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Jon Suguiyama 17/07/2018 03:50
    Travessia Baependi x Aiuruoca c/ Livre Adventure Tour

    Travessia Baependi x Aiuruoca c/ Livre Adventure Tour

    Uma travessia clássica, cheia de desafios e exuberâncias da paisagem mineira.

    1º dia
    Saímos de São Paulo do ponto de encontro próximo ao metrô Armênia no dia 6/7/2018, sexta-feira, por volta das 22h30. O grupo tinha 15 pessoas, 2 delas guias experientes da Livre Adventure Tour.
    Após uma longa viagem madrugada adentro dentro da van, algumas costumeiras paradas e um nascer do Sol fantástico já nas estradinhas de terra de Baependi, chegamos ao ponto de início da trilha.

    Atravessando o mata-burro junto à porteira, entramos numa plantação bem extensa de eucaliptos, aos poucos deixando pra trás as preocupações e começando a sentir a quietude e a beleza do lugar.

    Passamos por um trecho de mata não muito fechada também (existem vários ao longo da travessia).
    Logo chegamos a uma subida bastante longa e íngreme. Preparem seus pulmões e quadríceps. Marcha lenta montanha acima!

    Quase certeza que essa ladeira interminável serviu de inspiração para o nome "Serra da Careta".
    Subimos até um ponto de água (sinalizado com uma placa), onde descansamos um pouco e discutimos se subiríamos o Morro do Chapéu ou não. Optamos por seguir adiante pois nosso objetivo era a famosa cachoeira da Juju.
    Caminhando mais um bocado, agora pela Serra da Chapada, chegamos a um belo mirante, marcado com uma cruz. A vista é muito bonita e já arranca alguns suspiros do grupo. O dia está totalmente aberto e o Sol não muito quente.

    Pausa pra tomar um ar e seguimos viagem. A paisagem muda drasticamente, parecendo mais árida, rochosa. A caminhada agora é bem aberta, com visual para praticamente todas as direções e uma brisa leve pra refrescar.

    Após um bom tempo de caminhada, avistamos junto ao rio Piracicaba o famoso Rancho do Salvador (também conhecido como "Casa Amarela") que deveria ser nosso abrigo do dia.

    Nosso plano era chegar até a Juju, curtir um pouco por lá e depois seguir para o próximo abrigo, evitando assim deixar o nosso segundo dia de trekking muito longo/cansativo. Então, seguimos viagem.
    O percurso agora era cheio de subidas, decidas e caminhadas por trilhas circundando as montanhas. Nesse trecho pode-se acompanhar o rio Piracicaba e seus tobogãs e quedas e algumas propriedades rurais nos vales distantes.

    Quanto mais a gente descia, mais perto a gente ficava do rio e consequentemente da cachoeira. A expectativa era grande e acredito que boa parte do grupo quis fazer essa travessia por conta das fotos das cachoeiras e relatos, especialmente da Juju.
    Bom, as fotos não fazem jus ao lugar. É um visual inacreditável. Fiquem com algumas imagens:

    A água congelante não impediu um merecido mergulho. Energia e ânimo renovados após um lanchinho e um banho de cachoeira, arrumamos as coisas e demos continuidade à travessia.
    Como perdemos (na verdade aproveitamos) bastante tempo na Juju, ficamos com receio de enfrentar as pirambeiras até o abrigo (casebre) sem muita luz e resolvemos acampar um pouco antes. Buscamos uma área grande e relativamente plana e começamos a armar acampamento com o Sol já se escondendo no horizonte.

    Vista do acampamento para o rio Piracicaba.

    De noite podíamos ver ao longe as luzes das cidadelas vizinhas e um céu estrelado desses de fazer inveja. Não fez muito frio, mesmo com os ventos fortes devido à face exposta da montanha - o que incomodou um pouco foi a leve inclinação da maioria das barracas. (Dica para os fabricantes de isolantes e sacos de dormir: criem uma solução antiderrapante).
    Saldo:
    O dia foi bastante intenso, começando com uma subida pesada e intercalando várias subidas e descidas. Visual incrível andando pela crista da serra. A pausa na Juju foi essencial para revigorar o grupo, mas normalmente o primeiro dia de travessia termina no Rancho do Salvador, cerca de 1 hora/1h30 antes da Juju.

    2º dia
    Levantamos cedo e logo partimos pois o dia seria longo.
    O segundo dia de travessia tem a navegação bastante complicada. Ora existem muitas trilhas e às vezes nem sinal de atividade humana pelas redondezas.
    Nos deparamos com muitas bifurcações que certamente nos levariam a horas perdidas e vários quilômetros de desvio da rota caso tomássemos o rumo errado.

    Cruzamos um pequeno rio através de uma ponte de tronco e fomos conhecer o "casebre" que seria o nosso abrigo do primeiro dia (mas não deu pra chegar). É uma cabana de madeira numa área bastante protegida em um vale com fácil acesso à água.

    Dentro da pequena cabana, alguns mantimentos deixados por outros viajantes. A partir deste ponto é possível tomar diversas rotas, outro ponto que requer atenção ao GPS/guia.
    Retornamos para o outro lado do rio e seguindo viagem logo avistamos a cachoeira do Charco.
    Escolhemos um ponto para atravessar a água, junto a um mirante muito bonito.
    A cachoeira é fantástica e é mais um ponto de interesse da travessia. Novamente somos agraciados por toda a exuberância e abundância da água da região.

    Aos pés da cachoeira existe um poço de águas tranquilas (e geladas). Sem tempo para outro banho de cachoeira, tiramos as botas para atravessar com muito cuidado (as pedras submersas são extremamente escorregadias), fizemos uma pausa para um lanchinho e seguimos.
    Nesse trecho o bastão faz diferença pra equilibrar o corpo e evitar molhar o equipamento.

    A partir daí, passamos outras vezes por pontos de água (que são muitos nessa travessia, por sinal) e logo entramos numa antiga estrada desativada. É estranho pensar nesse lugar com uma estrada, ou mesmo habitado (apesar de que no caminho encontramos um senhor à cavalo, acompanhado de um cachorro) - nem ideia de onde surgiu ou para onde estava indo.
    Mais alguns quilômetros de caminhada e passamos pelo totem do Santo Daime. A trilha passava meio afastada dele, nem fomos perto pra fotografar com receio daquele capim alto abrigar alguma cobra.
    Seguimos apertando o passo pra conseguir chegar com luz ao Retiro dos Pedros e no caminho paramos um pouco num mirante de onde podíamos ver a cachoeira do André.
    Logo nos deparamos com uma subida bem forte, em mata fechada onde perdemos um tempinho com o Sol caindo rápido e a preocupação aumentando. Saindo da mata, algumas planícies de vegetação rasteira até chegar ao Retiro dos Pedros, local que era utilizado como refúgio de escravos (confere?).
    É um ótimo local de acampamento, tem um riacho próximo, algumas muretas de pedra pra barrar o vento, lugar alto, de boa visibilidade, bem plano e com vegetação rasteirinha, sem muitas pedras no chão.
    Chegamos ao acampamento ao cair da noite e montamos as barracas quase já precisando de lanternas.
    Noite tranquila e fria (7 graus), estava esgotado, então só comi e dormi pesado.
    Saldo:
    O segundo dia foi fisicamente brutal com destaque para o último trecho de subida em mata fechada antes de chegar ao Retiro dos Pedros. A distância percorrida é enorme e é preciso ter preparo físico.
    Normalmente o segundo dia começaria no Rancho do Salvador e terminaria no acampamento junto ao Totem do Santo Daime (a distância seria um pouco menor), mas fiquei feliz em ter acampado no Retiro dos Pedros, o lugar é muito bacana.

    3º dia
    Levantamos acampamento um pouco tarde e já retomamos a travessia passando por planícies lindíssimas. As barracas acordaram molhadas pela condensação - lembre-se de levar uma flanela para secar ou chacoalhar bem antes de dobrar o sobreteto da barraca.

    Acampamento no Retiro dos Pedros, note as muretas de pedra ao fundo.

    O terceiro dia tem um visual surpreendente. Passamos por diversas lajes de pedra, muita subida, muita descida, muitos lugares com vegetação na altura das canelas (aconselho usar calças ou meias compridas neste dia, porque machuca) e alguns pontos de interesse realmente interessantes:

    Pedra Quadrada. (Um mirante com a vista muita bonita). Passamos por um campo de poejo também e encontramos uma cadelinha na trilha que foi seguindo o grupo até o Trutário (ela era de lá mesmo).

    Santuário ou Pedra do Tamanduá ao fundo. (Mais bonito e imponente à distância, quando estamos lá nem percebemos, rs).
    Ao chegar no acampamento próximo ao Pico do Papagaio, parte do grupo deixou as cargueiras e foi atacar o pico. Eu optei por ficar descansando as pernas, rs.

    Poço Azul. (Uma piscina natural com uma quedinha d'água. Bonito demais!).
    Passamos também por diversos cursos d"água, florestinhas e rochas, encostas e muitos tipos diferentes de vegetação.

    Ao fundo o saudoso Pico do Papagaio. Foto tirada já na chegada ao Trutário, fim da trilha, depois de ter passado por uma descida longa, em um ziguezague coberto por árvores e vegetação e alguns pastos ao longo do caminho.
    Saldo:
    O terceiro dia tem muitos lugares bonitos. Desses dias que você queria que tivesse 48 horas.
    Nesse ponto do trekking o cansaço é notável e as fortes descidas judiam dos pés.
    Normalmente o terceiro dia seria do Santo Daime até o acampamento na base do Papagaio - com um dia, ou meio dia extra para atacar o Papagaio e realizar a descida.
    A navegação é mais óbvia nesse trecho, só um pouco confusa na chegada aos pastos (tem uma trilha pra direita da escada na árvore, que contorna um tronco caído e passa pelo meio de umas árvores, dando acesso ao portão do Trutário sem ter que contornar todo o pasto pela esquerda e atravessar uma casa de bois).

    Mais uma travessia de montanha concluída com sucesso. Mais um lugar fantástico para guardar na memória e no coração.
    Pretendo voltar em outra oportunidade, talvez para realizar a travessia ao contrário, ou com mais tempo, ou só pegar ao contrário e ir até o Papagaio e voltar. Tem muitos lugares lindíssimos que deixaram um gostinho de quero mais e muitos outros picos que contemplávamos à distância nos perguntando se seria possível chegar lá.
    Senti muito a questão do preparo (ou despreparo) físico durante essa travessia e o peso da idade e do sedentarismo dos últimos meses (uns 7 meses só engordando, rs) e pretendo me preparar para a próxima com mais responsabilidade. (metas, rs).
    Um agradecimento especial à equipe da Livre Adventure Tour, pelo companheirismo e profissionalismo e à todos os companheiros de trilha que enfrentaram essa travessia comigo. Provavelmente nos veremos em muitos outros rolês. Qual o seu próximo destino?

    Jon Suguiyama

    fotos por: Jon Suguiyama, Alexandre Tanaka, Geane Costa, Angela Yatsugafu, Gabi Passoni, Felipe Soares, Afonso... (se achar alguma foto sua me avise que eu credito aqui, por favor!)

    Jon Suguiyama
    Jon Suguiyama

    Publicado em 17/07/2018 03:50

    Realizada de 07/07/2018 até 09/07/2018

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    Jon Suguiyama

    Jon Suguiyama

    São Paulo - Brasil

    Rox
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    Animator/illustrator/painter/designer. Into nature, trekking, hiking, climbing, music, fixed gear, crossfit, calisthenics, tattoos. 33yo

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