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Fael Fepi 10/04/2020 00:51
    MOCHILÃO CUBA - DIA 01 AO DIA 16

    MOCHILÃO CUBA - DIA 01 AO DIA 16

    Relato do mochilão em Cuba, realizado por mim e Graziela, durante 32 dias. De 26/01/2019 - 26/02/2019. Nesse relato será do dia 01 ao 16.

    Road Trip Hiking

    A PARTIDA

    O embarque aconteceu as 01:40 da manhã do dia 26/01/2019, com o vôo realizado pela empresa Copa Airlines, itinerário: Salvador/BA (SSA) x Havana (HAV), escala na Cidade do Panamá (PTY), com a duração de 09h entre a cidade de Salvador/BA até a Cidade do Panamá. A partir da Cidade do Panamá foram mais 02h de vôo até Havana, com a previsão de chegar as 10:20 da manhã deste mesmo dia.

    DIA 01.

    26/01/2019 – sábado

    Cidade: Havana | Província: Havana

    Chegada no horário pontual, as 10:20. Nesse primeiro dia Graziela e Eu passamos uns perrengues para ser liberados do aeroporto internacional Jose Marti, devido aos funcionários serem “complicados”. Trocamos dinheiro na CADECA do aeroporto, comprando CUC e CUP.

    Saímos do assédio dos taxistas, que cobram 25 CUC até o centro da cidade. Depois de muita espera conseguimos embarcar em um ônibus coletivo, que passa a cada 1h, desembarcando no terminal 1. Caminhamos mais 1 km até Av. Rancho Boyeiros, onde o ônibus da linha P12 estava parado na sinaleira. Corremos e conseguimos embarcar, pagando o valor de 20 CUP nas duas passagens. A passagem custa 0,40 CUP, mas em Cuba não se da o troco quando paga valores altos, sempre deve pagar com o dinheiro trocado.

    Do Aeroporto até o centro de Havana é uma distância considerada, 26 km aproximadamente, com duração de quase 1h.

    No Centro de Havana seguir com Graziela até a R. Hospital (Calle Hospital), me hospedando no Albergue Hammel. Paguei 03 diárias, cada dia saindo 5,20 CUC, por pessoa. Inicialmente achava que o albergue é a hospedagem mais econômica para duas pessoas (me enganei).

    Nesse primeiro dia não sair, apenas fui almoçar e descansar. Um bom lugar para almoçar é na Rua Calzada de Infanta, localizada no centro da Cidade.

    Fique ligado Muchacha e Muchacho:

    1- Ao trocar dinheiro na CADECA peça o favor a funcionária para inserir cédulas de 1CUP, facilitando o transporte nos ônibus coletivos.

    2- Quando embarcar no primeiro ônibus que sair do Terminal 3 do Aeroporto Internacional José Marti, desembarque na Av. Rancho Boyeros que é a referência. A parada de ônibus é após o terminal 1 do aeroporto. Os ônibus para a Centro passam na margem oposta do desembarque.

    3- Em Havana possuem muitos arrendadores em divisa (casas particulares de família). Se for sozinho priorize os albergues, mas se for a partir de duas pessoas priorize as casas.

    4- Os paladares e serviços em Havanas estão no Centro da Cidade. A referência é a Calle Calzada de Infanta.

    DIA 02.

    27/01/2019 – domingo

    Cidade: Havana | Província: Havana

    Nesse segundo dia em Havana acordei cedo com Graziela e iniciamos a caminhada pelo Malecon (orla), passando pela Praça Maceo e a frente da Fortaleza (não entramos porque paga uma taxa de 5 CUC, por pessoa), o bairro da Havana Velha, a Catedral, o bar bodeguita del médio, o Capitólio e o bairro Chino.

    No final da tarde o tempo fechou e caiu uma forte chuva. Voltamos para o albergue e ficamos recolhidos para no dia seguinte.

    Fique ligado Muchacha e Muchacho:

    1- Tome café nos paladares. O café da manhã dos cubanos é pizza com cafezinho. Peça logo uns 05 cafezinhos que da um copo cheio. Não estranhe quando um cubano parar e ficar surpreso, os cubanos pensa que um copo de café é ruim para a saúde.

    2- Em cuba a higienização não é das melhores. A Pizza mesmo se come na mão e as xícaras de café passam uma água e pronto! Com o tempo se acostuma.

    3- Para vegetarianos e veganos a única opção é o Arroz Congri ou macarronada. Na maioria dos cardápios os cubanos possuem a prática de temperar com presunto.

    4- Leve uma sacola de pano para acomodar os alimentos que compra e os pães, pois a maioria dos estabelecimentos em Cuba não tem sacolas. Os poucos que possuem cobram pela sacola de plástico.

    DIA 03.

    28/01/2019 – segunda-feira

    Cidade: Havana | Província: Havana

    Nesse terceiro dia, depois de uma noite desafiadora para dormir, devido as fortes chuvas e a queda de energia, acordei com a noticia do tornado que aconteceu em Havana, matando quatro pessoas. Quando sair com Graziela, para iniciar mais um dia de caminhada por Havana, percebi o que é um luto oficial. As casas com panos pretos, lojas fechadas e ruas vazias, população abatida e bastante comovida.

    Seguimos pela Av. Simon Bolívar até visualizar a Plaza da Revolução. A frente da praça está localizado o monumento Jose Marti. Para conhecer a parte interna do monumento Jose Marti paga uma taxa de 5 CUC, por pessoa. Claro! Não fui. Deixa para os dias finais, se sobrar dinheiro.

    No dia seguinte o destino é a Baía dos Porcos, localizada na Cidade de Cienaga de Zapata, Província de Matanzas. A Via azul está uns 3 km de distância, segundo o aplicativo MAPS.ME. Conversei com Graziela e fomos a pé, conforme orientação do aplicativo. Comprei a passagem no valor de 13 CUC, por pessoa, com destino a Playa Larga, nosso próximo destino e local para dormir. O guinche da Via Azul, na Cidade de Havana, está em frente ao Zoológico.

    A noite fomos conhecer a Universidade de Havana. Para nossa surpresa, nesse dia estava ocorrendo um evento sobre a nova constituição de Cuba em frente da universidade. Graziela e Eu fomos convidados por um funcionário a nos retirar por um funcionário, pois o evento é exclusivo para cidadãos cubanos.

    Fique ligado Muchacha e Muchacho:

    1- Existe a opção de ir utilizando o ônibus coletivo para a Plaza da Revolução. As linhas são a P16 e a P12.

    2- Para a Via Azul, que fica longe do centro, é aconselhável a pegar o ônibus coletivo da linha A27.

    3- O MAPS.ME é um aplicativo que funciona sem a necessidade de está conectado com a internet e a maioria dos pontos e trajetos estão atualizados.

    DIA 04.

    29/01/2019 – terça-feira

    Cidade: Cienaga de Zapata (Playa Larga) | Província: Matanzas

    A partida do Centro de Havana, até o terminal da Via Azul, foi de ônibus coletivo da linha P27, embarcando no ponto localizado na Rua Calzada de Infanta. O ônibus só passou as 06:00 da manhã, chegando ao terminal no horário limite do embarque, as 06:40 da manhã.

    Embarquei com Graziela em um ônibus da Via Azul simples, com o ar-condicionado muito forte, sem cinto de segurança nas poltronas e um banheiro que não funciona. Acredito que ele só tava me esperando para sair.

    A viagem durou por 3 horas, com uma parada em um ponto de apoio (tudo com valores altos) na Cidade de Jagüey Grande. Chegamos em Playa Larga as 09:45 da manhã, desembarcando na rotatória principal da localidade.

    Em Playa Larga fiquei hospedado na Casa Cezar, uma indicação feita pela dona do Hostel Hammel, dando a palavra com os donos da casa Cezar através de contato por telefone. O quarto disponível está nos padrões que o Governo de Cuba exige, bem estruturado e composto por duas camas de casal, ar-condicionado, banheiro com chuveiro quente, uma TV, um guarda roupa, uma banca com espelho e um frigobar com itens disponíveis para venda (cerveja, suco, refrigerante e água)

    Nesse primeiro dia fiz uma grande caminhada entre Playa Larga e o mangue, localizado após a Praia Caleton. A Praia Larga, localizada a direita do centro, possui piscinas de águas cristalinas, formada entre corais. Mais adiante está a praia principal, com grande faixa de areia e poucas barracas, águas calmas e menos transparentes. A esquerda está localizada a Praia Caleton, de águas calmas e mais escuras. Nessa praia existe uma espécie de siri enorme e bravo. Sofri dois ataques doloridos.

    Em Playa larga é um pouco complexo achar um local legal para se alimentar. Graziela e Eu tivemos muita dificuldade em encontrar, o que salvava eram os poucos paladares simples, localizados na margem da estrada. Apelidamos de “biboquinhas”.

    Fique ligado Muchacha e Muchacho:

    1- Saia da “rede de arrendadores”.

    2- Procure casas um pouco afastada da praia, são mais barata e o conforto é o mesmo.

    3- Após a Playa Caleton existe um criadouro de crocodilo, ficar esperto porque ao lado tem uma área aberta de pântano.

    4- Nas praias de Playa Larga existe um pequeno mosquito que morde, provocando coceira e ardência. Levar repelente.

    5- Em Playa Larga existem poucas opções para comer.

    6- A Baía dos Porcos é a Região mais relevante de Cuba a respeito da História da Revolução.

    7- Na Playa Caleton tem uma espécie de Siri grande, que avança.

    DIA 05.

    30/01/2019 – quarta-feira

    Cidades: Cienaga de Zapata (Giron) e Cienfuegos| Províncias: Matanzas e Cienfuegos

    Acordei as 06:30 com Graziela e ajustamos as mochilas. Fomos à rua tentar tomar café, sem sucesso. Tudo fechado. O único local aberto foi um paladar na entrada do Centro de Playa Larga, que só vende pizza. Para nosso azar o rapaz pediu para aguardar porque estava preparando uma dezena de pizza por encomenda.

    No centro fomos até uma delegacia para saber como chega até a localidade de Giron, o Policial orientou que sai um ônibus coletivo as 09:00 da manhã da rotatória da praça. A Passagem custa 5 CUP, por pessoa.

    Passou as horas e não deu tempo de comer a pizza. As 09:00 despedir da esposa do Sr. Cezar e embarquei no pequeno ônibus, lotado, com destino a Giron. Uma senhora cubana nos ajudou a embarcar, colocando em um local para acomodar a mochila cargueira e a menor que levei. Fomos informados que a passagem é paga quando desembarca.

    A paisagem é fantástica, a estrada que leva até Giron vai margeando toda a Baía dos Porcos. Águas cristalinas e azuis se destacavam. Passamos em uma das localidades em que os moradores de Playa Larga informaram que considera o mais fantástico da Região, conhecido pelo nome de Cueva De Los Peces. Do ônibus já dava para visualizar a água azul piscina, típica caribenha, mas não fui até lá.

    A barriga começou a “reclamar”, pois sair sem tomar café. O percurso de Playa Larga até Giron durou 45 minutos, quando desembarquei e fui pegar a carteira para pagar as passagens o motorista acelerou o ônibus e foi embora. Fiquei um pouco sem reação, pois não paguei as passagens que totaliza 10 CUP.

    Á área urbana de Giron é bem maior que Playa Larga, com mais estrutura. O que me chamou a atenção é a quantidade de arrendadores em divisa, perdi a conta.

    No trevo caminhei sobre um forte sol, carregando a mochila cargueira. Graziela carregava as duas mochilas menores. Passamos pela frente de um mini-shopping e um museu, com um grande avião na entrada, chamando a atenção. No horário em que passamos estava fechado e resolvemos seguir. No final da rua existe um hotel, caminhei pela esquerda e cheguei até uma bela praia, conhecida pelo nome de Los Cocos.

    Nesse quinto dia destaco que a Praia Los Cocos foi a mais bela que visualizei e me banhei, a clássica caribenha. O melhor é que tinha poucas pessoas, a maioria parecia ser de nacionalidade de italianos. Larguei as mochilas na areia, troquei de roupa atrás de uma amendoeira e fui me banhar. Graziela fez a mesma coisa.

    A esquerda caminhamos pela faixa de areia e pelo fundo do hotel, saindo na famosa e histórica Praia de Giron. Foi nessa localidade que Fidel Castro derrotou os Estados Unidos em 1961, após a invasão planejada pelo Presidente Kennedy.

    A praia não é muito bela, existe uma construção imensa, parecendo um muro, feita de concreto, que se estende pelas águas da Praia de Giron. As águas não são cristalinas, mas são quentes e calmas. Na praia possui algumas barracas, mas só tinham 04 visitantes, desanimando os vendedores. Fiquei na faixa de areia, na sombra de um coqueiro e curtir a paisagem com Graziela.

    Já passava das 11:30 e a fome “apertou” de vez. Deixei Graziela em um ponto de ônibus e fui procurar um local para comer. Acredite! Em Giron é pior que Playa Larga para encontrar um local popular para comer, só visualizava arrendadores em divisa e dois restaurantes de turistas. Para minha sorte encontrei um contêiner que é uma pizzaria e comprei uma pizza de legumes no valor de 2 CUC. O valor foi caro, mas era a única opção. Levei para Graziela e nosso almoço foi uma pizza média e água.

    No mini-shopping, em frente ao museu, está um guinche da empresa Via Azul. Comprei duas passagens para a Cidade de Cienfuegos, cada uma no valor de 7 CUC, no horário das 14:35.

    Embarquei com Graziela no ônibus da linha: Havana x Santiago de Cuba, no horário pontual. A viagem durou 1h e 10 minutos até Ciudad de Cienfuegos. No terminal rodoviário fomos abordados por um rapaz oferecendo hospedagem.

    Como “quebrei” a rede de arrendadores em Playa Larga, comecei a negociar os valores das hospedagens. No planejamento o valor máximo é 15 CUC. O rapaz fez a proposta oferecendo o valor máximo para mim e comecei a fazer a contra proposta e fechamos em 12,50 CUC pela diária do quarto.

    A Casa é da irmã dele, a Sra. Mariela. Fomos recebidos por ela e nos tratou super bem. Conhecemos sua família e ela ficou feliz por hospedar os primeiros brasileiros em sua casa, pois ela é fã das novelas brasileiras, programação predileta dos cubanos. A casa fica no centro da cidade, perto de tudo. Isso é bom que faço tudo a pé e aproveito para conhecer a cidade com mais detalhes. Nesse quinto dia não estava com tanta disposição, pois fiquei com fome, viagem cansativa, sol no rosto o dia todo e mais fome, priorizamos em comer e comprar pães para a noite.

    O almoço foi fácil em achar, tendo vários paladares na Avenida Passeo El Prado, principal da Cidade. Entretanto, na padaria ficamos duas horas para comprar pães que são bastantes disputados. E para piorar, em Cuba não tem aquela fila padrão, sendo que a pessoa chega e pergunta: “quem é o último?” e tem aquela pessoa que respondeu como referência. Ai fica a pergunta: existem os “furadores de fila”? Claro! Tanto que dois tentaram furar a fila e a própria população que estava aguardando enquadraram e disse que ia chamar a polícia. Pense! Chamar a policia para organizar a fila do pão. Pois é, o cubano tem medo da policia, parecem ter pavor.

    Fique ligado Muchacha e Muchacho:

    1- Se puder conheça a Cueva de los peces.

    2- Em Giron conheça o museu.

    3- A praia de Los Cocos é a mais bonita da Região.

    4- Assim como em Playa Larga, Giron possui poucos locais para se alimentar.

    5- O transporte só tem via azul ou taxi, o guinche da empresa fica no mini-shopping.

    6- Em Giron existe uma CADECA, localizada no mini-shopping.

    DIA 06.

    31/01/2019 – quinta-feira

    Cidade: Cienfuegos| Província: Cienfuegos

    Tempo bom em Cienfuegos, com a manhã ensolarada e quente. Sair bem cedinho com Graziela e fomos tomar café da manhã no centro comercial, localizado a duas ruas da casa em que estamos hospedados. Em Cienfuegos experimentei o pão de manga, que para minha surpresa ficou muito saboroso com o café. As pessoas que nos observava começara a puxar assunto e alertava sobre o café, dizendo que a bebida é prejudicial à saúde. Em Cuba as pessoas bebem uma pequena xícara. Graziela e Eu bebemos um copo grande de café. Claro! Os cubanos que observavam ficavam “espantados”, ou até mesmo “assustados”.

    Seguimos para o terminal rodoviário e compramos a passagem com destino a Playa Rancho Luna. Nessa compra conhecemos a “malandragem cubana” de querer cobrar um valor a mais e a recusa de devolver o troco. O valor oficial informada pela funcionária da rodoviária é de 1 CUC, sendo que minha menor cédula era de 3 CUC e como o total vai dá 2 CUC (pela ida e volta), vai sobrar 1 CUC de troco. O Valor é cobrado dentro do veículo, porque é particular. Quando entreguei a cédula o cobrador, fui informado por ele que não tinha como devolver o troco e que estava me ajudando, pois, segundo ele, “estrangeiros não podem utilizar os serviços que os cubanos usam e caso utilizem devem pagar a mais”. No inicio, como não conhecia muito, aceitei. Mas isso é mentira e alerto a você que está lendo e for para o País. Não caia nessa conversa, é tudo “treta”.

    A viagem foi em um ônibus urbano velho e lotado, de propriedade particular que tem a autorização para fazer essa linha. O percurso durou 35 minutos até Rancho Luna, no desembarque o cobrador informou que o ultimo horário é as 16:40.

    A Praia Rancho Luna é formada de águas calmas, cristalinas, com uma tonalidade mais escura, não sendo uma praia clássica caribenha. Sua faixa de areia é pequena, menos de 1 km. Possui poucas barracas que oferecem serviços e existem alguns sombreiros feitos de palha que ajuda o visitante a descansar.

    Apesar da temperatura passando dos 32°C e o calor forte, as águas da praia Rancho Luna estavam geladas. Banhei-me com Graziela e observamos alguns peixes ao nosso redor. A água é muito cristalina que possibilita visualizar ao fundo sem a necessidade do mergulho.

    Junto com Graziela caminhei do farol até o manguezal, totalizando quase 2 km (só a ida). Não deu para prosseguir devido a vegetação de mangue densa. Na praia tinha poucos freqüentadores, a maioria branca, mas tão branca que estavam ficando com a pele rosa. Graziela e Eu já estávamos desconfiando que as pessoas (cubanos e estrangeiros) nos observavam achando que éramos cubanos, devido as nossas características. Já começávamos imaginar a usar a nosso favor.

    As 16:00 fui para a parada de ônibus aguardar o veículo. Ele passou as 16:10, indo até o final de linha Fe fazendo o retorno. Decidir com Graziela embarcar para poder viajar sentado, já que são quase 20 km de distancia.

    Meu almoço foi pizza com macarrão e molho de tomate, uma loucura. Repetir o prato e bebi uma limonada para “inchar”, quero ver a barriga “reclamar” agora. A noite fui com Graziela até uma feira de artesanato, comprei uns objetos e conversei por vários minutos com o vendedor sobre assuntos políticos, históricos e sociais de Cuba e do Brasil.

    Fique ligado Muchacha e Muchacho:

    1- Não caia na conversa de que turista não pode usar serviços dos Cubanos. Uma das poucas coisas restritas são os ônibus da EON. Isso é verdade porque são do governo.

    2- A passagem na rodoviária para Rancho Luna custa 1 CUC, aconselho a embarcar fora do terminal rodoviário, deve ser bem mais barato. Observei pessoas pagando em CUP

    3- A praia Rancho Luna, apesar de não ser clássica caribenha, é bonita, valendo está no roteiro.

    4- Se for para praia aconselho a levar o seu lanche e o que necessitar para se alimentar.

    5- Ficar atento com o horário da volta do ônibus. Caso perca, terá que negociar com o taxi coletivo e são pessoas difíceis de barganhar.

    DIA 07.

    01/02/2019 – sexta-feira

    Cidade: Cienfuegos| Província: Cienfuegos

    Hoje o dia está frio, tentei visualizar o nascer do sol da área de serviço da casa, que tem uma bela vista da Baía de Cienfuegos, mas sem sucesso. Uma grande nuvem predominou e cobriu o nascer do sol.

    No café da manhã, após uma conversa com Graziela, decidimos conhecer os bairros e monumentos da Cidade de Cienfuegos. A área urbana foi constituída por franceses, possuindo moldes de construções orientados pelos colonizadores da França. Na Avenida Passeo el Prado os estabelecimentos e as casas são todas nesse formato. No ano de 2005 a Cidade de Cienfuegos foi considerada patrimônio da humanidade pela UNESCO.

    Conhecemos a Avenida 54, conhecida pelo nome de Bolevard, devido à concentração de lojas, sendo algumas de luxo. Fomos abordados várias vezes por pessoas oferecendo a tarjeta de Internet.

    No Centro Histórico da Cidade estão as principais atrações: prédios, teatro, palácio, monumento do arco e praças, de tudo e mais um pouco. Não entrei em nenhum dos estabelecimentos mencionados, pois todos pagam taxas e nesses dias iniciais não faz parte do planejamento o gastos com essas taxas, lembrando que todas são cobradas em CUC. Curtir muito as praças

    Direcionei-me com Graziela a sul da Cidade e conheci o Malecon (a orla), não propicia ao banho, mas com uma paisagem bonita e vista para a Baía de Cienfuegos. Ao final está o bairro da Punta Gorda, um local das residências grandes, chamativas, considerado um bairro de alto padrão residido pelas famílias mais ricas da Cidade de Cienfuegos. Ao final existe um píer que possibilita uma bela vista das serras ao fundo do mar. Graziela e Eu descansamos em um pequeno coreto próximo do píer, ficando no local por vários minutos e observando as águas calmas da Baía de Cienfuegos.

    Após almoçar, Graziela fez um pedido em conhecer o hospital universitário, referência em saúde básica. No local se visualiza pessoas de várias nacionalidades. O prédio é imenso, apesar de ser antigo está conservada. O local é bem arborizado.

    Na volta visualizamos o pôr do sol na área portuária, após caminhar por vários minutos debaixo de um sol escaldante. A frente se encontra um belo prédio azul, que é a aduana de Cienfuegos. Infelizmente presenciamos a morte de um gato afogado. Duas crianças chegaram a pular na água suja e funda do porto para salvar o animal, sem sucesso. Graziela começou a chorar e fiquei bastante emocionado e com muita raiva ao ver o corpo do gato boiando. A cena do gato com os olhos arregalados olhando para mim e gritando não sai da minha cabeça.

    Fique ligado Muchacha e Muchacho:

    1- Se tiver uma grana e quiser conhecer o interior dos monumentos de Cienfuegos é bom.

    2- Tente visualizar o nascer do Sol na Baía de Cienfuegos e o pôr do sol na área portuária.

    3- A tarjeta de internet é fácil de comprar na Avenida. 54, o Boulevard de Cienfuegos.

    4- O hospital universitário está localizado na Cidade. Pessoas de todas as nacionalidades vêm para esse Hospital se especializar em saúde básica e estudar medicina.

    DIA 08.

    02/02/2019 – sábado

    Cidades: Santa Clara e San Juan de Los Remédios| Província: Villa Clara

    As 04:30 despedir de Mariela e seguir com Graziela ao terminal rodoviário, hoje será nossa primeira viagem de caminhão (batizei de guaguona). Esperamos poucos minutos e embarcamos em um caminhão bem antigo, mas conservado, estilo “pau de arara”, com bancos de metal duros e desconfortáveis. O valor da passagem saiu 20 CUP, por pessoa. Poucos minutos já estava lotado. As 04:50 o veículo partiu com destino a Cidade de Santa Clara.

    Eu tenho um problema de saúde chamado Cinetose, conhecido como transtorno de movimento. O caminhão tava lotado e forrado de lonas porque ventava muito e fazia frio, entretanto me sentia abafado e comecei a abaixar a cabeça e isso é terrível para mim. Poucos minutos já estava com sensação de vômito e tontura. Graziela me deu um apoio psicológico e me ajudou até chegar a Santa Clara. Já percebi que viajar de caminhão são “para os fortes”, e mesmo com esse transtorno irei continuar viajando.

    A duração foi de 1h e 10 minutos, chegando ao amanhecer no terminal de apoio dos caminhões provinciais de Santa Clara, por volta das 06:00.

    Tomei um café com Graziela e caminhamos ao terminal provincial principal. Nosso destino final é a Cidade de San Juan de Los Remédios, onde pretendemos passar dois dias.

    Mas antes de embarcar irei ver a possibilidade de conhecer o mausoléu de Ernesto Chê Guevara e o museu que está ao lado. Além disso, ver se é possível conhecer a Plaza da Revolução da Província de Villa Clara. Cada Província possui sua praça da revolução, acredito que todas constituídas nas capitais das províncias. As mais conhecidas são a de Havana e de Santiago de Cuba. Por enquanto só conheci a de Havana.

    A caminhada ao terminal provincial foi de 10 minutos, mas o sol castigava. Chegamos por volta das 08:00, pois fizemos uma parada para tomar café. Para nossa surpresa, o ônibus para Cidade de Remédios parte as 10:00 da manhã, só restando duas horas para conhecer o nosso atrativo em Santa Clara.

    Pesquisei no MAPS.ME e observei que o monumento de Chê Guevara está a 1,1 km do terminal. Chamei Graziela e ela topou em arriscar ir a pé e conhecer. Seguimos debaixo de um sol forte e em 15 minutos chegamos.

    No local visualiza uma grande estatua de Chê Guevara e suas frases estampadas nas paredes. Dizem que abaixo do monumento estão os seus restos mortais. O local, todo revestido de granito, com a carta que ele fez a Fidel. A Frente está a imensa Plaza da Revolução, mas sem nenhuma árvore. O sol estava de “rachar na cabeça”. Ao fundo está o museu e o cemitério, que só abre as 09:00 da manhã. Resolvi arriscar com Graziela.

    As 09:00 uma funcionária pede nossos passaportes e diz que a taxa é facultativa. Segundo soube que as pessoas dos Estados Unidos, independente da sua posição política, não podem entrar no museu, por isso a solicitação do passaporte. Na portaria avisei que não iria pagar a taxa, sendo obrigado a deixar as mochilas no local e posteriormente fui liberado com Graziela.

    Na saída da portaria está uma imensa maquete da Sierra Maestra, detalhando a organização das frentes libertadoras da revolução Cubana. A obra é bem feita com riqueza de detalhes, fiquei encantado. No interior do museu estão objetos usados por Chê Guevara, destacando: documentos, roupas e fotografias. Existem quadros com palavras contando um pouco da sua história e a sua participação na revolução. O espaço interno do museu é bem estruturado e organizado. Infelizmente a passagem foi rápida, por conta do horário. No final fui com Graziela até o cemitério, localizado ao lado do museu. Lá estão enterradas as pessoas que participaram das frentes libertadoras na revolução cubana de 1959.

    Regressamos e embarcamos no ônibus para a Cidade de San Juan de Los Remédios, no horário das 10:00. A passagem custou 2 CUP, por pessoa, em um veículo estranho, sanfonado, parecendo que foi emendado duas carrocerias. Pelo menos as poltronas eram confortáveis. A viagem durou 1h, com uma única parada na Cidade de Camaranji.

    Desembarcamos no pequeno terminal rodoviário da Cidade de San Juan de Los Remédios as 11:00. Na saída, pela própria garagem, o ônibus que viajei quase me atropelava. Um rapaz passou na hora e começou a rir, que sacana!

    Caminhei com Graziela a procura de uma casa para nos hospedar. Na primeira e segunda os preços cobrados estavam acima de 15 CUC, na terceira conseguimos conversar e fechou o valor de 15 CUC, acertamos duas diárias na casa da Dra. Lilian.

    A Casa de Dra. Lilian é estilo colonial. Muito conservada, grande e arejada, é uma atração a parte. Pensado bem, vale os 15 CUC. Acho que no Brasil essa casa já teria sido tombada pelo IPHAN. Ficamos hospedados em um dos quartos, sendo que na casa possuem três e um já estava ocupado por um casal dos Estados Unidos.

    A Lilian conversou conosco e puxou muito assunto quando descobriu que somos brasileiros. Até uma merenda foi oferecida, sem custos. Em Cuba deve cismar quando se oferece algo. Isso foi alertado em todos os relatos que li, inclusive dos “perrengueiros”.

    Na mesma rua da casa da Dra. Lilian está localizado o paladar La Colonial, onde um prato do almoço custa 8 CUP. Graziela e Eu pedimos 04 pratos, todos eles de arroz congri com salada. Sair satisfeito.

    No final da tarde, na praça principal, um rapaz no abordou oferecendo taxi coletivo para o Cayo de Santa Maria, nosso próximo destino, cobrando 10 CUC, por pessoa. Aceitamos a proposta e marcamos para as 09:00 da manhã do dia seguinte. A noite conhecemos, rapidamente, algumas ruas da pequena Cidade de San Juan de Los Remédios e sua praça, atrativo principal. Mas voltei para casa cedo porque estava cansado e com muito sono.

    Fique ligado Muchacha e Muchacho:

    1- Se tiver disponibilidade de poucos dias em Cuba, pode fazer esse roteiro para conhecer as duas cidades em um único dia.

    2- A passagem de caminhão custa 20 CUP, enquanto a via azul custa 7 CUC.

    3- Para acessar o museu é obrigatório apresentar o passaporte.

    4- Do terminal provincial de caminhões, ou até mesmo no principal terminal, da para ir caminhando até o monumento de Ernesto Chê Guevara, localizado na Cidade de Santa Clara.

    5- A Cidade de San Juan de Los Remédios é a que possui o menor custo de todas as visitadas e uma das mais tranqüilas e sossegadas em conhecer.

    6- A Dra. Lilian é uma das casas que indico e que vale apena se hospedar.

    7- Se for para o Cayo de Santa Maria a melhor Cidade para se hospedar é San Juan de Los Remédios, distante 70 km.

    DIA 09.

    03/02/2019 – domingo

    Cidade: Caibarién (Cayo de Santa Maria) | Província: Villa Clara

    Hoje é um grande dia, principalmente para Graziela. Um dos principais objetivos delas, nessa viagem em Cuba, é conhecer os Cayos (ilhas), onde estão localizadas as praias clássicas caribenhas. Cheguei até acordar cedo, mas as lojas na Cidade de San Juan de Los Remédios só abre as 09:00. Fiquei aguardando com Graziela para tomar café e comprar água.

    As 09:30 embarcamos em um taxi coletivo, um Chevrolet conversível, anos 1950, branco, bem conservado e bonito. Mais um casal, que parecem ser de algum País da Europa, embarcou conosco. Esse belo e clássico carro pertence ao Luis, que vai levar e trazer até o Cayo de Santa Maria, cobrando o valor de 10 CUC, por pessoa, pela ida e volta.

    Passamos pela Cidade de Caibarién e um imenso Pedraplan, uma construção feita com um amontoado de rochas compactadas no mar, sendo posteriormente planada e asfaltada. Nesse trecho parece que o pedraplan está “flutuando no mar”. Durante o trajeto observei que as margens são rasas. O Pedraplan do Cayo de Santa Maria possui 48 km de extensão.

    Chegando ao Cayo de Santa Maria, Luis fez uma pequena parada para mostrar uma lagoa onde se concentra os flamingos. Quando chegamos visualizamos centenas deles, que estavam se banhando com a luz do sol. As 10:30, após uma hora, chegamos a uma localidade de Las Terrazas, onde o casal europeu desembarcou. Seguir com Graziela e desembarcamos no inicio da trilha da Playa Las Gaviotas, que segundo relatos, é uma das mais bonitas de Cuba. Fiquei bem curioso após visualizar as fotos no planejamento.

    Desembarquei com Graziela e acordamos com o Luis o regresso, sendo acertada a espera no complexo da La Terrazas, distante 7 km da Playa Las Gaviotas. O inicio da trilha tem uma portaria e cobra uma taxa de 4 CUC, por pessoa.

    A trilha é bem batida, numa distancia que deve ser de 1,0 km, caracterizada por uma vegetação de restinga e poucas árvores. Poucos minutos já dava para visualizar um belo azul-piscina ao fundo, se “confundindo com o céu”. Ali está a Praia Las Gaviotas.

    Águas azuis, cristalinas, areais brancas e limpas. É uma praia fantástica, uma clássica caribenha, das mais belas praias que visualizei. Graziela ficou encantada e feliz por está ali, pois o Cayo de Santa Maria está em um dos seus locais preferidos em Cuba. Na praia tinha muitos pelicanos pescando e bando de gaivotas tomando banho de sol. O nome da praia faz jus aos bandos das aves que ficam nas areias, em grupos, se banhando no sol forte de Cuba. O céu estava limpo, proporcionando uma forte intensidade de azul nas águas da praia las gaviotas. Fui mergulhar com Graziela e a água estava muito gelada. Para chegar num trecho profundo deve caminhar muito, apesar das águas estarem perto da faixa de areia. Visualizei várias estrelas do mar e peixes.

    Uma ressalva que faço são os carrapichos que voam da parte com a cobertura vegetal e fica na areia, chamo atenção devida as várias vezes em que os carrapichos furaram o meu pé e fui obrigado a caminhar com a sandália.

    Ficamos por mais de 3 horas na praia, após fazer uma tendinha com palhas de coqueiro seco para se proteger do forte sol.

    Na praia de Santa Maria visualizamos uma família de brasileiros, percebendo após ouvir as falas. Os demais freqüentadores pareciam ser europeus, estadunidenses e canadenses. Cubanos só os funcionários e isso me deixava incomodado. Graziela é a única que possui um tom de pele pardo/negro, os demais frequentadores brancos. Essa foi uma realidade bem incomoda para mim.

    As 14:00 iniciamos a caminhada para Las Terrazas, passando por várias praias desertas e outras com poucos freqüentadores que estão hospedados nos luxuosos hotéis localizados de frente ao mar. O trecho possui 7 km de uma caminhada tranquila, com poucos pontos rochosos que é necessário utilizar uma sandália para não furar os pés.

    As 15:10 chegamos em Las terrazas e fomos abordado por um funcionário de um hotel solicitando para nos retirar, pois a praia é exclusiva aos clientes. Inicialmente ele pode ter achado que éramos cubanos, mas quando falamos o rapaz ficou até um pouco surpreso e assustado, mas não mudou sua posição. Graziela e Eu ficamos bastante indignados, aproveitando o momento para ressaltar que tem um casal na praia que vieram no mesmo carro conosco, ao ponto de apontar-los, mas o funcionário insistiu para que pudéssemos sair da praia. Saímos e ficamos na portaria aguardando o Luis.

    Na parte de fora um funcionário se aproximou e começou a puxar assunto. Explicamos o fato e o rapaz ficou surpreso, e ao mesmo tempo sem entender, o comportamento do colega. As 16:30 regressamos com direito a assistir um belo pôr do sol no pedraplan.

    A noite almoçamos no paladar La Colonial. Achei a comida com um sabor estranho, amarga. Falei com Graziela e ela disse que poderia ser o tempero. Persistir dizendo que tem algo azedo, mas me alimentei. As 20:00 assistimos um festival de música no museu da cultura, um evento local bem legal.

    Fique ligado Muchacha e Muchacho:

    1- Em Remédios o comercio e serviços só funcionam a partir das 09:00 da manhã, não adianta acordar cedo.

    2- Indico o Luis para conduzir até o Cayo de Santa Maria. O carro é muito bom e o preço também.

    3- Em Remédios visitem o museu da cultura e a feira de artesanato.

    4- Ficar atento ao chegar em Las Terrazas, pois existem funcionários preconceituosos e xenofóbicos.

    DIA 10.

    04/02/2019 – segunda-feira

    Cidade: Moron | Província: Ciego de Ávila

    Existe uma linha de ônibus direta, que sai da Cidade de Remédios e tem o seu destino final da Cidade de Moron. Porém, que faz esse trajeto é a EON, empresa de ônibus cubana do Governo. As passagens são restritas as pessoas que não são cubanas. Apesar de não ser proibida, a venda é restrita.

    Inicialmente pensei em ir pela EON, aproveitando que Graziela e Eu somos confundidos com nossos irmãos latinos cubanos. Iríamos embarcar sem chamar a atenção, tomando uma única atitude: não falar. Fui ao guinche e a funcionária pediu o documento, que após a análise retrucou que não poderia me vender. Depois fui chamado pela mesma funcionária que disse: “chama o motorista e conversa com ele, oferece um dinheiro que vocês embarcam”. O velho suborno.

    As 09:00, o ônibus chega ao terminal rodoviário vazio. Conversei com o motorista e ele pediu 10 CUC pela passagem minha e de Graziela. Pensei em pagar, mas depois minha consciência pesou e desistir, saindo do terminal rodoviário.

    A única opção é contornar por Santa Clara e ir no “pinga-pinga” até chegar na Cidade de Moron, arriscando a sorte. Na minha visão existem linhas para Ciego de Ávila, principal Cidade que está localizada na autopista de Cuba (uma espécie de BR-116).

    Aguardamos 30 minutos e nesse intervalo se passaram dois ônibus da TRANSMETRO lotados. Os ônibus da TRANSMETRO são do governo e tem um valor acessível, disponíveis para os trabalhadores cubanos. Além disso, os ônibus são confortáveis, todos no estilo de viagem. Quando algumas pessoas nos confundiam como cubanos, pensei em utilizar isso ao nosso favor em algum momento e a oportunidade chegou. Embarquei no TRANSMETRO com Graziela e um senhor que conhecemos na parada de ônibus, sentado em uma poltrona bem confortável, pagando o valor de 5 CUP com destino a Santa Clara.

    Depois de 1h na estrada desembarquei na universidade de medicina e fui caminhando com Graziela, debaixo de um forte sol, por 3 km. Fiz essa escolha errada, em vez de seguir o senhor e ir com ele em um ônibus urbano. No terminal rodoviário de Santa Clara, para nossa decepção, só descobrimos que tem caminhão até a Cidade de Sancti Spiritus, distante 76 km de Ciego de Ávila. Sem muita escolha embarcamos em um caminhão bem desconfortável, pagando o valor de 25 CUP, por pessoa.

    A viagem de 86 km, com uma parada na Cidade de Placetas, durou mais de 1h, chegando em Sancti Spiritus por volta das 13:00. Uma passageira nos orientou a seguir no mesmo caminhão até Jatibonico, uma pequena cidade localizada há 32 km de distância. Pagamos mais 10 CUP e seguimos.

    A viagem nesse trecho foi até rápida, também o motorista do caminhão foi “sentando o pé”. Chegando à pequena e pacata cidade de Jatibonico, onde me direcionei até o terminal rodoviário com Graziela. Para nossa surpresa não tinha passagens para CIego de Ávila, só no dia seguinte.

    A moça que nos orientou sumiu! Sem saber muito quem procurar, decidir arriscar uma carona na estrada após observar outras pessoas pedindo. Em um dos relatos foi mencionado que a maneira mais simples de se pegar uma carona é estender uma cédula. Puxei 20 CUP e fui. Poucos minutos uma carreta carregando um contêiner estaciona e manda subir. Chamei Graziela e seguimos.

    Para nossa sorte o Sr. Israel está indo para Ciego de Ávila. Iniciamos uma conversa e após contar um pouco da nossa história ele devolveu o dinheiro que tinha lhe dado, a cédula de 20 CUP do Camilo Cienfuegos. A viagem foi tranquila e desembarcamos no anel rodoviário da cidade as 18:00.

    Sr. Israel nos orientou a seguir no ônibus coletivo urbano da linha 22. No local onde desembarcamos aguardamos poucos minutos até embarcar em um micro-ônibus bem pequeno. Desembarcamos no terminal rodoviário de Ciego de Ávila as 18:20 e para nossa surpresa os funcionários não informava nada sobre ônibus e nem horários para a Cidade de Moron, dizendo que existem taxis coletivos que faz o transporte.

    Fiquei bem chateado e fui para rua buscar informação, mas estava um pouco difícil. Para piorar estávamos sem almoçar que me deixava em um nervosismo, desestabilizando a mim e Graziela. Observei vários ônibus da TRANSMETRO e deduzir deve está seguindo para os Cayos Coco e Gullermo, ou voltando. Parei alguns e os motoristas não informavam. Quando estava perto de desistir e procurar um arrendador em divisa em CIego de Ávila, aparece um funcionário da TRANSMETRO e nos orienta a esperar no ponto de ônibus que está em frente ao terminal rodoviário, que a partir das 19:30 vai aparecer os ônibus que vão passar pela Cidade de Moron.

    Aguardamos e as 19:20 aparece um ônibus da TRASNGAVIOTA, escrito Cayo Coco. O motorista desce e fui até a sua direção para saber se o veículo passa pela Cidade de Moron. Ele confirmou e disse que a passagem custa 5 CUP. Acomodamos as mochilas no bagageiro e embarcamos em um ônibus novo, bastante confortável.

    A viagem durou por quase 1h, pois fez muitas paradas de embarque e desembarque no trajeto. Chegamos na pacata e escura Cidade de Moron as 20:15, desembarcando em frente a estação de trem.

    Após alguns minutos de procura achei uma rua com alguns arrendadores, mas uma rua bem escura. No primeiro estava ocupado e no segundo o rapaz queria cobrar 20 CUC. Depois de um longo dialogo fechamos para o valor limite que podemos gastar: 15 CUC.

    A casa particular se chama Dra. Mirtha, que tem como dono o Alves (chamo ele de Abili). O quarto estava com muita poeira, paredes mofadas e lençóis “suspeitos”, me deixando bem cismado. Estava tão cansado e com fome que decidir ficar ali mesmo, com aval de Graziela.

    Almoçamos uma comida ruim e cara no único restaurante aberto da Cidade. No final da noite conversamos um pouco com o Abili, que nos informou que tem um amigo que faz o transporte até os Cayos Coco e Guillermo, cobrando o valor de 20 CUC, por pessoa. Aceitamos e pedimos para ele ligar e confirmar. Foi acertado a partida no horário das 09:00 da manhã.

    Fique ligado Muchacha e Muchacho:

    1- Se for de Remédios até Moron vá pela EON, mesmo que pague caro ou suborno (infelizmente).

    2- Não indico a casa Dra. Mirtha (Abili).

    3- Caso queira ir de Ciego de Ávila até Moron, vá de TRANSMETRO.

    DIA 11.

    05/02/2019 – terça-feira

    Cidade: Moron (Cayos Coco e Guillermo) | Província: Ciego de Ávila

    Acordei com Graziela bem cedo para tomar café e quando Graziela foi abrir o portão a chave ficou presa na fechadura. O Abili quando visualizou tentou ajudar e quebrou a chave no portão. Depois o cara surtou e começou a da vários pontapés no portão e gritar, que nem um louco, deixando a mim e Graziela bastante assustados.

    As 09:00 da manhã, o Sr. Arnaldo estava buzinando na porta do Abili com seu carro Lada branco, bem conservado e arrumado. Com ele estava duas mulheres belgas, que vão para o Cayo Coco.

    Passamos por toda a Avenida principal da Cidade de Moron e chegando até o pedraplan, trecho que interliga ao Cayo Coco. Esse pedraplan tem uma extensão menor que o do Cayo de Santa Maria, totalizando 27 km. Na metade dele existe uma torre de controle e fiscalização da policia cubana, com um letreiro escrito “Jardines Del Rey”. Ali identifica que começa o arquipélago Sabana-Camagüey.

    Chegando ao Cayo Coco o Arnaldo aconselhou a conhecer a Playa Los Flamingos, que segundo ele é a mais bonita. De fato é uma praia bem bonita, caracterizada pelas águas azuis, bancos de areia com a tonalidade branca e a foz de um rio com as águas claras. Curtimos por 1h no local.

    A praia Clássica do Cayo Coco é bonita, mas possui ondas e concentra muitas pessoas. Essa concentração se dá pelo fato de haver muitos hotéis e barracas. As belgas se incomodaram com a quantidade de gente, e nós também, por isso a escolha de ir a Playa Los Flamigos, que de fato é bem mais bonita e mais tranquila.

    No inicio do trajeto tinha acertado o valor de 15 CUC com o Abili e o Arnaldo, mas esse valor é até o Cayo Coco. Para o Cayo Guillermo deve acrescentar mais 5 CUC, ou pegar o ônibus circular que custa o mesmo valor. Preferimos a pagar o Arnaldo, que é um cara bem tranquilo, conduzindo a mim e Graziela para o Cayo Guillermo. Na média o valor é de 20 CUC e quando foram cobrados 15 CUC achei até barato. As belgas preferiram ficar na Playa Los Flamingos.

    Arnaldo trafegou mais 32 km e nos deixou no Cayo Guillermo, precisamente no acesso a mais famosa praia e considerada a mais bela de Cuba: Playa Pilar. Acertei com ele que estarei as 17:00 no mesmo local que está me deixando agora.

    Caminhei com Graziela por uma pequena trilha e uma ponte feita de madeira, aparentemente uma construção nova, com a cor azul e branca. Poucos minutos já visualizada o tom azul da praia Pilar.

    A praia Pilar parece um pouco com a Las Gaviotas, um tom azul-piscina, águas calmas, frias, contudo eram menos transparentes. Ao fundo tem uma ilhota com um farol que deixa a paisagem ainda mais “surreal”, parecendo um quadro, uma obra de arte, sei lá, é uma beleza encantadora. Visualizava vários cardumes de peixes pulando, além das estrelas do mar. A praia estava um pouco cheia devido às barracas que oferecem serviços. A praia Pilar tem uma faixa de areia branca, limpa e pequena. Ao Leste estão os hotéis localizados na costa, em meio as grandes rochas.

    O nome Pilar é devido ao barco do escritor estadunidense Ernest Hemingway, que escolheu Cuba para viver e produzir seus livros. Um dos mais conhecidos, e que levei para a leitura, é o livro Velho e o Mar.

    Fique ligado Muchacha e Muchacho:

    1- A Playa los Flamingos não possui uma estrutura de serviços, porém é a mais bela do Cayo Coco.

    2- A Playa Pilar possuem poucas barracas que oferecem serviços.

    3- Não tente ir utilizando os ônibus da TRANSMETRO aos cayos, pois corre o risco de ser punido e até mesmo preso.

    DIA 12.

    06/02/2019 – quarta-feira

    Cidade: Santiago de Cuba | Província: Santiago de Cuba

    Madrugada do dia 06 de fevereiro, acordei as 03:00 da manhã. Arrumei as mochilas com Graziela e entreguei as chaves a Abili, não queria ficar na casa dele nem mais um minuto. Seguir até a estação de trem e comprei a passagem para Ciego de Ávila, no horário das 06:00 da manhã. O valor da passagem saiu 1 CUP, por pessoa.

    Trem velho, sem condições de rodar. Mas foi nele que rolou a viagem. Durante o trajeto ocorreram várias paradas em pequenas estações. O Percurso durou 1h.

    Em Ciego de Ávila embarquei no micro-ônibus (que dei o nome de guaguinha), da linha 22, até o terminal rodoviário. O veículo estava lotado e o povo retado por conta da mochila cargueira que carregava.

    Na Via azul comprei a passagem com destino a Santiago de Cuba, no horário das 10:45, sendo que cada uma custou 24 CUC. Hoje a Via Azul mostrou a sua má fama, o ônibus atrasou 1h e 30 minutos, realizando o embarque as 11:30, numa viagem de quase 600km. A duração foi de 10h, chegando ao terminal rodoviário de Santiago de Cuba as 21:30.

    No terminal rodoviário fui abordado por uma senhora, se apresentando pelo nome de Lilian Hernandez, oferecendo casa. Após dialogarmos fechamos o valor de 10 CUC. Deixei pagas duas diárias.

    A casa fica no centro da Cidade de Santiago de Cuba, “próximo de tudo”. O arrendador em divisa está no primeiro andar de um cortiço. Bem simples, mas arrumado, o quarto conta com os itens básicos, entretanto só faltou um guarda roupa ou algo para deixar as mochilas e roupas, mas para mim o local está ótimo.

    Mesmo no final da noite, precisamente as 23:45, resolvi caminhar com Graziela pelas ruas do centro histórico e comercial. Visualizamos uma fabrica de pães aberto e fomos lá. Compramos 10 pães frescos, cada um por 1 CUP. Pra nossa surpresa visualizamos uma cafeteria aberta e bebemos alguns cafezinhos, que por sinal estava muito ruim.

    Fique ligado Muchacha e Muchacho:

    1- Se for para Santiago de Cuba, partindo de Ciego de Ávila, tente negociar com os taxis coletivos. Sai mais em conta e o trajeto é mais rápido.

    2- No terminal rodoviário de Santiago de Cuba terá várias pessoas oferecendo casa, sendo que algumas não são arrendadores. Tome cuidado! Aconselho a não ficar hospedado nas casas que não são arrendadores em divisa.

    3- Tente se hospedar no Centro da Cidade ou perto do terminal rodoviário, da para fazer várias localidades a pé.

    DIA 13.

    07/02/2019 – quinta-feira

    Cidade: Santiago de Cuba | Província: Santiago de Cuba

    No Planejamento em Cuba fiz de tudo para ver se dava para incluir a trilha histórica da Sierra Maestra no orçamento, mas sem sucesso. O valor é muito alto. Mesmo assim, sem essa possibilidade, incluir a Cidade de Santiago de Cuba pela sua historicidade e relevância no País. Hoje tentarei ir até o Castelo El Moro, um local bastante cobiçado da Cidade e com uma bela vista da faixa litorânea sul/sudeste da Ilha de Cuba.

    Bem, infelizmente a tentativa se frustrou, pois pedir o dia todo com Graziela aguardando o bendito ônibus da linha 11 que não passou. Tentei ver um taxi coletivo, mas o cara deve ter me achado com “cara de rico” e quis me cobrar 35 CUC, por pessoa. Pior que xingar um cubano é deixar “falando sozinho”, eles odeiam e acabei fazendo isso. Fiquei retado pela deslealdade, basta cobrar o preço que qualquer um solicita pelo serviço.

    Pela tarde caminhei com Graziela e conhecemos o badalado centro comercial, o centro histórico, a orla e a área portuária, além das ruas e vielas. Conheci várias praças e a principal delas, a Plaza da Revolução Antonio Maceo, que para mim é a mais bela de toda Cuba, tanto que quando cheguei sentir uma energia positiva e bastante forte. Permaneci ma praça da revolução até o pôr do sol.

    No final da noite, as 23:15, fizemos uma caminhada de 4 km, pegando toda a extensão da Av. Antonio Maceo, até a Calle 4, onde está localizada o terminal de caminhões provinciais. Nosso próximo destino é a Cidade de Guantánamo e o primeiro caminhão sai as 05:00 da manhã. Mesmo tarde, o terminal estava movimentado.

    Fique ligado Muchacha e Muchacho:

    1- Existem ônibus coletivos para fazer os trajetos nas localidades de Santiago de Cuba.

    2- Se for para o Castelo El Moro, tente fechar com um taxi coletivo ou carro particular, pois o ônibus da linha 11 até hoje espero.

    3- O valor da trilha na Sierra Maestra, em fevereiro de 2019, estava custando 170 dólares, por pessoa. Para alguns pode ser um valor bom.

    4- Conheça e permaneçam por alguns minutos observando a Plaza da Revolução de Santiago de Cuba, faça esse teste e se puder me manda uma mensagem.

    5- Os almoços em Santiago de Cuba são ruins.

    6- A cidade tem um “ar pesado”, devido a grande fumaça produzida pelos veículos velhos e mal conservados que circulam na Cidade.

    DIA 14.

    08/02/2019 – sexta-feira

    Cidade: Baracoa | Província: Guantánamo

    Acordei com Graziela as 03:00 da manhã, menos de 4 horas de sono. Despedimos da Sra. Lilian Hernandez e seguimos caminhando por toda a extensão da Avenida Antonio Maceo até o terminal de caminhões. A madrugada de cuba estava movimentada, com pessoas em bares, praças, caminhando pelas ruas. O barato de Cuba é que você pode caminhar em qualquer horário e localidade, sem medo da violência, não existe.

    O caminhão velhinho, pequeno, desconfortável, logo ficou lotado, dando a partida as 05:25 da manhã. O Valor da passagem custou 25 CUP, por pessoa. Para o meu azar, uma senhora sentou no banco da frente, tapando toda minha visão e com o movimento do caminhão ela acabava me prensando na base de proteção da carroceria do veículo. Essa foi uma das piores viagens e mais perigosas que fiz utilizando o caminhão, alem da mais fria. A pista estava com muita neblina e o motorista em alta velocidade.

    O trecho de 80 km durou 2h e 5 minutos, devido as paradas nas Cidades para embarque e desembarque. O final de linha do caminhão é no terminal rodoviário principal da Cidade de Guantánamo.

    Fiquei um pouco impressionado com a Cidade de Guantánamo, capital da província homônima. As ruas bem arborizadas, casas arrumadas, praças, lojas estruturadas, ruas asfaltadas, bem interessantes. No meu ponto de vista achava encontrar uma Cidade feia, pacata, bem pobre. Ainda bem que me enganei. Isso é a alienação dos meios de comunicação que informam o que quer e só retratam Guantánamo como o local em que está a prisão dos Estados Unidos.

    Bem, voltando aos fatos, chegando ao terminal rodoviário e encontrei dificuldade e resistência dos funcionários informarem transporte para a Cidade de Baracoa, nosso destino final. Um dos relatos que pude ler, o autor destaca que em Guantánamo ele teve alguns problemas devido a população não gostar de estrangeiros. Achei que seria um exagero, mas ao estar lá parece que não é.

    Fomos informados por um taxista que o ponto de apoio para Baracoa fica no final da Cidade, que levaria no valor de 3 CUC pela corrida. Conversei com Graziela e aceitamos.

    De fato o ponto de apoio é longe, quase 8 km do terminal rodoviário. Chegando lá encontramos várias pessoas aguardando transporte. O terminal é um vão pequeno, sujo e mal conservado, com um funcionário que estava fardado com a camisa do ministério do interior e uma funcionária que fiscaliza o banheiro e cobra o valor de 1 CUP para o uso.

    Ao chegamos as pessoas que estavam no aguardo perceberam que éramos estrangeiros e que o destino é a Cidade de Baracoa. Um rapaz, aparentemente bêbado e vendendo guloseimas nos abordou e falou: “Baracoa? Cobro 50 CUP para colocar no ônibus”. No inicio achei engraçado e rir, pensando que o cara tinha algum problema, mas me enganei.

    No ponto de apoio existe um esquema forte de passageiros, onde o funcionário do ministério do interior, que trabalha como um fiscal e ordena o embarque de passageiros. É aí surge à máfia. Quem paga a propina é inserido na frente dos demais. Fiquei bem chateado. Para piorar, um rapaz começou a puxar assunto e ao saber que Graziela e Eu éramos brasileiros começou a provocar dizendo que escolhemos Bolsonaro como presidente e que Cuba não era nosso lugar, falando ainda que tínhamos dinheiro e que era para fretar um carro. Ai me retei e retruquei, respondendo a “altura”:

    “Aqui vocês não tem o poder de escolha e não vota num período de 04 anos. Além disso, o meu voto é apenas um em um país que tem 210 milhões de habitantes. No Brasil, quem vence é que tem a maior quantidade de votos e acredito que você não tenha esse tipo de conhecimento porque não conhece o sistema eleitoral do Brasil. E para finalizar, tudo que você pensa, projeta e deseja ocorre em Cuba? Acho que não.”

    Depois dessa conversa algumas pessoas concordaram comigo e vieram se aproximar, entre essas pessoas um rapaz chamado Yvelise, um ex jogador de beisebol que participou da seleção Cubana e jogos internacionais. Ele e sua companheira se aproximaram e disseram que iria nos ajudar. Um jovem, mais novo que Eu, se juntou e falou para irmos até a Cidade de Ímias e de lá pegar outro transporte para Baracoa, pois ali seria difícil.

    Um caminhão, que faz o transporte de Guantánamo para Baracoa e estava estacionado próximo a parada de passageiros, queria nos cobrar um valor 5 vezes a mais, deixando as pessoas revoltadas. Yvelise começou a falar que eles não são cubanos e que não representam Cuba, pois em Cuba o povo é justo e não mau caráter. O Yvelise ficou bem chateado.

    Embarcamos em um ônibus da TRANSMETRO, após a espera de 4h. Só conseguimos entrar no ônibus porque Yvelise, sua companheira e o garoto fizeram uma barreira para que pudéssemos entrar. Pagamos 5 CUP nas duas passagens.

    A estrada é bonita e perigosa, curvas muito sinuosas, sendo que na margem direita está o mar e na margem esquerda a serra do Parque Nacional Alexander Von Humboldt (nome bonito, de um geógrafo). O motorista “sentava o pé” e Eu tomava vários sustos. Sem duvida esse trecho de Guantánamo para Ímias é o mais belo e perigoso percurso. O mar azul, de águas cristalinas, formando várias piscinas imensas, me deixando encantado. Não sabia se olhava para o mar ou as serras, mas nesse momento o mar atraiu mais a minha atenção.

    O ônibus fez uma parada na Cidade de Santo Antonio Del Sur e depois seguiu, as pessoas não estranhavam a mim e Graziela porque achavam que éramos Cubanos. A mochila cargueira estava debaixo do banco e Graziela não conversava comigo, então ninguém desconfiava.

    O trecho de 83 km durou 2h, chegando na pequena Cidade de Ímias as 13:00. Ao Sul, Ímias é uma das Cidades que está no extremo leste da ilha, sendo uma das últimas. No local desembarcamos em um pequeno ponto de apoio rodoviário e aguardamos no meio da multidão. Yvelise informou que iria nos ajudar a embarcar para Baracoa.

    Não demorou muito e um caminhão se apróxima com destino a Baracoa. Embarcamos na cabine, com ar-condicionado, pagando o valor de 50 CUP, por pessoa. O motorista não era muito de conversa, mas ficou feliz pelos 100 CUP que recebeu.

    Esse caminhão foi o mais confortável, um KAMAZ branco, bem conservado. O motorista, bem cauteloso, não poderia acelerar, pois a partir de Ímias a estrada possui um aclive considerado e muitas curvas sinuosas. Haja mão no volante.

    Esse trecho está na Serra Humboldt, só subida. O percurso de 68 km foi realizado em 3 horas e a velocidade máxima não chegava 40 km. Sem duvidas essa estrada é a mais perigosa que já trafeguei na vida, é coisa surreal, de louco. Aos poucos visualizava o imenso mar e a pequena Cidade de Ímias metros abaixo. Baracoa está do outro lado da Serra Humboldt.

    Chegamos em Baracoa as 16:00, desembarcando no terminal provincial de caminhões. Fomos abordados por uma senhora que deu o valor da casa de 15 CUC. Tentei negociar mas ela foi bem resistente. Caminhando pelas ruas de Baracoa, morrendo de fome, um senhor me visualizou com a cargueira e perguntou se estava procurando casa. Após conversar chegamos um acordo no valor de 12 CUC, após a ratificação de sua esposa.

    O nome dele é Guillermo e é chefe de cozinha. O nome da sua casa é caracol, localizada bem perto do Malecon de Baracoa. Quando chegamos na residência ele apresentou a sua esposa Yvelina. Ficamos acomodados no quarto verde, que é pintado todo de verde. A casa tem três quartos: rosa, amarelo e verde. O rosa estava ocupado com um casal de franceses. O quarto verde possui: três camas, ar-condicionado, ventilador, frigobar, 8 janelas, vista para o mar, a serra e o morro mais alto da Cidade: El Yunque, com 575m de altitude.

    Saímos para ir atrás de um local para almoçar, mas estava tudo caro. O Guillermo é chefe de cozinha e ofereceu almoço no valor de 6 CUC para mim e Graziela. Inicialmente resistir, mas depois aceitei. Estava morrendo de fome e ainda não tínhamos almoçado em nenhuma casa. Até que valeu o dinheiro, a comida estava muito saborosa.

    Fique ligado Muchacha e Muchacho:

    1- Se for ao ponto de apoio dos caminhões para Baracoa, pegue o transporte no ponto de ônibus em frente a rodoviária. Fizemos a escolha errada do taxi.

    2- No ponto de apoio deve ter muita paciência. Caso não queira passar esse perrengue existe ônibus da Via Azul que faz a linha.

    3- Observe a estrada entre Guantánamo e Baracoa.

    4- A prisão dos Estados Unidos fica na Baía de Guantánamo, distante 40 km da área urbana.

    DIA 15.

    09/02/2019 – sábado

    Cidade: Baracoa | Província: Guantánamo

    Acordei cedo e fiquei na cama, pois o céu estava carregado de nuvens e uma chuva fraca começou a cair. As 07:30 levantei e fui tomar café com Graziela. Em Baracoa não tem muitas opções de paladares, só encontramos um localizado próximo a CADECA. Esse estabelecimento fica aberto no turno da manhã.

    Hoje conheci a Playa Miel, principal praia da Cidade. A praia possui uma areia preta e o mar bem revoltoso, não sendo aconselhável ao banho. As ondas altas quebram na areia, é algo assustador. A paisagem é bonita, com uma grande vegetação da mata atlântica concentrada nas bordas da Serra Humboldt. A praia tem seu inicio após um estádio de futebol abandonado, que aos poucos despeja o resto da construção ao mar. Nesse trecho inicial da Praia Miel a faixa de areia está muito suja, cheio de entulhos. A praia estava vazia, sem nenhum banhista.

    Ao final da praia está a foz do Rio Miel, principal da Cidade. Uma grande extensão, entre as margens, impediu de prosseguir. Um morador local orientou que possui uma canoa e paga o valor de 1 CUC, por pessoa, pela ida e volta. Paguei com Graziela e seguir.

    No outro lado está o Parque Nacional Majayara, que necessita pagar uma taxa de acesso. Pagamos 250 CUP por dois ingressos, com direito a conhecer todos os atrativos do parque.

    Os atrativos são um mirante, uma gruta alagada, que estão na propriedade particular, e uma pequena praia. O mirante está localizado no sitio de um morador local, que se oferece para conduzir o visitante. A vista é bonita, visualiza uma densa mata e o mar. Seguindo pela trilha chega ao local conhecido pelo nome de Cueva Del Água, onde é uma gruta alagada, formando uma pequena piscina de águas cristalinas. No local existe uma espécie de camarão albino e cheguei visualizar o pequeno animal.

    Ao final o rapaz cobrou uma taxa de colaboração e acabei pagando o valor de 20 CUP. Na volta peguei a bifurcação da direita e cheguei uma pequena praia, chamada de Playa Blanca. Essa pequena praia é perigosa para banho, em que sua faixa de areia possui um conglomerado de rochas e as ondas são muito fortes, não valendo o valor pagado para conhecer. Permaneci no local até o final da tarde.

    As praias de Baracoa não são caribenhas, a maioria delas parecem com as praias daqui da Cidade de Salvador. A revolta das águas me lembrou das praias da Pituba e Amaralina, onde são poucas freqüentadas devido as ondas fortes e o perigo de se afogar.

    Baracoa foi destruída após dois furacões passarem com força máxima. O primeiro foi em 2016, batizado pelo nome Matthew, categoria 5, devastou a província de Guantánamo e suas Cidades; o segundo foi em 2017, categoria 4. Nesses dois eventos não ocorreu nenhum óbito, apenas perdas materiais. O sistema de alerta em Cuba, apesar de tradicional e considerado “arcaico”, é muito eficiente. As perdas matérias são inevitáveis, mas o sistema que evita a perda de vidas é eficiente.

    No final da tarde, ao trocar dinheiro na CADECA, conheci um argentino que estava com a camisa do Esporte Clube Bahia. Começou quando ele viu minha tatuagem, em que um dos desenhos é o escudo do Bahia. Posteriormente fui abordado por ele segurando a camisa do Bahia.

    A noite, em um bar no centro de Baracoa, outro rapaz me aborda, vestido com a camisa do Bahia. Ele é baiano, da Cidade de Juazeiro. Contei a ele a história do rapaz argentino e poucos minutos ele aparece com sua companheira. Ficamos resenhando por várias horas. O argentino se chama Abel Santorenegão e o baiano se chama Tarciano. É uma coisa de louco juntar três pessoas vestidos com a camisa do Bahia em uma Cidade do extremo leste de Cuba e pouco visitada por estrangeiros.

    Não fui até o El Yunque, morro que possui o ponto mais culminante de Baracoa. Soube que o valor de acesso são 13 CUC, por pessoa. Fiquei cismado e achei caro. Graziela bem que tentou, mas Eu coloquei na cabeça que não ia pagar esse valor. Vou me arrepender depois.

    Fique ligado Muchacha e Muchacho:

    1- A playa Miel não é boa para banho. Águas violentas.

    2- Ao caminhar pelo Malecon fica de olho para não tomar um banho, a onda bate com violência na calçada, molhando todo o asfalto.

    3- O itinerário no Parque Nacional Majayara, em minha opinião, não vale apena.

    4- Faça o trajeto até o cume do El yunque, até hoje me arrependo de não ter feito.

    5- O paladar para almoçar mais barato é o restaurante 1511, que abre a partir das 12:00. Os valores são cobrados em CUP.

    DIA 16.

    10/02/2019 – domingo

    Cidade: Camagüey | Província: Camagüey

    Comprei a passagem na Via azul com destino a Camagüey no horário das 13:00, tendo a manhã livre com Graziela para fazer algo. A Cidade de Camagüey não está no planejamento, inserimos porque essa primeira parte do roteiro não ocorreu nenhum imprevisto e ganhamos dias de saldo.

    Nesse período da manhã caminhei com Graziela pelas ruas de Baracoa e no Malecon. Em seguida descansamos na praça e assistimos a gravação de um clipe, muito engraçado. Quando fomos almoçar descobrimos o restaurante que vende em CUP, o 1511. Mandamos fazer uma marmita e levamos para almoçar na viagem.

    Para a Cidade de Camagüey, o Guillermo indicou um amigo e falou que ele ia nos pegar na rodoviária, cobrando o valor de 12 CUC. Aceitamos. A Viagem foi longa, o ônibus partiu as 13:00 e chegou na Cidade de Camaguëy as 23:45, quase 11h na estrada.

    No terminal um rapaz se apresenta como Renê e falou que o amigo de Guillermo não poderia nos hospedar, sendo ele o indicado. Conversei com ele e seguimos. Estava um pouco estressado, com fome, que questionei o valor do bici-taxi, com um pouco da voz alterada.

    A casa de Renê fica 4 km distantes da rodoviária e estava com previsão de chuva, sem condições de ir a pé. O rapaz queria cobrar 3 CUC e indaguei. Após Renê conversar ele abaixou para 2 CUC. Seguimos e chegamos à arrumada casa Josefina e Renê, ficamos hospedado no quarto 2. Tomei um banho e fui dormir.

    Fael Fepi
    Fael Fepi

    Publicado em 10/04/2020 00:51

    Realizada de 26/01/2019 até 26/02/2019

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    Fael Fepi

    Ilha de Itaparica, Bahia.

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