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Alberto Farber 12/09/2024 11:41
    Chapada dos Veadeiros

    Chapada dos Veadeiros

    20 dias pelas águas cristalinas e biodiversidade do cerrado brasileiro.

    Trekking Hiking

    Em março de 2024 planejei conhecer a Chapada dos Veadeiros em Goias. Após uma excelente experiência na Chapada Diamantina, acreditei que seria um ótima escolha de destino, mesmo a época não sendo a ideal.

    Foram várias trilhas feitas e ainda mais cachoeiras mergulhadas. A seguir tentarei resumir as melhores experiências que tive pela região da Chapada dos Veadeiros.

    1- CHEGADA

    Aluguei um veículo simples (fiat mobi) em Brasília, estava bastante apreensivo por dirigir em uma cidade diferente, com um carro diferente e movimento das estradas. Saindo de Brasília, pista tripla, radar a cada 200m, movimento de carros. Depois de rodar uns 50km me acostumei e acalmei, a viagem fluiu tranquila e sem imprevistos. Segui em direção a Alto Paraíso de Goiás, a cidade escolhida pela maioria dos viajantes como base para se aventurar pela chapada. Passaria os próximos 20 dias entocado na região tentando conhecer e explorar o máximo possível e por conta própria. A estrada e a viagem até lá são incrivelmente tranquilas, estradas muito boas e retas infinitas cruzando os chatos do centro-oeste, o horizonte à perder de vista, lavouras aos montes adentrando o cerrado. Para olhos atentos é possível perceber e ver toda a problemática envolvendo o agronegócio x preservação de biomas.

    No caminho parei em São João da Aliança para esticar as pernas e comer alguma coisa, a primeira impressão foi ruim, a última também. Torcia que Alto Paraíso fosse bem diferente. Felizmente o hostel que escolhi para me hospedar tinha uma estrutura excelente e também não estava muito cheio. A proprietária é muito solicita e também fiz uma grande amizade com a Livia, que estava iniciando o trabalho no hostel.

    A cidade de Alto Paraiso é muito sossegada, imagino que na época de seca, época ideal para visitar os atrativos, seja muito mais movimentada. Tudo se resume em uma única avenida, restaurantes, bares, padarias, farmácias, lojas etc. Claro que há outros pontos bem legais fora dalí, mas é possível fazer tudo caminhando tranquilamente. Logo quando cheguei e fui caminhando até o supermercado para comprar algo para fazer de janta, um casal de araras passou voando e cantando sobre mim, com o sol já se pondo, foi um momento marcante.

    Dica 1 - Para se deslocar para as trilhas e cachoeiras e outras cidades na chapada existem 3 opções: a primeira e a melhor é alugar um carro, um carro pequeno te leva para quase todos os atrativos tranquilamente, a segunda opção é contratar agências, o que pode encarecer a viagem e a terceira opção é tentar arrumar carona com alguém do hotel/hostel.

    Dica 2 - É muito importante que se tenha o tracklog das estradas dos atrativos, principalmente os mais distantes, visto que o sinal de internet não funciona bem, o maps nem sempre é preciso, as sinalizações nem sempre existem ou estão bem visíveis e as estradas possuem VÁRIAS bifurcações, uma simples distração e você está indo no caminho errado.

    2 - COMPLEXO MACAQUINHOS

    O Complexo Macaquinhos fica bastante distante da cidade de Alto Paraíso, é preciso pegar o asfalto sentido Brasília, depois de uns 10km entrar a esquerda em uma estrada de chão e dali são cerca de 35km - 1h em estrada de chão de boa rolagem. Para quem visita esse atrativo em carro comum, precisa deixar o carro antes da entrada do complexo, em um local sinalizado com placa. Existe uma descida muito íngreme que pode dificultar muito o retorno, principalmente se chover, a última coisa que você vai querer é pedir e esperar um guincho naquela distância. A entrada no complexo custa 50R$ e pode ficar o dia todo.

    Ao longo da trilha são 10 pontos d'agua para banho, algumas cachoeiras, alguns poços e partes do rio. Uma trilha muito legal, com várias flores e plantas diferentes, não é difícil, mas é uma trilha ''técnica'' com muitas pedras formando degraus e raízes. Sigo direto para a última queda (+ - 4km), a Cachoeira do Encontro. O dia estava perfeito e a água também. Fiquei por ali por 1h e então comecei a voltar parando em todas as cachoeiras e pontos de banho possíveis, a próxima é a Cachoeira da Caverna. Excelente ponto de banho, água transparente, sol batendo direto, uma maravilha. Retornando mais um pouco existe um buraco formando uma jacuzzi natural, nesse local fiquei de molho por um bom tempo, tranquilo de mais. Há também a Cachoeira do Banho Pelado, mas achei a descida para água um tanto arriscada, ainda mais pelado hehehe. De todo o Complexo essa foi a única em que não entrei. O sol estava bastante forte, levei uma sapecada. Voltei mais um pouco na trilha e estava na 1° cachoeira, um pouco mais simples que as outras, mas igualmente deliciosa para ficar embaixo banhando.


    A trilha sempre passa costeando o rio.

    Ultima cachoeira e primeiro ponto de banho.

    Cachoeira da Caverna. Local de banho excelente.

    Banho pelado. Aqui sem banho.

    Jacuzzi natural.

    Ultima cachoeira antes da saída.

    No caminho de volta. Estradão de cerrado com lavouras no entorno.

    Cheguei ao Complexo por volta das 10:30h e fui embora por volta das 16:30h, já que fecha as 17h e precisaria dirigir mais 1h facilmente até chegar na cidade. De todos os locais que visitei na chapada, este foi o que mais gostei no quesito "Tomar banho de Cachoeira". Todos os pontos são ótimos, bonitos e relativamente seguros, desde que se tenha uma mínima noção em água.

    O ideal é levar água, lanches e protetor solar. Um óculos de natação é bem interessante para quem gosta de mergulhar.

    3 - CATARATA DOS COUROS

    Para acessar a Catarata dos Couros é necessário seguir na rodovia sentido Brasília por uns 15km e então pegar a direita uma estrada de chão por mais 20km. O tempo de deslocamento é de aproximadamente 1 hora. Nesse dia experimentei seguir o Maps e não deu certo, precisei abrir o tracklog em outro app para chegar ao local de estacionamento. A estrada é boa, com alguns buracos e na volta em alguns pontos fiquei com medo de atolar o carro já que havia chovido e havia vários pontos de lama, mas tudo saiu bem no final.

    Esse atrativo é gratuito, o que se faz é uma contribuição espontânea para auxiliar na manutenção do estacionamento. No local há algumas poucas pessoas que tentarão te dizer que você só pode fazer a trilha com guia, tentando te vender o serviço, mas não é verdade, é possível sim fazer sozinho e foi o que fiz.

    Juntei minhas coisas e comecei a caminhar, sem saber muito bem ainda a história, aqui foi onde avistei pela primeira vez a linda flor de Candombá. Iniciei a caminhada indo em direção à última queda. A trilha no começo é bastante exposta, a vegetação é baixa, o deslocamento é rápido, fazia sol com algumas nuvens de chuva por perto. Pelas tantas a trilha começa a descer forte em direção ao rio, então se chega ao primeiro mirante, talvez o mais bonito desse atrativo, a vista é MUITO IMPRESSIONANTE. Observa-se 3 quedas em sequência, grandes, imponentes, muita água, muita força. A vista do outro mirante é igualmente impressionante, fico curtindo sozinho por ali, vendo as nuvens de chuva se aproximar.

    Vista do mirante para as 3 principais quedas.

    Na queda do meio. Parada para banho e lanche.

    A partir desse ponto é necessário voltar um pouco na trilha, subindo, e pegar um desvio para acessar a parte de cima de uma das quedas. A água corre forte, limpa, com muita energia boa. Aproveito para entrar na água em um canto isolado, único ponto possível devido ao alto volume de água, faço um lanche e aproveito a vista. Depois de um tempo sigo a trilha e saio aos pés da 3°/1° queda, depende do ponto de vista, uma MURALHA de água. Fico de frente para ela por pouco tempo e saio completamente encharcado, que sensação maravilhosa estar ali. Logo também começa a chover.

    Tempo fechado.

    A trilha segue pelas pedras, costeando o rio, até chegar na 1° cachoeira (perto do estacionamento). Muito bonita também, mas não se compara com as anteriores. Fico pouco tempo ali, a chuva atrapalha um pouco. Volto para o estacionamento/entrada. Pago um valor de 10R$ de colaboração pelo estacionamento e 12 R$ em um suco natural de alguma fruta que já não me recordo, mas muito saboroso.

    4 - MIRANTE DA JANELA E CACHOEIRA DO ABISMO

    Esse atrativo fica na localidade de São Jorge, cerca de 30km distante de Alto Paraíso. O caminho é lindo, passando pelo Morro da Baleia e Jardim de Maytrea, essa última, parada obrigatória na beira da estrada para se admirar, a entrada é proibida, fica em território do Parque Nacional, entretanto tem quem o faça.

    Depois de passar pela Vila de São Jorge são mais 4-5km de estrada de chão para chegar até o estacionamento do local, estrada horrível. A entrada custa 50R$. A trilha é bem demarcada, curta (3km), várias flores pelo caminho e a vegetação também muda bastante ao longo da trilha.

    Quando cheguei ao mirante começou a chover, me escondi embaixo das pedras por pelo menos 30min, quando finalmente a chuva da uma trégua e consigo explorar o local. O ''desafio'' aqui para quem vai sozinho em dia de pouco movimento é achar a tal da ''Janela'', depois de me bater um pouco consigo encontrar. Com uma função enorme e num relampejo de sol, consigo tirar uma foto aos trancos e barrancos. A 'Janela' realmente é muito bonita e para quem tem habilidade (eu não) entrega fotos muito bacanas.

    Mirante da Janela

    Cachoeira, dentro da área do PNCV.

    Trilha.

    Fico curtindo por ali praticamente sozinho por um bom tempo até que descido regressar, o sol sai forte nesse momento, e na volta tem uma subida íngreme, um local mais fechado onde a umidade fica bem alta e o suor começa a escorrer na testa. Tudo tranquilo, logo mais adiante está a Cachoeira do Abismo, uma queda que se forma somente na temporada das chuvas. Sim, tem suas vantagens fugir da época da seca para visitar alguns pontos.

    Saindo dali, parei na Vila para almoçar, encontro um restaurante indicação do hostel, comida boa, caseira, forte. Já são 16h e volto para São Jorge, não sem antes parar para admirar o Jardim de Maytrea.

    Cachoeira do abismo.

    Jardim Maytrea.

    5 - TRILHA SERTÃO ZEN

    De todos os locais que pesquisei na fase de planejamento da viagem, essa era a trilha que eu mais queria fazer, porque justamente era uma "Trilha de Verdade", com uma distância maior, exige certa habilidade de navegação, por estar dentro de território do Parque Nacional e também por chegar a uma das cachoeiras mais bonitas de toda a região.

    Quando eu comentei no Hostel que iria fazer essa trilha, e ainda mais sozinho, TODAS as pessoas me desencorajaram, inclusive acredito inventando histórias de pessoas que se machucaram nas pedras, causos de quase morte heheheh. Cheguei a cogitar a contratação de um guia, mas estava seguro e queria fazer isso sozinho.

    No dia, levantei as 6:20h da manhã. Banho, roupas, café, terminar de fechar a mochila e as 7:40h estava saindo caminhando do hostel. É possível ir com o carro até um ponto mais próximo, mas queria caminhar. As 8:10h estava oficialmente na placa que identifica o inicio da trilha.

    Sinalizações da trilha.

    A largada da trilha já é subindo, o morro não é tão longo, mas é empinado, no final da subida já é possível ver toda a cidade de Alto Paraíso. Caminho forte, bastante animado. Conforme a trilha vai subindo a vegetação também vai mudando. Nesse caminho vejo algumas plantas de "Sempre Vivas" floridas, outras para abrir e também uma vegetação mais intacta do que nas outras trilhas. Terminada a subida, em uma placa de sinalização, é possível seguir por 3 caminhos, a Trilha Nova (até então oficial), a Trilha Velha (proibida, para conservação) e uma nova trilha que ainda não havia sido liberada. Sigo pela Trilha Nova, a partir desse momento o que já estava legal fica ainda melhor. Um diversidade de plantas, flores, cores, arvores com cascas super grossas, baixinhas, uma riqueza enorme.

    A casca grossa das arvores é uma proteção natural com os incêndios naturais que ocorrem na época da seca.

    Muitas flores e cores pelo caminho.

    Flor de sempre-viva.

    Mirantes pela trilha.

    Continuo caminhando forte, a trilha em determinado ponto entra em um terreno bastante pedregoso, exigindo mais atenção na navegação. Esse trecho toma mais de 1 hora. Caminho, caminho e caminho mais um pouco, quando vejo saio no Rio Ferreirinha, tiro os tênis para atravessa-lo e dali desço finalmente para a cachoeira. No caminho passei por 1 grupo grande, outro pequeno, mas fui o primeiro a chegar no topo da cachoeira. Aproveito para tirar as fotos antes que todo mundo chegue. Faço um lanche rápido, deixo minhas coisas ali e sigo para o mirante. Nesse momento me junto a outro rapaz que também caminhava sozinho. A parte da trilha para chegar ao mirante é bem chata de se encontrar. Primeiro tentamos um caminho e nada feito. Voltamos, tentamos outro e esse sim está correto. Chegamos ao primeiro mirante e ‘‘DU NEIDA” o maluco puxa um pote de açai geladão, por essa realmente não esperava.

    Vista de cima da cachoeira.

    Vista do mirante.

    Depois de curtir a vista dos mirantes, voltamos para a cachoeira, todos os grupos já estão lá, então pegamos nossas coisas e voltamos um pouco, na parte superior, onde não havia ninguém e os pontos de banho eram muito bons, inclusive uma parte chamada de "Banho Inca".

    Banho Inca.

    Para retornar da trilha resolvi seguir com esse rapaz, pelo caminho que ele fez, a tal da 3° trilha que estava sendo aberta. Foi legal retornar por um caminho diferente, mas esse caminho nem se compara com o outro, bem menos vegetação, trilha monótona. Pelo que ele comentou esse traçado estava sendo aberto pensando nos guias que vão com grupos grandes, por ter uma dificuldade bem menor e por consequência menores riscos. Lá no mirante do inicio da trilha ele resolve ficar sentado descansando um pouco e eu continuo minha caminhada até o hostel.

    Chuvas no Horizonte passando pelo cerrado.

    Cheguei ao hostel as 17:40h, com 26km caminhados no dia, super cansado mas completamente feliz pela experiência vivida naquele dia. À noite, seguindo a lógica de todo trilheiro do "Agora eu mereço", sai para jantar com direito a sobremesa e Cerveja artesanal.

    6 - PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS

    Desde o início queria conhecer o parque nacional, fazer suas trilhas, havia criado uma expectativa muito grande para isso.

    Visitei o parque em 2 dias diferentes, um dia para fazer a Trilha Amarela e outro dia para fazer a Trilha Vermelha.

    Minha expectativa visitando o parque é de que haveria muita informação disponível sobre fauna, flora, formações rochosas, história do parque etc. Contudo, não recebi nenhuma informação, nem um folheto, niente. A estrutura da recepção é excelente, mas deixa muito a desejar no quesito comunicação e informação. Fiquei decepcionado, tive que recorrer ao google e alguns livros que haviam no hostel sobre a região para conseguir mais informações.

    Entrada do parque.

    As trilhas são muito bem demarcadas e sinalizadas, não existe a mínima possibilidade de se perder lá dentro. Também é possível usar um transporte coletivo do parque e descer em alguns pontos mais próximos dos atrativos, pensando em quem tem dificuldades de locomoção ou simplesmente não quer caminhar. As trilhas na grande maioria são bastante expostas, recomenda-se nos dias de sol ir bem cedo para evitar o calor excessivo. A vegetação não muda muito ao longo do caminho. Na época de seca é possível fazer uma travessia de ~25km por dentro do parque, infelizmente quando fui não era possível.

    A Trilha Amarela passa pelos "Saltos, Carrosel e Corredeiras", é o percurso mais legal, chegando de frente para a cachoeira a qual é possível observar do "Mirante da Janela'', apresenta também um terreno mais diferente, com algumas subidas e descidas, deixando o caminho um pouco mais divertido. A Trilha Vermelha passa pelo "Cânions e Cariocas", confesso que achei essa trilha bem chata e os atrativos não tão bonitos, comparando com tudo que se vê na Chapada. Talvez tenha percorrido a trilha vermelha em um dia de humor ruim e não tenha conseguido disfrutar tanto.

    Cânion.

    Sempre-viva, ainda por florescer.

    Linda flor de Candombá, ''phoenix do cerrado. História incrível.

    A mesma cachoeira vista do Mirante da Janela, agora vista dentro do PNCV.

    Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

    A visita ao parque é uma parada obrigatória, primeiro para valorizar a conservação do Bioma Cerrado e ao fato de existir uma estrutura de preservação, segundo para apreciar o ambiente e a ótima estrutura oferecida e terceiro rende bons banhos de rio.

    7- CACHOEIRA DO SEGREDO

    A Cachoeira do Segredo é outro atrativo imperdível na Chapada dos Veadeiros. Distante 50km de Alto Paraiso, passando a entrada da vila de São Jorge e com um trecho de estrada de chão relativamente curto e bem conservado.

    Na entrada se paga uma tarifa, algo em torno de 50 reais. A trilha até a cachoeira dista ~3-4km. Cheguei por volta das 9:30h-10h e por coincidência encontrei com o mesmo rapaz do açai da trilha do Sertão Zen. O caminho é muito agradável, todo o tempo margeando o rio de águas cristalinas, os feixes de luz permeiam entre as árvores de copa alta, uma coisa difícil de ver em toda a chapada. O microclima ali na beira do rio é de floresta, mesmo em uma região de cerrado. Na caminhada é preciso cruzar algumas pontes, ora mais longas, ora mais curtas. Existem vários pontos de banho no meio do caminho. Com a luz do sol batendo na água, a coloração esverdeada que reflete deixa a paisagem ainda mais bonita.

    Como visitei a região na época do final das chuvas, foi muito comum durante as noites a ocorrência de chuvas, ou mesmo durante o dia algumas nuvens carregadas desabarem água. Mas não impediu de aproveitar nada, como os atrativos são distantes, é normal estar chovendo em um lado e no outro não cair nenhuma gota. Sabendo disso, em todas as cachoeiras que visitei sempre fiquei muito atento para a possibilidade de trombas d'agua, principalmente quando haviam nuvens carregadas por perto.

    Cheguei à cachoeira, a altura de queda, força da água e a beleza do local são fantásticos. Como ela é envolta em um paredão formando um circulo, a agua fica muito agitada, formando pequenas ondas. Fico ali observando, admirando, tentando criar coragem para entrar na água. Mesmo havendo salva-vidas e uma corda delimitando a distância em que se pode chegar, acho prudente não arriscar, a água estava geladíssima também. Para não perder o banho do dia, entro na parte mais rasa do escoador de água por alguns instantes.

    De repente começa a ventar, o tempo vai fechando e a chuva começa a cair. Ao total estamos em umas 10 pessoas na cachoeira. Retornamos até a barraca do salva-vidas para nos abrigar. A chuva é mansa, mas constante. Chove por pelo menos 30min. Na vegetação baixa do cerrado, a água escorre com muita facilidade, e se escorre vai chegar a um rio. Depois que a parte mais forte da chuva passou, começamos a escutar um barulho um pouco mais forte da cachoeira. O rio começou a aumentar, a água começou a mudar de cor. O salva-vidas alertou “agora vai vir à tromba d'agua”. Coloquei a jaqueta impermeável e voltei para ver a cachoeira, não demorou 15-20min e o volume de água mais que triplicou, um espetáculo. Poder presenciar esse fenômeno em uma cachoeira linda como essa foi um presente. Mesmo depois de muito tempo não havia sinais de que o volume de água baixaria tão cedo.

    Inicio a minha caminhada de volta para o estacionamento, infelizmente todos os pontos de banho que havia mapeado para a volta ficaram ruins, já que o rio aumentou muito.

    No retorno paro em um restaurante chamado "Moringa Gastronomia", talvez a melhor refeição que fiz em toda a chapada. O valor é um pouco alto, mas vale super a pena.

    *FOTOS NO ALBUM

    8- CACHOEIRA SANTA BARBARA, CAPIVARA E CANDARÚ

    Depois de passar um tempo entre as cachoeiras de Alto Paraiso e São Jorge, é chegada a hora de ir para Cavalcante e conhecer suas belezas, dentre elas "Santa Barbara", a estrela da chapada como muitos dizem.

    A diferença entre as cidades de Alto Paraiso e Cavalcante são muito grandes. Alto Paraiso tem gente do Brasil e talvez do mundo inteiro, é a cidade central e a escolhida pela maioria dos viajantes como ponto de apoio. Muitos se hospedam ali e fazem bate volta para as cachoeiras de Cavalcante. Já a outra cidade é quase que o ''ponto final da linha'', as casas são mais simples, quase nenhum morador de fora e a população é predominantemente negra, já que ali em Cavalcante está um dos maiores quilombos do Brasil, o Quilombo Kalunga.

    A Cachoeira de Santa Barbara bem como a Capivara e Candarú estão situadas dentro do território Kalunga. Dessa forma é obrigatória a contratação de um guia kalunga para visitar os atrativos. Isso pode ser feito de 2 maneiras, a primeira é contratar o guia lá no quilombo, onde existe uma central de atendimento e vendas de ingresso, lá também é possível entrar em algum grupo, o que é bem legal para quem viaja sozinho. A segunda maneira é contratar um guia que seja Kalunga, mas que não necessariamente more lá no quilombo.

    Para chegar a Cachoeira Santa Barbara é preciso fazer um deslocamento, tem quem faça caminhando, mas penso que não vale a pena, é mais prático e rápido pegar o transporte oferecido por eles, não irá sair perdendo em nada. Do ponto de parada se caminha um pouco, passando por um pequeno poço, já muito lindo, aumentando as expectativas para a atração principal. Quando você menos espera, lá está ela. A cachoeira parece um quadro de tão linda. A foto abaixo fala por si. Como cheguei cedo e consegui um guia relativamente rápido, cheguei à cachoeira ainda com poucas pessoas, mas isso logo foi mudando, com a chegada de outros grupos. Imagino que na alta temporada seja lotado. Com sorte ainda peguei bastante sol, o que deixa ainda mais impressionante as águas cristalinas da cachoeira.

    Depois de retornar para a parte central, vamos em direção a Cachoeira Candarú. Logo o tempo vira e começa a chover, vamos mesmo assim. O poço e as quedas são muito legais e a vista é muito linda. Foi ótimo mergulhar na cachoeira mesmo com chuva, mas logo o frio bateu e retornamos para almoçar.

    O almoço no quilombo é um show a parte. Comida de raiz, comida forte, comida deliciosa e farta, feita na panela de barro em fogão a lenha. Não tem como não gostar e quem não experimentar está perdendo.

    *FOTOS NO ALBUM

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    Além das cachoeiras relatadas visitei: Anjos e Arcanjos, Almecegas I e II, Complexo do Prata.

    Faltaram: Cachoeira do Dragão, Bocaina do Farias, Complexo Canjicas e Águas Lindas e Simão Correia.

    As cachoeiras que não consegui visitar estão entre as mais lindas do Cerrado, entretanto como estão localizadas dentro de Cânions ou exigindo a travessia de rios, o risco de se realizar na época de chuvas, mesmo que final da temporada é grande. Assim, para quem deseja visita-las, deve planejar ir à época de seca. Já o complexo Canjicas e Águas Lindas também é muito mais proveitoso na época de seca, quando as águas ficam super limpas.

    Alberto Farber
    Alberto Farber

    Published on 12/09/2024 11:41

    Performed on 03/18/2024

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    Alberto Farber

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    Engenheiro Agrônomo, apaixonado por esportes e por qualquer tipo de atividade ao ar livre.

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