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Guilherme Both 13/08/2018 22:29
    Avistagem de animais na Patagônia Argentina

    Avistagem de animais na Patagônia Argentina

    Lista de animais e locais onde foram observados na Patagônia Atlântica e Andina

    Hiking Safári

    A avistagem de animais pode ser um "efeito colateral" de outras atividades ao ar livre ou ser ela mesma uma atividade-fim. Aqui conto e mostro os dois casos: estive duas vezes em Puerto Madryn com o único objetivo de ver a fauna e uma vez em Calafate e El Chaltén para fazer trilhas e ver as montanhas, onde os bichos vieram de brinde. As fotografias são todas autorais, minhas ou da Débora Fontoura.

    PROVÍNCIA DO CHUBUT: PENÍNSULA VALDÉS, PUERTO MADRYN E PUNTA TOMBO

    A partir de Puerto Madryn é possível visitar várias áreas de interesse razoavelmente próximas. Ao norte estão os penhascos para o mar e a reserva da Península Valdés, distante 95 km. Para o sul há praias que atraem muitas aves na maré baixa, a loberia de Punta Loma (15 km), Punta Ninfas (76 km) e a reserva e pinguinera de Punta Tombo (185 km). A fauna é exuberante e há animais por todo lado, no entanto é preciso observar a temporada conforme o bicho que se quer observar: as baleias são as estrelas no final do inverno e na primavera, no verão as principais atrações são os elefantes-marinhos, orcas e pinguins.

    Baleia-franca-austral (Eubalaena australis)

    Podem ser observadas até na praia e no pier no centro de Puerto Madryn. Há uma estrada de terra ao norte da cidade que corre paralela aos penhascos, em qualquer ponto que se pare é possível ver as baleias abaixo, normalmente mães com filhotes ou dois ou três adultos em um ritual de acasalamento onde a fêmea fica com a barriga branca para cima. A água é transparente e deixar ver bem os animais. As baleias mais afastadas da praia dão muitos saltos (contei uma dando 11 pulos seguidos) e batem com a cauda na água repetidamente. Seguindo pela estrada se chega na praia El Doradillo, que é de tombo e as baleias ficam muito próximas. De Puerto Pirámides saem passeios de barco para ver as baleias. Quando fui o mar estava muito agitado e com bastante vento, por isso o barco não conseguiu se aproximar muito. A temporada de baleias é de Junho a Dezembro; passei por lá em Agosto e em Setembro e havia muitas.

    Elefante-marinho-do-sul (Mirounga leonina)

    A Península Valdes é a única colônia continental deste que é o maior de todos os pinípedes (família das focas, leões e lobos marinhos): podem chegar a 6,5 metros e 6 toneladas. Há elefantes o ano todo mas a alta temporada é de Agosto a Março. Primeiro chegam as fêmeas prenhas do ano anterior, que dão a luz aos filhotes e os amamentam por cerca de um mês. Depois disso chegam os machos para o acasalemento, que são enormes e possuem a tromba característica. Em Agosto só vi fêmeas e em pequena quantidade; em Setembro eram mais numerosos, as femêas já tinham filhotes e havia alguns machos, a maioria jovens e não muito grandes. Os avistei na Península, em Punta Cantor e na Caleta Valdés, e em Punta Ninfas, ao sul de Puerto Madryn. Não recomendo ir de carro até Punta Ninfas: são 60 km de estrada de chão em péssimas condições, com muita água e barro, até atolei na volta. Melhor contratar um 4x4 em Puerto Madryn, os guias conduzem uma caminhada pela beira da praia que chega muito próximo dos bichos descansando.

    Leão-marinho-do-sul (Otaria flavescens)

    Há duas grandes loberias, uma próxima de Puerto Pyramides na Península e outra ao sul de Puerto Madryn na área protegida de Punta Loma. Na península os bichos se concentram em um platô rochoso, é interessante e até dramático assisti-los tentando sair do mar agitado para cima das pedras com ajuda das ondas. Em Punta Loma se observa do alto uma praia cheia deles tomando sol, com muitos filhotes. A tranquilidade é interrompida pelos machos, com uma grande juba, espantando outros machos concorrentes. Outro ponto de avistagem é em Puerto Rawson, onde o rio Chubut desagua no mar. Os leões ficam descansando e esperando a chegada dos barcos de pesca, e é possível chegar bem perto deles.

    Guanaco (Lama guanicoe)

    Os guanacos andam em grupos formados por fêmeas, filhotes e um macho dominante. São muito rápidos e capazes de saltar cercas, então é preciso muito cuidado com eles nas estradas. São praticamente um símbolo da Patagônia, abundantes e facilmente avistáveis desde o litoral, pampas e áreas planas até as montanhas.

    Zorrilho / zorrino (Conepatus humboldtii)

    Sempre confundido com gambá, o zorrilho é o verdadeiro nome deste bicho que é dono do famoso fedor. Enxerguei dois na Península Valdés, um de cada vez no final da tarde. São animais solitários de comportamento crepuscular, por isso um pouco difíceis de avistar, já que andam sozinhos próximo do nascer ou do por-do-sol, com pouca luz.

    Pinguim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus)

    Punta Tombo é a maior colônia de pinguins da América do Sul, chega a ter 500 mil deles lá no verão. A temporada é de Setembro a Março; em Setembro só vi muitos ninhos do ano anterior e três pinguins, dois descansando em terra e um chegando do mar. Mesmo sem pinguins a reserva vale a visita, há muitos outros animais por lá o ano todo.

    Martineta Copetona (Eudromia elegans)

    Muito bem camuflada nos pedriscos em Punta Tombo, demorei para perceber que elas estavam lá.

    Cuy chico (Microcavia australis)

    Há muitos deles em Punta Tombo. São a comida dos gaviões, que ficam pairando sobre a vegetação rasteira e moitas secas até que acertam a mira e mergulham, voltando com o ratinho na boca.

    Armadillo / Pichi / Quirquincho (Zaedyus pichiy)

    É um dos menores tipos de tatu, com cerca de 30 cm de comprimento e no máximo 1,5 kg. Avistagem única em Punta Tombo.

    Lebre-patagônica / Mara (Dolichotis patagonum)

    Normalmente as maras só são vistas de costas: quando escutam algum barulho saem correndo, em pulos impulsionados pelas pernas de trás. É um bicho curioso, entre o coelho e a capivara. Vi algumas na estrada, sempre fugindo; em Punta Tombo elas estavam mais a vontade e permitiam a observação.

    Macá-grande / Mergulhão grande (Podiceps major)

    Avistado pescando no mar próximo de Puerto Madryn

    Ostreiro / Piru-piru (Haematopus palliatus)

    Espécie que habita toda a América, aqui visto ao sul de Puerto Madryn. No Brasil já vi no Rio Grande do Sul em grandes grupos e em São Paulo e no Rio De Janeiro indivíduos solitários ou em grupos pequenos.

    Cormorão-do-pescoço-preto (Phalacrocorax magellanicus)

    Se concentram nas encostas junto ao mar. Vi grupos numerosos ao norte de Puerto Madryn. De longe parecem só pretos e brancos, mas de perto nota-se que o preto varia entre azul e verde metálico escuros, o bico e o redor dos olhos vermelhos e os pés rosados.

    Orca (Orcinus orca)

    Sem foto; avistei três indivíduos passando próximo à Caleta Valdés, de frente para o Atlântico. A maré estava subindo e deviam estar esperando a água alcançar os elefantes marinhos.

    PROVÍNCIA DE SANTA CRUZ: EL CALAFATE E EL CHALTÉN

    Mais conhecida como destino de trekking e pelos glaciares, a região é ótima para observação de aves. Há muitos lagos e charcos, que são o habitat natural de diversas aves e ponto de parada para as migratórias. A Laguna Nimez é uma reserva quase no centro de El Calafate onde estão concentrados grupos de muitas espécies, em uma caminhada curta se observa uma quantidade e variedade enorme delas. Tive muita sorte com as aves e nenhuma com os mamíferos: não vi nem o puma nem o Huemul, um tipo de cervo apelidado de fantasma da Patagônia, que as vezes é visto em El Chaltén.

    Pica-pau (Campephilus magellanicus)

    Bem maiores que os pica-paus brasileiros. Possuem o corpo negro e a cabeça preta na fêmea e vermelha no macho. São fáceis de encontrar pelo barulho das bicadas na madeira, fazem isso em pequenos grupos. Vistos na trilha para a cascata Chorrillo del Salto, em El Chaltén.

    Condor-dos-andes (Vultur gryphus)

    Avistei um pequeno grupo voando na trilha para Chorrillo del Salto, em El Chaltén. É a maior ave voadora do mundo.

    Comesebo andino (Phrygilus gayi)

    Macho que se aproximou para comer farelos do almoço. Próximo à Laguna de Los Tres, em El Chaltén.

    Curicaca / Íbis de cara negra / Bandurria Austral (Theristicus melanopis)

    Bem comuns em El Calafate, onde ficam nas árvores e telhados das casas. Foto na Laguna Nimez.

    Ganso-de-Magalhães / Cauquén comum (Chloephaga picta)

    Sempre em pares, o macho branco e a fêmea marrom. Migram para o norte no inverno, até o Uruguai. Foto na Laguna Nimez, em El Calafate.

    Marreca-parda / Pato Maicero (Anas georgica)

    Outro habitante da Laguna Nimez; ocorre da Terra do Fogo até São Paulo. Alvo de crime (caça), teve sua população bastante reduzida no sul do Brasil.

    Gaivota-andina (Chroicocephalus serranus)

    A cabeça fica preta só na época de reprodução, no resto do tempo é branca. Vive em rios e lagos de água doce.

    Narceja / Becacina-comum (Gallinago gallinago)

    Usa o seu longo bico para pegar insetos, larvas e minhocas em áreas pantanosas. Fica muito bem camuflada, quasei pisei nessa sem ver. Foto na Laguna Nimez.

    Coscoroba (Coscoroba coscoroba)

    Carqueja-de-bico-amarelo / Gallareta (Fulica leucoptera)

    Loica-comum (Sturnella loyca)

    Fotografado em El Chaltén; avistado também no litoral e El Calafate

    Gavião-chimango (Milvago chimango)

    Predador muito ativo, é o terror dos cuys e outros pequenos roedores. Foto na Laguna Nimez, avistado também no litoral em Punta Tombo.

    Gavião-cinzento (Circus cinereus)

    Foto no capinzal ao redor da Laguna Nimez. Muito bem camuflado, foi difícil de vê-lo.

    Pato-zambulidor (Oxyura vittata)

    Possui um bico azul bastante característico, infelizmente não consegui fotografar: deixavam escondido por causa do frio. Local: Laguna Nimez

    Flamingo-austral (Phoenicopterus chilensis)

    No resto do mundo é chamado de flamingo-chileno, mas na Argentina é flamingo-austral. Foto na Laguna Nimez.

    Guilherme Both
    Guilherme Both

    Publicado em 13/08/2018 22:29

    Realizada de 08/09/2014 até 24/09/2018

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    6 Comentários
    Ana Lucia Brandes Both 14/08/2018 17:59

    Espetacular!

    Priscila Nascimento 15/08/2018 14:39

    Q magnífico! !!

    Paula @mochilaosabatico 16/08/2018 17:46

    muito legal!

    Anne 21/08/2018 05:31

    Adorei o relato e as fotos estão incríveis!

    Sabrina Marques 17/02/2019 13:34

    Que lindo!!!

    Gustavo Paterlini 22/07/2019 12:22

    Fantástico, parabens pelo registro!

    Guilherme Both

    Guilherme Both

    Londres - Reino Unido

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