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Jean Marcolino 16/08/2021 20:30
    Cachoeira do Padre Dória: O Acaso Que Nos Foi Dado

    Cachoeira do Padre Dória: O Acaso Que Nos Foi Dado

    A expedição a uma montanha que acabou nos levando a conhecer uma cachoeira isolada no coração da Mata atlântica

    Cachoeira

    "Após uns dois anos de conversa decidimos conquistar uma tão sonhada montanha, mas por um erro no caminho encontramos uma rota alternativa pra uma cachoeira isolada e escondida no coração da Mata atlântica, nessa aventura imposta pelas escolhas erradas que resultaram numa grande conquista para nós"

    Após buscarmos informações de como acessar o cume da Pedra Queimada acabamos por conhecer um mateiro das antigas que tinha um rancho a uns 20km da gigante montanha, além de conhecer toda aquela área, já que o mesmo nos disse que desde sua infância anda por estas matas e já tinha subido até a tal montanha e por sua simplicidade resolveu nos deixar dormir na casa para assim cumprirmos mais este objetivo.

    Casa onde passamos a noite cercada por uma mata selvagem

    O dia deu o ar da graça, feixes de luz entravam pelas portas e janelas de madeira da simples residência, tratamos de nos levantar e preparar o café, logo após colocamos as mochila nas costas, as perneiras nas pernas e partimos pro sonho. Após uns 20 minutos de caminhada por uma estrada usada por tratores para corte de eucaliptos nos adentramos na mata, finalmente a coisa tinha realmente começado, diversos aromas subiam no ar, as folhas úmidas e canto de pássaros nos recebiam em meio a natureza, são tantos detalhes que seria difícil descreve-los todos aqui.

    Cerca de 4 horas de caminhada já ouviamos os sons das águas de rios, já imaginávamos ser afluentes do então grandioso Rio Claro e de fato estávamos certos, após cruzarmos o pequeno afluente cerca de 4 vezes nos deparamos a uma bifurcação onde os rabiscos do Zé (o dono da casa que passamos a noite) já não poderia nos ajudar e com nossa intuição acabamos por escolher o caminho da esquerda, como já tínhamos meio que a rota no GPS conseguíamos ver a distância da Pedra e nossa localização e era gritante, mas nada disso importava já que só queríamos conquista lá. O dia passava e nada de progredirmos de forma concreta, era como se estivessemos saindo da rota de nosso objetivo o que fez com que parte do grupo perdesse a calma (na verdade eu), após uma pausa pra nos alimentarmos com um lanche rápido discutimos que não iríamos abortar a missão, nem que pra isso precisaríamos fazer tudo mais rápido e assim voltamos a caminhada seguindo as picadas de caçadores e palmiteiros pois pra essas bandas não existem trilheiros e essas coisas, já estávamos muito afastado de qualquer tipo de civilização, a essa altura já havíamos passado ao lado de uma jararaca enrolada que apenas o último membro do grupo foi perceber, assim reforçando a importância do uso de perneiras e que as pobres serpentes não atacam os humanos por qualquer motivo como dizem por aí.

    Além de sermos recebidos pela senhora jararaca outros moradores surgiam entre as folhas.

    Logo continuando a dar passos acelerados chegamos a mais uma bifurcação e a cada momento o barulho das águas se tornava mais alto, era claro para nós que se tratava do belo Rio Claro, um dos rios mais preservados do estado de SP, e assim foi até o momento que encontramos e junto a ele o seu afluente Rio Clarinho.

    Confluência Rio Claro e Rio Clarinho

    Cruzamos o Rio encima de uma árvore caída com todo cuidado pra não cair rio a dentro, naquele ponto deveria ter uns 2 metros de profundidade, logo após isso nos enfiamos em uma picada a esquerda e andamos algumas horas até encontrarmos outro rio mas de menor profundidade que não perdia nada em beleza, chamado de Rio do Alegre nas cartas topográficas, um grande afluente do Rio Claro com areias no fundo e em conjunto com o forte sol em nossas cabeças era como se estivessemos caminhando dentro de um espelho d'água.

    Rio do Alegre

    Nessa etapa da expedição já imaginávamos ser impossível alcançar o nosso objetivo já que havíamos perdido totalmente o rumo de nosso objetivo inicial, e para chegarmos onde estávamos já tinha sido um vara mato horrível passando por diverso bambuzais, samambaias gigantes e lamaçais que afundavam nossos pés dificultando o caminhar, mesmo assim estávamos felizes de poder conhecer mais um rio e decidimos que faríamos proveito dele encontrando a cachoeira que foi descoberta e nomeada pelo primeiro grupo de aventureiros a andar por aqueles lados.

    Seguiamos contra a correnteza do rio vencendo alguns obstáculos, algumas pedras e até algumas cachoeiras de pequeno porte, era nítido que éramos 5 homens totalmente imersos na natureza como se fizéssemos parte dela com seus sentidos ao máximo e a felicidade estampada no rosto de cada um, a cada curva do rio era uma cachoeira e a diversão era garantida com pausas pra banhos e fotos.

    Quando o rio se acentuou a direita nosso caminhar ficou inviável e nos enfiamos na mata margeando o rio do lado direito, a cada passo o estrondo de água ficava maior e só aumentava nossa ansiedade de botar os olhos naquela cachoeira recém batizada que até então poucos tiveram o privilégio de poder se banhar embaixo de suas quedas, não importava mais os galhos em nosso caminho saímos abrindo tudo com as mãos e finalmente chegamos na então Cachoeira do Padre Dória, nome que recebeu por estar situada dentro do Parque Estadual Serra do Mar - Núcleo Padre Dória.

    Assim completando nosso objetivo secundário

    Cachoeira do Padre Dória

    Resolvemos que acampariamos por ali mesmo e aproveitariamos ao máximo daquela cachoeira enorme com seu belo poço de areia, engavetando de vez nosso objetivo inicial e aceitando o que nos foi dado.

    Jean Marcolino
    Jean Marcolino

    Publicado em 16/08/2021 20:30

    Realizada de 19/03/2021 até 21/03/2021

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    1 Comentários
    Claudio Luiz Dias 25/08/2021 07:21

    Excelente relato. muito bem escrito e com ótimas fotos. Parabéns.

    Jean Marcolino

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    Rox
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    IG @jean.marcolinovera

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