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A Cachoeira Russa!! Cachoeira do Putim (Guararema-SP)
Bate-volta até a Cachoeira do Putim, na tentativa de turbinar o roteiro com uma Mini Travessia até o pq pedra Montada, nos levou a Guararema
Hiking CachoeiraA CACHOEIRA RUSSA!! CACHOEIRA DO PUTIM (GUARAREMA-SP)
Um rápido bate-volta pra conhecer a Cachoeira do Putim, e turbinar o roteiro com uma Mini Travessia até o Parque da Pedra Montada, nos levou a Guararema, num início de domingo um tanto quanto nublado
Situada a cerca de 80km da capital; e menos de 60km da minha casa; Guararema alia o fato de ser uma pequena cidade turística, quase interiorana, e próxima a SP, cidade com fortes laços coloniais indígenas, como tantas outras do Vale do Paraíba, tem marcada em seu nome tupi-guarani um pedacinho da história Brasileira.
Esse rolê em questão foi proposto por mim, com um tempinho de antecedência, avisei os caras, Dudu e Fabricio, ambos ficaram empolgados e combinaram de fazer o possível pra ir. Chegando o dia, só o Dudu foi, enfim foi quem realmente queria ir mesmo. Marcamos pra sair às 5h num domingo, e assim foi, fomos motorizados dessa vez, pra economizar no tempo de viagem e conseguir aproveitar mais o dia.
Chegamos lá 6h20, e deixamos o carro num dos estacionamentos públicos espalhados pela cidade, esses estacionamentos basicamente são vagas destinadas ao turista que quer ir visitar a cidade, uma forma de incentivar o turismo também, lembrando que a cidade tem fama de ser sossegada, segura.
Antiga estação ferroviária de Guararema
A caminhada até a Cachoeira do Putim, nosso destino, nos faria cortar a cidade sentido leste, saindo pela estação ferroviária Guararema, hoje desativada e servindo como um pequeno museu, parei para uns cliques e seguimos, a cidade ainda acordava, poucos nativos andavam na rua indo p/o trabalho. Cerca de 6 km separam o centrinho de Guararema, da cachoeira, em média 1h30 de pernada, caminhamos pelas ruas Dr. falcão e Rua d’ajuda, passando pela Capela Nossa Senhora D’Ajuda, o tempo nublado ajudava pois os trechos a seguir seriam todos abertos, após a capela já avistamos os morros que circundam a cidade, e a partir de então seguindo sempre pela Estr. Municipal Dr. Hércules Campagnoli, ignorando bifurcações e seguindo as placas sentido St. Branca, até virarmos à direita, próximo ao condomínio Alpes de Guararema, onde tem um grande lago que parece ser de uso exclusivo dos moradores, chique né?!, porém, todavia, nós como reles mortais passamos só na frente, logo após o condomínio terá outra rotatória que mais uma vez ignoramos e seguimos adiante, algo que percebi na cidade, são que as calçadas são sempre minúsculas e poucas são as que se consegue andar uma pessoa ao lado da outra, e como as estradas são boas e de pista dupla, os carros passam sempre rápidos, logo todo cuidado é pouco.
Ao longe já consigo ver um morro coberto de eucaliptos, mais um reflorestamento da Suzano papel e celulose, uma gigante do segmento, eu sabia que teria que passar por esse reflorestamento, e andar por eles não é tão legal quanto andar por mata nativa, na vdd nem se compara. Num piscar de olhos o Paraibão, o Paraíba do Sul surge novamente à nossa esquerda, desta feita com suas águas marrons, resultado das fortes chuvas dos últimos dias, depois desse trecho tem uma última bifurcação, mas nem demos bola e seguimos nosso caminho pra logo à frente encontrar uma placa azul indicando a Fazenda do Putim, atente-se porque após ela haverá um portão amarelo de ferro à direita, arreganhado ele indica a passagem para finalmente enfiarmos o pé no barro, Ufaa! Já não aguentávamos mais o trecho de asfalto, terror de todo trilheiro, até aqui gastamos 1h de sola.
Ao entrar ali o clima já fica mais agradável, e vamos andando por estrada de terra batida, onde na primeira esquerda entramos pra fazer uma curva em U, pronto agora é só tocar pra frente que não tem mais erro, vai chegar na cachoeira! Íamos tranquilamente e sem pressa, no ritmo da paz matinal do mato com o capinzal. De primeira subimos até a parte alta da cachoeira, onde tem o escorregador, essa a parte mais visitada do lugar, o caminho vai por uma pequena escadaria de pedras e bambuzal pra logo após desembocar na Cachoeira do Putim, onde chegamos depois de apenas 1h26 de caminhada, chegamos tão cedo que não tinha quase ngm, só dois caras que pareciam ter virado a noite lá, demos uma explorada no local, subindo ainda mais, agora até a parede concretada da barragem Putim, e com o clima nublado e nós já com o sangue frio, não nos animamos muito pra entrar n’água naquele momento, andando por ali eu procurava uma trilha que descesse pela queda da cachu de forma perpendicular, mas não encontrei, bom, como o trecho era curto e rápido, voltamos descendo a trilha principal e procurando alguma entrada à direita para acessar a parte baixa da cachoeira. Encontramos a tal entrada em frente a um aceiro e marcos sinalizadores da petrobrás, ali a uma nítida trilha descendo a encosta em direção ao barulho da água, e comprovamos isso entrando lá e já de cara ampliando o horizonte que se abria à nossa frente, mostrando a cachoeira como um todo, é sempre uma satisfação muito grande ter o privilégio de ver isso, descemos por uma trilha de motocross e bike, com mato na altura do joelho, avistamos ao longe três motociclistas já lá embaixo dando uma olhada na cachu, rapidamente descemos e os encontramos, eles saindo e nós chegando.
Parte baixa da Cachoeira
Na parte baixa da cachoeira, não tem tanto lugar pra ficar, dois pedaços de pedra seca seriam o abrigo pra nossas mochilas, e lá as deixamos, agora sim era hora de entrar n’água e se refrescar, já que o Dudu prometeu entrar em toda cachoeira que visitasse, independente do tempo, sempre bom ter gente que seja entusiasta assim, entramos e logo achamos um lugarzinho maneiro pra ficar sentados no meio da ducha d’água, olhando pra cima tivemos a melhor vista do dia, que era a água se esparramando sob nós, pena que não deu pra fotografar, aí só vocês indo pra conferir, os 50m da queda d’água da cachoeira caiam mansamente, e a gente deitava na pedra vermelha, um lugar tão bom que bastava um aceno de mão pra refrescar o rosto, ficamos por lá um tempo curtindo aquela maravilha, o sol não deu as caras, só ameaçou, chamamos ele, mas não veio kkk, quem me lembrou mesmo do roteiro da travessia foi o Dudu, nos refrescamos mais um pouco e saímos, mastigamos uma bolacha aqui, um digestivo ali, e nos aprumamos pra continuar.
Nessa parte de baixo da cachoeira, tem uma espécie de portal, um resto de construção abandonada de tijolinhos, que eu parei pra tirar uma foto, e acabei ficando mais uns 10seg, tempo suficiente pra sentir um inseto, tipo um besourinho sobrevoando minha cabeça, tentei afastar e senti que tinha outro no meu cangote, num pensamento rápido vi que a coisa não tava normal, e já comecei a imaginar algo pior, tipo abelhas ou vespas, e em desabalada carreira saí me debatendo na tentativa de me livrar do que estivesse por perto, o Dudu demorou um pouco pra se ligar, mas quando os insetos grudaram nele, ele logo saiu correndo tb, ali um pouco afastados fomos ajudando um ao outro pra tirar os que ficaram grudados na roupa, mochila e cabelos, era um bichinho preto, sei lá se alguma espécie de abelha, por sorte não lavamos ferroada nem nada do tipo, mas muitos ficaram grudados em mim pelo resto do caminho, dentro da roupa e emaranhados no cabelo, ser atacados por insetos assim constituem um dos maiores perigos da trilha, há que ser atento a todo instante.
Reparem abaixo do arco, a gigantesca casa dos insetos
Depois do susto, subimos a encosta com a intenção de fazer a travessia, porém eu tinha poucas informações e estava me baseando no google maps e nos caminhos que eu conseguia ver por ali, dessa forma entramos numa trilha que tinha do outro lado da estradinha, já na área de dutos da petrobrás, num caminho que nos levaria a Pedra do Tubarão, um caminho meio tortuoso e incerto, onde adentraríamos numa área aberta, pra depois continuar por trilha de mata secundária, até bordejar novamente uma área de reflorestamento, atravessando assim a serrinha e ficando aos pés da trilha da Pedra do Tubarão, e depois ao Pq. Pedra Montada, que seria o fechamento do nosso roteiro. Mas quando se entra na mata a história é outra, de começo tudobem, encontramos três caras arrastando as bikes, estavam ofegantes e tinham pego um caminho errado, bom o que nos esperaria né?, isso sem contar que um deles falou que tinha visto patadas de onça, que não levei muito a sério, já que todas as patadas que veem por aí dizem ser de onça né, fomos prosseguindo até a trilha entrar numa área mais fechada e enlameada, estávamos só no começo, e conforme andávamos íamos vendo as benditas patadas da suposta onça, felino ou cachorro, e nenhuma delas era seguida por botas, cachorro acho que não era, senão estaria bem perdido e eles não costumam andar sozinhos.
Indo por uma trilha cada vez mais fechada, e com um Dudu cada vez mais receoso, o avanço era gradual, passamos por dois grandes buracos de voçorocas, onde contornamos pelas laterais, e já com ajuda do bastão de caminhada para afastar o mato e as teias de aranha, que agora iam aumentando à medida que a trilha ia fechando, totalmente compreensível, já que fortes chuvas aliadas com o fato daquelas trilhas mal serem usadas fazia com que houvessem teias a cada 5m. O avanço começava a ficar lento, embora fosse ainda bem cedo, menos de 11h da manhã. À essa altura já tínhamos percorrido uma boa parte do trecho e a trilha seguia já paralela aos reflorestamentos, embora cada vez mais fechada e com aranhas, vez ou outra eu passava com tudo e só sentia a teia quando já estava no peito, mas são ossos do ofício, ali já tinha se transformado num vara mato, e quem não é acostumado com essa modalidade que é das mais hard do trekking, vai ficando cada vez mais ressabiado, e não deu outra, começamos a pensar em voltar, eu ainda estava mais disposto a ir, faltava pouco para chegar ao final desse trecho e alcançar um ponto de intersecção, só que a trilha já tinha quase desaparecido e parecia que não ia melhorar nada, nessa hora escutei meu parceiro e resolvemos voltar, detesto ter que desistir ou deixar algo inacabado, mas quando o clima não está propício, o melhor é não insistir.
Patada de onça ou cachorro?? Eis a questão...
Trilha entrando em mata secundária, pra alcançar os reflorestamentos lá atrás
Pra descer e voltar todo santo ajuda, e passamos sem dificuldades pelos caminhos que praticamente tínhamos reaberto, até tombo duplo rolou, numa descidinha cheia de lama eu carimbei o quinto apoio no chão, enquanto o Dudu dançava break logo atrás kkk, tá vendo como não é bom rir do amiguinho kkk. já perto da saída propus que tentássemos de novo, agora por outro caminho, que era uma segunda opção, e talvez melhor, de uma trilha que sai da parte alta da cachoeira e que vai desembocar lá na frente num trecho paralelo ao que íamos sair antes da Pedra do Tubarão, pedido negado!, enfim, voltamos sentido cidade e em dois palitos cruzamos o portão amarelo rumo à civilização. No momento em que cruzei o portão senti que aquilo não estava terminado, tinha falhado na missão de fazer a travessia, mas depois avaliando melhor, vejo que fomos sim bem sucedidos, conhecemos uma cachoeira nova, e quase reabrimos uma trilha pra completar a travessia, voltar? Acho que sim!, querendo ou não, ficou meio inacabado.
Novamente na Estr. Municipal Dr. Hércules Campagnoli, basta refazer o mesmo caminho para voltar à cidade, como toda volta, essa foi mais silenciosa, o que faz parecer que demora bem mais. Já chegando na cidade resolvi visitar a Capela de Nossa Senhora D’Ajuda, uma capela datada de 1682, sendo uma das construções coloniais mais antigas do estado de SP, tombada como monumento histórico-arquitetônico, carrega em suas paredes a histórica relação do homem religioso com os filhos da terra, servindo também como ponto de apoio para os romeiros da Rota da Luz (caminho de 201km, que liga Mogi das Cruzes a Aparecida do Norte), a capela é alcançada através de 81 degraus, tendo a imagem do Cristo ao lado das escadarias, ainda é ornada com milhares de fitinhas no seu parapeito de entrada, por dentro é pequena, mas de uma paz imensa, me senti muito bem lá e agradeci a Deus por mais uma trilha concluída com sucesso. Pelo lado de fora pude ver melhor a construção, com uma parede bem exposta ao tempo, necessitando de reparos, lá de cima uma agradável vista dos morros ao redor e de um pouco da cidade.
Capela Nossa Senhora D'Ajuda
Feita a visita desci e fomos em direção ao carro, a cidade agora já estava cheia, e o sol tinha aparecido, aproveitamos pra cair pra dentro da cidade e procurar algum lugar pra refrescar a goela, só que acabamos descobrindo que ali não existe quase nenhuma opção para tal, a Adega do Magrão que é um ótimo lugar estava meio fechada, e roletando pela rua principal achamos uma padaria que não vendia garrafas, e um buteco rasta chinela e com cadeiras de plástico, bom é desse tipo de presepada que gostamos, lá ficamos nos refrescando com dois litrões e uma kariri com mel, enquanto ficamos admirando a rua e vendo o vai-e-vem do pessoal indo pro carnaval de Sabaúna, que já nos foi muito bem recomendado, tanto as folias de Sabaúna, quanto de Guararema, estão na lista!
E esse foi o fim de um roteiro que era pra ser a Travessia do Putim, mas que não foi, no entanto a cidade oferece outras diversas atrações, como mirantes, recantos, o próprio Paraíba do sul e passeios tanto a pé quanto de bike, atrativos não faltam, e nem desculpas pra que vc #DEUMROLE!
