Para os amantes das montanhas, os Alpes são um verdadeiro playground que oferece atividades de aventura ao longo das quatro estações do ano! Durante o inverno, dentre os inúmeros esqui resorts pela região, Chamonix se destaca por ser um dos mais antigos da Europa e sede dos primeiros jogos olímpicos de inverno (1924). Além disso, a maior montanha da Europa ocidental, o Mont-Blanc (4809m), situa-se lá e é uma das atrações principais do vale.

Porém, como tudo na vida, Chamonix também tem suas vantagens e desvantagens como esqui resort, por isso resolvi compartilhar algumas dicas importantes para quem deseja um dia ir para lá e deslizar em suas pistas.

1. Período/ temperaturas/ logística de viagem

Alta temporada (inverno): de meados de dezembro a início de abril.

Baixa temporada (primavera): de início de abril a início de maio.

Com o clima mudando no mundo todo e duas temporadas bem atípicas em Chamonix, ou seja, pouca neve que adiou a abertura das pistas de esqui, neve demais que caiu de uma vez aumentando os riscos de avalanche, temperaturas amenas, enfim, durante os meses de dezembro e janeiro "normalmente" espera-se temperaturas mais frias (mín -25º, máx 2º), escurece mais cedo (por volta das 16h30/ 17h) e os dias tendem a ser mais nublados e cinzas, com algumas janelas tempo bom.

Em fevereiro, a meteorologia costuma melhorar e pouco a pouco as temperaturas ficam mais agradáveis e o dia um pouco mais longo e com mais chances de sol e céu azul, é nesse período também que começam os rodízios das férias escolares*. Abril já é a neve de primavera (que quando tem não é muito boa), é possível ir esquiar com menos roupas de frio, os dias são mais longos e o tempo bom.

*Fique atento para os feriados/ férias escolares na França e na Europa, pois é que nem praia no Brasil em dia de feriado ou férias, congestiona, lota e tem fila para tudo! Só não costuma faltar água, porque se faltar é só derreter a neve! rs Brincadeira. Mas, esse é um ponto importante a considerar quando for programar a sua viagem para esquiar em Chamonix.

2. Nível/ pistas

Outra coisa importante é o nível. Por aqui esquiar numa pista verde é como se você estivesse esquiando numa pista azul, esquiar numa azul é como se fosse numa vermelha e por aí vai. As graduações das pistas em Chamonix são mais difíceis o que faz com que os iniciantes não tenham muita opção.

Portanto, para quem já pratica o esporte, seja esqui ou snowboard, e possui um nível de intermediário para cima, Chamonix é super aconselhável e será sem dúvida muito divertida e desafiante. Para os iniciantes, existem poucas opções de pistas verdes e a maioria delas fica embaixo, aos pés da montanha, ou seja, você não vê a dimensão e as paisagens magníficas que esquiar acima dos 2 mil metros de altitude lhe proporciona, mas também não deixa de ser uma bela experiência, tudo é válido.

Existem 4 áreas para esquiar que eles chamam de "domaines skiables":

Domaine Les Grands Montets - em Argentière, essa é a área preferida para os avançados e amantes do off piste, tem algumas opções para intermediários, e com certeza não é para iniciantes.

Domaine Brévent-Flégère - perto do centro e com uma vista panorâmica espetacular face à cadeia de montanhas do Mont Blanc, esta área oferece bastante opção para intermediários e avançados com algumas opções para iniciantes.

Domaine de Balme Vallorcine - ao fundo do vale, após Argentière, essa área oferece um ambiente mais natural, pistas entre os pinheiros e algumas opções para iniciantes também.

Domaine des Planards - perto do centro de Chamonix, aos pés da montanha, é um lugar bom para iniciantes e crianças.

E perto de Chamonix tem também Les Houches, Saint-Gervais-les-Bains, Megève e Les Contamines que são ótimos para todos os níveis.

3. Transporte

Chamonix tem cerca de 10 mil habitantes (lê-se cerca de 100 mil nas temporadas) e se tornou uma vila extremamente popular sempre lotada de turistas do mundo inteiro praticamente todos os meses do ano.

Os meses de maio, junho, outubro e novembro são geralmente os mais calmos, pois além de não ser período de férias européias, o clima também fica mais inconstante, geralmente chuvoso. Esses meses são considerados troca de temporada onde eles fecham muitos estabelecimentos e teleféricos para reparos, preparando-se para a alta temporada seguinte.

E é nessa superlotação de uma vila pequena encravada num vale que o transporte vira uma questão mais delicada, aliás, pasmem com a notícia de que Chamonix possui um dos ares mais poluídos da França!

A maior desvantagem como ski-resort é não ser um resort in-out, ou seja, você não sai da porta do seu apartamento esquiando, é preciso pegar carro ou ônibus se quiser ir ou trocar de estação de esqui, poucas delas dá para ir a pé do centro com as botas calçadas e carregando os esquis nos ombros.

Uma medida que a prefeitura tomou para reduzir o trânsito de carros no vale e, conseqüentemente reduzir a poluição, foi disponibilizar ônibus gratuito na alta temporada, (uma loucura quando tá lotado!!!) normalmente é preciso apenas apresentar o skipass para o motorista.

Se estiver de carro fique atento aos locais permitidos para estacionar na rua, do contrário, existem vários estacionamentos pagos pelo centro ou nas estações de esqui.

Como chegar?

Do Brasil a maneira mais fácil e rápida é pelo aeroporto internacional de Genebra (GVA - Cointrin International Airport) e de lá pegar um dos inúmeros transfers que fazem a rota Chamonix – Aeroporto. Recomenda-se fazer a reserva do transfer antes pela internet. O trajeto dura cerca de 1h15 e o preço varia de 20 a 50 euros o trecho. A Easy transfer (serviço de transfer da EasyJet companhia de vôos low-cost) tem dado o que falar, ela entrou em 2015 prometendo preços baixos no transporte e de fato os preços são os menores que você pode encontrar, mas a qualidade... deixa muito a desejar a se estressar.

Algumas opções mais indicadas e confiáveis: Alpy bus e Mountain Drop-offs.

4. Acomodação

Tem de hotel 5 estrelas à hostel já que não rola acampar no inverno. O hostel Le Vagabond é o mais perto do centro. Quanto a hotéis: Les Aiglons (4*), L’Arve (3*) e La Pointe Isabelle (3*) são algumas boas indicações pelo centro, depois existem outras opções nas proximidades: Les Houches, Les Praz e Argentière.

Outra opção é o aluguel de chalés, apartamentos e dormitórios pelo Air Bnb ou por agências especializadas nisso como a Snostation.

5. Investimento/ Skipass

- Mont Blanc Unlimited: esse passe vale a pena para esquiador intermediário pra avançado ou avançado. Permite maior liberdade e acesso a todas as estações de esqui do vale + acesso ao teleférico Aguile Du Midi, trem Mer de Glace, algumas entradas para usufruir das pistas da Evasion Mont Blanc (St. Gervais ou Megève), além de Verbier (Suíça) e Courmayeur (Itália). Oferece também várias vantagens como desconto em cinema, ônibus gratuito, desconto no túnel do Mont Blanc entre outros. A diária custa 60 euros, mas vale mais a pena comprar vários de uma vez do que um de cada vez, além de sair mais em conta economiza tempo na fila.

- Chamonix Le Pass: esse passe é a melhor opção para iniciantes e intermediários. Inclui as estações do vale apenas e restringe acesso ao último teleférico do Les Grands Montets que é para esquiadores avançados. Também oferece gratuidade nos ônibus. Custa 49 euros a diária e também vale mais a pena comprar vários de uma vez do que um de cada vez. Tabela completa de preços para essa temporada: aqui.

6. Equipamentos/ Instrutores

Para equipamentos como: capacete, esquis, botas, bastões e prancha de snowboard, diante das diversas opções, recomendo a loja Chamonixski do meu amigo Alex que tem boa localidade, preço justo, descontos e um ambiente mais “de casa”.

Se precisar de vestimentas tem diversas opções de lojas para comprar ou pode alugar o “grosso”, calça impermeável e jaqueta, em alguma loja perto das estações.

Se precisar de aulas de esqui uma das opções é a ESF (École de Ski Française) que colocam a disposição milhares de instrutores que podem ensinar ou acompanhá-lo algum off piste.

Recomendo um dos meus melhores amigos: o David, francês dos Pirineus ex-esquiador profissional da categoria free ride, que além de esquiar é psicólogo mente aberta, alternativo e tem a melhor maneira fora do tradicional de ensinar alguém a esquiar e/ ou se aperfeiçoar no esporte! Com tanta experiência criou seu próprio método de ensino e acompanha desde crianças até os mais maduros, além do francês, também fala e entende bem espanhol, inglês, russo e japonês, já esquiou no mundo todo e já trabalhou em estações do Chile e da Argentina estando acostumado com o público brasileiro. Ele é O cara pra ajudar você a aproveitar ao máximo o esqui!

7. Alimentação dentro e fora das pistas

- Dentro das pistas: a melhor opção é fazer piquenique! Tem várias áreas para sentar e comer e tem também as áreas dos bares/ restaurantes que não permitem piquenique, mas consumindo alguma coisinha não tem problema sentar lá e comer seu lanche trazido de casa.

- Fora das pistas: tem bastante opção e variedade de comida. Desde comidas típicas como a fondue e a raclette aos tradicionais hambúrgueres caseiros, pizzas, comida japonesa e indiana. Recomendo: MBC - Micro Brasserie Chamonix, para hambúrgueres, porções, cervejas artesanais e Le Bivouac um restaurante simples e aconchegante com preço justo e ingredientes de qualidade para comidas típicas savoyardes. Dica: peça uma dose de Génépi após comer fondue/raclette ou qualquer outro prato típico de queijo, é o licor digestivo de lá, super tradicional.

8. Spa e bem-estar

Para quem reconhece a importância do investimento em boas experiências e no cuidado com o corpo e a mente, tem dois spas que recomendo que fica dentro de dois hotéis 4 estrelas, mas que também abrem o espaço para não-hóspedes, com serviços de massagens, tratamentos diversos, jacuzzi e etc... são eles: o Spa Deep Nature dentro do hotel Les Aiglons e o Park Hotel Suisse & Spa que tem uma piscina aquecida na cobertura e vale a pena pagar para usar nem que for por um dia após esquiar!

Além disso, tem alguns estúdios de yoga e tem eu que ofereço roteiros com ski & yoga e raquete de neve & meditação por lá apresentando todos os itens desse relato e muito mais ao vivo, a cores, com vinho, queijo, muitas histórias, cultura e diversão! É só acompanhar Tempo Viagem ou o site para mais informações.

9. Festa após esqui (après ski)

As estações fecham por volta das 16h30/17h e é essa a hora de descer pro vale e comemorar! O happy hour das montanhas é o chamado après ski, que começa cedo e termina cedo também, por volta das 20h. E nada de trocar de roupa não, do jeito que tá, vai! Com roupa, equipamentos e tudo mais! Recomendo: o Bar/Cafe Elevation 1904 e o bar do Hotel Gustavia, chamado Chambre Neuf, que fica bem em frente ao Elevation é só atravessar a rua.

Quem quiser voltar pra casa depois das 20h, tomar um banho, trocar de roupa, jantar e sair e novo, tem mais opções de bares na Rue des Moulins, apelidada por mim como a “rua da balada” que ficam abertos até as 2h. Depois, para quem tiver pique ainda, tem 3 nightclubs espalhados pelo centro que esticam a festa até as 4h/5h ou até o amanhecer.

10. Outras opções na neve

Nem só de esqui vive o inverno. Tem também outras atividades bem legais e diferentes como as caminhadas com raquetes de neve, trenó puxado por cachorros, crosscountry esqui, parapente e a super luge d’hiver que é diversão garantida!

Mais informações: no site oficial onde você também pode baixar os mapas das pistas, checar as condições de neve e etc. E na Tempo Voyage para roteiros autênticos unindo atividades de aventura como esqui, raquetes de neve e trekking com o bem-estar da gastronomia, prática do yoga, meditação e relaxamento em spa.

Bon Voyage!

Jus