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Divanei Goes de Paula 16/11/2015 19:43
    Travessia Serra do Ibitiraquiri - PR

    Travessia Serra do Ibitiraquiri - PR

    Travessia da Serra partindo da Fazenda Bolinha e passando pelo CIRIRICA - CERRO VERDE - ITAPIROCA e terminando na fazenda Pico Paraná.

    Montanhismo Trekking

    TRAVESSIA SERRA DO IBITIRAQUIRI-PR : CIRIRICA -CERRO VERDE-ITAPIROCA

    EM UM PASSADO NÃO MUITO DISTANTE.

    Julho/2007: ..............Finalmente às três da tarde, depois de guinchar minha enorme mochila, atinjo o cume do Pico Paraná, ponto culminante do estado e de toda a região sul do país. No topo me deparo com três nativos de Curitiba que vão logo me avisando que acampar no cume hoje será a maior furada, pois a previsão do tempo fala em ventos de 80 a 100 quilômetros por hora. Agradeço o aviso, mas descer de novo estava fora de cogitação, minhas forças já haviam se esgotado e de lá não sairia nem se fosse o dia do juízo final. Os nativos descem e fico sozinho. Armo minha barraquinha, encho de grandes pedras dentro, amarro-a com corda e fico lá mesmo, com o “fiofó” na mão, esperando ver no que vai dar. Enquanto o “furacão” não vem, preparo minha janta assistindo a um por- do- sol espetacular. Esta é a primeira vez que criei coragem e soltei as amarras que me prendiam, é a primeira vez que saio a excursionar sozinho, sem duvida, meu primeiro passo para a liberdade sem limites. Ás sete da noite já estou envolto em meu saco de dormir e apago rapidamente. A uma da madrugada me levanto e sou presenteado com uma lua espetacular, venta pouco no topo, mas no vale abaixo o vento uiva feito lobo. Ás seis da manhã já estou de pé, sobrevivi ao vendaval, que para minha sorte passou mesmo encanado no vale e fez vários estragos nas barracas dos montanhistas acampados na base do Pico Paraná. Do topo do Paraná avisto ao sul uma montanha com alguma coisa encima parecendo umas caixas metálicas. Olho no meu mapa e vejo se tratar de um tal de CIRIRICA. Mas que nome pra uma montanha!! É uma montanha isolada e muito alta, mas se colocaram aqueles trambolhos lá encima, então deve ter uma estrada que sobe até ela e nem me preocupei de saber mais nada a seu respeito.............

    O CHAMADO DA MONTANHA

    Junho/2011:CIRIRICA, mãe dos caranguejos do mato, em tupy. “Montanha mais isola da Serra do Mar paranaense”. “Montanha mais difícil de subir”. “K2 paranaense”.” Subi, adorei, mas nunca mais voltarei”.

    “Vê se nunca mais me chama pra subir essa montanha”. “Mais quem foi mesmo o desgraçado que me convenceu a subir essa montanha”?

    Depois de ler estas frases acima, me convenci que o Ciririca não era uma montanha qualquer perdida no mar de montanhas aos pés do pico Paraná. Decidi então montar uma “expedição” e ver se o bicho era tão feio quanto estavam pintando. Mas não bastava subir o Ciririca, queria também fazer a travessia até a região do Pico do Paraná. Para isso convidei meu amigo Dema, professor de matemática, amigão de infância e parceiros de outras aventuras. De última hora, se juntou a nós João Paulo, 23 anos, quartoanista de psicologia, praticante de lutas tailandesas, puxador de ferro de academia. Conhecemos-nos pela internet e descobrimos que éramos vizinhos e morávamos no mesmo município.

    Compramos as passagens com antecedência e embarcamos na rodoviária de Campinas rumo a Curitiba, por volta das onze da noite. Por volta das seis da manhã o ônibus atravessa a ponte sobre o Rio Capivari, passa pelo posto Tio Doca e 4 km depois descemos enfrente ao posto Túlio que fica do outro lado da rodovia. Tomamos café e voltamos pela rodovia no sentido nordeste, ou seja, sentido São Paulo. Quatrocentos metros depois, viramos a direita na rua de terra e seguimos sempre na principal, passamos por uma ponte sobre um córrego de águas cristalinas onde paramos para tomar água e pouco mais de uma hora desde o posto de gasolina, desembocamos na Fazenda da Bolinha, cachorra Bolinha.

    DA FAZENDA DA BOLINHA ATÉ A BASE DO CIRIRICA

    Quando chegamos à Fazenda da Bolinha nos deparamos com dezenas de montanhistas e fui logo perguntando pra saber quem iria para o Ciririca. As respostas eram sempre as mesmas: Não! De jeito nenhum! Não, vamos para o Camapuã! Não, vamos para o Tucum! Caramba, ninguém aqui vai para o Ciririca? É, alguma coisa estava errada, dezenas de montanhistas com equipamentos de última geração e só nós íamos para lá ? Paciência! Seguimos enfrente já que o caminho para todas as montanhas seria o mesmo na primeira hora de caminhada. A trilha entra logo na mata. É uma trilha larga e gostosa de caminhar, por várias vezes cruzamos sobre o cristalino Rio Samambaia e não demora muito chegamos a uma árvore gigante em forma de estilingue e uma hora depois chegamos à bifurcação. Á esquerda a trilha subirá ao Camapuã (1.713 m) e depois irá até o Tucum(1.740 m). Seguindo em enfrente nos conduzirá aos pés do Ciririca. Até esta parte da trilha todos os montanhistas estavam juntos, daqui para frente nos separamos. “Um milhão” virou á esquerda e nós e mais dois casais seguimos enfrente rumo ao Ciririca.

    A trilha agora é bem mais fechada, sinal que pouca gente se aventura por aqui. Não demora muito e ouvimos logo um grito de ajuda. Era o João Paulo que se contorcia por causa das câimbras. Não deu nem duas horas de caminhada e o cara já havia “quebrado”. Isso é coisa que pode acontecer com qualquer um, pensei eu. O jeito foi esvaziar toda a mochila dele. Eu e o Dema dividimos a comida e colocamos nas nossas mochilas, que já não cabiam mais nada. O jeito foi realojar as coisas. Cueca no copo, meias na panela e foi por aí a fora até caber tudo. Agora com uma mochila pesando uns 25 kg, seguimos enfrente, parando a cada 10 minutos para esperar o João, que caminhava a passos de tartaruga paraplégica. A trilha continua sem muitas mudanças. Atravessa rio aqui, pula pedra ali, passa por uns bambuzinhos acolá e assim vai até chegar ao poço das fadas, com pequenos poços e cachoeirinhas que nem nos demos o trabalho de investigar, já prevendo que a caminhada seria longa devido ao ritmo super lento que empregávamos. Logo chegamos a um grande declive, onde para transpô-lo, tivemos que usar uma corda para descer a pedra, que por isso mesmo ganhou o nome criativo de Pedra da Corda. Apesar de não ser muito alto, é um lugar complicado para passar com mochila. Tivemos que dar apoio ao João, já que ele teve uma certa dificuldade de fazer esta desescalaminhada.Nosso caminho segue então descendo o vale até dar de cara com outro riacho, onde paramos para fazer um lanche.Depois deste trecho se não me engano foi aí que conversávamos e não prestamos atenção à trilha e fomos parar em um vale logo abaixo, totalmente perdidos. Rodei acima de onde estávamos e interceptei de novo a nossa trilha. Ás três horas da tarde, finalmente chegamos à Cachoeira do Professor. Bela queda, mas como a água estava muito fria, tiramos algumas fotos e partimos seguindo pela trilha que recomeça do outro lado do riacho.

    Nas minhas contas ás três horas da tarde eu já queria estar montando minha barraquinha no topo do Ciririca, mas estávamos ali, em algum lugar perdidos na mata, em uma trilha que não acabava nunca. O pessoal de Curitiba também estavam lentos demais e a previsão de chegada no cume não eram muito animadoras. Depois das 5 da tarde, finalmente conseguimos colocar nossos olhos na nossa montanha desejada, quando, uma janela se abre no meio da mata. E ás 04h30min da tarde finalmente chegamos ao riacho conhecido como Ultima Chance. Dizem ter este nome por ser o último ponto seguro para se pegar água, mas para mim deveria se chamar : Última Chance,caia fora seus trouxas(rsrsrsrsr).

    DO ÚLTIMA CHANCE ATÉ O CUME DO CIRIRICA

    Estávamos todos ali, reunidos no riacho Ultima Chance. Nós e a galera de Curitiba, todos esparramados no chão caindo de cansados. Enquanto a galera “forrava o bucho”, aproveitei para tentar encontrar a trilha que nos conduziria quando fossemos realizar a travessia pára o Cerro Verde, que nada mais é que a travessia que a galera usa para vir do Camapuã e do Tucum, conhecida como trilha de cima.

    Vou subindo um pouco pelo riacho, pulando de pedra em pedra até que localizo as fitas vermelhas, o que me assegura ser aquela a trilha que procurava. Volto para junto da galera e abasteço minhas garrafas pet. Pegamos uns quatro litros de água por pessoas. Pronto, agora estava me sentindo um Sherpa à caminho do Everest ou uma mula rumo ao Aconcágua, se pousasse uma mosca na minha mochila, eu rolaria montanha abaixo. Bom, pelo menos estávamos perto da temida rampa do Ciririca, porque eu não estava mais agüentando ver mato na minha frente. Sou igual a lagarto, adoro uma pedra.

    Jogamos a mochila às costas e tomamos a trilha que sobe no meio da mata e depois de uma escalaminhada, finalmente saímos no aberto e começamos a subir por um caminho de vegetação baixa e rocha exposta. A visão desimpedida alegra a alma de todo mundo, foi a deixa para fazermos várias fotos das paisagens ao redor, principalmente a oeste. Avistamos também o Camapuã e o Tucum e é claro, todo o caminho que teríamos que subir até o cume do Ciririca. Enquanto a galera se esbaldava com as vistas maravilhosas, segui a passos largos até que cheguei bem mais acima, junto a uma clareira de acampamento e foi de lá que tive a primeira visão do imponente Pico Paraná. Meu, que montanha espetacular. O sol já está quase nas últimas, o que torna o PP, como é carinhosamente chamado, ainda mais sombrio e misterioso. Sento-me em uma pedra e fico maravilhado com a paisagem, acho que é pra isso que subimos montanhas. A galera se junta e juntos voltamos para a caminhada. Entramos na mata, uma mata fechada, com galhos retorcidos que fecham a passagem e vão enroscando nas mochilas, pondo a prova os nevos da gente, que já não andam muito no lugar por causa do cansaço e a falta de visão pela ausência da luz. Mas como não há sofrimento que dure para sempre, finalmente chegamos na famosa, temida, cansativa e dolorida , rampa do Ciririca.Quando o João Paulo viu o tamanho da Rampa de pedra pela frente já foi dizendo : “Nós vamos ter que subir isso aí ?Você deve “ta” de brincadeira “?

    Como ali ninguém estava brincando, o pessoal de Curitiba já com as lanternas acesas, começaram a escalaminhada da rampa. O Dema os seguiu pegando carona na iluminação deles. Eu fiquei para trás com o João para auxiliá-lo em alguma coisa, se fosse preciso. A subida não chega a ser um “El Capitan”, mas têm lá seus perigos, por não ter uma vegetação segura onde se possa agarrar com firmeza as mãos. A pedra é um pouco escorregadia, que em boa parte parece escorrer um filete de água. Subi uns 50 metros e esperei que o João me acompanhasse. Ele subiu até a metade do caminho e de lá não se mexeu mais. O garoto travou, empacou, atolou e depois surtou de vez. Eu tentava lhe mostrar que a subida era segura e lhe ensinava por onde subir, mas ele não queria nem saber, não se movia de lá um centímetro se quer. Com os olhos arregalados, gritava que eu era louco, que era um doente. Dizia que nunca mais na sua vida subiria outra montanha e que se ele soubesse que seria assim, não teria vindo. ”Vocês são doentes”. “São todos uns doentes”. ”Você tem noção de que a gente ta correndo perigo de vida aqui?”. “Eu não tenho medo de morrer, tenho medo de me quebrar todo”. Haaaaaaaaaaaaaaaaaaa......................

    A situação era desesperadora, mas sinceramente eu não parava de rir, porque para mim aquilo era uma coisa tão simples que mesmo quando comecei a subir montanhas há quase 20 anos atrás, paredes como estas pareciam brincadeirinha de criança, apesar de cansativa por causa do aclive. Bem, eu estava lá sozinho, no escuro, cansado, com uma mochila pesando uns 30 kg, com um frio de rachar, com fome e na companhia de um psicólogo em surto psicótico e sem Gardenal na mochila (rsrsrsrsr). Respirei fundo, pedi para ele se acalmar, peguei minha mochila e escalei a pedra até mais uns 50 metros acima e a deixei lá. Desci novamente, peguei a mochila do João Paulo, subi a rampa e a larguei junto a minha mochila. Desci de novo junto ao meu amigo surtado e fui guiando seus passos metro a metro. Mostrando onde colocar as mãos, onde por os pés, em que mato pegar, até novamente reencontrarmos as cargueiras mais acima. E então recomeçava todo o processo novamente. Leva mochila, desce a pedra, sobe a mochila, desce a pedra, sobe o surtado (opssss, o João). O Dema vendo que demorávamos, voltou para ver o que estava acontecendo e sabendo da atual situação veio nos socorrer. Com a ajuda dele conseguimos sair daquela situação um tanto cômica, pelo menos par nós e logo chegamos à trilha, já fora da rampa de pedra.

    Mais calmo, agora tendo que agüentar as minhas piadinhas infames, o João só reclamava que a trilha não acabava nunca. A cada subida aparecia um morrote novo. A temperatura ia caindo drasticamente e o corpo já estava nas ultimas. Aperto o passo tentando fazer com que o corpo gere calor e aplaque um pouco o frio. Der repente sem nem perceber, avisto as placas do Ciririca. Estou no Cume, 1784 metros de altitude. O bicho papão foi domado, o monstro conquistado. Sou um homem pisando na goela da montanha. Logo chega o Dema e o João e descemos até a primeira placa. Passamos por baixo dela e seguimos para a segunda que é onde está a área de acampamento. Desabamos de cansado. São 10h00min horas da noite. Está estabelecido o novo recorde brasileiro às avessas de subida do Ciririca, 14 horas de caminhada.

    A galera de Curitiba já esta acampada e preparando o jantar. Proponho que eu faça o nosso jantar e o João e o Dema monte a barrara. Termino de fazer o arroz e os meninos continuam travando uma batalha ferrenha contra a nova barraca do Dema. Coloco mais agasalho, pois o frio aumentou. Pico a lingüiça, descasco a mandioquinha e os dois ainda não conseguiram montar a barraca. Coloco tudo para cozinhar e os meus amigos desistiram da barraca, montaram só a parte de dentro. Humilhados, meteram o pé na cobertura e foram dormir sem comer. (rsrsrsrsr). O céu está estrelado, com uma lua lindíssima. Parou de ventar, mas faz muito frio. Janto e vou dormir às onze da noite, morro na barraca.

    O dia amanhece lindo e ensolarado, mas só pelas nove horas me animo a levantar e fazer um café. Alimento-me e vou até o topo bater umas fotos. De lá vejo novamente toda a imponência do Pico Paraná, do Camapuã e do Tucum. Ao norte a ponta do Cerro Verde e do Pico Luar. Ao sul as duas placas do Ciririca, que na verdade são antigas antenas retransmissora de micro ondas, que faziam a comunicação entre uma usina perto do litoral e a cidade de Curitiba, hoje totalmente desativada. No topo encontro o marco geodésico colocado pela Universidade do Paraná. Volto para o acampamento e bato umas fotos do Dema se arriscando no alto das gigantescas placas. Atrás da segunda placa vejo o impressionante Pico Agudos da Cotia, um monólito de pedra impressionante. A priori a nossa intenção era escalá-lo, mas diante da situação, resolvemos deixa-lo para uma próxima oportunidade, quem sabe quando tentarmos fazer a travessia Ciri-Graciosa, outra grande caminhada por estas paragens. Ficamos no pico de bobeira até ao meio dia, assinamos o livro de cume, batemos papo com a galera de Curitiba. Tiramos várias fotos dos picos ao redor e então desmontamos nossa barraca, arrumamos nossas mochilas e nos despedimos dos nativos e esta foi a última vez que nossos olhos viram viva alma até o final da nossa travessia.

    DO CIRIRICA ATÉ O VALE DAS ÁRVORES RETORCIDAS

    Com as mochilas nas costas, atravessamos a parte plana do Ciririca, passamos pela primeira placa e logo estamos de novo no cume, onde batemos mais fotos. Fomos atravessando o mar de caratuva, uma planta muito comum naquelas montanhas, e logo chegamos de novo na rampa do Ciririca. Na minha opinião descer é muito pior que subir, pois fica difícil saber o local exato onde se pode colocar os pés. Então vamos nos agarrando nas plantas espinhentas, incluindo os terríveis caraguatás. Bom, minhas mãos não têm mais onde furar, estava estraçalhada por causa da noite anterior, já que subi umas cinco vezes a rampa para ajudar o João. Vamos sempre confiando na aderência de nossas botas, nos equilibrando feitos surfistas, mas de vez enquanto não tem jeito, a mão agarra uma planta espinhuda e soltamos um sonoro palavrão, que faz eco nas montanhas vizinhas. O João, desta vez mais calmo, desce escorregando com a bunda no chão e transforma a rampa em um verdadeiro tobogã natural e chega lá embaixo sem o fundo das calças . Entramos novamente na matinha chata de passar e logo saímos no campo aberto, onde paramos para um breve gole de água. Atravessamos o campo de altitude e ás 14h00min da tarde estávamos de volta ao riacho da Última Chance, onde paramos para mais um descanso antes de pegarmos a trilha que iria dar início a nossa travessia para a região do Pico Paraná.

    Não falei nada para os meninos, mas eu estava um pouco preocupado com a continuidade da nossa travessia. Eu não tinha nenhuma informação do caminho à frente, pelo menos não nesta direção contrária, já que me parece que pouquíssima gente faz esta travessia saindo do Ciririca. Todo mundo prefere vir pelo Tucum ou mesmo pelo Itapiroca, subindo da Fazenda pico do Paraná. O que eu tinha eram uns dois relatos vindo na direção contrária da nossa e sinceramente, não servia para muita coisa, já que as referências eram outras bem diferentes. Outra coisa que me afligia era o fato de que a previsão do tempo previa chuva a partir da noite de sexta-feira e para todo o sábado e domingo. Tinha ainda a preocupação com o João, visto que ele não tinha a menor condição de se manter sozinho sem a nossa supervisão. Parece que isso o Dema também notou, pois ele também passou a maior parte do tempo tentando orientar o nosso amigo.

    Deixando, portanto o Última Chance, vamos subindo o riacho pulando de pedra em pedra e com muito cuidado para não escorregar. O leito do riacho é praticamente seco, já que a água parece escorrer em baixo dos grandes matacões. O caminho é tortuoso, cheio de taquaruçus e árvores espinhentas. Não é uma trilha propriamente dita, mas sim um caminho por dentro do rio seco, que vai atravessando-o hora pela esquerda, hora pela direita. Vamos seguindo algumas fitas vermelhas, que aparecem de vez enquanto, mas a sua aparição enche a alma da gente de felicidade por sabermos que ainda estamos na direção correta. No caminho vão aparecendo várias gretas, verdadeiros buracos para o inferno, em alguns não se consegue enxergar o fundo. De vez enquanto perdemos a trilha e só com muito custo e trabalho em grupo é que voltamos a localizá-la. Mas parece mesmo não haver erro, é só ir seguindo pelo leito do rio até que uma trilha sai à esquerda do riacho e sobe no selado acima, aberto e com vegetação rasteira. Chegando ao aberto fica a duvida, para onde seguir, já que temos uma trilha para esquerda e outra para a direita. O obvio seria para a direita, mas nas montanhas nem sempre o obvio é o correto. Peguei para a esquerda e vi que a trilha descia muito. Não, não é por aqui, definitivamente! Pegamos para a direita, mas quando chega em uns arbustos , ela vira novamente a direita e se perde de novo.Voltei para trás e vi que a dita cuja entrava para dentro do arbusto e estava bem batida por sinal. Então resumindo, quando chegar ao selado tem que pegar para a direita e seguir reto, forçando passagem nos pequenos arbustos.

    O nosso caminho vai pelo mato, desce, sobe até que chegamos no topo de uma montanha, onde não havia um palmo de chão plano para montar uma barraca. Grandes pedras servem de mirante, mas como o tempo fechou por causa das nuvens, avistamos somente a grande monstruosidade do Ciririca e mais nada. A trilha é confusa, é preciso ir contornando algumas grandes rochas, seguindo pela esquerda, até uma grande pedra que dá em um abismo. A trilha desce ao lado da pedra e desce ao vale, entrando na mata. Vamos descendo, enquanto o sol vai aos pouco se apagando no horizonte. Estamos loucos para achar um local plano para acampar, mas “ta” difícil. Ouvimos barulho de água, chegamos a um pequeno riacho e avistamos uma área plana, cheia de mato, Não tivemos dúvida, quase que intuitivamente nós dois nos olhamos e dissemos: “É AQUI MESMO QUE FICAMOS!” Limpamos o terreno com uma faca, extraindo as raízes sobressalentes, forramos o local com algumas folhas e montamos ali nossa casa de mato. Como havia previsto a metereologia, a chuva começou a cair. Providenciamos um toldo e improvisamos um lugar para colocar nossas mochilas e eu fui logo tratar do jantar. O Dema e o João se enfiaram no saco de dormir e foram descansar agora felizes por terem conseguido montar a barraca.

    No vale estamos cercados por várias árvores retorcidas, impregnadas de musgo, parece um vale encantado, saído de um conto de fadas, ou de um filme de horror. Cozinho o arroz, esquento o feijão, misturado ao grão de bico. Abro duas latas de sardinha e esquento um grande gomo de lingüiça defumado, pego o suco que havia sido preparado pelo João e levo tudo para a porta da barraca. Jantamos e fomos dormir, como poucas vezes dormimos na vida. Choveu a noite toda, mas felizmente a barraca suportou bem. Amanheceu sem chuva, apesar de o tempo um pouco fechado. Levantamos para mais um longo dia de aventuras e esse será o nosso terceiro dia de caminhada.

    RUMO AO CERRO VERDE, O PALCO DO GRANDE ESPETÁCULO.

    Tomamos café e partimos. Fomos seguindo o pequeno riacho contra a sua corrente, pulando de pedra em pedra, ás vezes pelo leito aparentemente seco, onde novamente a água parecia correr pelo subterrâneo. A trilha sumia toda hora e dava uma aflição muito grande nos vermos naquela situação, perdidos em um vale a pelo menos uns dois dias da civilização mais próxima. Procura de um lado, procura do outro, até acharmos alguma fita salvadora. E assim seguimos em um perde e acha até que a trilha sai da beirada do rio pela direita e sobe ao alto, num descampado, para mais uma visão espetacular de toda a serra que já havíamos descido. Lindo de mais! A subida é pra valer, sem dó e sem piedade. Avistávamos a muito, muito longe e entre a neblina, o cume do Ciririca, parecendo um mundo perdido no meio das nuvens. A nossa frente o Pico Luar(1.603 m) com sua forma parecendo um cupim de boi. Apertamos o passo, mas não sem ouvir o protesto do João, que já estava com a goela de fora. Seguíamos na trilha incentivados com a presença constante do Pico Paraná. Nossa como é gostoso caminhar por campos de altitude com o caminho desimpedido, com os campos forrados de caratuva e cheios de pequenas flores coloridas. O caminho passa por florestas de arbustos baixos, desce a pequenos vales e assim vai até que finalmente ao meio dia estamos no cume do PICO LUAR. Ouvi muita gente dizer que acampou neste pico ou perto dele, mas na verdade não vimos um palmo de chão plano onde desse para montar uma barraca. O cume é formado por uma grande rocha, onde existe um pequeno cano de pvc que serve para guardar o livro de cume. Mas livro agora não há mais lá. Para marcar nossa presença escrevi algo em uma folha de papel e deixei dentro do cano. O tempo estava fechado, não se via um palmo á frente do nariz, o que me deixou preocupado com o rumo da nossa navegação. A trilha segue por cima das pedras e vai descendo até que novamente entra na mata. Vai seguindo num sobe e desce meio confusa em alguns pontos, mais há algumas fitas que servem de referencia. Não demora muito estamos no topo do Taquapiroca. Topo com apenas uma grande pedra e mais nada. A nossa frente um vale enorme para descer em meio a grande floresta. Paramos para um breve descanso antes de seguirmos em frente e o tempo fecha de vez.

    Descemos ao vale, onde passamos por um riacho e bebemos água até nos estufar, já que nossa água já tinha evaporado e a sede já começava a pegar. A trilha logo sobe ao aberto e então nos vemos caminhando em meio a vegetação rasteira, com solo úmido onde de vez enquanto atolamos nossos pés. Uma rajada de vento varre a montanha e o Cerro verde desponta muito acima de nós. Aponto para ele e digo a todos que esse deverá ser nosso objetivo. O João, já muito puto porque não chega nunca, me disse que estou de sacanagem com ele e que ele sabe muito bem distinguir quando uma pessoa esta sendo sarcástica, é só olhar o sorrisinho no canto da boca. Putzzzzz! Você me pegou! Fazer o que né, não dá para competir com um psicólogo, estudioso da alma humana (rsrsrsrsr). Seguimos subindo e subindo, até que chegamos a uma bifurcação. Fudeu! E agora? Será essa a bifurcação que vem lá de cima do Tucum?É uma bifurcação sem vergonha, mal sinalizada. Seguimos para a direita, sem saber se aquela era a trilha que subiria ao Cerro Verde. É angustiante seguir por um caminho quando não se sabe se ele é o certo. Ainda mais porque estava tudo fechado e não dava para navegar no visual. A frente surge um morrote que pensei ser o cume, mas o Dema me atentou para um pico muito mais alto á frente, pra desespero do João. A trilha é bem batida e vai subindo e descendo, passando por dentro dos arbustos. Passamos por um formigueiro gigante e logo paramos em um grande descampado, a um 200 metros do topo, mais ainda não sabíamos disso. Largamos a mochila e fomos investigar.

    Eu e o Dema fomos pulando de pedra em pedra quando sem mais nem menos, outra grande rajada de vento varreu o topo e por trás das nuvens surge um dos maiores espetáculo de montanha que já vimos na vida. A nossa frente, um monstro chamado Pico Paraná, que em nem um outro lugar conseguirá se ter uma visão como essa. Bem ao norte, imponente, temos o Itapiroca, que do Cerro verde tem uma forma totalmente diferente da que vemos quando estamos na trilha que vem da fazenda Pico do Paraná. Daqui ele parece um vulcão. Estamos extasiados, saímos correndo, pulando, atravessando pelo capim até que atingimos o topo do Cerro Verde (1.653 m), onde está o livro de cume. Do topo avistamos o Ciririca, o Tucum e Camapuã, ou seja, todas as montanhas ao alcance dos nossos olhos. Realmente o Cerro Verde é o grande palco, o anfiteatro natural, o coliseu, o estádio, de onde a platéia pode observar toda a grandiosidade, a beleza, o espetáculo, o show que a paisagem envolta pode nos proporcionar. Ficamos no topo, emocionados com tamanha beleza, 360 graus que assombram a nossa alma. Parece que a montanha reconheceu o nosso esforço e nos presenteou com as vistas que sonhávamos ter, afinal de contas foi para isso que viemos até aqui. Foi pra isso que atravessamos mares de caratuva, nos embrenhamos em matas úmidas com caraguatás espinhentos que deixaram nossas mãos ensangüentadas. Assolaram-nos as dores nas pernas e o frio desgraçado, nos esfolaram as canelas, as pedras pontudas. Subimos rampas de pedras escorregadias e potencialmente perigosas. Agüentamos psicólogos reclamando o tempo todo(rsrsrsrsr). Falando nisso, enquanto investigávamos ao redor, o João se sentou em uma pedra a 200 metros do topo e de lá não arredou a bunda.Não sei se estava puto por não chegar nunca, ou se foi porque errou o meu diagnóstico de sorriso sarcástico no canto da boca , tendo assim que subir a montanha que eu tinha dito.(kkkkk).

    No topo do Cerro Verde existe uma área de acampamento, na verdade há espaço confortável para uma só barraca e foi ali que largamos nossas mochilas. Ainda eram pouco mais de 4 horas da tarde, mas não poderíamos abandonar aquele lugar sensacional, queríamos assistir ao show noturno, já que tínhamos adora a matinê. Armamos a barraca e jogamos o João para dentro, já que o garoto estava nas últimas. Como seria nossa última refeição quente da travessia, resolvi fazer um super rango. Arroz com um tempero especial, feijão, grão de bico, bacon frito em tirinhas, patê de sardinha, queijo ralado. Comemos e nos picamos pra dentro da barraca, já que o frio estava de matar e a chuva se avizinhava. O Dema, com sempre, cai logo no ronco. Eu e o João ficamos batendo papo até umas 11 horas, depois também fomos dormir porque aviamos combinado de acordar ás 5 da manhã. Mais às 4 horas já estou de olhos abertos, dobrando meu saco de dormir e enrolando meu isolante. Lá fora um frio de rachar e uma chuva que não para. Estamos ferrados! Não existe coisa pior do que ter que desmontar uma barraca no topo de uma montanha, debaixo de chuva. Mais não tem jeito, tudo que é bom dura pouco. Desmontamos tudo e saímos “vazados” do topo, debaixo de uma neblina e de um vento inclemente.

    SUBINDO O ITAPIROCA E DESCENDO À CIVILIZAÇÃO.

    Pegamos portando a trilha principal, que sai do lado esquerdo da clareira e vamos voltando com quem vai ao Tucum. Passamos pela matinha baixa e logo chegamos à bifurcação, junto a grandes pedras a direita, a pouco menos de 200 metros desde a clareira. A trilha em frente é a trilha que chegamos ao Cerro verde. A que sai a direita é a trilha que nos levará ao Itapiroca. Ela vai descendo e logo entra na mata. Mata qualhada de caraguatás. Os dedos da minha mão já estão hirtos de medo, não tem mais onde furar. O nosso caminho vira á direita, parecendo que vai ao encontro do Pico Paraná, mas logo desce de novo e volta a entrar na mata em direção à gigantesca parede do Itapiroca. Logo a trilha chega ao vale e se perde em meio á grandes árvores. Chovia e fazia muito frio, a trilha havia sumido no vale e nada de a encontrarmos. Comecei a ficar preocupado. Ficar perdido com um tempo desses não é nada agradável. Mas logo reencontro a dita cuja, que depois que percorreu alguns metros junto ao vale, vira à esquerda e vai subindo sem dó nem piedade, por dentro da mata fechada e cada vez mais úmida. Passamos por uma bica, onde escorre um pequeno fio de água e reabastecemos nossos cantis, já que o João caminhava como uma tartaruga, mas bebia água como um camelo (rsrsrsr). Logo começa a aparecer as grandes paredes e então temos que escalar. Em uma delas de tão alta, fez com que o João desse uma parada para adubar um pé de caraguatá (não olha pra cá não hemmm! rsrsrsr). E isso porque eu ainda não tinha contado para ele a história de um montanhistas que havia perdido a vida descendo por aquelas paredes. Com muito custo e muito esforço chegamos ao ombro da montanha e vamos galgando aos poucos, passando por pequenos arbustos e mares de caratuva e enfim quase de supetão desembocamos no topo do ITAPIROCA 1.803 metros de altitude.

    No topo do Itapiroca, venta desgraçadamente. Não se vê nada por causa da neblina, mas o Dema e o João ficam pulando feito uns doidos, não sei se é de felicidade de ter conquistado mais um cume ou se é para esquentar o frio. Pra mim já havia dado, estava já em estado de semi-hipotermia. Tiro uma foto no topo, junto ao marco geodésico da Universidade do Paraná e saio dali ás pressas. Ando alguns metros e logo encontro o livro de cume, instalado encima de uma grande pedra. Assinamos o livro e o recolhemos para devolvê-lo a fazenda Pico do Paraná para ser arquivado, já que estava cheio. Deixamos um novo livro de cume. Foi nossa homenagem a estas montanhas que tanto nos fascinaram por estes quatro dias de travessia. Seguimos descendo, agora por uma trilha extremamente larga, sinal que é muito freqüentada. Passamos pela grande área de acampamento e em mais meia hora estamos na trilha principal que sobe da fazenda. É uma bifurcação em “T”. Para a direita, vai se ao Pico Paraná (1.876 m), ponto culminante do estado e da região sul do Brasil. Seria nosso objetivo se não tivéssemos perdido muito tempo na travessia e se o tempo estivesse bom. Portanto, pegamos para a esquerda e fomos descendo pela trilha extremamente larga, por dentro da mata com árvores muito alta. Passamos pela bica de água, desescalamos uma grande pedra com umas proteções de aço, onde o João precisou de ajuda (novidade!) e logo saímos da mata em campo aberto. O resto da caminhada se limitou a um pé na frente do outro, hora por dentro da mata, hora saindo no aberto, até que chegamos finalmente na sede da Fazenda Pico do Paraná. Chegamos eu e o Dema, porque o João chegou uma meia hora depois. Comemoramos o sucesso da travessia com refri e cerveja. Fomos até o riacho da fazenda para tirarmos a lama do corpo, mas como a água estava muito gelada, me contentei em lavar apenas as minhas botas. Estava a cindo dias sem banho e se dependesse daquela água, ficaria mais uns cinco. Passamos pela casa do Dílson, administrador da fazenda, onde fomos convidados á tomar um banho quente. O único que conseguiu tomar banho foi o João, pois logo passou uma galera de Araucária - Pr, nos oferecendo uma carona até a rodovia. Trocamos o banho pela carona para economizar umas duas horas de caminhada na chuva. Da rodovia seguimos para o Posto Tio Doca, uma meia hora de caminhada. Lá tomamos um banho quente e comemos até nos fartar. Pegamos um coletivo para Curitiba e de lá embarcamos eu e o Dema para São Paulo, já que o João foi para casa de um amigo seu. Chegamos a Sumaré-SP às 06h30min da manha da segunda-feira.

    A história que acabei de contar, não teve a menos intenção de desqualificar nenhum dos meus amigos, mesmo sendo contada de uma maneira sarcástica, quero deixar bem claro o enorme prazer que tive em realizar essa travessia com estes dois caras fantásticos. O fato de eu ter avaliado mal as condições e a competência do João Paulo, torna a culpa toda minha. Aliás, diante das circunstâncias o cara foi mesmo muito bravo, cruzando por terreno hostil, no qual ele nunca tinta visto ou tinha tomado conhecimento. Talvez ele realmente nunca mais ponha seus pés em outra montanha. Mais sinceramente, espero que ele tenha se contaminado com o vírus. Esse vírus que nos impulsiona cada vez mais para lugares desconhecidos e extremamente fascinantes, nos livrando de todo esse besteirol que assola a civilização atual e tão dependente da tecnologia. Por falar nisso, é até engraçado tocar nesse assunto. Quando pessoas como eu e o Dema começamos a ter contato com o mundo selvagem, seja das florestas ou montanhas, já chegamos com uma bagagem que a nova geração de hoje não consegue adquirir. Na nossa infância e adolescência, nas décadas de 70 e 80, não contávamos com as facilidades que a garotada tem hoje. Nada de telefone, internet, jogos eletrônicos, transporte para ir á escola. Tudo era tosco, rústico, as grandes caminhadas faziam parte do nosso cotidiano. Subir árvores e barrancos. Ir nadar e pescar nos rios, jogar bola e outros esportes nos campinhos de terra era nossa diversão. Quando fomos para as trilhas era se como estivéssemos brincando no quintal de casa. Hoje estamos na casa dos 40 anos, até onde iremos? Até onde chegaremos? Perguntas difíceis de responder, mas aonde houver uma montanha, uma trilha, um caminho selvagem, lá estaremos usando nossa bengalas como apoio e segurando nossas dentaduras para não rolarem montanha abaixo.

    Divanei Goes de Paula - JUNHO/2011

    http://www.orkut.com.br/Main#Album?uid=2487400753300966797&aid=1309691169

    5 Comentários
    Adeilton Alves 15/06/2020 09:46

    Bom dia garoto. Suas travessias, seus relatos e fatos nós impulsionam, nos motivam. Tem muitos lugares lindos em nosso país . Continue firme e sempre que puder relate seus feitos para nos motivar. Abraço.

    Adeilton Alves 15/06/2020 09:47

    Pena não ter postado fotos..

    Divanei Goes de Paula 15/06/2020 18:18

    Adeiltom, alguns relatos estou corrigindo a escrita e postando as fotos no texto.

    Luciano Blaszkowski 19/05/2023 17:21

    Fala, Divanei! Tem fotos dessa trip em algum outro lugar? Trip extremamente bagual, que ainda quero fazer um dia. Mas primeiro preciso conquistas condicionamento pra subir E descer o Ciririca sem pagar mico =) O PP ataquei de boa em 27/1/23, mas penei gostoso no Ciririca. O suposto ataque virou pernoite forçado na mata. 

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    Divanei Goes de Paula 19/05/2023 21:49

    Pois é , lá se vai mais de 12 anos desde que fiz essa travessia, num tempo sem GPS , mapas e outras facilidades. Hoje tá tudo aí, acessível pra qualquer um, trilhas abertas . Esse relato foi largado aqui sem revisão e sem as devidas fotos , que devem se encontrar no limbo de meu computador. 😁😁😁😁

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    Divanei Goes de Paula

    Divanei Goes de Paula

    Sumaré - SP

    Rox
    2233

    Quase 30 anos me dedicando às grandes trilhas e travessias pelo Brasil e por alguns países da América do Sul .

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