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Janine Santana 30/08/2018 09:03
    Vivenciando terras incas - Trilha Salkantay

    Vivenciando terras incas - Trilha Salkantay

    Era realmente um momento de acrescentar algo a mais em minha vida de aventuras. Então resolvi fazer um mochilão pelo Peru e buscar o meu eu.

    Foram 2 anos de planejamento e muita economia, deixando de fazer muitas outras atividades e passeios para que eu conseguisse ter o montante suficiente e viajar sem passar sufoco com a grana. Foquei muito no meu objetivo e não perdi a oportunidade de realizar um dos meus sonhos de chegar a Machu Picchu, via pernas femininas (fui a pé).

    Depois de terminar o curso de espanhol e já está com todas as pesquisas e programações feitas, era o momento de arrumar a mochila e encarar a aventura sozinha. (por isso minhas fotos são mais do rosto, eu não tinha pau de self)

    Agora prepara sua curiosidade porque vou contar um pouco da minha aventura, porque depois de 3 anos ainda guardo em minha memória muitos momentos que encontrei a felicidade de viver.

    Dia 07/5/15 - Embarque RJ/Lima

    Precisava me aclimentar e aproveitar os momentos para vivenciar lugares lindos e maravilhosos. Em Lima fiquei hospedada no Hostel Kokopele Lima, que além de ter muitos brasileiros, fiquei em um quarto com 14 camas, o banho era escaldante e só durava 5mim, não deu tempo para lavar os cabelos, mas, sim ficar torrada. Fiz um passeio de ônibus turístico e conheci o centro de Lima, alguns sítios arqueológicos, ainda preservados pelas autoridades. E a noite, fui ao Parque de La Reserva e vi o show das águas dançantes. Fiquei encantada logo no primeiro dia.

    Dia 09/5/15 -Lima/Paracas

    Fui de ônibus, a viagem durou cerca de 3h30mim, e eu nesse dia errei em escolher o primeiro banco superior do ônibus, porque fui queimando minhas pernas até chegar em Paracas. O clima é bem seco e meu nariz sentiu bastante. Lá fiz um passei de escuna para as Ilhas Balhetas, onde vi o Candelabro, que até hoje não se sabe como ficou intacto após o terremoto de 2007, leões marinho e muitas aves fazendo coco, inclusive sobre nós. Esse cocozinho vale muito dinheiro, é chamado de guano e sua venda para a Europa e America do Norte, gera uma forte fonte de economia para o Peru. E usado na fabricação de cosméticos e remédios, conclusão podemos está usando ou tomando coco quimicamente preparado sem saber. Também fui à Reserva Nacional de Paracas onde ainda possui um ecossistema marinho muito grande, falésias e praias, que não vi ninguém se banhando, um vento frio e forte, faz com que você tenha que colocar o casaco e só fazer fotos mesmo.

    Dia 10/5/18 - Paracas/Nazca

    Muito curiosa em conhecer as linhas de Nasca e estando tão perto, não pude deixar de ir. Estava no tempo de aclimentação para a trilha Salkantay e até o momento estava bem. Fiquei hospedada na Hospedaje Yemanja, que nada mais é que a casa de um Sr. muito simpático que foi me pegar no terminal de ônibus, pois cheguei a noite. Isso foi bom, porque não ia me localizar fácil em uma cidade nova no escuro, depois durante o dia vi que estava uns 500m do terminal. No outro dia, eu estava toda feliz para ver as linhas de Nazca, comprei um passeio que custou U$$ 100, caro pra caramba, porém estava ali e ecomonizei 2 anos não ia ficar de mão de vaquismos né! O carro me pegou na casa de meu anfitrião e me levou para um heliporto, lá recebi as instruções e embarquei no teco-teco, onde as pessoas são acomodadas de acordo com seu peso. Começou a aventura, sobrevoamos um grande deserto de terra onde estão esculpidas nas areias, esculturas que até hoje são estudadas e não se sabe explicar profundamente como foram feitas. O aviãozinho dobra para esquerda e para direita todo o momento, para que você possa ver e fotografar as figuras, pois bem, nessa dança direita/esquerda/direita e visse versa, eu e todos ficamos com náuseas e os saquinhos de emergências foram usados com muito amor e carinho. Consegui fotografar algumas figuras e me senti superada por não ter desmaiado. Quando voltei para a hospedagem meu pai/anfitrião fez o famoso chá dos Andes (coca) e se manteve com todos os cuidados para que meu mal estar, fosse amenizado e eu ainda pudesse visitar a pequena cidade a pé e fazer o passeio pelo deserto dentro de um bugre.

    Dia 11/5/15 - Nazca/Arequipa/Chivay/Arequipa - E o mal de altitude

    Sai de Nazca a noite rumo a Arequipa, cidade mais alta de todo o tour. Já sabia que as náuseas de Nazca não foram somente por conta do passeio de Teco-Teco. Porém, estava sozinha precisa continuar até meu objetivo, tão esperado e planejado durante tempos. Viajei de ônibus à noite e não vi muito da paisagem, entretanto o ônibus tinha serviço de bordo e muito pontual no horário, fui tratada como vip no Cruz Del Sur. Chegando em Arequipa, fiquei confusa para encontrar o Hostel, depois de muito usar meu espanhol.... encontrei minha nova casa o Hostel Pirwa, localizado próximo de tudo, fui visitar o Convento de Santa Catarina e a Múmia Juanita, depois sessão de fotos e muitas fotos no centro da cidade e observar o vulcão na minha frente.

    No dia seguinte fui ao fantástico tour pelo vale dos condores em Chivay, a van passou no Hostel às 2:30h da madrugada, fazia muito frio e logo que entrei o motorista me deu um cobertor. Relaxei na poltrona e encostei meu lado direito no vidro da janela. A van pegou a estrada, não vi nada porque cochilei e estava escuro, de repente acordei muito enjoada, forte dor de cabeça e a sensação que estava tonta preste a cair. Tentei sentar melhor na poltrona, porém meu casaco colou no vidro meio congelado. Fiquei quieta sentindo esses sintomas e doida para a van parar. Por minha sorte amanheceu e chegamos ao vale. Eu tentando disfarçar meus sentimentos e angustias, enquanto tentava curtir o tour e observar o voo do condor, que com suas asas formam 3m de cumprimento e pela manhã fazem o voo pelo vale em busca de alimentos. E lindo o animal e um encanto. O passeio incluía almoço e eu só comi uma sopa de chia, não experimentei nada, tinha tantas novidades para meu paladar e eu não aproveitei. Até hoje penso nisso! O passeio continuou e fomos conhecer a cidade de Chivay e sua cultura, onde homens dançam de saia para encantar as meninas, catedrais feitas com silar extraídas do vulcão....

    À noite quando cheguei ao Hostel, fui socorrida pela recepcionista, porque não conseguia nem subir as escadas, eu estava mal muito mal, ela preparou um chá de coca e me ofereceu. Tomei à noite toda, entretanto fiquei com dor de barriga e por duas vezes não deu tempo de ir ao banheiro. Mesmo muito mal ainda limpei tudo que sujei durante à noite. Só pensava na trilha Salkantay, eu não podia abordar a missão, faltava tão pouco. No dia seguinte eu fiquei sem fazer nada, só deitada na cama tentando dormir, não fiz o passei de ônibus turístico pela cidade. Infelizmente, tive que respeitar meu corpo e deixar que ele se acostumar com a altitude que eu estava. Tomei um remédio indicado para o mal de altitude e foi diminuindo meu estado. Porém, precisava desse tempo para que não fosse necessário meu retorno ao Brasil.

    Dia 14/5/15 - Arequipa/Puno

    Fomos de ônibus turístico da 4M até Puno, queria conhecer as Ilhas Taquile e as Flutuantes de Uros. O ônibus vai parando em vários miradores, lagunas, lojas de artesanato e vales para fotos rápidas, porque o frio dói o corpo. Em uma dessas paradas eu fui ao banheiro e o ônibus me esqueceu, porém passou 10 mim eu já estava triste, sentada quase chorando sem saber como fazer, sem documento somente com um trocadinho no bolso. Escutei uma voz do meu lado, era a aeromoça do ônibus, toda carinhosa comigo me pediu desculpas e voltei ao ônibus. Não posso questionar nada sobre esse fato, poderia ter acontecido com qualquer outro passageiro, eu quem deveria ter avisado que minhas idas ao banheiro não eram só pipi, pois ainda estava no processo de melhora das dores de barriga, apesar de já está muito bem do perregue que passei em Arequipa.

    Dia 16/5/15 - Puno/Cusco - Ponto de partida para Trilha Salkantay (finalmente)

    Eu tinha duas opções para chegar a Cusco de trem ou de ônibus, eu preferi ir de ônibus porque poderia incluir um city tour junto, já o trem a beleza iria ser só panorâmica, não sei se fiz boa escolha, porém não posso disser nada para não ter arrependimento. O bus da MER sai do terminal em Puno pontualmente na hora, eu não sabia que havia um terminal especial para essa empresa, então fui para o terminal que tinha chegado quando vim de Arequipa no dia 14. Sorte minha que era muito próximo um do outro e deu tempo de sair correndo, se fosse longe eu perderia a passagem e toda a programação planejada, inclusive a cereja do bolo que era a trilha para chegar a Machu Picchu. Fiquei nervosa e falei misturado inglês com espanhol kkkk.

    O ônibus vai parando em varias catedrais, sítios arqueológicos, vales, mirantes e inclui almoço. Visitei Pukara, Da Raya, Raqui e Andahuaylillas esse último nome é uma catedral de São Pedro, linda e na hora que fomos estava acabando um casamento e eu fiquei fascinada pela cultura local e a beleza do interior da igreja. Comprei até um CD contando sua história.

    Quando cheguei em Cusco, me virei e encontrei o Hostel Pariwana, um local lindo muito bem conservado. E eu logo me abracei com uma pilastra enorme onde estava escrito "zona segura de terremotos". Afff esse é um problema que pode acontecer por aqui. Meu quarto era feminino e tinha 8 camas desta vez, e um banheiro só da mulherada. Mas o banho era de 5mim escaldantes outra vez. Organizei-me, já fui conversando sobre onde poderia deixar a mochila cargueira, porque para trilha levaria somente uma de ataque. Fui correndo conhecer o grupo que iria encarar a trilha para a sonhada cidade perdida dos Incas. Participei da palestra onde foi abordado tudo que iríamos conhecer e passar durante a caminhada de 7 dias e então já com tudo certo fui explorar o espetáculo que é a cidade de Cusco. Comprei um tíquete que dar direito a conhecer vários pontos turísticos durante alguns dias, e conforme você vai entrando nos lugares um furinho é feito no cartão.

    Em Cusco também existem vários sítios arqueológicos e uma catedral que te impõe respeito, fui ao mercado municipal da cidade e fiquei impressionada como é o açougue e como é feito o famoso suco de milho (socado em um balde). Nesse mercado há de tudo um pouco desde alimentos até lembrancinhas. Pude conhecer um pouco da cultura local e como o povo e simples.

    No dia seguinte já pelas primeiras horas da manhã, estávamos reunidos para iniciar a trilha. Embarcamos em um ônibus que nos levou até a cidade de Mollepada onde tomamos café, compramos alguns suprimentos pessoais e pé na trilha. Nosso grupo tinha carregadores, cavalos, dois guias, 14 pessoas e somente eu de brasileira. Nós poderíamos levar até 5k de utensílios pessoas, entretanto quando vi que seriam anexados no lombo de mulas, eu mesmo levei minha mochila. A caminhada durou o dia interior até a cidade de Soraypampa, vi paisagens lindas, um sobe e desce sem fim, muita vegetação e cachoeiras. Os guias explicavam tudo sobre sua cultura e os pontos importantes das cidades. Encontramos vários outros grupos fazendo a mesma trilha, porém nenhum se juntou cada um deveria ter atenção para não seguir o grupo errado. Esta cidade foi nossa primeira parada, os acampamentos já são estratégicos, as barracas já ficam montadas e a comida é feita pelos nossos carregadores (sherpas peruanos). Esse local foi o nosso primeiro pernoite aos pés de um vale montanhoso lindo, da minha barraca via uma montanha coberta de gelo. Após o jantar e muitas conversas, fomos dormir, pois essa seria a noite mais fria que iria passar. Coloquei meu agasalho e entrei no meu saco de dormir. Um erro tremendo! Porque suei horrores e fiquei gelada. Hoje já sei como dormir em um saco ou bivak. Acordamos já na madrugada, o dia ainda estava amanhecendo, arrumei minha bagunça, tomamos café e iniciamos nosso segundo dia que seria de incansáveis subidas e a vista para uma lagoa de degelo linda.

    No segundo dia o objetivo era caminhar da cidade de Soraypamapa até Colpapampa. Todo momento sonhava com a cidade inca e seus sítios arqueológicos. Alguns dos amigos que ali conheci, já estavam sentindo o mal de altitude, pois não se aclimentaram. Sua viagem foi de Cusco direto para trilha, como eu já tinha passado muitos problemas com os sintomas, já desconfiei que não conseguiriam continuar a trilha caminhando por conta própria. Nesse momento, foi triste ver os cavalos levando as pessoas naquela subida infernal. Eu caminhava devagar queria ver e fotografar todas as paisagens que não são comuns no Brasil. Nesse momento observei o sofrimento de uma mula carregadeira. Os sherpas vendam seu rosto para que não vejam o peso que levam, pois caso contrário o animal sai correndo. Não foi muito agradável ver a cena, porém senti que já estão acostumadas e são animais muito bem tratados. Chegamos ao ponto mais alto da caminhada o monte Salkantay ele possui 6.271m de altitude e nós estávamos aos seus pés com 4.630m. Eu quase chorei em silencio por poder admirar tamanha beleza. Foi então que os guias nos presentearam com uma folha de coca e explicaram que deveríamos colocar embaixo de uma pedra e oferecer a Pachamama (Deus Inca), em agradecimento por permitir caminhar em sua terra. Esse momento foi emocionante eu já estava chorosa e permiti que as lágrimas rolassem de meu rosto sem o sentimento de vergonha. Feito o ritual continuamos a caminhada, nessa hora foi uma descida abençoada, pois estávamos todos muitos cansados, principalmente os cavalos e mulas.

    O foco do terceiro dia era a caminhada quase toda plana de Colpapampa até a Hidroelétrica, encontramos vários grupos que também pernoitaram no acampamento. Essa noite foi de festa, nossos sherpas fizeram um jantar muito especial e a noite estava estrelada era impressionante a concentração de estrelas por metro quadrado no céu. Foi passado as instruções do próximo dia de caminhada e fomos dormir no friozinho das barracas. Durante toda a trilha não tomamos banho e eu já estava contando as horas para chegar à Hidroelétrica onde durante o caminho encontraríamos as termas com águas vulcânicas.

    No quarto dia a trilha era da Hidroelétrica para Águas Calientes, cidade base para a trilha até Machu Picchu. O sonhado banho em uma das termas do caminho não aconteceu, algumas estavam fechadas e a única que encontramos aberta estava bem cheia, muitos foram tentar um banho mais eu não aprovei a ideia de tirar toda minha sujeira na água com odor de enxofre, preferi manter o lencinho umedecido por mais um dia. Chegando a Hidroelétrica, poderíamos ir de trem até Águas Calientes ou caminhar pela via férrea, eu preferi a caminhada. Foi sensacional ver a floresta local, escutar o barulho das águas de supostas cachoeiras e depois de alguns quilômetros podemos observar o topo da Cidade Inca perdida. Estava muito perto meu coração batia rápido e já sabia que na manhã seguinte colocaria os pés em um dos pontos mais bonitos do planeta.

    Finalmente de Águas Calientes para Machu Picchu, acordamos na madrugada, alguns foram para fila na bilheteria da cidade para comprar a passagem e subir de ônibus comum, eu já tinha lido que a estradinha beirava um abismo e era um zique-zaque delicioso. É claro que preferi ir caminhando, estava cansada mais tão curiosa em chegar que até achei a trilha fácil. Cheguei comprei o bilhete de entrada na Terra Inca apertei junto ao peito e agradeci a Deus por conseguir chegar ali. Avistei uma mesinha que tinha um carimbo da foto da cidade de Machu Picchu, fui logo carimbando em meu passaporte esse brinde de graça. Os guias contaram um pouco de como a cidade foi descoberta, sua cultura, história e tudo que cada sítio representava inclusive muitos enigmas ainda estão sendo estudados. Eu queria saber de tudo e para não ficar perguntando muito comprei um livro na lojinha de lembrancinhas. O dia foi livre para cada um aproveitar a cidade conforme quisesse. Eu ainda tinha meu ingresso para subir a montanha Wayna Picchu e observa a cidade perdida de outro angulo, no final embarcamos de trem (PeruRail) até Ollantaytambo e de lá uma van nos levou de volta a Cusco.

    Eu ainda tinha um dia e meio livre em Cusco então resolvi conhecer mais sitio arqueológicos em Ollantaytombo, fiz o passeio pelo Vale Sagrado, Pisac, Chinchero, conheci minas de prata e aprendi a reconhecer a verdadeira joia. Em Cusco também existe um passeio de ônibus turístico que te leva até um mirante, onde e possível ver a cidade bem pequena esculpida entre montanhas, existe um cristo muito parecido com o nosso do Brasil, fica no alto do mirante abençoando a cidade. Também aproveite para visitar Maras e Moray, e lindo descobrir como é feito a extração de sal da água. Lá comi vários tipos de milho e batatas, tudo degustação. No dia seguinte minha aventura chegava ao fim e eu embarquei Cusco/Lima/RJ, durante o voo minha cabeça só pensava na aventura que vivi nesses dias de mochilão e como pude encontrar meu verdadeiro eu. Soube olhar para eu mesma e o mundo ao meu redor, com toda a natureza e beleza que ainda temos que vivenciar.

    Não importa quanto tempo demore para realizar um sonho o segredo é ter persistência.

    Janine Santana
    Janine Santana

    Publicado em 30/08/2018 09:03

    Realizada de 07/05/2015 até 24/05/2015

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    Janine Santana

    Janine Santana

    Rio de Janeiro

    Rox
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    Amante do esporte de aventura. Tenho 42 anos, sou casada e graças a Deus conheci meu marido no meio do mato praticando uma aventura, porque se não eu ainda estaria solteira. kkk

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