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Duda Borges 26/03/2025 16:31 con 1 participante
    Toca do Guariba, Sul do Pati e Paraguaçu - Quedas&Perrengues

    Toca do Guariba, Sul do Pati e Paraguaçu - Quedas&Perrengues

    Trekking de três dias na parte Sul do Vale do Pati, região pouco frequentada por turistas.

    Trekking Montañismo Acampada

    14/03/2025 – chegamos em Andaraí a partir de Salvador por volta da meia-noite e meia, e os amigos Guilherme e Endy haviam chegado de Jequié uns 30/40 minutos antes. Pernoitamos no Sítio Diamantino, pertencente aos amigos Pedro e Ane, e por volta das 07h30 iniciamos a subida da Serra do Ramalho.

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    Foto 1: Alex, Guilherme, Endy, Duda,Kety, Rui e Rodrigo Marlos, da esquerda para direita, defronte ao Camping Diamantino (Sítio Diamantino).

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    Recomendo o camping do Sítio Diamantino por vários fatores, dentre eles, por ser defronte ao início da Trilha para o Vale do Pati, pelo contato com a natureza e ao mesmo tempo pela comodidade de sanitário + cozinha completa, além da hospitalidade dos donos. De início já revelo que foram três dias de trilha sem uma única nuvem no céu. Sol inclemente que no primeiro dia nos fez chegar, com exceção de Alex e Rui, mortos ao Arrochador (local mais alto na trilha da Serra do Ramalho, pouco antes da descida da Ladeira do Império, onde os tropeiros arrocham as selas das mulas que transitam com as mercadorias que abastecem as casas do Sul do Pati, pois as casas a partir de Dona Raquel são abastecidas via Guiné).

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    Foto 2: Duda, Marlos, Guilherme, Endy, Kety e Rui no início da Serra do Ramalho.

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    Na Serra do Ramalho, há uma queda d’água onde meus amigos quiseram parar para reabastecer os cantis e eu disse para aguentarem um pouco mais, pois encheríamos na bica. Ora, esqueci que a bica fica muito próximo ao topo da trilha e o povo subiu um bom trecho sem uma gota d’água!!! Durante a subida cruzamos por alguns guias e tropeiros que iam descendo rumo a Andaraí e, dentre eles, estava Xando, filho de Seu Joia e Dona Leu. O Sol estava tão forte que, próximo ao Arrochador e antes do mirante, aproveitamos a sombra de um arbusto para lancharmos e somente depois irmos tirar fotos no mirante.

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    Foto 3: Duda e Rodrigo Marlos no Mirante da Ladeira do Império. Cânion do Cachoeirão lá ao fundo e o Cachoeirão completamente seco.

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    Após a sessão de fotos, retomamos a trilha, que agora consistia em descer parcialmente a Ladeira do Império até a cancela que conduz até a casa de seu Joia. Antes da chegada, contudo, devemos registrar a travessia da ponte de madeira, mais segura pelos cabos de aço que ladeiam a estrutura. Consegui derrubar meu bastão, mas o monstro do Alex conseguiu recuperar. Monstro sim, pois o homem estava no auge da energia e ajudou a todos durante os três dias de trilha. Observação importante, todos os membros do grupo se conheceram através da minha pessoa e todos me procuraram em algum momento para elogiar a participação de Alex nesta aventura. Unir pessoas tão boas é realmente algo valioso para mim e realmente amo muito meus irmãos de trilha, com suas qualidades e defeitos. Retomando o relato, ao atravessarmos a ponte, fiquei na dúvida se a casa de seu Joia ficava à direita ou à esquerda, resolvi seguir à esquerda (estava certo), mas parei pouco antes da subida para a casa e o restante do grupo subiu deixando as mochilas onde eu me encontrava. Logo depois resolvi deixar tudo e seguir também para a casa de Seu Joia, mas somente a esposa dele, Dona Leu, se encontrava. Marlos tomou logo uma Coca-Cola, eu uma zero, Rui, Kety, Alex, Endy e Guilherme, salvo engano, tomaram cerveja.

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    Foto 4: Duda, Dona Leu e Alex na casa de Seu Joia e Dona Leu.

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    Despedimo-nos de Dona Leu e caminhamos por uma hora e meia até chegarmos a Toca do Guariba, local do nosso primeiro pernoite. Mas não foi fácil, Alex carregou minha mochila faltando 1/3 para acabar a trilha e ele, juntamente com Rui e Kety chegaram a Toca do Guariba pelo caminho correto. Eu errei a trilha e peguei o caminho da direita, que leva diretamente ao interior do cânion do Guariba. Guilherme, Endy e Marlos estavam estranhando aquele caminho, apesar de nunca tê-lo feito e somente ao chegarem às margens do Rio Guariba foi que eu revelei o meu equívoco. Contudo, o local onde saímos foi a aproximadamente vinte metros do acampamento e como o rio estava baixo, não tivemos maiores problemas. Alex montou a Bivak 1 que eu emprestei a ele e como o nome mesmo já diz, cabe somente uma pessoa. Eu e Marlos dormimos na 2ª barraca. Os casais Guilherme e Endy, Rui e Kety dormiram em barracas para duas pessoas, totalizando assim, quatro barracas.

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    Foto 5: Barracas de Guilherme e Endy, Rui e Kety na Toca do Guariba.

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    Foto 6: Barracas de Duda e Marlos para duas pessoas e a Bivak 1 que Alex dormiu na Toca do Guariba.

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    Para enriquecer o registro, devo mencionar que foi feito um macarrão que estava de fato delicioso, não somente pela fome, mas de fato pelo esforço de todos em preparar o rango (levamos nossas panelas, mas na toca há algumas fixas lá que alguém deixou lá para facilitar). Não posso finalizar o dia sem recordar que havia um brother lá acampado, que não era de muitas palavras e um tanto invocado. Acho que ele pensou que teria uma noite somente para ele e se chateou ao ver nosso grupo chegando. Finalizamos a noite discutindo sobre os dois últimos dias de trilha que teríamos pela frente, haja visto a dificuldade que tivemos no 1º dia. Eu era o único que já havia feito esta trilha e já tinha avisado a todos que seria punk, pois a proposta inicial era atacarmos o cânion do Guariba até por volta das 12h/13h e depois retornarmos até a Toca do Guariba onde pernoitaríamos novamente no mesmo lugar e no dia seguinte, 3º e último dia de trilha, faríamos em uma única pernada desde a Toca do Guariba até a BA-142, próximo a Toca do Morcego/Cachoeira da Donana. Eu sugeri que no 2º dia atacássemos o cânion do Guariba e retornando por volta das 14h/15h e de lá voltaríamos a seu Joia onde pernoitaríamos para no último dia voltar por onde viemos. Contudo, a maioria estava assustada em ter que voltar por onde vieram, parte por terem achado o trajeto cansativo, parte por ignorarem a dificuldade de dois dias de trilha em leito de rio. A solução saiu quando nossa amiga Kety sugeriu que parte do grupo ficasse descansando enquanto outra faria um breve ataque ao Guariba e que retornariam para, no máximo 12h, estarmos descendo o leito do Pati para dormirmos no encontro do Rio Paraguaçu. Essa opção ajudaria e muito a caminhada, pois a caminhada que seria feita totalmente no último dia ficou dividida entre o 2º e o 3º dia. Devo explicar que o 2º dia seria difícil porque, apesar de haver algumas poucas trilhas laterais, acreditava que estariam fechadas pelo mato, o que de fato se comprovou. E o 3º dia eu sabia que teríamos que achar as trilhas laterais porque senão ficaria ultradíficil a travessia, porque o trecho do encontro do Guariba com o Paraguaçu até a Cachoeira da Donana, diferentemente do leito do Rio Lapinha (Rio Pati), era composto por pedras enormes e poços mais profundos.

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    15/03/2025 – acordamos cedo, tomamos café e partimos para fazer o Guariba parcialmente, pois nosso amigo Peter Tofte, que estava comigo na nossa primeira incursão ao Guariba, havia refeito a trilha e me disse que seria inviável um bate-volta da Toca do Guariba até a cachoeira, pois a mesma fica muito longe. Assim sendo, adentrou o cânion: eu, Guilherme, Alex e Rui. Os demais ficaram desarmando o acampamento para quando regressássemos não haver perda de tempo. Eu e Guilherme percorremos apenas os 10 minutos iniciais e este trecho tinha uma beleza tão estonteante que já nos demos por satisfeitos em vencer os dois primeiros poços para entrar de fato no cânion. Alex e Rui percorreram por mais tempo e regressaram fascinados com o percurso que fizeram, prometendo que voltariam com calma para refazer o trajeto completo até a cachoeira. Voltamos e saímos todos do acampamento por volta das 10h25.

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    Foto 7: Duda no primeiro poço do Guariba.

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    Foto 8: Alex no primeiro poço do Guariba.

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    Da Toca do Guariba até o acampamento no encontro do Rio Lapinha (Pati) com o Rio Paraguaçu foram 4,6km percorridos em aproximadamente 7 horas. Vocês não leram errado, chegamos quase anoitecendo, acho que por volta das 17h50, tempo suficiente para armarmos nossas barracas e nos banharmos antes de preparar o mexidão da Chapada (macarrão bom da zourra). Mas vamos com calma ao relato deste dia. Ao sairmos da Toca do Guariba, parte do grupo estava com sapatilhas náuticas, o que ajudou e muito neste dia, pois tem uma boa aderência e pode entrar na água sem problemas. Não que uma bota não possa entrar na água, mas trilhar com bota encharcada não é fácil, potencializa o surgimento de calos e diminui o tempo de vida útil da bota. Este dia foi marcado por não nos esforçarmos para encontrar as trilhas laterais, o que atrasou e muito a nossa caminhada. Contudo, trilhar com o leito do rio da forma como ele se encontrava, mais baixo que o normal, mas sem estar seco, foi maravilhoso. Paramos umas 3 ou 4 vezes para nos banharmos, fora as diversas quedas que tomamos neste dia. A pior queda, sem dúvidas, foi a minha, pois cai com a cara nas pedras e se eu não tivesse amortecido a queda, poderia ter sido extremamente grave. Meus óculos lesionaram meu rosto na altura do nariz e como se trata de área extremamente irrigada, o sangue assustou os primeiros a se aproximarem. Mas logo me higienizei, fui recobrando a calma e deste momento até o encontro do Paraguaçu meu amigo Alex carregou minha mochila, pelo que lhe sou muito grato. A noite, após o jantar, cada qual foi se recolhendo aos poucos para sairmos cedo no dia seguinte.

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    Foto 9: Guilherme e Endy no leito do Rio Lapinha ou Rio Pati como é mais conhecido.

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    Foto 10: Rui, Kety, Endy e Guilherme no leito do Rio Lapinha ou Rio Pati como é mais conhecido.

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    Foto 11: Marlos descansando enquanto espera os retardatários. Neste dia ele deu show.

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    Foto 12: Acho que neste ofurô, somente Alex (na foto) e Marlos se banharam!!! Aqui já havíamos percorrido uns 75% da trilha deste dia.

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    Foto 13: Noite estrelada no acampamento próximo ao encontro do Rio Pati com o Rio Paraguaçu.

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    Foto 14: Guilherme posando à luz das estrelas.

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    Foto 15: Acampamento próximo ao encontro do Rio Pati com o Rio Paraguaçu. Barraca ao fundo de Rui e Kety e à direita a de Marlos e Duda.

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    Foto 16: Lua cheia no acampamento próximo ao encontro do Rio Pati com o Rio Paraguaçu.

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    Foto 17: Acampamento próximo ao encontro do Rio Pati com o Rio Paraguaçu.

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    16/03/2025 – café da manhã tomado, acampamento desfeito, começamos a caminhar por volta das 07h30, sendo que o trajeto neste dia seria de apenas 3,4 km.

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    Foto 18: Café da manhã no acampamento próximo ao encontro do Rio Pati com o Rio Paraguaçu. Terceiro e último dia de trilha. Kety, Guilherme, Duda e Rui.

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    Eu estava muito focado em encontrarmos TODAS as trilhas que houvesse pela esquerda, pois sabia que qualquer descuido nos faria caminhar pelo leito do Paraguaçu, aumentando nossa caminhada em no mínimo 4 horas. Graças ao esforço de todos, aos poucos fomos encontrando as trilhas, o que nos facilitou e muito neste dia. De fato, uma vez que você encontra a trilha, ela começa a se distanciar do leito do rio de tal forma, que se não entrarmos nela no momento correto, dificilmente alguém irá conseguir alcançá-la devido a dificuldade tanto do terreno, quanto da vegetação fechada. A trilha volta a se aproximar do leito após 2,7 km de caminhada e como neste dia caminharíamos somente 3,4 km, aproveitamos com bastante calma este revigorante banho no Rio Paraguaçu. Ah, devo aqui fazer uma observação muito importante, nunca havíamos nos banhado com a temperatura da água tão agradável assim na Chapada. Ocorre que, pelo volume do rio estar mais baixo e por ter sido 3 dias sem uma única nuvem no céu, a troca de calor entre as rochas do leito e a água elevaram a temperatura da água absurdamente para além dos padrões que conhecíamos. Longe de estar quente, mas certamente não estava aquele gelo que conhecíamos.

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    Foto 19: Último banho no Rio Paraguaçu antes de voltarmos ao trecho final da trilha. Estou somente com a cara de fora do rio, na sombra abaixo da pedra com Alex em pé ao meu lado! Meu rosto parece até mais uma pedra no rio nesta foto! rsrs

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    Foto 20: Nesta foto com Rui em pé ao meu lado acredito que consiga aparecer melhor na foto.

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    Foto 21: Kety, Guilherme e Rui no mesmo trecho das fotos anteriores, somente um pouco mais acima da pedra onde eu me encontrava na sombra.

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    Ao sairmos deste poço, estávamos tranquilos sobre encontrar ou não o trecho final da trilha, visto que agora faltava tão pouco para a Cachoeira da Donana. Mas este receio não perdurou muito, pois ao retomarmos a caminhada encontramos de pronto a trilha e dali para a pista foi um pulo. Ao chegarmos a BA-142, que liga Andaraí a Mucugê, faltava uma caminhada de 4 km até o Camping Sítio Diamantino onde havíamos deixado os carros. Conseguimos uma carona para os dois motoristas, Guilherme e Rui, que foram e voltaram com os carros. De lá fomos comer no Restaurante Kabana Rústica (antigo Kabana de Pedra), onde pedimos 3 arroz de garimpeiro e 1 baião de dois. Apesar de gostar dos dois, confesso que deveríamos ter pedido 2 de cada, pois mataríamos a vontade de comer o arroz de garimpeiro e aproveitaríamos mais o melhor prato, que sem dúvida foi o baião de dois. Passamos ainda no camping do Sítio Diamantino para um breve banho e por volta das 13h estávamos todos na estrada de volta a Salvador e Jequié.

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    Foto 22: Da esquerda para a direita, Alex, Guilherme, Endy, Kety, Rui, Duda e Rodrigo Marlos. Almoço no Kabana Rústica, antigo Kabana de Pedra. Arroz de Garimpeiro + Baião de Dois.

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    Foto 23: Fim da aventura. Duda com a cara machucada, mas feliz por mais uma aventura com os Irmãos de Trilha!!!

    Duda Borges
    Duda Borges

    Publicado en 26/03/2025 16:31

    Realizado desde 14/03/2025 al 16/03/2025

    1 Participante

    Rodrigo Marlos

    Vistas

    276

    14 Comentarios
    Alex Machalcan 26/03/2025 17:40

    Zooorra, parabéns pelo relato e pela riqueza de detalhes!  E obrigado por permitir, ainda que no limite do tempo, que Eu pudesse participar da Trip e compartilhar momentos maravilhosos com vocês.  . Que venham as próximas e que estejamos completamente preparados para atacar e chegar na Cachoeira do Guariba.  . Um Forte Abraço! 

    1
    Duda Borges 26/03/2025 23:23

    Obrigado amigo! Que venham as próximas!!!

    1
    Ana Paula Farias Lima 26/03/2025 19:27

    Que massa 😍

    1
    Duda Borges 26/03/2025 23:23

    Obrigado Paulinha!!!

    1
    Lucas Andrade 26/03/2025 20:06

    Boa Duda!!! Deu até vontade de fazer novamente 

    1
    Duda Borges 26/03/2025 23:24

    Quando eu for refazer, te avisarei!

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    Peter Tofte 26/03/2025 20:41

    Parabéns Duda! Grande aventura, excelente relato com lindas fotos!!! Rapaz, sua queda foi feia, mas conseguiu terminar a trilha!!

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    Duda Borges 26/03/2025 23:24

    Graças a Deus o susto foi maior que o estrago!

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    Fael Fepi 26/03/2025 21:14

    Massa Eduardo. Relato bem detalhado 👏

    1
    Duda Borges 26/03/2025 23:25

    Valew meu amigo trilheiro e redator!

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    Endy Santana 26/03/2025 21:58

    Que relato detalhado Duda! Retratou muito bem quanto difícil e desafiadora foi essa trilha! Obrigada por me permitir fazer do grupo! ☺️

    1
    Duda Borges 26/03/2025 23:27

    Endy, vc sempre esteve a minha frente nesta trilha!  Parabéns amiga!

    1
    Rodrigo Marlos 26/03/2025 22:48

    Ótimo relato, Duda. É Sempre bom trilhar com vc. Obrigado por todas as nossas aventuras - que venham muitas mais!! 👏🏻👏🏻 

    1
    Duda Borges 26/03/2025 23:27

    Valew amigo! A recíproca é verdadeira!!!

    1
    Duda Borges

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