/abcdn.aventurebox.com/production/uf/544c0a64dc883/adventure/589b199752b0d/589b199756b59-2.jpg)
Travessia Ruy Braga | P.N.do Itatiaia
Primeiro relato sobre as três travessias do Parque Nacional de Itatiaia. Todas feitas sem pernoite.
HikingAs travessias que cortam o Parque Nacional de Itatiaia são lindas, mas durante longos períodos ficaram fechadas ao público, por motivos diversos (falta de manutenção, controle, etc). No começo dos anos 2000, nenhuma das travessias estava aberta.
Isso começou a mudar em 2010, e as melhorias rapidamente saltaram aos olhos: manutenção das trilhas mais eficiente, já havia sinalização (ainda que precária) nas trilhas e aos poucos, novas trilhas foram liberadas e as travessias reabertas. E apesar de toda a burocracia que envolve esse tipo de atividade em uma unidade de conservação (Itatiaia é um dos parques mais chatos para agendar alguma atividade), vale muito a pena conhecer.Assim que fiquei sabendo da reabertura das travessias, me reuni com a Letícia, minha esposa, e alguns amigos para fazermos cada uma delas, e a idéia é que fossem sempre sem pernoite. A primeira travessia que escolhemos foi a Ruy Braga, que liga as partes baixa e alta do parque. Optamos por fazer da maneira mais simples, começando do Posto Marcão (portaria da parte alta) e finalizando ao lado da Cachoeira do Maromba. O trajeto completo tem pouco mais de 23kms.
Para facilitar a logística, contratamos uma van saindo de Petrópolis. O Marco Telles, meu sócio, era sócio e guia do CEP – Centro Excursionista Petropolitano e convidamos alguns colegas do clube para integrar a trupe.
Como dito acima, existe toda uma burocracia para fazer uma travessia dentro do PNI. É preciso fazer uma reserva com antecedência prévia de no máximo 30 dias e no mínimo 7 dias. Esse processo de agendamento pode ser feito diretamente no site do parque (http://www.icmbio.gov.br/parnaitatiaia/reservas.html). Esses prazos devem ser observados, pois do contrário, você corre o risco de ter seu pedido negado. Deve ser observado também a capacidade de pessoas que cada trilha pode receber por dia. Hoje, para a Travessia Ruy Braga, o limite é de 26 pessoas por dia. Além disso, a travessia só pode ser percorrida em no máximo 2 dias (1 pernoite previamente agendado também) e independente do sentido, é preciso começar a caminhar antes das 10h da manhã.
Fiz o agendamento e poucos dias depois recebi um email do parque com a confirmação da minha reserva. Fechamos a van e aguardamos o dia 29 de setembro. Chegado o dia, saímos por volta das 4h de Petrópolis e chegamos as 8h na portaria do parque. Apresentamos a documentação da reserva, com o nome de todos os participantes, e fizemos o pagamento das taxas de entrada.
As 8h45 começamos a caminhar pelo planalto e rapidamente chegamos no Camping e Abrigo Rebouças (foi reformado recentemente). Nos abastecemos de água e seguimos pela “estrada” (sim, é uma BR, a mais alta do país) seguindo em direção ao maciço das Prateleiras. Com cerca de 40 minutos encontramos a bifurcação que divide as trilhas. Dali em diante seria novidade para a maioria (se me recordo bem, apenas o Marco já havia feito aquela travessia).A trilha é muito bem marcada e aberta. Vamos descendo em nível com o objetivo de chegar nas ruínas do Abrigo Massena, um incrível abrigo de montanha construído na década de 50, que infelizmente está inoperante hoje. O teto não existe mais nem as janelas. As maioria das paredes ainda estavam de pé, assim como a lareira que existe no centro do abrigo. Se a travessia for feita com pernoite, é na área do Massena que devem ser montadas as barracas (ou dentro do abrigo, se houver espaço).
Chegamos no abrigo pouco antes das 11h e resolvemos aproveitar e parar para lanchar em uma área um pouco mais acima do refúgio, onde existem ruínas de outra construção. Ali perto também existem ruínas de uma estação de TV. Ficamos aproveitando o sol e comemos sem pressa.
Voltamos a caminhar perto de meio dia. A partir desse ponto, o Marco havia comentado que encontraríamos charcos enormes (muita gente já tinha ficado com pé preso e perdido calçado por ali) e trechos muito erodidos. E isso começava imediatamente depois do Massena. Para a nossa surpresa, durante o trabalho de reabertura da trilha, a equipe do parque fez um trabalho espetacular, eliminando os charcos e recuperando os trechos mais erodidos. Assim, a caminhada rendeu bastante. Voltamos a descer, no início ainda em terreno aberto e depois de 1h de caminhada a partir do Massena, entramos na mata, sempre descendo.Apesar da floresta exuberante, já não tínhamos o visual da parte mais alta e a trilha fica menos incrível. Com pouco tempo de descida, passamos por outro abrigo, o Macieira. Paramos rapidamente apenas para tirar algumas fotos e comprovar o estado decrépito do abrigo (parece coisa de filme de terror).
Voltamos para a trilha, ainda descendo, em um interminável zigue-zague. Nesse ponto, o grupo que estava bastante homogêneo até então, começou a se dispersar e imprimir ritmos diferentes. E exatamente as 15h45, o último grupo chegou ao final da travessia, bem ao lado da cachoeira do Maromba. Os que chegaram antes, já tinham até tomado um banho no poço. A van já estava lá nos esperando. Tomei um banho rápido, troquei de roupa e as 16h30 já estávamos pegando estrada. E dentro da van, já definimos que faríamos a segunda travessia, a Rebouças x Mauá via Rancho Caído, no mês seguinte.
Mas essa eu conto em outro relato.
Participantes:
Fábio e Letícia Fliess, Gilmar e Alessandra Hambrick, os amigos e colegas do CEP Marco Telles (in memoriam), Marcelo Garcia, Alexandre Werneck, Adriano Fiorini e Gustavo Machado, além do irmão deste último, o Eduardo!
Nota: através de uma notícia do portal Alta Montanha, fiquei sabendo que a travessia estava fechada e foi reaberta recentemente por voluntários. Entre em contato com o parque para saber o estado de cada trilha e travessia.
Fabio, é possível reservar junto ao PNI esta travessia (Ruy Braga) da parte baixa para a parte alta e emendar com a travessia da Serra Negra?
Fala Peter. Boa tarde. Tudo bem?? Acho que é possível sim, mas acho que você terá que pedir 2 autorizações no site do PNI. Dá uma olhada no item d das diretrizes gerais nesse documento: http://www.icmbio.gov.br/parnaitatiaia/images/stories/Normas_UP/Normas_para_Travessias_no_PNI_Aprov_11.06.16.pdf. Abraços.
Valeu! Para mim, que moro na Bahia, é melhor aproveitar e fazer as duas numa mesma ocasião. Bons relatos, servirão de orientação se eu fizer as trilhas!
Só mais uma pergunta, subindo vc pernoitaria nas ruínas do abrigo Massena ou no abrigo Água branca?
Peter... Como você vai emendar duas travessias, a minha sugestão seria acampar ao lado do Abrigo Rebouças, mas ali tem mais uma burocracia para conseguir vaga, pois tem que fazer um agendamento separado. Não sendo possível, eu acamparia ao lado do Massena, pois você estaria mais próximo da parte alta do parque e uma vez especificado na reserva, o pernoite ao lado desse abrigo não necessita de um agendamento próprio. Além disso tudo, para chegar no abrigo Água Santa, você vai ter que pegar um "desvio" na Ruy Braga, que vai aumentar a sua pernada em mais ou menos 6kms. A única vantagem que eu vejo de usar o Água Branca é se você não quiser levar barraca. Nesse caso, você teria que ficar hospedado em alguma pousada durante a travessia da Serra Negra. Dependendo da época que você for, me avise. De repente, consigo ir contigo. Precisando de mais alguma informação, é só falar. Abração.
Valeu! Penso em fazer a travessia Ruy Braga + Rancho Caído de 13 a 17/7 mas ainda não estou seguro quanto a estas datas. Te aviso quando tiver certeza.
Beleza Peter... Se for possível, a gente te acompanha!!! Abração.