São Pedro | P.N.da Serra dos Órgãos
Linda montanha, pertencente ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos, pelo lado de Teresópolis.
Hiking Montañismo TrekkingSão Pedro – 06.10.2024
Essa linda montanha, com 2162m de altitude, está localizada em Teresópolis e está inserida nos limites do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Já fazia um bom tempo que queria visitá-la, mas sempre acontecia algum imprevisto que me obrigava a adiar os planos. Em 2018, durante a ATM do Parnaso, chegamos perto, mas a mudança do tempo, com ventos patagônicos e ameaça de chuva, nos fizeram desistir.
Ao avaliar as possibilidades de trilha para o final de semana, havia previsão de chuva até sábado e a possibilidade de melhora para o domingo. Resolvi abordar os amigos trilheiros para tirar essa empreitada do papel, com Gilmar e Rangel topando fazer a caminhada. Com a confirmação da melhora no clima, na véspera fechamos os últimos detalhes.
São Pedro visto da Pedra da Baleia
As 6h da matina o Gilmar passou na entrada da minha rua e peguei uma carona com ele até o posto BR de Itaipava, onde aguardamos a chegada do Rangel. As 6h10 ele chegou e partimos estrada acima para Terê. Ambos disseram que saíram dos seus bairros com uma leve garoa e o tempo estava bem fechado em Itaipava. À despeito disso, resolvemos confiar na previsão e seguimos direto até a portaria do parque, aonde chegamos as 7h15. Já havia levado o termo de autorização preenchido e assinado. Então só precisávamos do carimbo no termo para autorizar nossa entrada. Resolvida a burocracia, seguimos até o estacionamento onde terminamos de arrumar as mochilas e começamos nossa pernada as 7h30.
O primeiro trecho, de pouco mais de 1 km, é pela estradinha do parque que leva até a Barragem, onde existe um ponto de controle para entrega do termo autorizado. Uma coisa que nos chamou muito a atenção foi o fato da represa Beija-Flor estar praticamente seca. Resultado da forte estiagem dos últimos meses.
Às 7h45 passamos pela porteira e começamos o nosso longo caminho até o cume do São Pedro. A neblina baixa penetrava pela floresta, deixando a atmosfera soturna. Por outro lado, era muito mais agradável caminhar sem o calor que andou fazendo nos dias anteriores.
A trilha que leva ao São Pedro é a mesma da Pedra do Sino, até o abrigo 4. É uma trilha longa, com bastante altimetria, mas suave, aproveitando bastante as curvas de nível do terreno. Cerca de 45 minutos depois da Barragem, chegamos até o Véu da Noiva, uma bonita cachoeira que estava com sua parede completamente seca. Corria só um pequeno filete de água pelo lajeado. Uma cena triste!
Só fizemos uma rápida pausa na cachoeira e retomamos nossa caminhada. A trilha aumenta um pouco sua inclinação, mas pouco tempo depois começa um longo trecho de zig-zag. Seguimos sem pressa e as 10h chegamos na entrada do atalho para o Paredão Paraguaio. Esse é um trecho muito usado por escaladores que fazem essa via no Morro da Cruz e por quem pretende fazer a Travessia da Neblina. É um trecho curto, muito íngreme, repleto de obstáculos, mas que economiza um trecho grande de trilha.
Fizemos uma pausa e aproveitamos para lanchar e nos hidratar. Cerca de 15 minutos depois seguimos atalho acima até a entrada da trilha para o Morro da Cruz. Tocamos reto, e um pouco mais acima, chegamos na bifurcação que leva para o Mirante do Inferno e o São João. Mais uma vez seguimos subindo e chegamos novamente na trilha do Sino, na altura da Cota 2000.
Mirante após a Cota 2000: São João, Mirante do Inferno e São Pedro
A partir desse ponto, temos mais um trecho de zig-zag, mas logo após a entrada para o Papudo, a trilha vai ganhando um aspecto diferente. Aos poucos, começamos a sair da floresta e o onipresente capim de altitude começa a se tornar mais presente. Com a conversa fluindo animadamente, as 11h20 chegamos no abrigo 4, onde fizemos uma pausa. Nesse momento, a previsão do tempo se mostrava mais do que acertada. O sol brilhava!
O abrigueiro de plantão veio conversar conosco e comentou que já havia água disponível na torneira do abrigo. Com praticamente todos os pontos de água da trilha secos, era uma boa notícia.
Nesse ponto, a trilha para o São Pedro se “separa” da trilha para o Sino. A partir de agora, o caminho a seguir é por trás do abrigo, e em poucos minutos você chega em um grande lajeado, que é a Pedra da Baleia. Seguindo reto começa uma descida, ora pelo capim, ora pela mata, até o colo do São Pedro. Por ser um atrativo menos visitado, a trilha já fica mais fechada, mas sempre marcada. Em vários pontos, existem grandes charcos, mas estavam todos secos por conta da estiagem. Um pequeno trecho de rocha com uma corda indica que a descida acabou e vamos começar a subida final até o cume.
Em vários pontos, precisamos contornar os lajeados pela sua base. Em outros, é preciso subir pela rocha mesmo, que é bastante aderente. Mas não recomendo a ida para essa montanha logo depois de um período chuvoso. É preciso atenção nas setas e nos totens espalhados pelo caminho, pois em alguns pontos é fácil você errar a entrada. E após mais algumas subidas, chegamos ao cume do São Pedro, exatamente as 12h.
O visual do cume é bastante impressionante. Podemos ver o Açu, o Garrafão num perfil diferente, a Pedra do Sino um pouco mais acima, Papudo, Morro da Cruz e Queixo do Frade, o São João e a Agulha do Diabo, essa última numa visão privilegiada. Mais distantes, estão as montanhas dos Três Picos. Eu diria que o visual é mais bonito que o da Pedra do Sino. Mas é a minha mera opinião.
Papudo visto do cume do São Pedro
Panorâmica: Sino, Papudo e Morro da Cruz + Queixo do Frade
Morro da Cruz, Queixo do Frade e Verruga do Frade
O cume possui alguns abismos vertiginosos, então todo cuidado é pouco. Abaixo do cume, escondido sob algumas pedras existe uma urna com o livro de cume, mantida pelo CET – Centro Excursionista Teresopolitano. Deixamos nosso registro, e depois ficamos curtindo o início da tarde no cume. Havia alguns escaladores na Agulha, e pudemos acompanhar a escalada da unha até o cume.
Ficamos cerca de 1h no cume e as 13h pegamos nossas mochilas e começamos o retorno. Chegamos rapidamente no Abrigo 4, bebemos uma água e retomamos a descida. Na Cota 2000, novamente optamos por usar o atalho, mas como a tarde estava muito bonita, aproveitamos para subir o Morro da Cruz, numa caminhada que leva menos de 10 minutos. Aproveitamos a tarde, tiramos muitas fotos e voltamos a descer.
Gilmar e Rangel curtindo o visual do cume do Morro da Cruz
Chegando na saída do atalho, cada um de nós acabou imprimindo um ritmo diferente. Ao chegar no Véu da Noiva, resolvi aguardar pelo Gilmar que estava mais atrás. Ele chegou cerca de 5 minutos depois. Conversamos um pouco, e ele disse que eu poderia descer na frente sem problemas. Ainda faltavam cerca de 1,8kms até a Barragem.
Segui descendo sem pressa e por volta das 17h20 cheguei ao final da trilha, onde o Rangel já nos esperava. Mais alguns minutos foi a vez do Gilmar chegar. A descida do Sino mastiga os pés da gente!
Seguimos com calma até o estacionamento, aonde chegamos as 17h50. Foram mais de 10 horas de atividade. Trocamos de roupa e seguimos de volta para casa, fazendo antes uma parada na padaria Sabor da Barra para comer um belo lanche acompanhado de uma gelada e merecida cerveja.
Até a próxima!
Dicas:
1 – Atualmente, o parque não cobra pelo ingresso e pelo estacionamento. Mas existem restrições com relação a quantidade de visitantes para a parte alta (montanhas), então chegue cedo, especialmente na temporada.
2 – O endereço para download do arquivo PDF com o Termo de Reconhecimento de Riscos e Normas é:
https://www.icmbio.gov.br/parnaserradosorgaos/images/stories/TCRN_2023/TCRN_ICMBio_PARNASO.UC.pdf. Imprima, preencha e assine!
Amigaço, parabéns pelo relato, como sempre, rico em informações. Mais uma riscada da lista.