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Já publicamos aqui no AventureBox duas matérias sobre mínimo impacto. Na primeira, abordamos de forma geral, o que é o “Leave No Trace” (ou “Não Deixe Rastros“) e descrevemos quais são os 7 princípios de mínimo Impacto em ambientes naturais. Na segunda, desenvolvemos melhor o primeiro princípio: Planejamento e preparação.

Nesse artigo vamos dar continuidade a esse assunto super importante apresentando melhor o segundo princípio: “Caminhe e acampe em superfícies duráveis”. Seu objetivo é permitir o deslocamento por ambientes naturais, evitando danos à terra ou aos cursos de água durante o progresso.

Para que possamos atingir esse objetivo, é fundamental o entendimento sobre como as caminhadas e acampamentos causam impactos no ambiente. Esses danos são causados, principalmente, quando a vegetação da superfície ou comunidades de organismos são pisoteadas e não podem ser recuperados. A área estéril resultante pode causar a erosão do solo e o desenvolvimento de caminhos secundários indesejáveis, tanto em trilhas estabelecidas quanto em áreas remotas.

Caminhe em trilhas demarcadas

As trilhas são estabelecidas por suas respectivas instituições gestoras visando a criação de rotas identificáveis que possam concentrar todo o tráfego de caminhantes. Portanto, as trilhas construídas são, por elas próprias, já um impacto na área. No entanto, elas funcionam como uma forma de gestão deste impacto, já que concentram este impacto em área reduzida e controlada, promovendo o uso sustentável por parte das pessoas que trafegam diariamente por estes ambientes.

Concentrar o fluxo de caminhantes nestas trilhas demarcadas reduz a probabilidade de que outras trilhas paralelas se desenvolvam e deixem ainda mais marcas na paisagem. É melhor ter uma rota bem planejada do que muitos caminhos mal escolhidos. Por isso, caminhe sempre dentro da trilha demarcada e não utilize atalhos irregulares.

Aqui também vale lembrar que, ao fazer uma pausa durante a caminhada, lembre-se de deixar um espaço livre para que outras pessoas possam passar. Além disso, evite gritar durante a caminhada ou ouvir música alta. Ruídos que não pertencem ao ambiente não são bem-vindos em áreas naturais. Se você precisar sair da trilha por algum motivo, mesmo que seja apenas para descansar, sempre pratique os princípios para caminhadas fora da trilha que iremos descrever a seguir.

Um bom exemplo de trilha bem estabelecida.

E se for necessário caminhar fora da trilha?

Caminhadas por trilhas não demarcadas como em expedições por áreas remotas, uma busca por um local para o banheiro ou em explorações ao redor dos acampamentos são ótimos exemplos de “caminhadas fora da trilha”. Nesse contexto, dois fatores principais definem o quanto essa ação impacta a área: a durabilidade e a frequência das caminhadas:

  • A durabilidade se refere à capacidade das superfícies ou da vegetação de resistir ao desgaste, permanecendo em condições estáveis após a passagem dos caminhantes;
  • A frequência de uso e o tamanho dos grupos aumentam a probabilidade de uma grande área ser pisoteada ou de uma pequena área sofrer mais com um pisoteamento constante.

Durabilidade da Superfície

Aqui é importante entender que cada tipo de superfície natural responde de maneira diferente ao tráfego das pessoas.

Pedra, areia e cascalho: são altamente duráveis ​​e podem tolerar pisadas e atritos repetidos. No entanto, é preciso ter cuidado com os liquens que crescem nas rochas já que os mesmos são vulneráveis ​​ao pisoteamento constante.

Caminhada por pedras e cascalhos.

Gelo e neve: o efeito nessas superfícies é temporário, tornando-as boas escolhas como rota, com a adoção das devidas precauções de segurança. O ideal é que a camada de neve tenha profundidade suficiente para evitar danos na vegetação oculta sob ela.

Vegetação: Evite pisar sobre vegetação sempre que possível, especialmente em encostas íngremes, onde os efeitos da caminhada fora da trilha podem ser ampliados. Decisões cuidadosas devem ser tomadas ao caminhar pela vegetação em um terreno mais plano, já que sua resistência ao pisoteio varia muito. Selecione áreas que sejam duráveis ou com vegetação esparsa em que você possa caminhar sem pisar nela. As gramíneas secas tendem a ser resistentes, enquanto que prados úmidos ou outras vegetações frágeis mostram rapidamente os efeitos do pisoteio. O pisoteio constante de um caminho costuma fazer com que outras pessoas sigam a mesma rota pisoteada, ocasionando o aparecimento de trilhas paralelas. É boa prática que os aventureiros que precisem caminhar por terrenos sem trilhas demarcadas se espalhem para evitar a criação de novos caminhos

Solo vivo: conhecido também como crosta criptobiótica, é frequentemente encontrado em ambientes desérticos e é extremamente vulnerável ao tráfego de caminhantes. Consiste em uma crosta escura e irregular sobre a areia formada por pequenas comunidades de organismos. Em climas desérticos, esta crosta retém umidade e fornece uma camada protetora, evitando a erosão. É muito importante usar as trilhas demarcadas em áreas com essas características, pois um simples passo pode destruir este solo frágil. Nesse tipo de situação opte por andar sobre pedras ou outras superfícies duráveis​​. Caminhar por solo vivo só deve ser feito quando for absolutamente necessário. Quando inevitável, é melhor seguir os passos previamente dados para que a menor área da crosta seja afetada, exatamente a regra oposta daquela usada ao caminhar através da vegetação. O solo vivo também é extremamente vulnerável ao tráfego de bicicletas.

Poças no deserto e buracos de lama: não caminhe por poças no deserto, buracos de lama ou perturbe a água de superfície de maneira nenhuma. A água pode abrigar pequenos animais e ainda é um recurso extremamente escasso para todas as coisas vivas no deserto.

Acampe em superfícies duráveis

Selecionar uma área de camping apropriada é, talvez, o aspecto mais importante para minimizar impactos em áreas remotas. Esta decisão deve ser baseada em informações sobre o nível e o tipo de uso da área, a fragilidade da vegetação e do solo, a probabilidade de perturbação da vida selvagem, uma avaliação dos impactos anteriores e o seu próprio potencial para causar ou evitar um novo impacto.

Montando acampamento sobre uma superfície durável.

Escolhendo um local para acampar em áreas de uso frequente

Reserve tempo e energia no final do dia para selecionar um local apropriado para acampar, ainda que a sua caminhada tenha sido muito cansativa. Fadiga, mau tempo e chegar tarde não são desculpas aceitáveis ​​para montar seu acampamento em locais ruins ou frágeis. Sua preferência deve ser onde naturalmente existe pouca ou nenhuma vegetação, como áreas com rochas expostas ou terrenos arenosos.

Acampar a pelo menos 60 metros (cerca de 70 passos largos de um adulto) de distância da água é importante, pois você não impedirá que a vida selvagem do local acesse a essa fonte.

É melhor acampar em locais já estabelecidos, pois nestes locais o impacto já aconteceu, então basta ter cuidado para não os afetar ainda mais. Em locais já muito impactados, barracas, caminhos e áreas de cozinha devem ser concentrados nas áreas mais afetadas. A ideia é limitar o impacto aos locais que já apresentam uso e evitar que essa área se expanda. Ao desmontar o seu acampamento, certifique-se que deixou a área limpa e organizada, assim outros campistas poderão usufruir do local após a sua saída.

Acampar em áreas remotas não perturbadas

Áreas remotas recebem poucos visitantes e não apresentam impactos óbvios. Sua visitação é recomendada apenas por quem estiver comprometido com as técnicas de mínimo impacto. A boa prática é espalhar barracas, evitar rotas de tráfego repetitivo e mudar o local de acampamento todas as noites. O objetivo disto é minimizar o número de vezes que alguma parte do local é pisoteada repetidamente.

Ao montar o acampamento, posicione as barracas e a cozinha em superfícies duráveis. Grandes lajes de rocha são bons locais para as cozinhas. Uma boa dica é usar algum recipiente para armazenar a água e minimizar a necessidade de buscar com frequência. Caso necessário, use caminhos alternativos e sempre observe por onde anda para evitar o pisoteamento da vegetação.

Na hora de sair, arrume o local onde estava acampado. Cubra as áreas impactadas com materiais nativos (como folhas). Isto ajudará na sua recuperação, o deixará sem a aparência de uma área de camping e diminuirá a probabilidade de outras pessoas acamparem no mesmo local. Quanto menor a utilização de uma área maior é a chance dela se recuperar.

Demontando acampamento.

Por fim, escolha conscientemente caminhos duráveis para conectar as partes de seu acampamento e varie suas rotas dentro da área de camping. Limite a sua estadia a não mais do que duas noites. Sempre minimize a remoção de pedras e cascalho e nunca remova ou limpe locais cobertos com material orgânico. Este material que cobre a área ajudará a amortecer o pisoteio, limitará a compactação do solo, liberará nutrientes para as plantas e reduzirá as forças erosivas da chuva. Além disso, não mexa, pise ou acampe em rochas cobertas por liquens.

©1999 by the Leave No Trace Center for Outdoor Ethics: www.LNT.org.

Publicação original: Caminhe sobre superfícies duráveis.

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Publicado em 21/04/2021 20:45

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3 Comentários
Online Pelo Mundo 28/04/2021 08:40

👏🏻👏🏻👏🏻

Gear Tips 28/04/2021 08:42

Gustavo e Priscila, obrigo pelo carinho! 🤟🏼🤟🏼

Mínimo Impacto 29/04/2021 13:52

Muito bom! 👏👏👏

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