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Alberto Farber 14/01/2022 10:55
    Ciclo - Trekking - Cânions em São José dos Ausentes

    Ciclo - Trekking - Cânions em São José dos Ausentes

    Uma mistura de bikepacking + Trekking, na segunda parte visitando os Cânions em São José dos Ausentes.

    Trekking Cicloviagem Highline

    ATENÇÃO: Em uma sequência cronologica, a aventura relatada abaixo aconteceu após Ciclo - Trekking - Pico do Rinoceronte.

    Esta é a Parte 2 da sequência de 4 relatos que iriei fazer sobre o meu período de férias em Junho/21, o qual intercalei bikepackings e trekkings pelas regiões de Bom Jardim da Serra, São José dos Ausentes e Cambará do Sul.

    CÂNIONS BOA VISTA E ENCERRA (AMOLA FACA)

    Em São José dos Ausentes fiquei acampado no Hostel/Camping Toca da Onça, um lugar que há muito tempo queria conhecer e que finalmente consegui incluir em um roteiro. O camping fica localizado em um lugar bem estratégico para quem quer conhecer com calma as belezas de São José dos Ausentes, próximo dos principais Cânions, do Cachoeirão dos Rodrigues e Desnível dos Rios e com certeza de outros tantos lugares lindos que precisaria de muito mais tempo para explorar.

    Após chegar do Pico do Rinocerote, almoçar e arrumar o acampamento, tiro um tempo com calma durante a noite para tomar uma cerveja, escrever o diário de viagem e conhecer algumas pessoas que trabalham no local. Contudo quando é por volta das 22:00h já vou para a barraca, faz MUITO frio, e como o local fica em uma baixada, o sol se esconde muito cedo e também toda a massa de ar fria fica acumulada por ali. Levanto por volta das 3:00h da madrugada para fazer xixi, o céu está completamente estrelado e todas as coisas ao redor estavam congelando, inclusive a barraca e a bicicleta.

    Não deu outra, as 8:00h quando decido levantar com os primeiros raios de sol batendo na barraca está uma BAITA geada. Tiro o teto da barraca para descongelar e secar e não molhar as coisas lá dentro. Na sequência vou tomar um café e dar uma lagarteada no sol.

    Foto 1 - Noite estrelada e gelada no camping.

    Por volta das 10:00h da manhã saio de bicicleta em direção ao Cânion Boa Vista e ao Cânion da Encerra (Amola Faca). No começo as pernas doem um pouco, reflexo dos dias seguidos de pedal e caminhada, a estrada é muito ruim o que faz o deslocamento ser muito vagaroso e também um tanto sofrido por causa das pedras soltas e das costeletas. Acabo me perdendo no caminho, procurando a estrada que levaria para o Encerra, fico andando quase que em circulos em uma área que estava sendo cortado Pinnus, por esse motivo foram abertas várias estradas para os caminhões de tora, nessas estradas me perdi. Desisto e volto para a entrada do Cânion Boa Vista, pago a taxa de visitação na fazenda, já negocio um almoço para a volta, então acabo descobrindo que o caminho para o Cânion Encerra é por ali mesmo.

    Foto 2 - Entrada para os Cânions Boa Vista e Encerra

    Sigo em direção ao Boa Vista, confesso que a cachoeira é linda, com cerca de 310m de altura é uma das mais altas do Brasil. A vista do Cânion, pelo menos naquele dia, não me encantou tanto, talvez pela facilidade de acesso, sei lá, esperava algo mais. Fico um tempo no Boa Vista e depois vou em direção ao Cânion da Encerra.

    Foto 3 - Cânion Boa Vista

    A estrada que estava ruim dalí pra frente fica pior ainda ! Mas como já estava lá, não iria desistir. Sigo as orientações que recebi na fazenda e das conversas com algumas pessoas no Boa Vista e procuro por uma porteira ao lado de uma antena/torre. Nesse ponto fico meio confuso, algumas pessoas comentaram que precisava pagar entrada, outras que não era necessário. Encontro a dita porteira, nesse momento aberta, não vejo ninguém por ali e vou adiante em direção ao Cânion, por uma estrada de campo bastante divertida com alguns atoleiros e passando por meio de algumas arvores de Pinnus. No Cânion da Encerra a vista é muito mais legal, o cânion é simplistemente ENORME, deve-se levar algumas boas horas para andar toda a extensão da sua borda. Algumas pessoas estão acampadas por ali, um local bem legal, bastante isolado. Dou uma circulada para ter diferentes pontos de vista, descanso um pouco, como um chocolate, tiro algumas fotos e começo o retorno para a fazenda, para tentar chegar em tempo para o almoço.

    Foto 4 - Chegando no Cânion da Encerra

    Foto 5 - Parte da borda do Cânion da Encerra.

    Foto 6 - Ainda no Cânion da Encerra

    No caminho de volta, procuro mas não encontro a porteira pela qual entrei, me perdi, pedalando e tentando encontrar acabo levando um tombo, nada grave, apenas um "se liga". Quando finalmente encontro a porteira a "dita cuja" está cadeada, tenho que fazer um esforço e passar a bicicleta pela cerca de arame farpado. A volta até a fazenda no Cânion Boa Vista é penosa, não parecia ter andado tanto, mas consigo chegar, com a barriga roncando. Que comida gostosa, churrasco, galeto, paçoca de pinhão, coca gelada, sobremesa, tinha minhas dúvidas se iria conseguir pedalar depois de comer tanto.

    Dali em diante o retorno até o camping é mais rápido, com mais descidas. Quando chego organizo minha barraca, lavo algumas roupas e vou aproveitar as ultimas réstias de sol.

    CÂNION MONTENEGRO

    No dia seguinte acordo mais cedo, havia combinado com o Icaro, o rapaz que trabalha como guia no camping, de ir ao Cânion Montenegro ajuda-lo a instalar um highline. Mais uma geada grande, vários campos em que o sol não bate cedo estão e ficam congelados até tarde. Saímos relativamente cedo para o cânion, quando chegamos lá estava com uma visibilidade ótima e sem vento, perfeito para a prática do highline. Começamos a montar todas as coisas, caveletes, fitas, ancoragem, levamos tranquilamente umas 2 horas para fazer isso tudo. Muitos detalhes para conferir, muita segurança para arrumar.

    Foto 7 - Highline no Cânion Montenegro

    Quando finalmente finalizamos tudo e o Icaro está se preparando para subir na fita, aparece um casal de gauchos muito sem noção, era possivel escutá-los do outro lado do cânion tranquilamente. Quando viram ele se posicionar para entrar na fita começaram a falar coisas do tipo "nossa, nunca que faria isso", "e se arrebenta? " , "credo que louco" e várias outras coisas que acabaram tirando a concentração dele, pronto, o highline para ele acabou ali. Lá pelas 14:30h quando ele resolve parar as tentativas foi a minha vez de tentar entrar na fita, com muito medo e com a adrenalina nas alturas vou para a borda, fazemos a clipagem, escorrego um pouco pendurado, olho para o tamanho do vazio abaixo de mim, sinto o momento, vou mais um pouco, a adrenalina é muito grande, o medo também. Depois de alguns minutos volto para a borda com a sensação de que ganhei o dia. Arrumamos as coisas e vamos embora.

    Foto 8 - Icaro no highline.

    A noite no camping, olhando a previsão do tempo para os próximos dias, resolvo alterar os meus planos e voltar para Bom Jardim da Serra, para aproveitar uma janela de tempo e conseguir fazer um trekking pelo parque eólico (próximo relato).

    RETORNO BOM JARDIM DA SERRA

    Mais um dia acordando cedo, mais uma geada enorme de renguear cusco. Já começo a desmontar o teto da barraca e colocar no sol para secar e poder fechar para colocar na bike, ao mesmo tempo vou organizando as coisas nas bolsas da bicicleta, tomando café, me alongando etc.

    Foto 9 - Quase frio o suficiente para colocar uma meia...QUASE.

    Quando consigo realmente estar pronto para sair é por volta de 10:00h da manhã. A subida na saída do camping é curta mas empinada, boa para espantar o frio e testar as pernas, felizmente parece que estão boas e respondendo. A estrada para voltar para Bom Jardim da Serra é melhor que o desvio que precisei pegar para ir até a Fazenda Papagaios no Pico do Rinoceronte. Consigo andar bem, mas em uma das descidas furo o pneu traseiro, fico uns 30min tentando arrumar o remendo, que fica uma bosta, troco a câmera e sigo viagem.

    O caminho de volta tem muito mais subidas do que eu imaginava. As subidas que sempre tem após cruzar os rios que dividem os estados de SC e RS são as mais cruéis. Apesar de as pernas estarem boas, em vários momentos preciso descer e empurrar a bike, o lado bom é que a cabeça está em dia, me distraio com outros pensamentos, gravo alguns vídeos, tiro algumas fotos e isso vai ajudando a passar o tempo. Depois de tanta subida e vários empurra-bikes os últimos 3km de descida são os mais divertidos, pena que duram menos de 5 minutos. Acabo chegando na pousada bem antes do esperado, morto de cansado mas imensamente feliz !!

    Foto 10 - Divida de estados, SC e RS, antes de uma subida enorme.

    A noite e o dia seguinte são de descanso e planejamento para o trekking dos próximos 2 dias, mapeando, traçando rotas, pontos de apoio, trocando informações com os guias locais, comprando comida e fazendo os planos A B e C.

    A ansiedade para a próxima aventura é grande !!

    Alberto Farber
    Alberto Farber

    Publicado em 14/01/2022 10:55

    Realizada de 13/06/2021 até 16/06/2021

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    Alberto Farber

    Alberto Farber

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