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Pico do Barbado aos 65 anos... ainda dá!!!
Três dias e duas noites com uma montanha inteira só para nós foi o ponto culminante de uma jornada de quase um mês em busca de aventuras.
Montanhismo Acampamento CachoeiraNossa incipiente carreira de montanhistas foi interrompida por uma boa razão: em busca de qualidade de vida, mudamos para Maceió há dois anos, e o Nordeste não é tão rico em trilhas e montanhas como o Sul/Sudeste. Em compensação passamos estes dois anos conhecendo as maravilhosas praias de Alagoas, o que foi extremamente recompensador. Para matar a saudade de subir montanha, escolhemos o Pico do Barbado, a montanha mais alta do Nordeste, com 2.033 metros, situado na Bahia, na Chapada Diamantina; o Morro do Pouso Alto, na Chapada dos Veadeiros em Goiás, a montanha mais alta do Centro-Oeste, com 1.676 metros; e o Pico dos Marins, com 2.420 metros, situado em São Paulo. Aventura adiada várias vezes por causa da pandemia, finalmente em setembro/21 conseguimos pegar o carro e partir, depois de quase três anos sem fazer trilhas. Nosso roteiro original seria: Chapada Diamantina - Pico do Barbado - Capitólio - Pico dos Marins - Chapada dos Veadeiros - Morro do Pouso Alto - Jalapão. Antes de sair de casa já descartamos o Marins porque descobrimos que estava fechado por causa de um incêndio. E lá fomos nós, eu agora com 65 anos e Marle com 57. Mal sabíamos nós que nosso roteiro seria completamente alterado... Durante a viagem houve um incêndio na Chapada dos Veadeiros, daí deixamos Veadeiros e Jalapão para uma próxima viagem, e fizemos o seguinte roteiro: Chapada Diamantina - Pico do Barbado - Cachoeira de Itiquira em Formosa GO - Brasília - Goiânia - Pirenópolis - Caldas Novas - Rio Quente - Capitólio - Belo Horizonte - Nova Lima - Ouro Preto. Foram 28 dias e 6 mil km de estradas.
Dia 30/08, às 9:37 h, partimos de Maceió, de carro, rumo a Lençóis (BA).
Chegamos em Lençóis no dia 31/08, às 14 horas, após dormirmos na estrada, em um hotel com comida horrorosa. Corremos fazer uma trilha de 8 km, até o Ribeirão do Meio, para aquecer as pernas para o desafio que nos esperava.
Passamos por Lençóis mais para curtir a noite da cidade, que achamos muito charmosa e romântica.
No dia seguinte, 01/09, seguimos para Palmeira, para subir novamente a trilha da Cachoeira da Fumaça, com 12 km, pois na outra vez que subimos estava sem água. Chuva, frio, trilha enlameada, e Flávia, que conhecemos na trilha, sofreu uma lesão no joelho e teve que ser auxiliada na descida, com a noite já chegando... foi tenso! Mas foi uma boa preparação para o grande desafio.
No dia seguinte, 02/09, fomos para Catolés, nossa base para subir o Pico do Barbado, e demos uma breve caminhada para soltar a musculatura e curtir o visual em uma igrejinha que fica em cima do morro.
Reservamos o dia 03/09 para conhecer alguns lugares em Catolés. Com o excelente guia Du, fomos conhecer uma caverna de 70 metros, com duas saídas, e...
...e a Cachoeira Samambaia. Deu um total de 9 km de trilhas neste dia.
No dia seguinte, 04/09, partimos cedo, de carro, da Pousada Serra do Barbado, da nossa querida anfitriã Creuza, em direção a Catolés de Cima, uma cidadezinha que fica no pé do Pico do Barbado, a 6 km de Catolés. Deixamos o carro estacionado e às 7:30 h estávamos iniciando a subida. Meu planejamento inicial era dormir na forquilha e subir até o Pico do Barbado de ataque, sem guia, por causa do grande peso em água que teríamos para levar para o cume, mas acabei contratando o guia Du para nos ajudar, levando nossa comida e água até o cume, possibilitanto que pudéssemos acampar no cume e curtir o nascer e por do sol. Ele tinha informação de que havia um pequeno filete de água saindo da rocha no cume, o que seria a nossa garantia de não passar sede lá em cima! Mesmo assim, minha mochila tinha 13,5 kg, e a da Marle, praticamente só com os isolantes térmicos, sacos de dormir e roupas dela, 10,5 kg.
Às 9:24 h chegamos na famosa forquilha, após duas horas para percorrer 3 km de subidas constantes na antiga estrada Real, que levava as riquezas da Chapada em lombos de burros. Fizemos uma pausa para descansar e encher os reservatórios de água em um riozinho que fica próximo à forquilha. A forquilha é o ponto em que viramos à esquerda para iniciar a escalaminhada.
Agora era hora do mais difícil... o paredão das montanhas que temos que subir sempre parece ameaçador visto de longe, mas de perto é muito pior kkkk
A foto não dá idéia da dimensão do caminho para chegar ao cume, mas é serpenteando pelo paredão ao fundo.
Chegamos no cume às 11:30, após duas horas para percorrer os últimos 2 km de escalaminhadas nas rochas, um total de 5 km e quatro horas de subida. Foi emocionante, quase chorei quando muitos pensamentos me vieram à mente: como foi difícil; é incrível que ainda conseguimos; será a última vez que vamos conseguir?; meu amor é uma guerreira; xô velhice!; nossa sinergia nos torna mais fortes...
Não podíamos deixar de registrar nosso amor por esta terra maravilhosa, de belezas mil, que tanto nos encanta...
Assinar o livro do cume foi emocionante, deixei uma mensagem sobre a realização de sonhos, por mais malucos que pareçam, e Marle mencionou uma campanha de uma amiga de Maceió, que incentiva as pessoas a driblarem a velhice através da atividade física.
Eis a mensagem no livro do Cume.
Antes de descer o guia Du confirmou a informação que ele tinha, de que havia um filete de água próximo ao cume. Fica a exatos 300 metros do cume, seguindo para o lado direito de quem chega nele (norte), acompanhando a borda do cume. Já deixamos uma trilha, mas não está muito clara ainda. Du foi muito atencioso, ajudou a armar o acampamento (tem lugar pronto para três barracas no cume) e conseguir lenha para a fogueira (absolutamente longe de qualquer material inflamável, para não causar incêndio) antes de voltar para casa. Agora éramos só eu e a Marle na montanha, e até a hora de ir embora não encontramos mais ninguém.
Já que o Du ajudou a levar a comida para cima, levamos uma garrafa de vinho para brindar a conquista (trouxemos o casco de volta, claro!).
Uma fogueira para esquentar, porque quando a noite caiu ficou muito frio e tinha um vento danado...
No dia seguinte amanheceu muito nublado, então não conseguimos ver o nascer do sol. Um bom café para esquentar e depois bora lá trabalhar no acampamento: mudar a barraca de posição para encarar melhor a forte ventania, buscar água e tomar banho de garrafa (enchendo a garrafa no filete de água). Os 300 metros que nos separavam da água consumiam um bom tempo de escalaminhada, nestas horas a gente dá valor a uma simples torneira em nossas casas...
Muita cerração na primeira manhã...
Um frio danado quando o sol se punha (calculei uns cinco graus) e um calorão de trinta graus de dia. Já que estávamos só nós, a Marle aproveitou para tomar banho de sol...
Este dia o por do sol foi mais bonito...
A noite a escuridão era total, só nós e as estrelas. Ficamos um bom tempo deitados na rocha observando o céu que só tem na montanha, muito escuro e com milhares de estrelas muito brilhantes. Vimos até um OVNI muito estranho, até que o frio nos venceu e fomos dormir...
De manhã, acordar cedo para ver o nascer do sol...
Desta vez sem neblina, estava lindo demais!
Muito legal!
Às 7:42 estávamos prontos para partir.Iniciamos a descida às 7:48, quando uma névoa começou a se formar nos vales.
Às 11:04 chegamos no carro que tinha ficado estacionado em Catolés de Cima, levamos 3:20 h para descer. Felicidade pura por ter dado tudo certo, mais um sonho realizado! Só é velho quem deixa de sonhar!
Não é fácil fazer uma foto no cume do Barbado....
👏🏼👏🏼👏🏼
Muito legal ! Parabéns !!!
Muito legal ! Parabéns !!!
Valeu!