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Everton Santos 15/07/2020 23:22
    Quase morte - Drangarnir - Ilhas Faroé

    Quase morte - Drangarnir - Ilhas Faroé

    O que vou descrever abaixo, serviu de lição pra eu para reforçar o quanto você deve estudar e estar preparado para visitar um lugar novo.

    Montanhismo Hiking

    Obs: Não deixem de ver o video, ele é muito lindo!

    Aventura numa trilha desconhecida no meio do Atlantico

    Era uma manhã fria e cheia de ventos no metade de Setembro de 2016, era o minimo que podia se esperar de um lugar remoto no meio do Atlantico Norte, eu estava na capital Tórshavn, se voces acham o nome dificil, imagina andar na rua procurando o seu hostel onde o nome das ruas são tudo escritas em linguagens nordicas, demorei uma meia hora para encontrar o mesmo depois de muito rodar.

    Levantei, recolhei meus equipamentos de trilha e fotografia, pus uma corta vento e fui para o carro debaixo de garoa. Aquele lugar era muito louco, o tempo mudava a cada 5 minutos, sabia que a qualquer momento poderia esta ter que tirar tudo novamente. Lembro que estava muito feliz, pois tinha escolhido aquele dia para fotografar a tal da pedra furada, ou mais conhecida como Drangarnir. Acordei tarde para uma trilha que eu sabia quanto tempo ia durar, dispensei um guia, pois uma menina local tinha me mostrado um mapa via satelite, e disse que era só seguir aquilo e chegaria lá.

    Na mochila, estava levando meu drone, um DSLR e um tripé, queria caprichar na foto daquele logal. Dentro do carro pus no GPS o endereco da ilha de Sandavágur, que mais tarde fui saber que era a ilha errada. Dirigir pelas Ilhas Faroé é o maior barato, eu to falando de você dirigir por ilhas que são interligadas por tuneis subterraneos. Como é a sensação? Simples, você entra em um tunel de 2km, de repente voce sente que o carro está descendo, sim, você está indo para debaixo do mar, e no meio dele, voce começa a subir, e logo ve os vilarejos novamente. E é assim na no arquipelago todo, são 18 ilhas, não todas habitadas, mas a maioria interligadas, e lá estava eu dirigindo por uma delas. A paisagem é sem comparação, o mar em volta das rodovias parecem lagos, cercados por montanhas altas escorrengedo as suas aguas cristalinas provinientes das cachoeiras que se encontra por toda a ilha.

    Parei num posto para comprar comida, lá tem ótimos cachorros quentes, foi o que eu mais comi durante essa viagem, e peguei um pouco para levar durante a trilha também. Depois de rodar por mais ou menos 40min, cheguei a Sandavágur, e logo fui procurar com os locais a entrada da trilha para Drangarnir. Lembro até hoje uma menininha fofa, se esforcando o maximo para explicar em ingles pra mim que lá não era a ilha que eu deveria me dirigir. As Ilhas Faroé embora pertença a Dinarmaca, eles possuem seu próprio parlamento, moeda e idioma. Quando eles falavam em Faorese, lógicamente eu não entendia nada, porém quando falavam inglês, eu não sei quem falava com mais sotaque, sera eu ou eles. rs

    Logo, lembro-me como se fosse algo de 11h30 por ai, vi que tinha que dirigir cerca de mais meia para até a ilha de Sørvágur. Pus no GPS e me pus a caminho, enquanto ao mesmo tempo admirava como fazia todos o dias a exuberancia daquele lugar. Cheguei na ilha certo, por um momento achei que seria a ilha que eles praticam o Grindadràp, mais conhecido como a caça as baleias piloto, diga-se de passagem um temas que torna o arquipelago muito polemico. La, já fora do carro encontrei dos senhores locais, e perguntei a entrada de trilha, eles me olharam do pé a cabeça, conversaram entre eles em Faroese, depois perguratam pra mim, se eu tinha experiencas com trilha, se eu estava bem equipado, se eu tinha sinal de celular etc... Eu achei estranho, falei que eu estava tudo em ordem, e que tinha experiencia de trilhas, mas eu estava substimando, nao sabia o que vinha pela frente. Ao final, eles falaram que ali, nas Ilhas Faroé era muito comum as pessoas "desaparecem", eu perguntei se era na tilha que eu iria? Eles falaram que sim, ali em todos os lugares, mas por mim, me indicaram a entrada da trilha, que logo vim a saber que era por meio de uma fabrica, beirando o mar. E aqui começa minha aventura, a qual essa lição eu nunca mais vou esquecer na minha vida.

    Continua...

    A trilha para Drangarnir...

    O que eu vou escrever agora, serve tudo dar importancia de tudo aquilo que uma pessoa experiente em trilhas diz para você, que é usar equipamento adequado para trilha, começar a trilha cedo, levar alimento suficiente, avisar alguém, utilizar equipamento de navegação, não fazer a trilha sozinho e não levar muito peso. Meus amigos, tirando a parte dos equipamento para trilha, voçês vão a seguir todos os erros que eu cometi.

    Foto minha, com a paisagem de Drangarnir ao fundo, no dia anterior.

    Enfim, com as intrucoes dos locais, fui em direção a fabrica, encontrei um homem mais frente perguntei novamente somente para me assegurar, era um homem numa caminhonete, nao esqueci da fisiomia dele, pois encontrei ele após terminar a trilha.

    Eu segui muito feliz a esta montanha, lugar que muitos fotografos do mundo desejam "fotar". Já na trilha, achei que tudo seria tranquilo, a maior parte dela é um percurso onde do lado oposto da trilha é um precipício de uns 70 metros onde terminar no mar. Mar que se voce cair, se não morrer com a queda, morre com certeza de parada cardiaca, devido ao frio extremos daqueles lados. Porém subi a uma parte plana, e conforme a foto abaixo, so me restava admirar a beleza daquele lugar.

    Ja tinha caminhado bastante tempo, e percebi que não havia quase ninguém na trilha, e ai percebi que o meu primeiro erro de preparação, não tinha levado comida o suficiente, o ultimo pão que eu já fazia uma meia hora, e com isso já na ida eu já estava sentindo sinais de cansaço, pois a mochila com as camera já estava também começando a pesar, ajudando a drenar minha energia. Mas segui caminhando, e na metade do caminho eu senti um calafrio, pensei em desistir duas vezes, era uma parte muito exposta, que cabia um pé por vez. De um lado mesmo que você olhada para frente, a visão grande angular da sua visão mostrava o escuro do mar profundo a sua direita, e a sua esquerda só era uma parede da montanha. Tinha casal a minha frente, mas eles desistiram. Eu pensei na minha mente que eu nao precisava daquilo, mas em um cinco minutos decidir proseguir e sem olhar para baixo passei e cheguei no meu destino.

    Drangarnir, a pedra furada. Sem duvidas um dos lugares mais bonitos que eu já visitei, e eu estava diante daquela obra linda da natureza, embora já muito cansado, não como se espantar com a magnitude do local. Essa pedra na minha frente, ela é maior do que um prédio!!! Isso mesmo, o lugar é enorme, o barulho do mar abaixo, muitas gaivotas, o verde da grama. E tudo aqui era meu, só meu, estava só naquele paraiso. Porém... dos maiores sentimentos que me dominava naquele momento, o que era mais forte era o do medo. Sei que não era um lugar fácil e eu ia precisar voltar tudo novamente.

    Confesso que não nem aproveitei muito, só tirei a camera DSLR e fiz uns cliques, me bateu uma tristeza que nem quis tirar o drone para fazer um take do local. Começou chover, pus a coisas na mochila, peguei meu bastão de caminhada e comecei a subir procurando a trilha.

    Andei por cercar de meia hora e por um momento eu fiquei tranquilo e aliviado, pois consegui achar a trilha que guia parelo com a montanha e fui seguindo ela sem olhar para baixo, mas num determinado momento ela ficou estreita e os próximos 2 metros era um parte de rocha, de um lado essa parede estreita e do outro lado 70 metros de queda livre no mar.

    Esse foi o momento que eu não esperava, como eu havia entrado na trilha tarde, ja estava escurecendo, ja estava muito fraco e muito cansado, e o desespero começou a tomar, nao lembrava se tinha ido por ali, e por cima precisaria de equipamentos, e para trás não tinha saída.

    Toda a trilha o terreno era acidentado, porém com grama, eu estava com bota ideal para a atividade e não estava tendo problemas, mas quem tem experiência sabe que na maioria das vezes rocha molhada a bota não segura e escorrega, o que é normal, porém no ponto onde eu estava não tinha espaço para erros, pois a trilha tinha pouco menos de 10 cm de largura e 5 metros de distancia de rocha molhada para percorrer. Qualquer escorregão seria fatal.

    Fiquei parado, e um monte de coisas comeceu a vir na minha cabeça, não tinha avisado o hostel, tava ficando escuro, o barulho do mar la embaixo tirando minha concentração, eu mal conseguia andar, por estar fraco e cansado, cado passo minhas pernas tremiam antes de firmar.

    Nessas horas cada um se agarra aquilo que acredita, eu pedi muito a Deus que me guardasse. Se eu caísse ali ninguém ia ver, ninguém ia saber até darem falta no hostel ou a demora da devolução do carro alugado.

    Num momento de tensão , tentei prosseguir acreditando que aquele seria o único caminho, mas não crendo que ia dar certo no ultimo momento desisti e voltei atrás e, ainda pedindo a Deus uma saída vi uma leve formação a 2 metros abaixo onde eu estava, porém nao dava para ver se no cinco metros da rocha se tinha piso firme para seguir, mas resolvi tentar e no meio dela vi que tinha um pouco de grama, o com muita calma, fui achando pontos firmes que nao escorregasse que por sorte foi o suficiente para eu conseguir passar. Tudo isso as uns 70 metros de altura.

    Eu poderia ter falado que o pouco de experiência que eu tenho com hiking, ou que é a minha experiência do trabalho em tomar decisões em momentos críticos foi o que me ajudou, mas acredito muito em Deus, e mesmo eu sendo tão fraco ele me iluminou durante estes 20 minutos de aflição. Nunca senti tanto medo na minha vida. Era a sensacao de morte certa.

    De tão fraco que eu estava, tive que caminhar e ir parando toda hora, o que me ajudou um pouco, é que geralmente nos países nordicos, quando voce encontra agua nas montanhas voce pode beber sem medo, a agua de lá é pura demais, geralmente nao passa por nenhum processo antes de ser engarrada. Desta forma, consegui me hidratar bem todo o percuso, principalmete na volta. O caminho que eu deveria ter feito em 2h30 fiz em quatro horas. Mas graças a Deus cheguei.

    Sei que tudo isso vai se apagar com boas memórias, mas isto ficará de lição pra sempre termos cuidado com lugares desconhecidos e aceitar a importância das instruções.

    Uma semana antes de eu fazer esse passeio, acharam o corpo de um hiker Inglês depois de um tempo desaparecido. Eu não sou melhor do que ele, mas infelizmente ele escorregou de uma altura grande e não teve a mesma sorte.

    Para finalizar, eu deixo a minha lição aprendida que segurança, planejamento e cuidados devem vir antes de tudo. Eu sempre viajo para fotografar, e gosto dos lugares mais remotos e exóticos o possível. Fotografia é minha paixão, e isto me levou a fazer uma junção linda com o mundo outdoor. Um colega me perguntou, se diante de todo o sofrimento e cansaço, porque eu nao deixei o peso do equipamento lá, sera uma questão de via e de morte? Confesso que nem lebrei disso... rs

    Deixo por fim o registro da foto que eu fiz desse lugar maravilhoso, que até acabei fazendo um quadro. E vocês que leram até aqui, vendo a foto, me dizem se valeu a pena tudo isso.

    Everton Santos
    Everton Santos

    Publicado em 15/07/2020 23:22

    Realizada de 15/09/2016 até 25/09/2016

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    6 Comentários
    Blog Outdoor 16/07/2020 14:37

    Que irado.... acompanhando!!!!

    Ruimack Fontana 16/07/2020 23:41

    Que trip daora brother! Que drone é esse?

    Everton Santos 16/07/2020 23:42

    Eu tenho um Mavic Pro 😊

    Piá Ventura 17/07/2020 09:58

    👏🏽👏🏽👏🏽

    Renan Cavichi 17/07/2020 10:18

    Sensacional o relato e as imagens Everton! Grande lição... também sou apaixonado por fotografia, ver as fotos depois de ler sobre a experiência é um outro olhar! Parabéns pelo registro!

    Everton Santos 18/07/2020 20:21

    Muito obrigado pelos comentários Renan!

    Everton Santos

    Everton Santos

    São Paulo

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    Cyber Security Analyst - Fotografo de Viagens - Faixa Roxa de Jiu Jitsu e Mochileiro de lugares não óbvios. @yellowredjacket @st0rm1m4g3

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