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Elas Outdoor Sp 20/07/2020 10:40
    Manaslu • 8.156m • Nepal

    Manaslu • 8.156m • Nepal

    Por Claudia Bento @claudiaebento para Elas Outdoor SP • 8° mais alta do mundo

    Alta Montanha Acampamento Trekking

    Por @clau para @elasoutdoorsp #ElasOutdoorSP

    Manaslu • 8.156m • Cordilheira do Himalaia • Nepal

    O Manaslu, a oitava montanha mais alta do mundo, com seus 8163 m, está localizada na Cordilheira do Himalaia.

    Subir uma montanha de 8000 é um sonho para qualquer montanhista, para mim, um dos desejos mais profundos, cuja realidade sempre me pareceu dúbia.

    Quando retornei do Lênin em agosto de 2017, @pehauck me enviou uma mensagem me convidando para uma expedição no Manaslu. Mesmo sendo impulsiva, algo assim só faria com pessoas que confiasse muito, estava além de minha capacidade técnica e experiência.

    Nesse sentido, @maximokausch e @pehauck são as pessoas que mais confio como guias e montanhistas. Apesar de achar que não estava totalmente pronta e não ter grana para esta expedição, achei que seria uma oportunidade. Fiz um financiamento e aceitei a proposta. Muitos acharam que estava louca, mas se as pessoas financiam sonhos, casa, carros etc. eu financiei o meu sonho ❤ que não era adquirir mercadorias e sim ter uma experiência. Não me arrependo do que fiz, depois da experiência da maternidade, esta foi a que mais marcou minha vida.

    Comecei a minha preparação com onze meses de antecedência. Consistiu em Crossfit - 4 x semana, Personal – funcional 2 x por semana, Corrida 2 x por semana e trilhas 3 x aos finais de semana e feriados.

    Fiz acompanhamento com uma nutricionista e uma endócrina. Tendo em vista que sou vegetariana foi necessário suplementação com ferro e complexo B – whey /BCAA.

    Durante a expedição suplementei ainda com hipercalórico, BCAA, isotônico. Como foi uma expedição liderada pelo @gentedemontanhaoficial e a logística do Arnold Coster, minha alimentação foi muito balanceada, antes do acampamento básico, tinham abrigos, onde era possível escolher o que comer e no campo base tínhamos até chefe de cozinha, com entrada, prato principal e sobremesa, somente nos campos altos comemos liofilizados, como estava acostumada a fazer expedições independentes, superou todas as minhas expectativas.

    O primeiro destino é o Nepal. O tempo total estimado para esta montanha desde a saída do Brasil é de 45 dias, o nosso grupo teve bastante sorte e fizemos o cume no primeiro dia de janela.

    Cronograma na montanha

    ▪︎ 28/08 • Viagem de ônibus até Besisahar • Altitude 760m;

    ▪︎ 29/08 • Viagem de jeep até Dharapani • Altitude 1860m;

    Início do Trekking;

    ▪︎ 30/08 • 1ºdia • Trekking até Karche • 2850m > noite Karche;

    ▪︎ 31/08 • 2º dia • Trekking até Bhimthang • 3140m > noite Bimthang;

    ▪︎ 01/01 • 3º dia • Trekking até lago Ponkar > noite Bimthang • 3965m > noite Binthang;

    ▪︎ 02/09 • 4º dia • Trekking até 5160m (larke pass) > e noite Samdo • 3875m;

    ▪︎ 03/09 • 5º dia • Trekking até Samagaon > noite Samagaon • 3540m;

    ▪︎ 04/09 • 6º dia • Trekking até 4200m > noite Samagaon • 3540m;

    ▪︎ 05/09 • 7º dia Trekking até Campo Base > noite Campo Base 4800m;

    ▪︎ 06/09 • 8º dia • Descanso Campo Base > noite Campo Base;

    ▪︎ 07/09 • 9º dia • Treino Glaciar • próximo ao Base > noite Campo Base;

    ▪︎ 08/09 • 10º dia • Escalada campo 1 • 5700m (5 hs subida / 2 descida) > noite Campo Base;

    ▪︎ 09/09 • 11º dia • Descanso Campo Base > noite Campo Base;

    ▪︎ 10/09 • 12º dia • Escalada Campo 1 • 5700m > noite Campo 1;

    ▪︎ 11/09 • 13º dia • Escalada até 6000 m e descida Campo Base > noite Campo Base;

    ▪︎ 12/09 • 14º dia • Descanso Campo Base > noite Campo Base;

    ▪︎ 13/09 • 15º dia • Descanso Campo Base > noite Campo Base;

    ▪︎ 14/09 • 16º dia • Descanso Campo Base > noite Campo Base;

    ▪︎ 15/09 • 17 º dia de Puja – Campo Base > noite Campo Base;

    ▪︎ 16/09 • 18º dia • Escalada Campo 1 • 5700m > noite Campo 1;

    ▪︎ 17/09 • 19º dia • Escalada Campo 2 • 6200m > noite Campo 2 • 6200m;

    ▪︎ 18/09 • 20º dia • Descanso Campo 2 • 6200m > noite Campo 2;

    ▪︎ 19/09 • 21º dia • Descida Campo Base > noite Campo Base;

    ▪︎ 20/09 • 22º dia • Descanso Campo Base > noite Campo Base;

    ▪︎ 21/09 • 23º dia • Descanso Campo Base > noite Campo Base;

    ▪︎ 22/09 • 24º dia • Descanso Campo Base > noite Campo Base;

    ▪︎ 23/09 • 25º dia • Escalada Campo 1 • 5700m > noite Campo 1;

    ▪︎ 24/09 • 26º dia • Escalada Campo 2 • 6200m > noite Campo 2;

    ▪︎ 25/09 • 27º dia • Subida Campo 3 • 6800 m e ataque ao Cume Campo 3 saída 20h30;

    ▪︎ 26/09 • 28º dia • ♡ Cume • 10 hs de subida • cheguei 6h15 am > noite campo 3;

    ▪︎ 27/09 • 29º dia • Descida campo Base > noite campo Base;

    ▪︎ 28/09 • 30º dia • Descida Samagaon > noite Samagaon;

    ▪︎ 29/09 • 31º dia • Partida Helicóptero Katmandu;

    Em um 8 000, são necessários vários ciclos de aclimatação, o que significa descer e subir algumas vezes até os campos mais altos. Esses ciclos se fazem necessários para aclimatar e também portear partes das coisas a serem levadas para cima.

    Nós fizemos três ciclos de aclimatação, subindo e dormindo cada vez mais alto e retornando ao campo base para descansar e se recuperar, conforme coloquei no cronograma acima. Somente na 4ª subida atacamos o cume.

    Estes ciclos são vinculados às janelas de clima, que podem possibilitar ou não a nossa subida. Quando não existe janela permanecemos no campo base e aproveitamos este tempo para lavar roupas, descansar, tomar banho com um chuveiro improvisado, utilizando gelo derretido. Também é possível ver filmes e fazer uso de energia elétrica devido à existência de gerador.

    Antes da escalada, participamos de uma cerimônia religiosa chamada Puja, celebrada por um monge, na qual pedimos permissão à montanha para subir.

    No processo, todos os nossos equipamentos de escalada são levados e colocados para serem abençoados. A celebração é imperativa para a escalada.

    Nesta celebração existem comidas e bebidas, acabei me excedendo na bebida e confesso que aprendi uma lição: a escalada no dia seguinte foi uma tortura.

    Após o campo base são quatro acampamentos e durante todo o percurso, passam-se cordas fixas, nas quais nos encordamos para a segurança. Ainda nos trechos verticais, utiliza-se o Jumar para subir, com o qual não tinha muita experiência, o que me fez gastar mais força do que o necessário.

    O Manaslu é considerado um dos 8000 mais acessíveis, mas é óbvio que não existe um 8000 fácil. Um grande desafio são as avalanches que é algo comum por lá.

    Do campo 1 ao 2 é uma cascata de gelo, trecho muito perigoso dada sua verticalidade. Em um destes ciclos, enquanto nosso guia e os Sherpas estavam subindo para passar as cordas acabaram sendo pegos por uma avalanche e um bloco de gelo se desprendeu sobre eles. Máximo foi soterrado e acabou fraturando a costela, foi um evento que me deixou bem apreensiva dos riscos reais que existem em uma escalada deste nível.

    O dia do cume com certeza é o mais esperado. Para mim foi bem difícil, começando pela decisão de que faríamos o cume a partir do campo 3 e não do 4. Isto representou um desnível de 1.363 m, algo duríssimo em uma primeira vez em uma montanha deste porte.

    Foi um dia longuíssimo, dormimos no campo 2. De madrugada, fomos para o campo 3, descansamos até às 20h30 e iniciamos o ataque. Tudo era novidade, como utilizar o oxigênio, a zona de morte etc.

    Existiam trechos demasiado íngremes, outros verticais, havia também passagens com a neve fofa, chegando à altura dos joelhos.

    Próximo ao cume houve uma tempestade de neve, tive dificuldades de enxergar com os óculos embaçados e acabei tirando. O erro, custou-me na descida, já que tive dificuldades com a vista.

    Cheguei ao cume por volta das 6H30 horas da manhã. A felicidade e a realização são indescritíveis, valeu a pena cada momento.

    Porém o cume é apenas metade do caminho. A partir de certo trecho comecei a me sentir exausta, eu já não estava pensando direito. Meus olhos estavam embaçados, sentia medo nas descidas dos rapéis e o Pedro me ajudou a descer. Mas não importa, certamente se voltasse no tempo faria tudo novamente.

    Na montanha, todos os dias são intensos, não há certezas, dependemos do clima, de não adoecermos com as intempéries, de termos uma boa aclimatação e de tantos outros fatores, apesar de toda a nossa preparação não temos controle sobre nada. Posso dizer que foi a experiência mais profunda de minha vida.

    Elas Outdoor Sp
    Elas Outdoor Sp

    Publicado em 20/07/2020 10:40

    Realizada de 28/08/2018 até 29/09/2018

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    6 Comentários
    Blog Outdoor 20/07/2020 11:27

    Grande conquista! Parabéns 🤘🏼👏🏼👏🏼👏🏼

    Fabio Fliess 20/07/2020 13:42

    Irado demais Cláudia!!! Parabéns! 🤘🏻🤘🏻🤘🏻

    Jose Antonio Seng 19/12/2020 23:26

    Parabéns pela conquista !!!

    Jose Antonio Seng 20/12/2020 14:48

    Quando li Manaslu, me lembrei que quero fazer o hiking do Manaslu quando foi praqueles lados.

    Liliam Pereira 26/01/2021 14:01

    Sensacional, parabéns Cláudia, inspiração total!!!!!

    Tata cabeleireiro 30/04/2021 08:31

    👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿

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