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Jose Antonio Seng 31/07/2022 10:39
    Lençois Maranhenses norte-sul, leste-oeste 2022

    Lençois Maranhenses norte-sul, leste-oeste 2022

    Trip que fiz em 2022 com a Trilhas do Rio de Janeiro, percorrendo os Lençois Maranhenses

    Acampada Larga Distancia Trekking

    Olá mais uma vez, pessoal. Essa trip estava nos meus planos no ano passado, mas por uma série de razões tive que adiar para 2022 (e quase adiei novamente).

    Para ser sincero, estou contando a segunda metade da trip primeiro. A parte de Lençóis Maranhenses, que fiz com o Marcos Rabello, da Trilhas do Rio de Janeiro.

    Foi um grupo grande. Bem grande. 23 pessoas. Mas que não teve maiores contratempos por isso.

    A logística é simples: São Luís – Barreirinhas de van. Barreirinhas – Canto dos Atins, de barco. Atravessar os Lençóis e chegar a Santo Amaro. De lá retorna, de van, para São Luís.

    Barreirinhas é uma cidade até grande. Bem movimentada. E vive de turismo dos Lençóis. Mas tem banco, mercado e tudo mais.

    Canto dos Atins é quase uma praia. Não tem nada a não ser o mar e restaurantes.

    Santo Amaro é bem menor. Mas também tem alguns serviços.

    O roteiro da Trilhas do Rio de Janeiro é bem interessante e diferenciado porque não só faz a travessia dos Lençois leste-oeste, como também norte-sul. Então me interessei desde o início por este formato. Nele vamos até quase Betânia no segundo dia e depois voltamos até um redário (D. Loza). Assim caminhamos mais de 80km nos Lençóis.

    E foram dias maravilhosos, alternando entre redário (primeiro dia) da D. Luzia, acampamento selvagem no segundo dia, redário (terceiro dia) D. Loza, acampamento selvagem (quarto dia) e finalmente Santo Amaro (último dia).

    Com isso, ao contrário das outras expedições, teríamos que levar comida e barraca, aumentando consideravelmente o peso. Também deve-se levar em conta que não tínhamos porteadores ou carros de apoio. Cada um era responsável pelo seu próprio peso bem como parte da comida do grupo.

    Como eu estava vindo (direto) de uma trip de 1 mês na Chapada Diamantina (que vou narrar numa próxima oportunidade), algumas coisas que não consegui enviar direto para o RJ (onde moro) me acompanharam nessa viagem. Em especial o saco de dormir.

    Falando em equipamentos, usei quase tudo que levei. O detalhe foi o saco de dormir, que apesar de ser um modelo “tropical” para 10º, ainda assim foi quente. Mas ele era extremamente pequeno e leve (traveller I da S2S) e ainda abria como uma colcha. Funcionou muito bem. Mas algumas vezes dormi por cima dele.

    Também foi a primeira vez que usei meu novo kit de cozinha, passando de fogareiro a gás para um kit da Oma Gear, muito mais leve e prático. Em especial porque vc consegue o combustível (álcool, de posto ou de farmácia) em qualquer lugar, ao contrário do botijão de gas que não pode ser transportado no avião, etc....

    De resto, tudo funcionou bem.

    A rotina diária consistia em levantar e tomar café (nem sempre tão cedo quanto devíamos, já que em função da quantidade de gente, e da rapidez de cada um em desmontar seu equipamento, o horário sempre ficava comprometido) e caminhar, entre as dunas e lagoas (cada uma mais bonita que a outra (por vezes atravessando a pé ou a nado, ou de boia as mesmas). A tarde era hora de montar o acampamento e fazer a comida. Depois apreciar as estrelar e trocar prosas.

    É essencial para fazer a travessia que seu equipamento esteja em saco estanque. Isso porque a areia e a agua castigam bem o material. Eu usei duplamente, já que faz algum tempo eu uso sacos estanques para separar meus equipamentos na mochila. Tem o saco de eletrônico, tem o saco de farmácia, saco de barraca, saco de roupa, saco de specks.

    Outro item essencial é o protetor solar e um chapéu, lenço ou boné que cubra o pescoço. E óculos escuros.

    Não se importe muito com as roupas, pois bastam 2 camisas, 2 shorts e 2 meias. O clima faz secar a roupa em minutos.

    Os itens que variaram muito de pessoa para pessoa foram os bastões (eu os usei porque eram a sustentação da minha barraca-poncho) – falarei dela em outro relato, e os sapatos. Alguns andavam descalços, outros de meia, outros de neoprene, botas, chinelos, crocks. Não houve uma unanimidade. Eu usei o techamphib 4 da Salomon e não me decepcionei. Ele é um sapato aquático (molha e seca muito rápido).


    E também usei minha mochila da Totem Gear de cuben fyber, levíssima (450g) e que resiste a agua (lembrando que tudo dentro estava em saco estanque) e principalmente, não acumula muita agua quando molhada (se mantém bem leve).

    Novamente para entender algumas opções: o saco de dormir poderia ter sido substituído por um liner (que até evita sujar de areia, mas como eu vinha da Chapada Diamantina (bem mais frio), não pude trocar.

    Foram dias maravilhosos, com muita caminhada, muita risada, muita confraternização. Fotos lindas.

    Algumas vezes choveu ou o tempo fechou, mas tinha sol garantido todos os dias.

    Dicas:

    Abstraia-se de evitar se molhar. É inevitável. Pode ser uma chuva, uma lagoa. Vc vai se molhar. Tem que proteger o equipamento e pronto. Nesse sentido não recomendo câmeras profissionais (pode estragar a lente e são muito sensíveis). Um bom celular basta.

    Mesmo que ele seja a prova dágua, veja uma capa a prova dagua para ele. Teve um caso que o celular estava danificado sob a capa e quando entrou na agua o dono não viu. RIP iPhone.

    Agua não é problema já que as lagoas são de agua doce. E a maioria longe de animais ou qualquer contaminação.

    O que usar nos pes quando caminhar na areia é uma incógnita. Tem gente que se acostuma até descalço (mas tem uns matinhos em algumas lagoas que machucam. Depende do “casco”). O que é unanime é que a areia não é quente como numa praia, devido aos ventos. Então vc não vai queimar a sola do pé se andar descalço.

    Uma coisa que quase não levei e se mostrou útil foi o carregador de parede para celular. Porque em duas ocasiões ficamos em redários que possuíam energia elétrica.

    Outro que quase não levei, mas fui muito bom ter foram meus óculos de natação. Achei o óculos de uma integrante que havia se perdido numa lagoa.

    Celular: tem sinal da Vivo no alto de algumas dunas. Recomendo levar também mapas baixados no wikiloc para qualquer emergência. E eu sempre levo meu garmin mini, para me comunicar com a família via satélite.

    A dúvida quanto ao “nº 2”: temos que falar sobre isso ! Eu passei tranquilamente estes dias sem ir ao banheiro. Só indo nos pontos de apoio. Mas tem gente que não consegue. Então tem que levar o shit tube ou qualquer coisa que o substitua. Eu sempre levo um saco de lixo da S2S com jornal, saco plástico e cal dentro. Em todas as trilhas. Mas confesso que é preciso “treinar” mais para fazer ao natural em determinadas situações. Rs.

    Mosquitos: muito poucos (devido ao vento) e no fim de tarde. Então deu para dormir tranquilamente. Não vi nenhum animal peçonhento nos Lençóis. Vimos diversos jabutis, pássaros, peixes e javaporco. Além de cabritos, galinhas e porcos nos redários.

    Redários: são pontos de apoio em casa de nativos, onde há uma espécie de varanda com redes. Vc coloca sua mochila no chão e dorme na rede. Nestes lugares tem prato de comida, bebida, banheiros e duchas. Agua fria, mas no Maranhão isso não faz diferença. Sério. Se vc pesquisar, a sensação térmica é acima de 35º nestes lugares.

    Teste sempre seu equipamento. Se ele for novo, aprenda a montar a barraca, ver como a lanterna de cabeça funciona, o saco estanque, etc... 3 casos de barracas que não funcionaram plenamente lá no grupo.

    Leve o mínimo de peso possível.

    Tenha sempre em mente a resiliência, porque problemas vão acontecer. Cabe a nós saber lidar com eles.

    Jose Antonio Seng
    Jose Antonio Seng

    Publicado en 31/07/2022 10:39

    Realizado desde 02/06/2022 al 08/06/2022

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    4 Comentarios
    Fabio Fliess 31/07/2022 12:40

    Excelente relato José Antônio. E me pareceu bem interessante esse trajeto que você fez. Quero muito ir aos Lençóis, e vou colocar isso em consideração. Obrigado por compartilhar.

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    Jose Antonio Seng 09/08/2022 09:35

    E é, Fabio. Pq alem de conhecer a cultura local (redários), também te dá o prazer de dormir ao ar livre nesse lugar que é um oasis de sossego.

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    James Polz 31/07/2022 21:12

    Ótimo relato e dicas, Zé!!!!

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    Jose Antonio Seng 09/08/2022 09:36

    Tem que ir, James ! É imperdível !

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