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Luciano Gomes 26/03/2016 07:54
    Chapada dos Veadeiros, Vila de São Jorge

    Chapada dos Veadeiros, Vila de São Jorge

    Viagem à Chapada dos Veadeiros

    Semana de 14 a 20 de março de 2016 resolvi conhecer a Chapada dos Veadeiros.

    A viagem não planejei. A causa foi um documento que tive que buscar pessoalmente em Brasília. Morei 7 anos lá e nunca tiha ido à Alto Paraíso de Goiás. Saí do Rio de ônibus para Brasília, resolvi a papelada e fui pra Alto Paraíso com a intenção de ir para Vila de São Jorge, onde fica a entrada principal do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. O problema: a Vila não tem transporte público. Cheguei em Alto às 23h e não tinha viva alma para dar carona. Dormi num hostel, no dia seguinte fui procurar carona para São Jorge. (Dia 1) Entrei na operadora Travessias onde contratei um serviço para a Cachoeira do Segredo e depois ficar na Vila. A trilha que leva ao Segredo passa 14 vezes dentro do rio só na ida. Eu fui com uma bota Salomon mid GTX de um modelo antigo, e toda vez que entrava água ficava pesando 1Kg, mas drenava até rápido por causa do sistema de membrana, mas não era o calçado para essa trilha. Depois de 8Km, mais ou menos 2h de caminhada e de muito esforço chegamos à cachoeira do Segredo, 115m de salto que descia de uma forquilha na serra. Muita água transparente que parecia vir do nada, um poço maravilhoso e bem grande. O cenário é muito fantástico.
    A volta, mais 8Km de andanças mas com a visão da espetacular cachoeira e do lago na memória. Começamos às 10h30 e voltamos às 15h30 para almoçar. Depois do almoço fui para o camping Taiuá. É bem montado com geladeiras novas, bastante chuveiros e privadas. Fui durante a semana fora das férias escolares e estava vazio claro, mas me disseram que tudo por lá enche de fila, inclusive nas cachoeiras.

    Dia 2. Com grande surpresa acordei sem dor depois de ter andando 16Km no dia anterior. Fui ao parque (entrada gratuita, a única do local) para fazer as atrações que estavam disponívei: os Saltos, as Corredeiras, Canions e Cariocas. Logo na entrada o guarda me avisa que eu não ia conseguir porque seriam 20Km e o parque fecha às 18h, pensei "e daí?". Fui primeiro aos Saltos. As trilhas dentro do parque são bem fáceis de seguir, não precisa de guia, precisa de muita água, o planalto brasileiro te resseca. Eu levei 2L e um gatorade e acabou na metade da trilha. Levei meu celular com meia carga porque deixei o carregador no hostel em Alto mas mesmo assim testei um app, mytrails. Havia feito download das trilhas do parque no www.everytrail.com e as usei para "me guiar". Funcionou muito bem. Também é possível criar trilhas e por isso me arrependi de não ter o carregador e umas baterias para gravar a trilha do Segredo.
    A primeira vez que você se depara com o Salto de 120m é uma mistura de emocões: de espanto, de beleza, de recompensa, de grandeza da natureza (não sua, você se sente pequeno). Mais à frente é o Salto de 80m, onde voce pode nadar na "piscina". É muita água e muita força. Como eu comecei a trilha às 8h30 num dia de semana, cheguei lá sozinho, a cachoeira era minha. Fiquei um pouco porque minhas pretensões de ver tudo possível no parque eram grandes, então segui. Fui às corredeiras, outro lugar lindo, bom de acesso, mais fácil para quem não anda muito. Depois segui uma trilha para ir aos Canions. Encontrei o guia da cachoeira do Segredo, que me avisou que havia uma trilha que cortava 4Km, eu tentei ir mas como não é muito usada, o mato estava alto e assim desisti. Fui pela mais longa, a que o parque recomenda. Tem uma subida inútil e chata e praticamente te força a voltar à portaria do parque. O Canion tem corredeiras e estreitamentos que concentra a força da água e produz um som muito forte. Os lugares no parque são mágicos. Difícil escolher uma cachoeira mais bonita.

    Dia 3: Depois de 16Km no dia 1 e 20Km no dia 2, agora estou cansando. A bota está há 3 dias molhada mas incrivelmente meu pé está bem, sem bolhas, mas o cheiro é de que um cachorro está molhado dentro da bota, e morto. Fiquei impressionado com a resistência e conforto da bota que foi muito exigida mas nada descolou nem me feriu. Resolvi visitar coisas mais perto. A opção era a Comnidade Raizama e o Vale da Lua. No camping tentei conseguir informação sobre a trilha para o Vale da Lua. Duas opções: seguir uma trilha "por dentro" ou a estrada 5Km a mais de caminhada. Tentei a trilha e não a encontrei com a indicação que recebi. Também não encontrei a trilha no "everytrails". Voltei ao camping e estudei de novo as opções, resolvi ir para Raizama e abandonar Vale da Lua. Raizama foi fácil. Lá entrei com um casal que fiz amizade e me ofereceram carona para o Vale da Lua. Pronto! Salvaram o dia! Agradeci muito. A comunidade raizama é de um senhorzinho simpático que veio nos receber num lugar meio surreal. Tem um palco onde acontece raves, no meio da mata, fiquei tentando imaginar. Tem que pagar 20R$ para entrar. ele explica a trilha de uns 4Km e depois é só seguir. Uma sequência de cachoeiras pequenas muito bonitas e trilhas por tetos de pedra e uma vegetação densa. Entrei em cada água que podia entrar. Em seguida, o Vale da Lua. Depois de pegar a estrada tem mais 4Km de trilhas. Você chega numa enorme laje de pedra escavada pelas águas, vários buracos como crateras lunares e veios fundos onde a água cristalina ainda faz seu trabalho. Anda-sse mais um pouco e temos uma cachoeria com piscina numa coisa realmente parecida de outro mundo. Ainda bem que eu não perdi isso!

    Dia 4: É o retorno. Aviso aos navegantes ou andarilhos: não vá de ônibus ou à pé para vila de São Jorge! Não é obrigado a obedecer mas lá o transporte publico é inexistente e as alternativas são irregulares. Reza a lenda que em São Jorge todo mundo dá carona, é normal. Bem, eu sou homem tenho 1,80, estava sozinho, com uma mochila enorme e não foi fácil, mas consegui com uns locais. Por pouco não tomei uma chuva forte esperando na estrada. Depois de chegar em Alto Paraíso às 17h, vi que havia dois horários de ónibus, às 14h30 e às 2h20. comprei pra madrugada e fiquei comprando artezanatos de cristais para a família e sobrou muito tempo. cheguei a dormir na rodoviária. O pessoal me disse que às vezes esse ônibus da madrugada não aparece! O ônibus foi aparecer às 3h, com os lugares lotados. Alguns passageiros viajando com crianças não compram passagens para elas e aí o motorista tem que conferir e tirar a criança do local além de que, ninguém respeita numeração de assento. É um caos. Um casal que conheci na rodoviária e iria no mesmo ônibus foi deixado lá com a suposta promessa do motorista de que um outro ônibus apareceria meia hora depois.

    Bem, é só isso :)

    Eu fiquei muito satisfeito com a viagem mesmo com os problemas de transporte. A natureza do cerrado e suas cachoeiras recompensam bastante. Eu tentaria ir com mais tempo mesmo de novo à pé.

    Luciano Gomes
    Luciano Gomes

    Publicado em 26/03/2016 07:54

    Realizada de 15/03/2016 até 18/03/2016

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    1 Comentários
    Carlos Araújo 04/04/2016 01:02

    Eu sái e você chegou logo depois, rssss...

    Luciano Gomes

    Luciano Gomes

    Rio de Janeiro

    Rox
    32

    Mergulhador. Adepto recente de trekking e escalada indoor.

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