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Fabio Fliess 08/26/2023 12:37
    Rosto da Mulher de Pedra | P.E.dos Três Picos

    Rosto da Mulher de Pedra | P.E.dos Três Picos

    Linda trilha em um conjunto de montanhas em Teresópolis, dentro do Parque Estadual dos Três Picos

    Hiking Mountaineering

    Rosto da Mulher de Pedra – 05/08/2023

    A Mulher de Pedra é um imponente conjunto de montanhas, localizado no bairro de Vargem Grande, em Teresópolis e que está inserido no Parque Estadual dos Três Picos. Ganha esse nome pelo fato do seu recorte montanhoso lembrar a figura de uma mulher deitada. Em alguns pontos da estrada entre Teresópolis e Friburgo é possível contemplar a figura completa, desde o rosto até o seio.
    Falando das trilhas, até o momento existem três: a que leva ao Seio, a do Rosto e a do Umbigo. As duas primeiras têm seu início por Vargem Grande e a última pelo Vale das Sebastianas. A primeira trilha, que é a mais frequentada, eu já havia feito em 2013 e lembrava de duas coisas: era uma trilha exigente e o visual do cume, esplêndido. Talvez um dos mais bonitos do parque. Já as outras duas trilhas eram novidade para mim, e muitas vezes estavam fechadas pela pouca visitação.
    No final de maio houve uma excursão do CEP – Centro Excursionista Petropolitano ao Rosto, mas eu infelizmente não pude participar. A excursão foi bem sucedida e a trilha reaberta. Pelas fotos apresentadas no grupo do clube no WhatsApp não ficavam dúvidas sobre a beleza do lugar.
    Poucos dias depois, vi um vídeo da Fernanda (Soul Aventureira) no YouTube sobre essa mesma trilha. Ela foi cerca de 10 dias depois do grupo do CEP. Fiz contato com ela e peguei o telefone do dono da propriedade onde a trilha começava. Sim, diferente da trilha para o Seio, é necessário pedir autorização prévia.

    Mulher de Pedra! Da esquerda para direita: Seio, Queixo, Boca, Nariz e Cabelo.


    Tentei ir em julho, mas a chegada de uma frente fria atrapalhou meus planos. Mas vi a oportunidade de ir no primeiro final de agosto e comecei a convidar alguns amigos. Logo, o grupo estava formado: Gilmar, Nélson e Rangel e eu. O mesmo grupo que havia ido até a Torre Maior de Bonsucesso, no mês anterior. Ainda havia a possibilidade do Léo se juntar ao grupo!
    No começo da semana, enviei uma mensagem pelo WhatsApp para o proprietário do sítio, me apresentando e pedindo autorização para passagem. Ele acabou demorando quase dois dias para me responder e cheguei a definir um plano B para o final de semana, mas não foi preciso. Fomos autorizados a entrar na propriedade. Nessa mesma semana um outro grupo, com o Eduardo Joaquim, esteve por lá. Voltamos nossa atenção ao plano A, e fechamos os detalhes de horários, carona etc.
    Na tarde do dia 04, começaram os eventos negativos: primeiro o Gilmar ficou sem carro e teria que usar o sábado para acompanhar o conserto. O Léo desistiu de vez da empreitada por não estar se sentindo bem. E no final da noite, o Nélson resolveu abortar a trilha porque estava sentindo dores na lombar e havia o risco de ser um cálculo renal. Rangel e eu acabamos resolvendo manter a atividade.
    Para complicar um pouco mais, eu simplesmente não consegui dormir. Passei a noite em claro e as 5h estava me sentindo destruído. Mandei mensagem para o Rangel, pensando em desistir, mas ele disse que valia a pena arriscar e ir até onde fosse possível. Como era uma oportunidade, resolvi insistir na jornada.
    Encontrei com o Rangel as 6h15 na entrada a minha rua e seguimos direto até Albuquerque, em Teresópolis, onde fizemos uma rápida parada na padaria Mini Max. O café quentinho me fez bem. Tocamos até Vargem Grande, onde entramos em outra estrada, ao lado do posto policial. Seguimos até uma pracinha, com uma árvore frondosa, onde começa a Estrada da Mulher de Pedra. Seriam cerca de 2,5kms até a entrada da trilha, subindo por uma estradinha estreita e asfaltada apenas nas faixas de rolamento dos pneus do carro. Por sorte, não cruzamos com ninguém nesse trecho. Um pouco antes das 8h estávamos parando o carro em um ponto mais largo da estrada para não atrapalhar ninguém.
    Com o relógio marcando 8h05 e mochilas nas costas, entramos na servidão do sítio e alguns metros à frente, seguimos a esquerda em direção a um pequeno portão de madeira. Cruzamos o portão e seguimos subindo rente a cerca de arame farpado por cerca de 200m. Havia muito orvalho no capim.
    Logo identifiquei a entrada para a trilha à esquerda, ainda bem definida, por ser um trecho usado pelos moradores para captação de água. Fizemos uma rápida parada para tirar os casacos e seguimos até um ponto, saindo da mata, onde é preciso dar uma guinada à esquerda, passando por um trecho com capim mais alto. Logo entramos novamente na mata e começamos a primeira e maior subida do dia. Nesse trecho, a trilha está bem marcada.


    Quase terminando a primeira subida do dia!

    A inclinação era bem forte, mas tentávamos fazer o menor número de paradas possível. Com um pouco mais de 1,5kms percorridos, saímos da mata e continuamos subindo em terreno aberto. Em alguns arbustos haviam colocado fitas plásticas indicando o caminho. Do nosso lado esquerdo estava o Seio, com a imponente crista a ser vencida até o seu cume.
    Pouco depois das 9h30 chegamos a um cume falso (sempre tem um) e logo em seguida, um primeiro trecho de corda, descendo até um colo. A corda só dá uma moral, mas é bem tranquilo de descer sem ela. Voltamos a subir e cerca de 200m depois, temos outro trecho de corda, dessa vez subindo. Também tem muitas agarras e não é difícil de vencer. Mais 150m de trilha e chegamos no primeiro cume do dia: o Cabelo (1690m).
    Aproveitamos uma laje de pedra para descansar, hidratar e fazer um pequeno lanche. Ao lado de onde estávamos, havia um livro de cume que assinamos e pudemos comprovar a baixa visitação dessa trilha. De onde estávamos, podíamos ver o que ainda teríamos que encarar: o Nariz e o Queixo. Ficamos cerca de 15 minutos descansando antes de voltar a caminhar.
    A partir desse ponto, a trilha fica mais fechada e, em alguns pontos, mais difícil de “navegar”. A vegetação também não ajuda, toda hora ficávamos presos em algum mato. Por outro lado, a subida é bem discreta e cerca de 400m e 15 minutos depois de deixarmos o Cabelo, chegamos na Testa (1728m). Não havia livro de cume, então só tiramos algumas fotos e seguimos em frente.
    A trilha tem um ligeiro declive, passando ao lado de um pinheiro solitário e vai avançando no plano até as encostas do Nariz. Esse foi o trecho mais complicado, na minha opinião, principalmente por causa da vegetação. Muita subida e algumas flexões para passar por baixo dos bambuzinhos... Mas, às 11h05 estávamos no cume do Nariz (1809m).

    Nariz visto do caminho para a Boca e Queixo!


    Seguimos intercalando trechos de mata com trechos abertos por cerca de 200, 300m. Não dava para avançar com velocidade. Logo deixamos o trecho de mata para trás, e fomos nos aproximando da Boca, onde o capim de anta predomina. A passagem é feita por uma crista e é preciso atenção para não se perder no meio do capinzal. Eram cerca de 11h45 quando chegamos a um descampado. Agora faltava pouco para o último cume.
    Inicialmente, pegamos mais uma ligeira descida para voltar a subir entre alguns lajeados, que ajudavam nossa caminhada. O calor já era grande, mas fizemos poucas paradas até chegarmos nos 1930m do Queixo, as 12h15. A vista era deslumbrante: ao lado do Seio, uma infinidade de montanhas como Mirante do Frade, Torres de Bonsucesso, Torre Oculta (Panorama a Bessa), Cabritos, Duas Serpentes, D’Antas, Palmital, Filhote de Anta, Toledo ou Ronca-Pedra, Cabeça de Dragão, Branca de Neve, Sanhaço do Frade, Três Picos, Três Municípios e um pouco mais destacado, o Morro do Carmo. É muita montanha!

    Um mundo de montanhas...


    Lanchamos, assinamos o livro de cume e descansamos por mais de uma hora. O sol estava bem forte para o começo de agosto, mas não dava para reclamar. Descansados, começamos o longo retorno as 13h20. Era preciso atenção redobrada em alguns pontos para não errar a trilha! Os trechos mais chatos durante a subida foram vencidos com mais tranquilidade durante a descida, especialmente na subida e descida do Nariz.
    Ao chegar novamente no Cabelo fizemos mais uma pequena pausa. Logo retomamos a descida mais forte, passando com tranquilidade pelos trechos de corda. O trecho entre o cume falso e a entrada da mata estava com muito capim seco na trilha, então escorregões e tombos aconteceram sem moderação.
    O restante da descida não teve grandes dificuldades, e as 16h50 estávamos novamente no carro. Quase 9h de atividade! Lembrei de enviar uma mensagem para o proprietário do sítio informando que havíamos terminado a trilha, e aproveitei para agradecer a gentileza e a oportunidade de conhecer um lugar tão bonito.

    Fabio Fliess
    Fabio Fliess

    Published on 08/26/2023 12:37

    Performed on 08/05/2023

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    2 Comments
    Marcelo Lemos 08/26/2023 13:08

    Amigaço, excelente relato. Confesso que sempre tive dificuldade de visualizar a mulher completa. Mas sua primeira foto no relato, no ângulo em que foi feita, não deixa dúvidas quanto à clareza da imagem. Muito legal!!! Abração.

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    Fabio Fliess 08/27/2023 18:01

    Muito obrigado amigaço! Grande abraço.

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    Fabio Fliess

    Fabio Fliess

    Petrópolis - RJ

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    Montanhista desde que me conheço por gente!!! Sócio e condutor do CEP - Centro Excursionista Petropolitano. Take it easy e bora pras montanhas! Instagram: @fliess

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