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Fabio Fliess 10/08/2018 15:48 com 1 participante
    Torres del Paine 2011 - A louca viagem ao fim do mundo!

    Torres del Paine 2011 - A louca viagem ao fim do mundo!

    Uma viagem cheia de perrengues e reviravoltas. Mas também muita diversão, amizade e amor.

    Trekking Acampamento

    Patagônia Chilena 2011 - Torres del Paine

    Prólogo
    Depois de duas temporadas trilhando em Huaraz/Peru, eu e meus amigos de trilha resolvemos mudar de ares. Ao invés de irmos para a altitude andina e seus nevados a ideia seria conhecer uma parte da Patagônia chilena, fazendo o seu circuito mais conhecido: o O+W no Parque Torres Del Paine.
    Logo no início de 2011, batemos o martelo e começamos os preparativos. Comigo estariam o Rafael e o casal Gilmar e Alessandra. Pouco tempo depois, o Gilmar me disse que havia comentado sobre a viagem com uma amiga e ela havia se mostrado muito interessada. Todos concordaram que ele poderia fazer o convite oficial para a viagem. Assim, a Letícia se tornou a quinta integrante de troupe.
    Ao longo do ano todos foram providenciando os equipamentos que faltavam! Também fizemos inúmeras trilhas e travessias como preparação, contando com a participação da Letícia na maioria delas! Em setembro, eu e Letícia começamos a namorar. E obviamente, tudo aconteceu na montanha!
    Intensificamos o treinamento e em meados de dezembro, estávamos prontos para encarar a viagem e o desafio de mais de 100 km de trilha.

    A viagem - 26 e 27/dezembro

    Depois de curtirmos o Natal com nossas famílias, saímos na madrugada do dia 26 de Petrópolis em direção ao aeroporto do Galeão. Chovia torrencialmente... Chegamos bem cedo, encontramos com o Rafael, fizemos nosso check-in e despachamos as bagagens. Nossa viagem seria longa, com paradas em São Paulo e Santiago, antes de chegarmos a Punta Arenas. Ainda no Rio, nos avisaram que teríamos que pegar nossas bagagens em Santiago e fazer um novo check-in para Punta Arenas!
    A primeira "perna" até São Paulo foi tranquila. O voo para Santiago iria atrasar e tivemos que esperar um pouco para embarcar. Não nos tocamos que aquele seria o primeiro evento a desencadear uma série de perrengues.
    A viagem para Santiago também transcorreu normalmente. Já em solo, caminhando pelo aeroporto em direção as esteiras logo depois de sair do finger, ocorreu um fato surreal: uma das portas de acesso ao saguão do aeroporto estava TRANCADA! Não tínhamos como passar... Um monte de funcionários tentando abrir a porta e nada. Não me recordo exatamente, mas ficamos entre 20 e 30 minutos amontoados dentro de um corredor esperando isso se resolver.
    Finalmente conseguimos passar e pegar as bagagens, mas ao chegar ao check-in para Punta Arenas fomos informados que o embarque no nosso voo já estava encerrado. E tinha MUITA gente na mesma situação.
    Ficamos mofando por horas no aeroporto esperando por um novo voo e sem muitas informações da Lan. Depois de inúmeras idas ao guichê e muita reclamação, conseguimos embarcar por volta das 23h30. Livramo-nos da saga dos aeroportos apenas às 4h da manhã do dia 27. Imediatamente começamos a procurar um transporte para nos levar até o hostel. Chegamos com o dia amanhecendo!
    Praticamente só tivemos tempo de largar as mochilas no quarto, tomar um banho, um café e separar os equipamentos que ficariam no hostel até nosso retorno. Ainda teríamos que fazer algumas compras (gás para fogareiro, por exemplo) antes de embarcar no ônibus para Puerto Natales.
    Conseguimos resolver isso rapidamente e no começo da tarde, saímos em direção a Puerto Natales. Uma viagem sossegada, até demais! Chegando ao destino, já tratamos de procurar nosso hostel que ficava um pouco distante da "rodoviária". No caminho, aproveitávamos para ir conhecendo um pouco a cidade.
    Deixamos nosso equipamento no hostel e fomos providenciar a passagem de ônibus para o parque. O escritório de vendas já estava fechado e tivemos que deixar para o dia seguinte. Fomos a algumas lojas em busca de algumas roupas que deixamos para comprar por lá. E depois fomos jantar. Anotem esse nome: El Asador Patagônico, na Plaza de Armas da cidade! Comida deliciosa...
    Depois de tanta correria, aos poucos tudo foi entrando em seu ritmo normal e pudemos finalmente relaxar. Comemos bem, conversamos e nos divertimos. Voltamos ao hostel para, enfim, termos uma boa noite de sono.

    Dia 28/dezembro
    Acordamos cedo, tomamos nosso desjejum e demos aquela geral na mochila. Logo depois fomos bater perna, indo direto comprar as passagens de ônibus para o Parque. Resolvida essa pendência, procuramos um mercado para comprarmos mais provisões para a trilha. A nossa intenção era levar um pouco de comida para iniciar o trekking, com alguns liofilizados que levamos do Brasil como emergência, e também combinar com provisões e refeições compradas dentro do parque.
    Gastamos um tempinho no mercado e voltamos cheios de sacolas para o hostel, para terminar de arrumar tudo nas mochilas. Já antevia que iríamos "carregados" para a trilha. Finalizada a arrumação, saímos prontos para almoçar e em seguida embarcar para Torres Del Paine. O ônibus saiu pontualmente as 14h30 e depois de 3 horas chegamos à portaria Laguna Amarga onde fomos consultar os trâmites de entrada no parque, pagamento dos ingressos, etc.
    O guarda parques estava fazendo uma apresentação para um grupo em inglês e esperei-o terminar. Abordei-o em espanhol, bombardeando com as minhas dúvidas. Antes de respondê-las, ele comentou que o parque estava enfrentando um incêndio e que algumas partes do circuito estavam fechadas. Disse também não haver impedimento nenhum em seguirmos para a trilha, mas sem garantias de que conseguiríamos fazer todo o circuito. Segundo ele, todos os esforços estavam sendo direcionados para conter o incêndio e liberar todo o parque.
    Sabendo disso, resolvemos arriscar. Já estávamos literalmente no "fim do mundo" e não havíamos pensado em nenhum plano B. Pagamos as entradas, tiramos mais algumas dúvidas e começamos a caminhar, perto das 17h30. Ficamos tão atordoados com a notícia que não nos tocamos em seguir com o ônibus até o camping Las Torres e começar de lá a trilha para o Camping Serón. Teríamos economizado alguns quilômetros.
    O tempo alternava momentos em que um sol tímido aparecia e outros (na maioria das vezes), onde nuvens deixavam tudo mais escuro. A trilha era muito bonita e a paisagem realmente surreal. Durante um bom trecho caminhamos ao lado do rio Paine que garantiu lindas fotos.
    Embora a caminhada rendesse bem, depois de umas 3 horas as mochilas pesadas começaram a cobrar seu preço. Fizemos uma parada para descanso intrigados com as placas que pareciam indicar uma quilometragem muito menor do que a real para aquele trecho. Resignados, voltamos à trilha para tentar chegar o mais rápido possível ao camping. Depois de mais um tempo passamos por um trecho repleto de margaridas (nunca vi tantas em tão pouco espaço) e avistamos muitas lebres. Mas nada do camping chegar.
    Conseguimos chegar ao camping junto com as últimas luzes do dia, pouco depois das 22h. Rapidamente montamos nossas barracas e fomos preparar um jantar. Praticamente às vésperas da viagem um amigo me emprestou um fogareiro potente da Primus. Como eu pouco tinha usado, levei um fogareiro reserva da Guepardo, bem leve. E não é que o fogareiro "mais famoso" não fervia de jeito algum a água? Fizemos de tudo e nada. Até que resolvemos colocar o Guepardo na briga. E ele resolveu a parada.
    Depois do jantar, nos recolhemos à nossa barraca e literalmente apagamos.

    Dia 29/dezembro
    Acordamos por volta das 8h sem pressa alguma. Essa era uma vantagem de termos luz até às 22h. Não éramos obrigados a madrugar e podíamos descansar mais.
    Ao abrirmos a porta da barraca, tomamos um susto. Um monte de carcarás estavam ciscando no camping, como se fossem galinhas gigantes. Nunca tinha visto um de tão perto! Tirei um monte de fotos e depois fomos preparar o nosso café da manhã. Cansados do dia anterior, fizemos tudo em "slow motion".
    Desarmamos e limpamos as barracas, arrumamos as mochilas e saímos quase 11h para a trilha. O visual de hoje era tão bonito quanto o do dia anterior. Montanhas de um lado, o Rio Paine nos acompanhando. Pouco tempo depois, chegamos ao lago Paine onde o famoso vento patagônico dava suas caras. Levantava a água do lago e levava para bem longe das suas margens. Pegamos bastante vento na parte mais alta, mas passamos de boa. Com cerca de 3 horas de caminhada, paramos em uma clareira e almoçamos. O tempo abria e fechava, em ciclos regulares. Voltamos a caminhar, sem maiores acontecimentos até chegarmos ao camping e refúgio Dickson.
    Mal chegamos e vários problemas surgiram!
    Conversamos com um guarda parques e ele nos informou que o incêndio havia se intensificado. Por conta disso, o camping Los Perros estava fechado. Segundo ele, a trilha para esse camping era das mais lindas, e recomendou que fôssemos até lá no dia seguinte, retornando para dormir no Dickson.
    Resolvemos mudar nossa estratégia. Já havíamos deixado um dia de folga para qualquer eventualidade. Descansaríamos no dia 30, ficando de bobeira no Dickson e só faríamos o bate e volta para o camping Los Perros no dia 31. Enquanto isso, acompanharíamos as notícias sobre incêndio para decidir os passos seguintes.
    Resolvida essa questão, fomos montar as nossas barracas e aconteceu mais um contratempo. O Rafael montou sua barraca e assim que guardou sua mochila, uma forte rajada de vento quebrou uma das varetas que também rasgou o sobreteto. Ele teve que conversar com o pessoal do refúgio e conseguiu passar a noite lá.
    Aproveitamos e fizemos um lanche caprichado no refúgio. Os sanduiches acabaram substituindo o jantar. Depois de alimentados, voltamos para as barracas e mais uma vez, desmaiamos.

    Dia 30/dezembro
    Seguindo o planejamento, acordamos tranquilamente por volta das 8h. Mas, para nossa surpresa, outro guarda parques veio conversar conosco para informar que o parque estava sendo evacuado e que todos os visitantes também deveriam sair. Barcos estavam chegando para recolher o material dos refúgios e levar os funcionários...
    Mesmo conscientes que a situação poderia chegar nesse ponto, ficamos abalados com a notícia.
    A minha intenção de transformar essa viagem em algo inesquecível, recobrou sua força, quando chamei a Letícia para dar um passeio nas margens do Lago Dickson. Ali, numa manhã (ainda) ensolarada, eu pedi a mão dela em casamento e colocamos nossas alianças de noivado. Alguma coisa boa e bonita tinha que acontecer! :)
    Voltamos a nossa realidade, desmontamos o acampamento e seguimos de volta em direção ao camping Serón. Já sabendo como era o caminho, dessa vez só fizemos uma rápida parada para comer e o ritmo foi bem mais forte. Uma chuva fina insistia em cair de vez em quando, deixando tudo um pouco mais triste. Depois dessa parada, sem ter muito que conversar, cada um foi imprimindo seu próprio ritmo e em pouco tempo, eu e Letícia ficamos um pouco para trás.
    Na subida que antecede o lago Paine conhecemos de verdade o que era o vento da Patagônia. Por mais de uma vez, o vento nos jogou contra as encostas e a gente caminhava praticamente num ângulo de 45 graus! Surreal demais...
    Passado esse sufoco com o vento, encontramos com o Gilmar e o Rafael que estavam nos esperando, preocupados conosco, pois a gente não aparecia no meio daquela ventania. Eles nos contaram que pensaram em voltar para nos buscar, mas o vento não deixou. A partir desse trecho caminhamos juntos até chegarmos ao Serón. O dia foi tão tenso que não tive ânimo para fotografar.
    Durante todo o trajeto, duas coisas nos preocupavam: conseguir uma barraca para o Rafael passar a noite e também a alimentação, pois a nossa "emergência" já estava acabando. Chegando ao camping, realmente estava tudo fechado, mas uma família chilena (que o Rafael conheceu no Dickson) estava alojada dentro da casa/guarderia, pois estavam fazendo o trekking sem barracas. Eles iriam passar a noite ali mesmo, mas conseguiram uma barraca emprestada para o Rafael.
    Olhando para as montanhas, podíamos ver a fumaça e os clarões do incêndio ao longe. Uma cena triste demais! Comemos um pouco e logo depois fomos dormir.

    Dia 31/dezembro
    Acordamos mais cedo que de costume, pois estávamos preocupados com o ônibus para voltar para a cidade.
    Preparamos rapidamente um café da manhã enquanto o Rafael devolvia a barraca arrumada e limpa para a família de chilenos que havia faxinado e arrumado toda a guarderia. Povo organizado é outro nível! Juntamos nossas mochilas e iniciamos a trilha de volta até Laguna Amarga. Dessa vez não faríamos nenhuma grande parada e caminhada seguiu sem grandes acontecimentos.
    Por volta das 13h chegamos à portaria e havia dois ônibus parados, mas nenhum deles era da empresa da qual tínhamos os bilhetes. Fomos conversar com os guardas e motoristas e eles nos informaram que por se tratar de uma emergência poderíamos tomar assento em qualquer um dos ônibus. Guardamos nossas mochilas cargueiras no bagageiro e ficamos um bom tempo esperando a saída, que só aconteceu por volta das 15h30.
    A viagem foi tranquila e um pouco mais demorada, por conta da fina chuva que caía. Durante o trajeto pude rememorar o verdadeiro turbilhão de emoções que vivi em apenas quatro dias. Sentia tristeza por ver aquele incrível patrimônio natural sendo queimado por um ato irresponsável de uma pessoa. Por outro lado estava feliz porque fizemos o que nos foi permitido e estávamos todos bem, pois cuidamos uns dos outros. E o meu coração transbordava de amor quando olhava minha noiva no banco ao lado.
    Sem dúvida alguma, por caminhos retos e também tortuosos, essa viagem se tornava uma jornada inesquecível.
    Voltando a realidade, quando chegamos a Puerto Natales, tínhamos mais uma preocupação. Encontrar um hostel para passarmos a noite e resolver o que fazer. Gilmar e eu saímos pela cidade debaixo de chuva, procurando algum lugar aberto, pois era quase réveillon. Depois de 20 minutos e muitos "nãos", encontramos a casa de uma senhora onde funcionava uma pensão. Por sorte, ela tinha três quartos disponíveis que poderia alugar pra gente. Depois de um bom banho e um pouco de descanso, fomos procurar um lugar para jantar e comemorar timidamente a chegada de um novo ano.

    Dias 01 a 03/janeiro
    Acordamos em 2012 ainda sem saber o rumo da nossa vida. Realmente não tínhamos pensado em um plano B. A única certeza é que nossa passagem de volta para o Rio estava marcada para o dia 08 de janeiro.
    Tiramos os dias 01 e 02 para descansar, passear e conhecer melhor a cidade de Puerto Natales. Entramos em todas as lojas de material de montanha e camping que existiam na cidade e alguém sempre comprava alguma coisa. Viramos fãs de uma cafeteria chamada "Patagonia Dulce". Almoço e jantar, com raras exceções, era no "El Asador Patagonico". Nossa mesa era quase cativa!
    Ouvíamos rumores de que o parque seria reaberto em quase todo o momento. Sem sombra de dúvidas, havia um esforço muito grande das autoridades em tentar debelar o incêndio ou pelo menos minimizar as áreas afetadas. O impacto do fechamento do parque sobre o turismo da região era gigantesco!
    Considerando a possibilidade de o parque ser reaberto, voltamos às atividades no dia 03. Alugamos bicicletas e fomos pedalando pela Ruta 9 em direção a fronteira com a Argentina. Depois de cerca de 10km avistamos o Cerro Dorotea a nossa esquerda e resolvemos deixar as bikes na casa de um morador e subimos até o seu cume, de onde tínhamos uma bela vista de Puerto Natales e arredores. Só não ficamos mais tempo porque o vento estava inclemente. Pedalamos na volta com o vento contra e foi dureza. Quando menos percebíamos, já estávamos no meio da estrada empurrados pelas rajadas de vento!
    Quando chegamos novamente na pensão onde estávamos hospedados, nossa anfitriã confirmou que o parque seria reaberto no dia seguinte. Não perdemos tempo! Teríamos uma "janela" de três dias que devia ser aproveitada. Providenciamos rapidamente as nossas passagens de ônibus para o parque.
    Fomos dormir felizes pela nova oportunidade.

    Dia 04 a 06/janeiro
    Acordamos, tomamos nosso desjejum e fomos comprar provisões. Voltamos para a pensão e terminamos de arrumar nossas mochilas. Confirmamos nosso retorno para o dia 06.
    As 14h45, o ônibus passou em frente a pensão e embarcamos. A viagem seguiu tranquila, com direito a uma parada antes da portaria para algumas fotos. Descemos em Laguna Amarga, compramos nossos tickets de entrada no parque e seguimos de ônibus até o Refúgio Torre Central, onde ficava o camping. Como já estava tarde, aproveitamos o restante do dia para conhecer os arredores e tirar muitas fotos.
    Durante a noite choveu bastante. Quando acordamos, tinha água dentro da barraca! Para nossa sorte, fomos salvos pelos isolantes térmicos. Depois de tomar café, o sol apareceu e tivemos tempo de secar tudo e mudar a barraca de lugar. Uma vez resolvidos esses problemas, por volta das 11h15, fomos fazer uma das pernas do circuito W, em direção ao mirador das torres.
    Em cerca de 20 minutos, passamos em frente ao nababesco hotel Las Torres. Pouco tempo depois, atravessamos uma ponte e começamos uma longa subida em direção ao Refúgio Chileno. Cerca de 1 hora depois, chegamos a um trecho em que a trilha era um recorte na montanha, acompanhando as curvas de um rio que fluía nervoso no fundo do vale. Letícia eu chegamos ao refúgio Chileno e lá encontramos o restante do pessoal almoçando. Aproveitamos para comer também.
    Já passavam das 14h quando retomamos nossa caminhada para os 4 km finais até o mirador. Essa parte da trilha é linda, passando por dentro de florestas e cruzando muitos rios. De tempos em tempos era possível avistar o cume das torres. A caminhada é bem tranquila até a altura do acampamento Torres. Desse ponto em diante, começa uma forte subida, com muitas pedras soltas. O fluxo de pessoas nessa trilha é muito grande e, em muitas ocasiões, cruzamos com famílias inteiras voltando do mirador.
    Por volta das 16h20 chegamos ao mirador com um sol maravilhoso. Não era raro lermos relatos de tempo ruim nessa região e "entendemos" aquele dia incrível como a nossa recompensa pelos problemas que tivemos ao longo dessa viagem. E que recompensa, senhoras e senhores! Estava lindo demais!
    Aproveitamos o lugar por mais de uma hora, e eu tirei uma infinidade de fotos. Tivemos inclusive a sorte de avistar um zorro (raposa), tomando seu banho de sol nas pedras. Felizes da vida, pegamos nosso caminho de volta e dessa vez tocamos direto até o nosso acampamento, aonde chegamos as 21h.
    Aproveitamos o excelente banheiro do camping para tomar um banho bem quente. Comemos alguma coisa e logo apagamos dentro da barraca.
    Acordamos no dia 06 ainda escuro, por volta das 6h15. Como não tínhamos pretensão de fazer nenhuma trilha aquele dia e teríamos bastante tempo até o horário do ônibus de volta, Letícia e eu resolvemos aproveitar para tirar fotos. Caminhamos em volta do camping até encontrar um ponto onde as torres fossem bem visíveis. E ficamos esperando o sol aparecer e dar seu espetáculo, deixando as montanhas ainda mais bonitas.
    Depois do show, ainda caminhamos bastante pelo entorno do camping, sem pressa ou preocupação. De volta ao camping, preparamos uma refeição reforçada e lentamente, começamos a desmontar nossa barraca e arrumar nossas mochilas para a volta.
    Por volta das 15h, o ônibus passou no refúgio e embarcamos de volta para Puerto Natales. Depois de um belo banho na pensão, fomos procurar um lugar para jantar e dessa vez resolvemos experimentar um restaurante diferente. Fomos ao pub Baguales, onde brindamos o final da viagem com chopp artesanal da casa (premiado, segundo eles) e hambúrgueres.
    Voltamos para a pensão para passar nossa última noite em Natales.

    Dias 07 e 08/janeiro
    Depois do nosso desjejum, deixamos nossas mochilas e ainda fomos dar uma última volta pela cidade. Despedimo-nos de nossa anfitriã e embarcamos no ônibus das 11h em direção a Punta Arenas. Lá chegando fomos direto para o nosso hostel e recuperamos a mala que ficou guardada para a nossa volta.
    Saímos um pouco mais tarde para conhecer mais a cidade (bem maior que Natales) e comprar algumas lembranças. Curioso lembrar que lá os taxis têm "linhas" pré definidas e não podem atender áreas fora da sua alçada.
    Nossa passagem no voo de volta estava marcada para as 5h45 do dia seguinte. Por conta disso, depois de chegar ao hostel e tomar um bom banho, arrumamos nossas mochilas e dormimos um pouco. Combinamos com a recepção para um carro grande nos pegar por volta das 1h da madrugada e nos deixar no aeroporto.
    A viagem de retorno foi bem tranquila, até porque só faríamos uma escala de aproximadamente 2 horas em Santiago. As 18h desembarcamos no aeroporto do Galeão onde esperamos nosso transporte de volta para Petrópolis.

    No final das contas, a viagem acabou sendo inesquecível. A despeito dos inúmeros contratempos, aproveitamos bastante, nos divertimos muito e a vontade de voltar sempre existe.

    Observações:
    - Onde fica: o Parque Nacional Torres del Paine está localizado na região de Magallanes y Antártica do Chile, a mais austral do país.
    - Como chegar: os aeroportos mais próximos são os de Punta Arenas (Chile) e El Calafate (Argentina). Os ônibus regulares para chegar ao parque saem de Puerto Natales, no Chile.
    - Quando ir: a alta temporada vai de outubro a abril, mas os melhores meses para visitação são dezembro e janeiro, quando chove menos. Porém, exigir precisão climática na Patagônia é demais!
    - O ingresso de entrada no parque na alta temporada 2018/2019 custa 21.000 pesos chilenos.
    - A partir de 2016 o parque passou a exigir a reserva prévia dos campings e refúgios, em função do volume crescente de visitantes (a temporada 2015/2016 registrou mais de 80 mil acomodações). Ou seja, a liberdade que tivemos em 2011 não se repete mais. É preciso planejar bem cada dia de trekking para evitar problemas.
    - Existem duas empresas privadas que controlam os campings e refúgios no parque. Uma é a Fantástico Sur (Las Torres, Serón, Los Cuernos, Chileno e Francês) e a outra é Vértice (Dickson, Los Perros, Grey e Paine Grande).
    - Além disso, existem alguns campings gratuitos administrados pela CONAF, orgão do governo chileno. São os acampamentos Paso, Italiano e Torres (esse estará fechado na temporada 2018/2019). São áreas com pouca ou nenhuma infra-estrutura mas também é necessário reservá-los.
    - Quanto mais próximos do Circuito W são os campings e refúgios, maior é a procura. Isso se aplica ao Paine Grande, Francês, Los Cuernos, Las Torres e Chileno.
    - Os sites para reserva são:
    a) Fantástico Sur: www.fantasticosur.com/
    b) Vértice Patagonia: www.verticepatagonia.cl/home
    c) CONAF: www.parquetorresdelpaine.cl/es/sistema-de-reserva-de-campamentos-1
    - Também é possível reservar alimentação (café da manhã, almoço, jantar ou pensão completa) nos mesmos sites. Muitos campings possuem um armazém para venda de alimentos e artigos básicos.

    Fabio Fliess
    Fabio Fliess

    Publicado em 10/08/2018 15:48

    Realizada de 26/12/2011 até 08/01/2012

    1 Participante

    Letícia Fliess

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    20 Comentários

    Irado Fabio !!!

    Rogerio 07/09/2018 19:43

    Fabio, considerando vento e frio da regiao, que barraca e saco de dormir usaram ?

    Fabio Fliess 11/09/2018 10:39

    Valeu Vitor! Muito obrigado camarada!

    Fabio Fliess 11/09/2018 10:44

    Fala Rogerio!!! Usamos uma barraca Azteq Nepal. Segurou bem a onda! Mas é preciso prestar atenção ao vento, pois um amigo estava usando uma barraca igual e o vento quebrou a vareta. Quanto ao saco de dormir, eu usei um Deuter Trek Lite 300 (que depois virou Trek Lite -2 e agora é da linha Astro). Segurou bem a onda! Abraços.

    Débora Aroche 27/10/2018 00:21

    Poxa, que pena que você não conseguiu completar o circuito por causa do incêndio! Quero muito fazer o circuito W, se tudo der certo ano que vem estarei lá :)

    Fabio Fliess 27/10/2018 21:07

    Oi Débora. Ficamos bastante chateados na época, mas acontece. Ainda queremos voltar e completar o circuito. Espero que você consiga conhecer esse paraíso ano que vem!

    Wagner Oliveira 15/12/2018 15:41

    ola amigos vi que vcs fizera, algo na escocia com una tandem,,, me informe se possivel,,, como embarcou, opois tenho uma e gostariamos de fazer espanha ---portugal,,, em 10jan19 vamos fazer 475km em sp de guaruja ate pirassununga passsando antes por brotas,,, abarzos

    Marcelo Lemos 16/10/2021 11:28

    Amigaço, enquanto a gente vive a sequência inesperada, parece que o mundo conspira contra a gente. Mas nada ocorre ao acaso e é isso que deixa seu relato único, diferenciado. E olha a maravilha que surgiu... parabéns!

    Fabio Fliess

    Fabio Fliess

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