Estávamos em 4 comigo, eu era a única mulher do grupo, minha primeira travessia acima dos 2.700m, todo planejamento de 6 meses que fiz no Brasil, desde condicionamento físico e geoplanejamento foi posto em prática nesse dia.

Começamos a caminhar pela manhã saindo de um vilarejo que pernoitamos, nosso objetivo era cruzar o Punta Union (ponto mais alto) e acampar no Taulipampa.

A medida que avançavamos no trek, faziamos algumas paradas para recuperar o fôlego, era muito diferente para mim essa caminhada, eu não sentia o peso da mochila cargueira, nenhum tipo de cansaço do corpo, mas minha respiração estava fora do normal, eu estava bebendo muita água para ajudar na minha aclimatação, minha mochila estava com cerca de 15 kilos, porque água tinhamos o tempo todo pela trilha, não conseguimos cruzar a Ponte, porque já estava ficando tarde, nesse dia eu vi o quanto estava lenta, era o corpo e a altitude. Em agradecimento a natureza pelo dia, eu fiz algumas fotos da onde acampamos, foi maravilhoso, eu estava acampando ao lado de uma imponente montanha da Cordillera Blanca, a quase 4,400m.

Dia seguinte continuamos avante e solitários na trilha, foi quando cruzamos o Passo Union, uma espécie de "portal" que cruza para o outro lado da Quebrada Ishinca (uma espécie de vale) . Eu confesso que os poucos metros eu comecei a chorar, fiquei muito emociada foi dificil acreditar que eu tinha cruzado o ponto mais alto da travessia. Encontramos com uma dupla alemã de garotas que estava fazendo solo também, era dificil ver alguem fazendo o caminho inverso da travessia, a tradicional leva 4 dias e começa de Cashapampa.

Agora era começar a descer, nosso objetivo era chegar em Llamacorral o último acampamento oficial. Passamos pelo Taulipampa, onde paramos para almoço e rápido descanso, é um lugar lindo também, você o tempo todo a montanha Tauliraju mas pela outra face.

O final é bem tranquilo, tem pouco aclive, começamos a ver a cidade de Cashapampa aparecendo em nossa linha do horizonte, passamos por um Posto de Controle do Parque mas estava fechado; no finalzinho tem uma área com água corrente, onde se refrescamos um pouco, até sair totaltamente da trilha, voltamos com um gringo dentro de um toyota (taxi local) esprimidos por2hrs.

O que eu aprendi nessa aventura, foi minha superação em cruzar o Punta União carregando tudo que precisava, realizar o que planejei em SP e acordar com as montanhas nevadas.