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Juliano de Paula Santos 19/07/2018 22:43
    Era uma vez na Ilha Bela

    Era uma vez na Ilha Bela

    Relato sobre um fato que aconteceu durante uma aventura ao percorrer a Ilha Bela, da Ponta da Sepituba ao Castelhanos.

    Era um final de semana, feriado do dia 15 de novembro de 2003, lembro que estava muito quente e mesmo assim, eu e meu amigo Dirceu Pontes, resolvemos percorrer a Ilha Bela desde a Ponta da Sepituba, passando pela Vila Bonete, até a chegada na praia de Castelhanos, então começamos a caminhar na sexta feira depois do almoço.

    Chegamos a Cachoeira da Lage e como já era fim de tarde resolvemos montar o nosso primeiro acampamento por ali, fizemos o jantar e aguardamos o anoitecer tranquilamente curtindo a natureza.

    Já próximo da escuridão total, passou por nós dois indivíduos com fação na cintura e olhar muito bravio, como se não tevesse gostado de ver nossas barracas, aquele olhar foi o que precisou para nos deixar inquietos e amendrotados, tentamos dormir e a todo momento aqueles olhos vinham perturbar nosso sono, então no meio da noite, já deveria ser por volta das 3 horas da manhã, arrumamos nossas mochilas e partimos em direção a Vila do Bonete.

    Tivemos que atravessar a próxima cachoeira no escuro, era a cachoeira do Areado, foi realmente uma grande adrenalina, naquele tempo não havia nenhuma ponte e usávamos lanternas de fraca luminosidade.

    Logo que foi amanhecendo, começamos a avistar a Vila do Bonete e a cada passo em sua direção, o barulho das ondas aumentava, foi ficando cada vez mais deslumbrante ver as casas e aquela praia de areias brancas.

    Chegando ao centro da Vila não perdemos tempo e perguntamos ao morador por onde deveríamos seguir, ele mostrou uma ponte e comentou sobre o tempo que deveríamos levar até chegar a praia de Castelhanos, ainda era de manhã e seguimos subindo um enorme morro, deixando para trás a Vila do Bonete e o desejo de poder conhecer-la melhor.

    Depois de uma parada para o lanche na mata, seguimos até encontrar uma estrada que nos levaria beirando a encosta até avistar um casarão, mas ao aproximar, um rapaz veio até nós à cavalo e falou que não poderíamos seguir em frente, pois após o casarão, tinha um grande paredão de rocha e que deveríamos subir novamente a encosta do morro ao chegar no tubulão de captação de água, então concordamos.

    No início estava tranquilo, era uma trilha bem marcada, mas após quase 2 horas e meia de caminhada subindo, nossos corpos mostravam exaustão e no final acabamos nos banhando num pequeno lago com água corrente, além de resfrescar nos deu forças para continuar a caminhar.

    Já estavamos no alto do morro, fizemos outro lanche e conversamos como seria a trilha daquele ponto em diante, pois a mata era densa e as copas das arvores mal deixava avistar o céu.

    Colocamos nossas experiência em andar no mato em ação, sempre revesando, íamos tateando por onde mostrava ser a trilha e quaisquer sinais de pegadas, galhos quebrados ou marcas de facão nas árvores servia-nos de orientação, estávamos muito atentos e caminhando em total silêncio, escutávamos somente um ou outro pio de algum pássaro curioso pela nossa presença.

    Num momento em que eu estava a frente, de repente sinalizei para o Dirceu parar e comentei:

    - Dirceu vamos voltar uns dois metros pois perdi a trilha? Ele como um grande "mateiro", veio ao meu lado e ficamos parados olhando a mata a nossa frente, apreensivos pois nada indicava a continuidade da trilha.

    O terreno era levemente elevado a nossa direita, a mata fechava qualquer passagem que mostrasse ser uma trilha, após uns 3 minutos de total silêncio e observação, escutamos dois latidos fortes, ao que parecia estar a uns 20 metros de distância, mais a direita de nós!

    Foi incrível a força com que o meu amigo Dirceu saiu abrindo a mata com as mãos em direção ao suposto cachorro!

    Na sequência fui em disparada atrás do meu amigo, subimos a pequena elevação assobiando e chamando o cachorro, mas nada de o encontrar ou escutar seu barulho novamente, nossos corações estavam em disparada.

    Por incrível que pareça, acabamos encontrando a trilha e conseguimos chegar a uma praia, era a praia da Figueira no finalzinho da tarde do segundo dia de caminhada.

    Armamos nossa barraca por ali e mesmo com muito calor, não pudemos ficar de shorts, tivemos que ficar de calças e camisetas de manga longa, o ataque dos borrachudos era arrebatador.

    No terceiro dia chegamos a praia de Castelhanos e para retornar ao centro urbano da Ilha Bela ainda no período da manhã, conseguimos uma carona na caçamba de uma caminhonete que passava por nós, fomos pulando em sua caçamba, mas as risadas eram as melhores.

    Depois de alguns anos, nos encontramos e sempre comentamos sobre esse latido que ouvimos na trilha, será que foi um anjo da guarda?

    Juliano de Paula Santos

    Juliano de Paula Santos

    Jacareí SP

    Rox
    88

    Por vários anos sempre estive envolvido pelo universo da aventura e o contato com a natureza, hoje eu sou o Zaventur

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