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Gabriel Lima 30/12/2015 04:16
    Camocim - Tatajuda - Jericoacoara

    Camocim - Tatajuda - Jericoacoara

    Percurso entre as praias, dunas e lagoas entre Camocim e a Vila de Jericoacoara no Ceará.

    Antes de tudo gostaria de informar que isto não chega a ser um relato detalhado como os que encontro por aqui. Este fala apenas do trajeto entre Camocim e Jeri, e as paisagens e sensações pelo caminho.

    O local onde estávamos hospedados era Camocim, uma cidade litoranea que fica a 360km de Fortaleza. Chegamos a esta cidade no dia 20, encontramos uma cidade bastante tranquila. Achei as pessoas muito abertas e simpáticas, fáceis de bater um bom papo.
    A cidade tem em seu litoral o encontro do Rio Coreaú com o mar, muito bonito.

    Fechamos um passeio com um guia local credenciado, o nome dele é Francislucio, "mas pode me chamar de lúcio, é mais fácil" disse ele. Lúcio nos levaria de camocim até Jeri que fica a 40km de onde estávamos. Para partir no sentido Jijoca precisamos atravessar o rio Coreaú, em uma balsa. A travessia é tranquila.


    No outro lado já damos de cara com algumas barracas de palha e com as dunas móveis ao fundo. Também encontramos barracas que foram engolidas pelas dunas que se movimentam com o vento. Lúcio comentou:"Essas dunas todos os dias estão diferentes, várias barracas aqui já foram acabadas com a areia, engole mesmo"

    Seguimos na paisagem que alternava entre dunas e a beira da praia. É fácil encontrar redes para deitar, qualquer lugar com resquicio de população você encontraria uma rede armada.
    Lúcio explicou a mudança da maré: "Essa rede tá longe do mar porque a maré tá seca, deixe só encher pra você ver como a água vem bater aqui"

    Depois de passarmos por algumas localidades pequenas voltamos para o percurso pela praia. Seguimos uma trilha pelo meio de uma vegetação muito diferente, uns galhos com madeira seca e clara, com folhas nas copas bem verdes, areia bem branca, com o mar azul ao fundo e redes de palha. No começo parecia que uma onda tinha arrastado essas madeiras, quando chegamos perto vimos que eram raízes.

    Acredito que este visual diferente seja próximo a comunidade Guriú, não lembro bem a explicação do Lúcio. Após passar por estas vegetações tivemos que fazer outra travessia de balsa, desta vez para chegarmos ao Parque Nacional de Jericoacoara.

    Logo após atravessarmos, o guia nos leva a um local onde saem passeios de barco pelo mangue, nesse mangue outro guia especializado conduz o barco mostrando alguns cavalos marinhos, siris, siris azuis, carangueios. Lembro que em um determinado momento um carangueijo balançava a pata como se acenasse para um visitante. "Olha ali o caranguejo dando tchau! Aqui a gente treina eles, são tudo treinado!" disse o guia.
    Em outro momento o guia falou "Olha ali um siri azul, vou tentar pegar, eles não são fáceis de ver por aqui não", ele então desceu do barco e o pegou. Pedi para segurar o siri e ele respondeu "Pegue aqui atrás dele, se pegar na frente ele belisca", motivo de meus dedos estarem encolhidos na foto.

    Após este passeio seguimos para Jeri, na vila não fiz muitos registros fotográficos. Apenas uma foto ao chegar na comunidade, numa estrada pelas dunas.



    Ouvi uma definição de Jeri que curti muito, "Jeri é pé na areia". É isso mesmo, Jeri nos convida a andarmos descalços como em casa. Talves seja por isso que não lembrei de fotografar a vila.

    Um momento alto de Jeri foi quando conheci uma jovem argentina enquanto andava pela praia.
    Ela estava vendendo sua arte na praia quando a conheci. Ela não se considerava hippie, "me considero artesã" disse ela. Ela comentou como saiu de casa, os desejos e desafios encontrados pela estrada. Já havia morado um periodo em Pipa, agora estava morando em Jeri. "De tudo o que enfrentei, o meu maior medo foi o de sair de casa, isso foi o mais dificil". Achei interessante a forma como ela falou das economias; "Muitos gastam com alcool ou droga a mesma quantia que gastam com o aluguel. Eu não curto assim, sou mais feliz em minha lucidez". Achei legal porque ela comentou que tinha adquirido um terreno com a grana adquirida pelo caminho.
    Depois de uma boa conversa nos despedimos. Depois então lembrei que não fotografei "a argentina" e não escrevi o nome dela (sou péssimo para lembrar nomes).

    Depois de conhecer a vila e pessoas por lá, seguimos voltando para camocim, já com aquele ar de "já sei o que me espera pela volta". Me enganei. Na volta foram outras descobertas. O nosso guia, agora amigo, Lúcio, voltou por um caminho diferente, onde conhecemos outras vilas e chegamos a uma lagoa com água azul e redes dentro d'água.

    Esta lagoa que fomos não é a popular Lagoa do Paraíso. Ouvi dizer que nessa época do ano a "do Paraíso" está seca. Já essa que conhecemos não estava.
    Aconselho a deitar nas redes antes de almoçar. Por que se você faz isso depois de comer será muito complicado pra levantar e querer voltar pra casa.

    Almoçamos em uma barraca na beira dessa lagoa. Lúcio também comeu conosco. Ele explicou: "Qualquer lugar que levar vocês eles dão meu almoço, por que sou credenciado, então escolham o lugar a vontade" (como se já não fossemos escolher mesmo rsrs)
    Então eu almocei e, sem saber dos efeitos deste meu ato, resolvi deitar. Erro meu.
    Deitei, dormi, sonhei e fui acordado 15 min depois; "Vamo que se não a maré sobe muito e complica a volta".

    Depois disso voltamos por outra trilha, esta passava próximo ao local de uma antiga salina. Era uma grande área aberta, como um lago muito raso e seco, envolto por uma vegetação nativa.


    Depois disso chegamos ao Rio Coreaú. Fizemos a travessia de retorno para a cidade de Camocim, retornando ao ponto de inicio.

    O percurso é longo, por conta disso passa a ser cansativo. Protetor solar, óculos escuros são fundamentais. Prever com o guia o valor das refeições que você desejará fazer durante o percurso também é muito importante, tudo depende de quanto você estará disposto a gastar.

    Conhecer estes lugares foi algo muito prazeroso, mas conhecer as pessoas nestes locais e aprender com elas tornou tudo mais interessante. Para lembrar dos lugares precisei olhar as fotos, mas as pessoas que conheci por lá e o que elas ensinaram acaba ficando com a gente.

    Gabriel Lima
    Gabriel Lima

    Publicado em 30/12/2015 04:16

    Realizada em 21/12/2015

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