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Denis Gois 14/06/2022 19:06
    O Gênesis Paranaense

    O Gênesis Paranaense

    A minha 1° trilha pros lados do PR, uma das mecas do Montanhismo Brasileiro

    Trekking Montañismo Acampada

    TUCUM - CAMAPUÃ (PR)

    20,22 MAIO 2022

    Marca, desmarca, marca, marcamos…O destino seria o Pico Tucum no Paraná, a galera já tinha tentado uma investida no mês anterior, mas as chuvas constantes na região os deixaram ensopados e sem pico nenhum, fui convidado pela Dani pra ir com um pessoal que ia sair aqui de SP, o Maurício e a Gláucia, combinamos tudo direitinho e nos encontramos na Vergueiro, pra começar a jornada de 6h até a fazenda da bolinha, mas mermão o trânsito de sp tava sinistro, foram TRÊS HORAS somente pra acessar a régis bittencourt com direito a gps maluco nos fazendo dar voltas, então o que era pra chegarmos lá 23h, passou pra 2h30, por sorte a Gláucia é uma pessoa tranquila e o papo estava bom, eles já me incluiram de cara no rolê e como íamos passar muitas horas juntos, era bom que isso acontecesse mesmo, quando na rodovia já não tínhamos mais pressa, fizemos paradas pra ir ao banheiro e mastigar algo, ao longo da viagem fomos indo cada vez mais soltos, conversando sobre tudo, eles falando muito de viagens e causos, da vida, do trabalho e isso fazia com que a viagem que acabou durando 9h passasse mais rápido. A fazenda é fácil de achar, fica numa estradinha de terra que tem nas margens da rodovia já em Campina Grande (PR), chegamos pela madrugada e fomos recebidos por um rapaz que já fez a cobranças dos 20$ (por pessoa) da entrada da fazenda que dá acesso às trilhas e nos deu as info que perguntávamos, como que se tinha chovido durante a semana, estado das trilhas, se tinha muito gente subindo pro Tucum, essas coisas, pois bem achamos ali um bom lugar pra montar as barracas já que nossa primeira noite seria na base esperando a galera de sorocaba que chegaria pela manhã, montamos tudo e o pessoal abriu uma garrafa de vinho seco pra molhar as palavras e no trago do paiol ficamos proseando enquanto ia chegando uma galera, alguns pra iniciar alguma travessia, outros pra ver o nascer do sol, pra acampar, enfim papo vai, papo vem, ficamos por ali hasta umas 4h30 até sentirmos sono e encerrarmos o dia, dormi bem até, apesar do pouco tempo e umas 8h eu já estava esquentando um pão com queijo e salame pro desjejum.

    Quando a galera chegou já estávamos prontos, com tudo desmontado, só estiquei e alonguei enquanto cumprimentava a Dani, Elton, Ana e Léo, sorocabanos que vieram pra formar a trupe, chegaram já prontos e às 10h40 iniciamos a caminhada passando por um portão da fazenda que dá início as diversas trilhas que podem ser percorridas ali. Nesse início vamos cruzando várias vezes o rio Samambaia de águas cristalinas e geladíssimas, já nesse começo a alça da minha mochila estourou (problema antigo que uma costura a mão não resolveu) e ficou solta por toda a subida, dessa vez tentei ir mais leve e levando somente o que seria útil, a água por exemplo levei toda lá de baixo, totalizando 5l, mochila estava bem ajustada então isso não seria problema, o começo da trilha é tranquilo e em nível, mas logo muda e começamos a subir pela clássica escadaria de raízes, tão típica das serras do mar, uma árvore imensa (partida, estilingue) marca o ínicio dessa subida mais íngreme, num piscar de olhos já se está escalaminhando, usa-se muito as mãos, tanto para se apoiar quanto pra ganhar impulso frente algumas pedras mais grandinhas, ao longo da subida fui acompanhando a galera da frente que ia num ritmo bem bom com o casal, Ana e Léo; eu mesmo estava achando meu desempenho bom porque temia um pouco o joelho e meu preparo físico que não estava em dia, mas fôlego por fôlego eu sabia que 4h de subida eu aguentaria, e fomos indo, o dia estava uma delícia e nesse trecho as árvores te protegem do sol.

    Até chegarmos as famosas plaquinhas gastamos 1h10, sem paradas e mantendo um ritmo legal, ali fizemos uma pequena pausa para tirarmos as primeiras fotos, elas indicam Camapuã, Tucum, Cerro Verde, Pedra Branca e Siririca, o mais difícil do roteiro com mais 6h de viagem kkkk, á partir daí em mais meia hora acaba essa parte de mata, muitas vezes escalaminhando, após esse trecho começa a rampa rochosa que leva até o Camapuã (1713m), sombra daqui pra frente será artigo de luxo.

    Eu mesmo gostei quando chegou nessa parte, porque já estava cansado das raízes, pisar num pouco de pedra faria bem, pois ali fizemos nossa primeira parada boa mesmo, pessoal sentou pra comer e olhar melhor um pra cara do outro, a visão dali já é pra mais de linda, morros e picos pra todo lado que se olha, o complexo Marumbi, Curitiba e o rio Capivari estavam perfeitamente visíveis nesse dia de céu limpo em Campina Grande. A rampa é longa, é um caminho de pedra em meio à vegetação, dá inclusive pra subir por ela nos trechos mais inclinados, inclinação essa que fez alguns sentirem mais a subida, porém parar pra respirar ali era só uma desculpa pra apreciar mais um c’adinho aquela paisagem, fomos conversando, contando causos e histórias, bem de boas e sem muita pressa, ao total foram cerca de 45min de pedra, sol pegando, mas me sentia muito bem por estar ali, ao ver as caratuvas já me toquei de que estávamos chegando, e alcançamos o cume do Camapuã (1713m) que é bem amplo tendo espaço p/ muitas barracas em diversos lugares, ali foi a primeira vez que bati o olho no Pico Paraná (PP), ao longe, inconfundível e desafiador, por conta disso passei meio que batido pelo Camapuã, tirei algumas fotos do PP e com ele ao fundo,e bati algumas fotos pra Dani enquanto o pessoal ia prosseguindo na trilha e eu olhava de rabo de olho pra não perdê-los de vista, ali como na maioria das trilhas da região já bem demarcadas não tem erro, siga pela trilha mais batida, pois tem poucas bifurcações pelo caminho. A descida pro selado que levaria até o tucum me preocupava um pouco pelo impacto que teria, mas saquei do bastão de caminhada e meio desajeitado fui indo, logo cheguei na parte baixa, com o pessoal á toda subindo pra valer; á esquerda por entre grandes pedras tem um ponto de coleta de água, mas estava bem fraquinha e só tinha alguma água empoçada, então esquece…

    A subida pro Tucum é mais tranquila que a descida por exemplo, se vai passando por entre pedras, algumas maiores, se usa um pouco das mãos pra ganhar impulso, uma fina mistura de areia com pedriscos fazia o pé procurar lugar firme pra pisar, vencendo os últimos metros de subida chegamos ao mar de caratuvas (espécie de bambuzinho, tem cerca de 1m de altura, e forma o campo rupestre de altitude em alguns dos picos mais elevados do sul do Brasil), que é sinônimo de estar perto do cume, ás 14h50 do sábado, depois de 4h10 de trilha, contando com as paradas, alcançamos os 1740m do Pico Tucum, onde a beleza cênica do lugar é algo incrível, já tinham algumas barracas por lá e uma gurizada estava assando uma picanha e tomando um trago de cachaça, que tive que aceitar heheh, ficamos ali papeando um pouco enquanto todos montavam as barracas, a prosa estava boa mas tive que sair pra pegar logo um lugar que foi o menos melhor, só que achar o local pra acampar, montar a barraca e arrumar as coisas dentro ainda é algo que eu curto, então tendo feito isso foi hora de sair e começar a curtir o pico, acabei indo com a Dani assinar o livro de cume e tirar algumas fotos, foi bom pq ela acabou tirando várias minhas tb pra gravar o momento, depois de toda essa comoção acabei voltando á barraca pra colocar uma blusa e calça e fui ter com a galera pra tirar um papo, belisquei uma sopinha de abobrinha com gengibre que Gláucia e Maurício tinham levado e depois o pessoal foi fazer outras coisas e ficamos eu e Gláucia batendo mó papo, uma conversa boa, sobre escalada, viagens, roteiros e todas aquelas coisas que gostamos; o sol já estava pra se pôr e nos chamaram para vê-lo, chegando lá já tinha uma galera e iria chegar mais gente só pra ver o pôr, mas o vento tava castigando legal, pra ver ele bem confortável sentei numa pedra perto do abismo e ao tirarem algumas fotos meus colegas viram que ali era o lugar perfeito, com gentileza pediram licençinha e dei, sabia que as fotos iam ficar massa e aproveitei pra ir mais uma vez a barraca pra dessa vez já colocar todas as roupas que levei, o frio só ia piorar então pra que esperar? Fiquei lá na expectativa de ver o sol descendo o horizonte, mas não foi dessa vez, só que ao se desmanchar em cores ele pintou o céu com tons de rosa, laranja e amarelo, uma belezura só.

    Até tentamos ficar proseando um pouco , mas o vento meio que nos impediu e só fez o povo se coçar pra preparar logo o rango, Maurício e Gláucia foram pro seu macarrão e vinho de garrafinha, Léo e ana preparavam o deles e eu, Elton e Dani fazíamos o nosso já previamente combinado, eu ter levado o meu fogareiro fez a diferença já que eu fiquei no cozimento do arroz que não ficava pronto nuuncaaa, e eles no frango com requeijão e azeitonas, mas no final deu certo, ficou quase um risoto e ficou bom, enchemos o bucho, com chocolates de sobremesa, chique viu! Nos alongamos tanto na janta que os amigos já tinham ido capotar, me enfiei pra dentro da minha barraca, li um pouco e logo dormi, por volta da meia noite acordei pra ir ao banheiro e quando abri a barraca me deparei com uma lua minguante maravilhosa saindo de trás do PP, e girando a cabeça pra olhar o céu, Uoooull estava já rajado de estrelas, coisa mais linda, até assusta fixar muito o olhar porque tem hora e coisas que se vê que não tem uma explicação muito lógica ou racional pra quem está cheio de sono…fim do 2’ dia.

    Às 6h já estou desperto pra ver o nascer do sol, não dormi perfeitamente bem pq no lugar que a barraca estava eu tinha meio que ficar numa posição de tetris pra me sentir confortável, o que não era fácil, pela manhã faziam 2°c, a menor temperatura da noite, quando os primeiros raios de sol vem varrendo os ventos gelados do fundo dos vales, a princípio fiquei vendo dentro da barraca mesmo pq tava um frio da poha! Mas logo sai pq quem tá na chuva é pra se queimar, me impressionou muito a semelhança do PP e do conjunto de montanhas ao redor com a própria Pachamama, a silhueta do PP sendo o rosto e as montanhas do redor o restante do corpo, nas fotos fica bem mais claro, o interessante é que de cada pico daquele que tu estiver o PP vai ter uma aparência diferente. O nascer demorou um pouco, já eram quase 7h, de onde eu estava consegui ver ele perfeitamente, aquela bola de fogo nuclear criando forma mais uma vez no horizonte num espetáculo que se repete dia a dia desde o alvorecer dos tempos, no cume tinha um cara que estava filmando o nascer e enquanto isso conversamos uma prosa e ele me ensinou demais sobre as montanhas de lá e de todos os outros conjuntos ao redor, o cara já tinha feito quase todos os picos da serra, foi dando os nomes, contando histórias, macetes, era basicamente tudo que eu queria saber, conjunto PP, Marumbi, Pedra Branca, Morretes, Porto Paranaguá, Ilha do Mel, Curitiba, Cont.do Cerro Verde, aí foi me falando e explicando alguns pontos, depois dessa aula descemos e cada um foi arrumar suas coisas pq ali o tempo voa acelerado.

    Durante a noite não ventou muito, o que era nosso maior receio já que os ventos por ali costumam arrancar barracas do chão, nem tomei café da manhã, mastiguei alguma bolacha e já fui me arrumando pra zarpar, todos foram fazendo o mesmo e logo estávamos dando até logo pro Tucum e descendo o morro.

    A volta é mais rápida, porém mais complicada em alguns trechos, na descida do Tucum tem uma parte no paredão de rocha que pode precisar de ajuda caso a pessoa não esteja tão confiante, mas nada de anormal, só ir com calma e cuidado que dá tudo certo. Entre descer o tucum e subir pro camapuã levamos 40min, chegando lá alguns assinaram as folhas do livro que estavam na caixinha, incluso yo, somando mais dois livros nessa trilha, agora com mais calma andei um pouco pelo Camapuã e é bem legal lá, Tucum é mais bonito, tem uma vista mais abrangente, mas o Camapuã serve muito bem para um camping, enquanto o pessoal tirava fotos eu fiquei lagarteando em uma pedra até a galera decidi descer. Encontramos muita gente subindo o Camapuã no domingo de manhã, pessoas de todas as idades, o famoso dia da farofa, galera simpática, acabei dando uns 300 bom dias nessa trilha viu; foi super tranquilo descer a rampa do camapuã, a panturrilha é bem acionada nessa volta, mas todos foram super bem.

    Ao chegarmos na parte de mata eu optei por descer sempre de frente usando bastante as mãos, nesse fim de semana em especial além de pegarmos um ótimo tempo, a trilha estava sem lama! Lógico que alguns trechos tinham, mas nada comparado a quando a galera veio anteriormente, segundo eles estava muitoo escorregadio e isso dificulta bastante os trechos de trepa pedra, esse fato também ajuda a deixar esses conjuntos de montanhas bem mais complicados, imagina no verão que chove dia sim, dia sim…

    Na volta a pressa já tinha ido embora, sabíamos que o tempo nos favorecia, o clima estava ótimo, o sol entrava nas frestas por entre as árvores enquanto pelo emaranhado de raízes nossos pés vão encontrando caminho, e dá-lhe descida; dois pontos aqui, a trilha em si estava limpa, alguns plásticos aqui e acolá, mas limpa, e não avistamos nenhum animal, além dos de duas pernas; fechei a volta em 3h29, lógico que dá pra fazer em menos tempo, mas eu vim bem tranquilo e só preocupado em aproveitar.

    Chegando na fazenda, do lado direito tem uma pequena queda d’água gelada pra dedéu, mas que em dias de muito calor deve servir muito bem, o banho nessas águas ficou pra próxima, preferi pagar as 8 pilas num banho quente mesmo, fazer o que né, mas os serviços lá são bons e o pessoal é atencioso, galera toda reunida com pastel e cervejinhas rolando, bate papo e descanso, mas a viagem era longa e logo nos despedimos, os sorocabanos voltando pro interior e nós de volta pra SP…Uma anedota interessante, a chácara/fazenda da bolinha se chama assim por causa da cachorra bolinha, que outrora acompanhava os raros montanhistas que subiam por ali tempos atrás, e por ela sempre ir com eles e depois retornar eles começaram a chamar a fazenda pelo nome da cachorra aventureira, que segundo seu dorival já ficou pra mais de mês lá em Morretes e acabou voltando (sem gps).

    A volta pra sampa dessa vez teve a duração normal 6h de estrada, esse foi dos melhores rolês que fiz ultimamente, lembrou muito o início onde tudo era novidade, ia sem conhecer ninguém e me dava super bem com o povo, pouca gente, papo bom, nada de frescuras, foi um rolê ‘chique’ daqueles que animam o cara, espero trilhar mais vezes com eles e que possamos ainda desbravar muito esse mundão de meu Deus, e pra todo mal tu já sabe…#DEUMROLÊ!

    Denis Gois
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    Publicado en 14/06/2022 19:06

    Realizado desde 20/05/2022 al 22/05/2022

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