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Rodolfo Damasceno 23/10/2017 08:48
    Travessia Baependi x Aiuruoca - MG

    Travessia Baependi x Aiuruoca - MG

    Travessia Baependi x Aiuruoca, MG em 4 dias de 12 a 15 de Outubro de 2017

    Travessia Baependi x Aiuruoca

    Já a algum tempo eu vinha pensando nessa travessia que fica em Minas no Parque Estadual da Serra do Papagaio entre as localidades de Baependi e Aiuruoca, atraído pelos relatos de amigos e pelas lindas fotos das montanhas locais.

    Aproveitamos o feriado de 12 de outubro para curtir com calma 4 dias de montanha. Saímos do Rio as 00h e 30 minutos do dia 12, a viagem até Baependi é longa e cansativa, porque não dá para dormir direito na Van, mal cochilar.

    Chegamos as 6:30 no começo da trilha, após equiparmos conseguimos as 7hs pôr o pé na trilha, de cara já vimos que a travessia estava cheia, junto conosco chegou outra van e que por coincidência era de um grupo de amigos e conhecidos. Foi bom encontrar pessoas que não via a muito tempo.

    Inicio da Trilha

    Essa travessia não é crítica quanto a água, mas devo fazer algumas observações sobre o tema. Pegamos a Serra após uma grande queimada, o solo estava muito seco e alguns pontos com pouca agua. Com exceção para os Rios e Cachoeiras que estavam com bom volume d’água. Como alguns dos pontos estavam com pouco volume sugiro sempre levar Clorin para garantir uma agua de boa qualidade. Outra observação que fizemos, ocorreu com todos e não saberia explicar, foi que a agua não estava matando a sede. Estava realmente muito quente, quente e úmido o que nos fazia transpirar bastante. Porém mesmo com a barriga cheia d’agua a sede não passava. O problema só resolveu com a ingestão de eletrólitos e sais minerais, tipo Gatorade. Então das duas uma, ou a água é pobre em eletrólitos, ou estávamos perdendo mais rápido do que ela é capaz de repor, devido ao calor. Sinceramente não tenho conhecimento suficiente para dizer o que ocorre. Então indo nesta travessia em época de calor sugiro levar sim eletrólitos, em pastilhas, para não elevar o peso a carregar.

    No primeiro dia apesar de quente o sol não castigou muito devido a estar encoberto por nuvens durante algum tempo. Neste dia caminhamos 12,9 km, da entrada até a cabana do PESP, que vem a ser a área de camping digamos “oficial” do parque. Como a área não é grande foi meio complexo arrumar espaço para todas as barracas, éramos 15, havia mais 15 do outro grupo e no fim da tarde, chegou mais um grupo de SP com mais 15 pessoas. Como fomos o segundo grupo a chegar ainda conseguimos lugar razoável para montar as barracas. A Cabana fica à beira de um Rio, a água é farta, no calor rola um bom banho. A Cabana do PESP fica aberta, tem mesa e fogão a lenha, e não vi nenhuma proibição quanto ao uso. Há ainda o espaço de 2 “quartos” ou espaços, caso alguém não queria montar barraca dá para cair ali mesmo, do nosso grupo ninguém quis como parecia fechada a muito tempo podia haver algum bicho nos nichos de madeira, tipo escorpiões. Mas em uma emergência quebra um galho enorme.

    Cabana PESP

    O dia foi pesado, nem tanto pela distância percorrida, mas pela noite mal dormida, sendo assim todos dormimos bem cedo.

    Rio próximo a Cabana, área do primeiro acampamento

    No dia seguinte partimos as 8 hs para o que seria o dia mais pesado da nossa travessia, porém ainda não sabíamos disso. A cerca de 1 km de caminhada chegamos a Cachoeira do Juju (Rio Piracicaba). Ótima em todos os sentidos, para banho, para fotos, ou simplesmente sentar e relaxar. Ficamos por cerca de 40 minutos. Quando partimos tínhamos duas opções, uma trilha a esquerda, costeando a montanha a frente, ou uma dura subida em frente, para pegar a trilha já no meio do caminho, apesar de mais exigente é bem mais curta, e foi o caminho que seguimos.

    Cachoeira do Juju

    Foi um dia extremamente desgastante, nem tanto pelo trecho percorrido, 15,77 km, mas pelo calor e pela umidade ambos bem altos, que nos castigaram durante toda a caminhada. Por volta de 13 horas, passamos pela Cachoeira do Charco (Rio Santo Agostinho), ali não tem jeito, para atravessar o rio tem que tirar as botas e molhar os pés. Atenção com as abelhas, pelo menos quando passamos havia muitas e eu fui picado, nada grave, mas bom ficar de olho. Neste ponto paramos para almoçar e descansar um pouco.

    Cachoeira do Charco

    Depois do almoço seguimos até a área do Totem do Santo Daime. Ali fizemos uma reunião para decidir o que fazer, visto que a área é ótima para acampar, porém soubemos por relatos anteriores que há próximo ao local uma comunidade do santo daime, que considera a área de sua propriedade, e sagrada, apesar de estar dentro da área do parque. Venceu a tese de não procurar conflito, então fomos acampar numa crista rochosa, mais ou menos 1 km a frente. Não foi ruim, e evitamos aborrecimentos. A agua é próxima, numa manilha que corta uma trilha do lado direito de quem segue em direção a Aiuruoca.

    Totem Santo Daime

    Acampamento Segunda Noite

    Como a noite anterior, está também não foi fria, foi agradável. No terceiro dia, como nos dias anteriores, partimos as 8 hs da manhã. Logo de cara tem uma subida bem pesada a trilha passa bem no meio de dois picos o Canjica e o Bandeira, pode-se deixar a cargueira e fazer um ataque rápido. Nem todos foram. A trilha de ataque para o Bandeira é quase chegando no Retiro dos Pedros, nosso próximo ponto de agua e descanso. Nesse ponto uma triste notícia, uma amiga do outro grupo sofreu um acidente vindo a romper o ligamento de um dos pés. Faz parte do nosso esporte, é assim mesmo, as vezes nos machucamos. Foi dado a ela os primeiros socorros, e chamado o resgate que veio no fim da tarde de helicóptero, depois soubemos que correu tudo bem com ela.

    Retiro dos Pedros

    Abastecemos de agua, descansamos e seguimos para nossa terceira parada que seria na base do Pico do Papagaio, ainda fizemos fotos no Tamanduá e na Pedra Quadrada. Ao chegarmos na área demarcada para camping, achamos que poderia haver uma área melhor a frente e mais perto da água, que fica bem no início da subida do pico, porém não há, fomos, pegamos agua, que fica numa nascente descendo uma piramba, bem perto da subida do Pico, a agua é ótima, e voltamos para montar o acampamento. Alguns ainda foram fazer um ataque no pico para ver o pôr do sol, eu achei por bem não, porque o tempo estava meio encoberto, e preferi deixar para o nascer do sol no dia seguinte. Neste dia caminhamos 11,58 km.

    Pico do Tamanduá

    Acampamento Terceira Noite

    Acordamos as 4 hs da manhã para o ataque ao cume e pegar o nascer do sol, da área de camping andando devagar não dá mais que 40 minutos de caminhada.

    E realmente valeu a pena, foi um lindo nascer do sol, um prêmio e incentivo para o nosso último dia de caminhada.

    Nascer do Sol Pico do Papagaio, 2100 metros

    Na descida abastecemos de agua, desarmamos o acampamento e partimos, como sempre as 8 hs, em direção Aiuruoca o nosso resgate para casa.

    Esta travessia em todo o seu trajeto tem bifurcações e saídas alternativas, então sugiro GPS, ou andar com alguém que realmente conheça o caminho. Neste último dia, como atrativo ainda há o Poço Azul, não é visível da trilha, é em uma bifurcação a esquerda logo que se atravessa um córrego, só mesmo quem conhece ou está com GPS para achar. Alguns ficaram e eu e mais dois amigos resolvemos seguir em frente. Tranquilo porque a partir deste ponto não há muito o que errar, do topo da serra dá para avistar o trutário, que é nosso ponto de chegada, então se não estiver com GPS (eu estava), ou não souber o caminho, dá para ir até pelo visual. Para exemplificar as possibilidades de rota, três amigos que ficaram para trás, sem problemas porque estavam também com GPS, pegaram um caminho alternativo e não passaram no trutário, saindo bem mais a frente já na Igreja, que era nosso ponto de resgate.

    Enfim chegamos, o dono do local nos recebeu muito bem, depois de 4 dias no mato, cerveja gelada e truta frita não tem preço rss.

    Trutario, ponto final da Travessia na saida do parque

    Descansamos alguns tomaram banho, e seguimos para o nosso resgate e volta para casa. Neste último dia caminhamos 7,48 km foi o mais curto, totalizando 47,73 em toda a travessia.

    É uma ótima travessia, para quem gosta de estar nas montanhas, há vários picos para serem atacados sem peso. Uma linda travessia entre montanhas. Como nota triste fica a extensa área que foi queimada no ultimo incendio, porém, a natureza e resistente e vai se recompor. Claro se os “humanos” permitirem.

    Rodolfo Damasceno
    Rodolfo Damasceno

    Publicado em 23/10/2017 08:48

    Realizada de 12/10/2017 até 15/10/2017

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    8 Comentários
    Roberto Moura Passos 23/10/2017 14:45

    Perfeito, muito bem detalhado, será de grande utilidade. Abraço.

    Fabio Fliess 24/10/2017 13:07

    Muito bom Rodolfo... Essa travessia é linda demais! E pelo visto a travessia está bastante frequentada. Quando fui em 2014, não encontramos ninguém... Parabéns pelo relato.

    Rodolfo Damasceno 24/10/2017 14:16

    Valeu Roberto, tentei não esquecer nada.

    Rodolfo Damasceno 24/10/2017 14:17

    Obrigado Fabio, realmente esta ficando conhecida e frequentada. So espero que os frequentadores tenham consciência e conservem.

    Renan Cavichi 26/10/2017 18:04

    Demais!

    Viviane Rosa 31/10/2017 19:46

    Eu não fiz essa travessia porque na época que eu ia houve rumores de surto de febre aftosa na região... a galera amarelou e não fui. Muito massa, Rodolfo.

    Rodolfo Damasceno 04/11/2017 20:33

    É uma Travessia muito legal Vivi, pra quem gosta de montanha. Muito bonita.

    Jefferson Golharth 12/09/2020 16:42

    Exelente o relato Rodolfo, estarei indo fazer a travessia nessa proxima semana , poderia me dar informacoes do ponto de inico da trilha em baemendi?

    Rodolfo Damasceno

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