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Rodolfo Damasceno 22/10/2017 13:34
    Travessia da Serra Fina - Via Paiolinho

    Travessia da Serra Fina - Via Paiolinho

    Travessia da Serra Fina em 4 dias via Paiolinho - Junho de 2017

    Serra Fina via Paiolinho

    Este ano foi o ano da minha terceira vez na Serra Fina, tinha decidido não ir, mais o amigo e montanhista Cidauro me chamou com uma proposta de rota diferente das que eu tinha feito nos anos anteriores, somente em 3 dias e subindo pelo Paiolinho, rota que eu ainda não conhecia. Gostei da ideia e aceitei.

    O planejado era subir pelo Paiolinho, acampar no primeiro dia na Pedra da Mina, no segundo no 3 Estados, descendo no terceiro dia, eu falei planejado rss. Houve um contratempo com nosso resgate, que já em Passa Quatro nos informou que não poderia nos pegar no sábado, somente no domingo à tarde.

    Bom o que nos restou foi conferir as provisões, e como todos fomos realmente prevenidos, tínhamos comida em excesso, para pelo menos mais um dia. Sempre levo comida para um dia a mais no caso de algum contratempo, isso é recomendado e essencial.

    Tudo arrumado embarcamos na Demorosa a viatura do Sr. Edinho, que vem a ser o piloto de quase todo mundo que faz a travessia, nos levando de Passa 4 até a entrada da trilha, seja na Toca do Lobo ou na Fazenda Paiolinho.

    O Grupo e a Demorosa

    Abastecemos de agua na fazenda e começamos a subir as 9:40 da manhã de quinta-feira 15/6. Tempo meio esquisito no primeiro dia, céu entre nuvens. Vou te falar é uma das subidas mas exigentes que já fiz, se não for a pior, é pé pra cima o tempo todo, não tem refresco, não tem uma descidinha, uma crista, nada, e só meter o pé pra cima, sem parar. Com cerca de uma hora e meia de caminhada chega-se em uma clareira, é um ótimo ponto pra descansar e abastecer de água, visto que é o último ponto de agua antes do Vale do Ruah, ou Rio Vermelho, depende da rota que vá fazer.

    Subida do Paiolinho

    Não conseguimos atingir pedra da mina no primeiro dia, já que tínhamos um dia a mais acampamos numa área de bambu, há inclusive uma sinalização de camping, por volta de 16:30, como não dormimos na noite anterior devido a viagem, o cansaço era grande. Já chegaríamos no cume da Mina a noite e sem saber se teríamos local para acampar devido a trilha estar lotada, foi no feriado de Corpus Christi, e não sei se a informação é correta, mas me disseram ter havido quase 700 pessoas na Serra Fina. Preferimos montar acampamento ali mesmo, já era final de dia, a área é muito boa, abrigada e limpa, e descansar do cansaço da viagem e do primeiro dia.

    Acampamento do primeiro dia

    Amanhecer do Segundo dia

    Dia 2, sexta feira saímos do acampamento entre 8:30 e 9, já tarde e o caminho ainda era longo. Não tínhamos ideia ainda da distância, e faltava bastante. Quando chegamos na base da pedra da Minha faltando somente o último trecho de ataque resolvemos fazer algo diferente, fomos costeando a montanha no sentido horário, até encontrarmos a trilha de descida do cume em direção ao Vale do Ruah. Esse trecho não tem trilha, fomos tateando a montanha e vendo os melhores lugares para passar, não recomendado para quem não conhece e tem experiência de montanha, é um trecho difícil e perigoso. Foi uma aventura bem interessante.

    Pedra da Mina

    Quando encontramos a trilha de descida, alguns amigos do grupo foram fazer o ataque ao cume da Mina, eu como já tinha ido lá duas vezes resolvi não ir, já estava na metade da descida pro Ruah e não achei necessário. Depois foram fazer também um ataque ao Morro do Avião, o qual também não fui, fiquei com as cargueiras enquanto os amigos se divertiam.

    Vale do Ruah

    Esses ataques demandaram cerca de 1 hora e meia, porém como não estávamos com pressa isso não foi problema. A ideia inicial era acampar no 3 Estados, e no dia seguinte retornar um trecho e fazer ataque ao Cabeça de Touro. Porém como nada estava saindo como planejado, rss isso também não saiu. Na verdade, fomos fazendo nosso caminho e tomando as decisões como elas se apresentavam, o tempo extra permitiu trabalhar desse modo e a meu ver foi excelente, caminhamos sem stress. Encontramos uma boa área vazia pouco antes do cupim do boi, no meio do capim de anta, não muito abrigada do vento mais com espaço e tranquila, como a montanha estava lotada e sabíamos que não conseguiríamos seguir com o plano e acampar no cume do 3 Estados, invertemos a lógica da caminhada e acampamos nessa área, para no dia seguinte fazer o ataque e seguir.

    Acampamento segundo dia

    No dia seguinte a ideia seria acordar cedo seguir até o cupim do boi, atacar o cabeça de touro seguir ao 3 Estados e acampar lá. Porém como tudo nessa viagem, isso também não seguiu o roteiro planejado. No final do Cupim onde se pega a descida pro vale antes do pico dos 3 Estados, pega-se uma variante a direita para seguir ao Cume do Cabeça de Touro. Esse ataque só Cidauro e Washington que foram, eu os demais esperamos, preferi me poupar com medo de me machucar visto que tinha viagem marcada para menos de um mês a frente. Segundo eles falaram a trilha e muito fechada no seu início mata fechada e densa, recomenda-se um facão, que não tínhamos, se a ideia for fazer esse cume. A Trilha desce e depois sobre bem íngreme, acompanhamos visualmente e é bem complexo, não há uma rota especifica, pelo menos que soubéssemos, então seguiram tateando a montanha até o cume, pela face voltada para o 3 Estados. Uma subida bem exigente, segundo os amigos disseram, o que inclusive pudemos constatar visualmente.

    Ataque ao Cabeça de Touro

    Após o retorno do ataque seguimos caminho para o pico dos 3 Estados já imaginava que teríamos problemas para acampar devido ao número de pessoas que passaram pela gente enquanto esperávamos. Mas a realidade foi bem pior do que sonhava minha vã filosofia. Não era possível caminhar direito no pico dos 3 Estados sem esbarrar em alguém ou pedir licença para não pisar em outro, totalmente inacreditável. Fizemos a tradicional foto no marco e descemos, já imaginando aonde poderíamos acampar, porque apesar de possível, seria desgastante seguir até o Pierre neste mesmo dia. E a van só nos pegaria no dia seguinte. Logo no final da descida há uma área de capim, que igualmente estava lotada. Andamos um pouco mais até uma crista rochosa, era por volta de 15 hs, cedo para parar de caminhar. Porém depois desse ponto não haveria nenhum ponto onde colocar nossas 5 barracas. Seria ali ou direto ao Pierre. Tomamos a decisão de ficar, não havia porque correr visto que nosso resgate só seria as 14 horas do dia seguinte. Foi a melhor decisão que tomamos, depois que ali paramos, vários montanhistas resolveram o mesmo que nós, mesmo caindo a noite, continuava chegando gente, parecia Pedra da Gávea dia de domingo. Todas as noites foram tranquilas não teve frio exagerado e dormi bem, sem problemas.

    Acampamento Terceiro dia

    O último dia foi o mais tranquilo, apesar de pouca água, calculei mal o provisionamento no Vale do Ruah e fiquei racionando, não faltou mais ficou apertado. Era cerca de 12 horas quando chegamos no Pierre. Aí foi dar uma relaxada, trocar de roupa, beber agua e seguir em direção a estrada onde nosso resgate já nos esperava.

    Para quem não pensava em fazer Serra Fina esse ano tenho que dizer que foi muito bom ter mudado de ideia. A rota diferente, ir decidindo o que fazer diariamente, mudando os planos conforme as situações se apresentavam, isso foi o que fez essa trip ser sensacional. Como ponto negativo a lotação na montanha. Algo tem que ser feito, porque a degradação tenho certeza foi enorme. Como não é Parque e não tem controle, sei que fica difícil. Apelar para a consciência das pessoas, pior ainda. O ideal seria transformar a área em parque e controlar a entrada e o número de visitantes, porém não sei se é possível, ou se há interesse. Só espero que os Órgãos (i)responsáveis tomem alguma atitude, para que ainda possamos desfrutar destas montanhas por muitos anos.

    O Time, mais o Cidauro fotografando.

    Rodolfo Damasceno
    Rodolfo Damasceno

    Publicado em 22/10/2017 13:34

    Realizada de 15/06/2017 até 18/06/2017

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    1 Comentários
    Rodolfo Damasceno 19/11/2017 22:17

    Foi planejado, o planejamento furou, mas depois foi tudo dando certo rss,

    Rodolfo Damasceno

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