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Fabio Fliess 30/01/2022 16:23 com 2 participantes
    Travessia do Morro dos Macacos

    Travessia do Morro dos Macacos

    Travessia inaugural do Morro dos Macacos, pelo Centro Excursionista Petropolitano, no Refúgio da Serra da Estrela.

    Hiking Montanhismo

    Travessia do Morro dos Macacos – 15.01.2022

    Apesar dos avanços da variante Ômicron, as atividades externas do CEP – Centro Excursionista Petropolitano começaram à toda em 2022. Depois de uma semana de muita chuva, São Pedro colaborou e conseguimos realizar nossa primeira atividade de 2022. Dentro do protocolo estabelecido pelo clube, apenas sócios com esquema vacinal completo (duas doses) poderiam participar das atividades. Sem descuidar das outras formas de proteção.
    Faríamos oficialmente a primeira travessia do Morro dos Macacos, passando pelos cumes da Pedra do Rolador, Morro dos Macacos, Agulha dos Macacos e, havendo tempo, Caititu (ou Morro do Avião).

    Morro dos Macacos visto do início da trilha, no Alto Independência


    Os guias da excursão, Luiz e Renan, comentaram que durante a trilha o grupo iria decidir se desceríamos até Fragoso ou finalizaríamos a travessia no Parque Municipal da Taquara. Tudo dependeria das condições da trilha, já que o caminho havia sido aberto pelos dois e mais alguns amigos em meados de 2020.
    Essa travessia fica dentro dos limites da Refúgio de Vida Silvestre Estadual da Serra da Estrela – REVISEST. Fizemos contato com a direção da unidade de conservação para comunicar a realização da excursão na forma de travessia. Se no futuro alguém quiser repetir, sugiro que façam o mesmo.
    No dia marcado nos encontramos no Parque Cremerie, onde deixamos os carros. Luiz e Karen ficaram aguardando o Gelli, que estava vindo do Rio com um pouco de atraso. O restante da turma (Gabriel, Sabrina, Douglas, Letícia e eu), capitaneados pelo Renan, pegou um ônibus para o Alto Independência.
    Descemos do coletivo na Rua Cacilda Becker, onde subimos uma rua bem inclinada em direção a Padaria União. Dali seguimos para a Rua Me.Silva, onde o calçamento deixou de existir. Aguardamos alguns minutos a chegada do trio retardatário, mas com a demora, resolvemos prosseguir. Eles nos encontrariam em algum ponto da trilha. O relógio marcava 8h e o calor já era grande.
    Caminhamos um tempo passando por várias casas até entrarmos definitivamente na trilha. Apesar da mata fechada, podíamos ouvir o movimento de carros, porque estávamos bem próximos da subida da serra que liga o Rio a Petrópolis (BR-040).
    Neste primeiro trecho, até o Morro dos Macacos, a trilha ainda é marcada. Apenas em um ou outro ponto foi preciso usar o facão para facilitar a passagem. O ritmo da turma era bom e com um pouco menos de 1h de trilha chegamos a uma pequena passagem aberta, mostrando os cumes vizinhos. Acabamos passando direto da entrada para a Pedra do Rolador, mas só nos tocamos disso quando o Luiz nos alcançou dizendo que eles tinham ido até lá. Agora o grupo estava “quase” completo. Um dos participantes, por morar próximo da BR-040, disse que nos encontraria no cume dos Macacos.
    A chuva pesada dos dias anteriores deixava a trilha bem escorregadia. A umidade era grande e por volta das 10h eu já estava com a roupa completamente encharcada. Meu boné pingava e, obviamente, eu bebia muita água. Infelizmente, por estarmos caminhando numa crista, não havia nenhuma fonte de água.
    Depois de 2h45 de trilha, chegamos a um trecho aberto, que indicava a proximidade do cume do Morro dos Macacos. Fiz uma pausa, aguardei a Letícia e preparei um Sport Drink (um bom repositor hidroeletrolítico), pois a perda de líquidos estava insana.

    A turma reunida no cume do Morro dos Macacos (Foto: Letícia Fliess)


    As 11h em ponto, chegamos ao cume do Morro dos Macacos. Para a nossa surpresa, o Mário não estava lá. Alguém recebeu uma mensagem no WhatsApp dizendo que ele estaria na base da Agulha. Próximo ao cume encontramos a primeira cobra do dia. Uma bonita jararaca, que descansava ao lado da trilha. Deixamos a bicha quieta, enquanto a turma toda fazia um lanche e se hidratava.
    Ficamos cerca de 20 minutos no cume. Depois de assinarmos o precário livro de cume, retomamos a pernada após afastarmos a cobra do caminho. A partir desse ponto, a trilha poderia estar fechada, sendo necessário o uso do facão. Não demorou muito para descobrirmos!
    Renan e Gabriel foram na frente se revezando no facão, com o Luiz indicando o melhor caminho para chegar na Agulha. Eu usava o tracklog da primeira investida e em alguns momentos auxiliava na navegação, por conta da maior precisão do meu GPS.
    Pela trilha fechada e característica do terreno (uma encosta), o ritmo caiu vertiginosamente. As 12h45 chegamos a um ponto delicado, pois havia uma laje bem inclinada para descer. Na primeira investida, na temporada e com o tempo seco, foi possível passar sem cordas. Mas dessa vez, até para segurança do grupo, foi instalada uma corda para facilitar a descida. Mesmo assim, era preciso descer com cuidado porque a laje estava bem escorregadia. Passado esse trecho, ainda havia uma outra passagem mais complicada na mata.

    Eu e Douglas aguardando a passagem no trecho de cordas.

    Cume da Agulha dos Macacos (Foto: Luiz Cláudio Antunes)

    Depois que todos desceram, seguimos até o colo onde começa a subida para a Agulha dos Macacos. Havia muitos taquaruçus, que dificultavam ainda mais a tarefa de reabrir a trilha. Apesar disso, chegamos ao cume as 13h30. Fizemos mais uma pausa de 20 minutos para lanche e hidratação.
    Retornamos pelo mesmo caminho até o colo, onde continuamos a descida. Em alguns trechos a mata facilitava a locomoção e o ritmo melhorava, mas logo aparecia um trecho para batermos facão. Em pelo menos dois pontos, encontramos restos do trem de pouso do avião cargueiro da Lufthansa (LH527) que bateu naquelas encostas em 1979.

    Um pouco de história.
    O avião, com destino a Dakar, decolou do Aeroporto Internacional do Galeão as 18h27. Dois minutos depois da decolagem, a tripulação recebeu a orientação da torre de controle para aumentar gradativamente a velocidade. Imediatamente depois disso, o controlador, assoberbado com o intenso tráfego aéreo, deixou de monitorar a aeronave por cerca de dois minutos. Ao retomar o monitoramento, percebeu a colisão iminente e fez novo contato com a tripulação indicando algumas manobras, mas não houve tempo. As 18h32 a aeronave colidiu com o Caititu, matando todos os três tripulantes. Desde então, a montanha também é conhecida como Morro do Avião.

    Restos do avião cargueiro da Lufthansa.


    Desde a saída da Agulha, levamos cerca de 1h30 para chegamos na bifurcação onde teríamos que decidir o nosso destino. Pelo horário avançado, Luiz achou melhor seguir em direção a Fragoso, pela trilha que fizemos em 2019, para os Três Irmãos. Para dificultar um pouco, minha água estava terminando. O Luiz me deu uma garrafinha com gelo e um pouco de água para segurar as pontas até chegarmos a um riacho.
    A partir dessa bifurcação, a mata fica aberta e a trilha marcada e mais fácil de seguir. Continuamos descendo até que o grupo que estava na frente gritou e avisou que havia mais uma cobra na trilha. Uma jararaca ou jararacuçu, que chegou a esbarrar na perna de alguém. Por sorte não estava agressiva e logo sumiu pela mata.
    As 16h chegamos no riacho e fizemos uma pausa para descansar, hidratar e lavar o corpo. Alguns aproveitaram e até lavaram a roupa! Depois de 15 minutos, retomamos a caminhada para o trecho final, que transcorreu sem maiores dificuldades. Após passarmos pelo campo de orações, chegamos às 16h55 na Rua Delmiro Gouveia e ao final da trilha.

    Inacreditavelmente mais limpinhos e comemorando o final da travessia em Fragoso (Foto: Letícia Fliess)


    Dali ainda caminhamos cerca de 1,5km até a Avenida Automóvel Clube, que corta Fragoso e faz a ligação com a Estrada Velha da Estrela, que leva a Petrópolis. Paramos na Imperial Hamburguer para fazer um lanche e comemorar o fim de mais uma trilha com uma cerveja gelada. Ainda tivemos a alegria da visita do nosso sócio e amigo, Gustavo Machado, que mora ali pertinho e foi beber uma cervejinha e apresentar a Laurinha – sua filha de 6 meses – para os malucos do CEP!
    Sempre em frente!

    Observações:
    1 - Reforçando o que foi dito acima: quem se interessar em repetir essa travessia, recomendo entrar em contato com a gestão do Refúgio de Vida Silvestre da Serra da Estrela - REVISEST através do email revisest.inea@gmail.com, solicitando permissão para a atividade.
    2 - Só existe um ponto de água, praticamente no final da caminhada. Em dias quentes, 3 litros de água é pouco!
    3 - As fotos são minhas, da Letícia, da Sabrina Isasca, do Luiz Cláudio Antunes e do Eduardo Gelli. Meus agradecimentos!

    Fabio Fliess
    Fabio Fliess

    Publicado em 30/01/2022 16:23

    Realizada em 15/01/2022

    2 Participantes

    Letícia Fliess CEP

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    2 Comentários
    Marcelo Lemos 30/01/2022 19:52

    Que baia aventura, hein amigaço?!?!? Parabéns! Confesso que fiquei com água na boca quando vocês lançaram o convite, mas infelizmente eu já tinha compromisso no dia. É um setor bem diferente de Petrópolis. Espero participar na próxima, de preferência no inverno!!!!!

    2
    Fabio Fliess 30/01/2022 21:17

    Valeu amigaço. Contamos contigo na próxima! E, se for repetir, faça sim no inverno! Kkkk

    Fabio Fliess

    Fabio Fliess

    Petrópolis - RJ

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    Montanhista desde que me conheço por gente!!! Sócio e condutor do CEP - Centro Excursionista Petropolitano. Take it easy e bora pras montanhas! Instagram: @fliess

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