrada do cânion do Fundão/XXI visto de um

    pouco acima do rio Ribeirão, já após iniciada a subida para encontrar a Trilha das Mulas

    Panorâmica da subida para a encontrar a trilha das mulas


    Só após uma hora de subida, (as 15:10h), encharcados, debaixo de muita chuva, encontramos a Trilha das Mulas, que vem da Cachoeira das Águas Claras e segue rumo a cidade de Lençóis.

    A partir daí, trilha bem batida, entremeada por longos trechos de lajeado bastante escorregadio (o que novamente retardou nosso ritmo de caminhada).

    Prosseguimos debaixo de chuva até finalmente chegar à Lençóis as 17:10h.

    Experiência única pelo nível de dificuldade, e pela extrema beleza das passagens. Eu não havia conhecido até então, trilha com este grau de dificuldade. É certo que carregavamos cargueiras não tão leves, e nos deparamos com condições de chuva que deixaram todo o terreno mais escorregadio, trazendo ainda o desconforto do frio na hora de subir a partir do Rio Ribeirão até Lençóis.

    Penso que não se deve de jeito algum fazer este trajeto sozinho. O uso de luvas e calça comprida também pode ser bem-vindo.

    Grato a todos que acompanharam este relato até aqui!

    Quaisquer dúvidas, estou à disposição!

    Danilo Fonseca
    Danilo Fonseca

    Publicado em 05/08/2024 13:11

    Realizada de 03/08/2024 até 04/08/2024

    Visualizações

    166

    3 Comentários
    Diana Sanches 05/08/2024 15:55

    Essa trilha é especial! 👌🏽 Bem preservada!

    2
    André Deberdt 21/10/2024 08:42

    Um espetáculo a cachoeira do Fundão! Fez valer o perrengue sofrido. Parabéns pelo relato!

    2
    Duda Borges 28/03/2025 14:08

    Cara, já fiz esta trilha inúmeras vezes! Meus amigos de trilha, os quais guiei por estes caminhos tantas vezes, riam de mim, que à época eu já contava mais de dez travessias Lençóis/Capão pela Trilha do 21, sempre encontrando apenas água na Cachoeira do Fundão, nunca com o 21 com água! Mas tanto fiz que encontrei com água algumas vezes já, mas demorou. De fato acho que o nome da trilha deveria ser Trilha do Fundão, haja visto que a Cachoeira do Fundão é muito mais bonita do que a do 21. Outra coisa, nunca fiz a partir do Capão, pois os trechos mais difíceis seriam descendo, o que dificultaria ainda mais os trechos perigosos! Neste sentido, meus parabéns, vcs foram guerreiros realmente! Tem uma variante lá que vou fazer este ano, caso queira saber mais, fala comigo! Parabéns mais uma vez pela aventura e pelo relato!!!

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