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Rogério Lupiao 13/08/2018 22:33
    SANTOS - ATACAMA

    SANTOS - ATACAMA

    SANTOS - ATACAMA DE CARRO -2011

    Overlanding 4 x 4 Off-Road

    DIA-1

    Durante a madrugada colocamos a bagagem no carro tentando escolher a melhor forma possível já que nas paradas algumas coisas teriam que sair conosco e outras permaneceriam no carro para serem usadas posteriormente.


    Uma geladeira portátil fez parte do equipamento e apesar da pouca potência quebrou um galho, principalmente durante a travessia do deserto ao norte da Argentina.


    A viagem foi tranquila neste 1o. trecho....sol o tempo todo e sem chuva! Muitos e muitos pedágios e o excesso de caminhão atrasaram nossa chegada e acabamos parando pouco antes de Foz do Iguaçu na cidade de Matelândia.


    A meta era a cidade de Foz do Iguaçu, com a idéia de atravessar a fronteira ainda pela manhã. Ficamos hospedados em um hotel na beira da estrada, e conversando com o proprietário descobrimos que ele já havia dado a volta ao mundo de moto e que já tinha feito esse mesmo percurso que estamos fazendo. Abastecidos de informações jantamos no posto de gasolina ao lado e caimos na cama, depois da novela é claro !!...

    João, o proprietário nos deu muitas dicas e mostrou o percurso em um grande mapa mundi preso a parede da sala de televisão na entrada do hotel, o caminho que deveríamos seguir.

    Nesse mapa estão traçados todos os roteiros que ele fez pelo mundo, inclusive um onde ele foi até o Alasca, percorrendo grande parte do caminhpo que eu havia feito em 1994, durante minha viagem de moto para os Estados Unidos.

    Foi um papo bem descontraido e nos tranquiulizou em relação ao que iríamos encontrar pela frente, já que apesar de toda "experiência" adquirida nas viagens anteriores, um novo desafio sempre causa uma certa apreensão.

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    DIA-2

    Acordamos por volta das 7 da manhã e após um belo café da manhã no hotel seguimos em direção a Foz do Iguaçu. A má notícia da manhã foi a de um grave acidente com uma van que causou a morte de 3 ocupantes e membros de uma equipe de judô que estaria indo para um campeonato na região. (na volta ficamos sabendo que os protestos por causa desse e de muitos outros acidentes na região culminaram no anúncio da duplicação deste trecho da BR-277 que espero que seja realizado, já que segundo os moradores da região, esse anúncio já havia sido feito diversas vezes sem nenhum resultado concreto até então). Atravessamos a fronteira com a Argentina com muita rapidez e facilidade, parando em uma casa de câmbio na cidade fronteiriça de Puerto Iguazu. Conforme havia nos orientado nosso amigo João, proprietário do hotel em Matelândia onde ficamos hospedados, tínhamos como meta a cidade de Presidência Sáenz Peña, mas com a quantidade de barreiras policiais que estávamos atravessando, fiquei preocupado em não cumprir nossa meta do dia.

    Com a boa qualidade das estradas na região conseguimos ainda no começo da noite dar entrada no Hotel Aconcágua, local muito procurado por viajantes pela região.

    Saímos para jantar a pé e começamos a sentir ai a dificuldade de se comer razoavelmente bem nessa região. As opções eram muito poucas e de péssima qualidade, apesar de estar acontecendo uma grande festa com desfile de carros alegóricos e tudo na cidade. Optamos por uma x-burguer e voltamos para dormir o mais cedo possível.

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    DIA-3

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    No café da manhã do hotel (aqui começa minha dúvida do que poderia ser chamado de café da manhã) conhecemos 4 paraguaios que estavam voltando da cordilheira de moto e que nos deram boas dicas do caminho a seguir. Recebemos de novo a informação de que há uma séria crise de abastecimento de combustível nessa região do país, então saimos de Saenz Peña por volta das 07:30h e para garantir tentamos abastecer o carro a cada 300 Km. São poucos postos na região e a grande maioria não está funcionando por falta de combustível, além do alto preço do diesel por aqui. O consumo médio do carro aumentou bastante, o que está nos preocupando um pouco. Outra coisa curiosoa é a quantidade de barreiras policiais no caminho. já contamos mais de 20 desde a fronteira e em todas elas você tem que parar, dar um sorriso amarelo e seguir caminho.... Quando o policial de plantão resolve verificar a documentação de alguém, quem está atrás não pode passar, formando longas e demoradas filas. Alguns quilometros de Saenz Peña, acabamos caindo na armadilhas das placas na estrada e pegamos a rota errada, exatamente como tínhamos sido alertados pelo nosso amigo João no hotel em Matelândia. Seguimos por aproximadamente 20 Km até notarmos que a estrada estava errada, acrescentando assim alguns quilometros ao nosso dia de viagem. A estrada piorou muito ao entrar na província de Salta, e apesar de não ter muitos buracos que possam danificar o carro, baixa muito nossa velocidade média. As retas são intermináveis, algumas com 20 ou 30 quilometros aliadaas ao pouco movimento de veículos na região tornam o trecho muito monótono. Comer por aqui também não é uma coisa fácil, dada a qualidade dos pouquíssimos postos que encontramos, por isso acabamos apelando para as bolachas e barrinhas. Paramos por volta da 1h da tarde p/ tentar abastecer e não conseguimos de novo, mas a grata surpressa foi um x-tudo que ficou muito acima da expectativa por modestos R$5,00. Depois do almoço voltamos p/ as intermináveis retas da rota 16. Entramos na rota 9, estrada de 2 pistas muito boa, as 13:30 hs, com mais 170 km até Jujuy. Como ainda estava claro a opção foi não entrar em Jujuy, já que as cidades maiores são difíceis de circular, e seguimos até a serra parando assim que começou a escurecer em um povoado a beira da estrada. Assim que entramos nesse povoado, vimos tratar-se de um lugar muito procurado pelos turistas da região. Muitos ônibus de turistas Argentinos que seguem para a cordilheira fazem suas paradas aqui e a excelente localização junto a um belíssimo vale, fez de Purmamarca um local conhecido. Paramos p/ dormir em uma hospedagem simples, porém bem confortável por R$60,00 c/ cafe.

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    DIA-4

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    A idéia era sair cedo, mas a recepcionista não nos acordou na hora certa. O café da manhã do cafofo eram duas bolachas e uma água suja que ela chamou de café com leite mais um pouco de geléia e manteiga que juntas não enchiam uma colher pequena. Novamente apelamos para as barrinhas. Saimos dos 2500 metros de Purmamarca e dai para a frente foi só subida e subida e subida em uma estrada muito bonita e de curvas extremamente fechadas que cortavam a cordilheira rumo aos 400 metros de altitude. Em uma das várias paradas para fotos na estrada encontramos 3 brasileiros de moto, e que estavam junto com um outro amigo que sofrera uma grave acidente durante o percurso, tendo sido transferido de ambulância para Foz do Iguaçu, onde pegaria um avião até São Paulo. Há muitos brasileiros de moto por aqui além dos argentinos é claro. Subimos e subimos até atingir os 4665 metros de altitude e já percebemos a perda de potência do motor do carro, o motor não consegue passar dos 2500 giros e a velocidade fica muito limitada. O consumo do carro aumentou bastante por causa da altitude e chegamos em San Pedro de Atacama no limite preocupados com a possibilidade de não haver diesel na cidade, mas verificamos que não há falta de combustível, mas o preço que já era alto na Argentina subiu mais um pouco chegando aos R$ 2,50. A travessia da cordilheira é maravilhosas, atravessamos várias montanhas que são divididas por vales com lagos e longas áreas de puro sal. Fizemos muitas paradas para fotos e entramos em um dos vários lagos de sal e já pegamos um pouquinho para o churrasco em Santos na nossa volta. A saída da Argentina foi relativamente fácil e sem burocracia, já a imigração chilena contou com a antipatia básica dos funcionários de imigração dos países que já visitei. Ficamos um pouco surpreendidos com os altos preços dos hotéis em San Pedro de Atacama, já que a cidade toda se resume em 8 quadras e em pouquíssimas quadras há asfalto. Optamos por um "hotel" em uma rua bem próxima ao centro para que pudessemos sair a pé a noite, mas apesar de ter recebido a chave do portão, ficamos trancados para o lado de fora por quase meia hora logo no primeiro dia até que um dos filhos da proprietária aparecesse para nos atender. Tudo fecha muito cedo por aqui, já que ainda de madrugada muitos turistas já estão nas ruas esperando uma das várias vans que circulam a cidade com destino aos vários destinos turísticos de San Pedro

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    DIA-5

    Tiramos a manhã para dormir um pouco mais e fazer algumas atualizações via internet e depois do meio dia saimos para pesquisar algumas agências sobre os passeios na região. Após algumas informações decidimos que alguns destinos mais próximos poderíamos fazer de carro e fomos conhecer:


    LAGUNA DE CHAXA - lagoa de água salgada onde vivem flamingos de 3 espécies diferentes....


    SALAR DE ATACAMA - deserto de sal onde fica a lagoa de chaxa, esculturas de sal. As águas do desgelo descem as montanhas carregadas de sal que permanecem na planície após a evaporação da água.


    VALE DA LUA - um lugar simplesmente fantástico, vale de terra avermelhada que foi esculpido ao longo dos séculos pela água e pelo vento.


    TOCONAE-pequena (pequena mesmo) cidade ao sul de San Pedro com menso de 500 habitantes que mais parece uma cidade fantasma. Chega a ser bizarro andar pelas 3 ruas da cidade quase deserta.


    QUEBRADA DE JEREZ - um grande canyon onde corre um rio com pouca água nessa época. os moradores da região plantam árvores frutíferas nas margens do riacho que passa no meio dele. O interessante nessas pequenas plantações foi o sistema de canais construidos em pedra, como faziam os incas, que leva águas aos vários pomares alo longo do riacho. A água é desviada de um canal central na entrada de cada pomar que fica fechado com uma pequena chapa de aço que é aberta manualmente sempre que se deseja regar o seu espaço. Primitivo, mas extremamente eficiente


    A grande surpresa do dia foi o furto da placa do carro, alguém levou a placa dianteira do carro durante a noite e agora acho que teremos alguns problemas para atravessar a Argentina na volta.
    Assim que acordei fui até a porta do hotel dar uma olhada no movimento da rua e sentir a temperatura. O carro estava estacionado a pouco mais de 100 metros antes da entrada do hotel e verifiquei que alguma coisa estava estranha. Ao chegar perto verifiquei que a placa havia sumido.
    Algum morador local aumentou sua coleção de placas de carro.

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    DIA-6

    Mais uma vez acordamos tarde e ficamos a parte da manhã em San Pedro pesquisando mais alguns destinos que pudessemos ir de carro. Decidimos conhecer o Salar de Talar que na verdade descobrimos que se chama Salar Águas Calientes (de quente não tem nada).


    Esse Salar fica a 160 Km de San Pedro sendo 92 de asfalto e o resto de terra. Rodamos por quase uma hora pelas estradas de terra na região até encontrarmos o local. Uma lagoa de cor verde muito grande com uma montanha de sal ao fundo rodeada de montanhas de cores diferentes por causa da diversidade de minerais da região. Durante todo o percurso de terra cruzamos com apenas 3 carros e estávamos realmente isolados naquele ponto tão bonito. Algumas marcas de pneus iam até a beirada do lago, cerca de 300 metros fora da estrada, então decidimos seguí-las.
    O frio estava muito forte por isso a idéia era chegar o mais perto da lagoa possível sem ter de sair do carro, já que estávamos somente de camiseta e bermuda, tirar algumas fotos e voltar para a estrada, até que de repente o carro afundou em uma parte de areia muito molhada até a altura do piso fazendo com que o carro literalmente colasse no chão. Apesar da tração nas quatro rodas o carro negava-se a se movimentar.
    Ao sairmos, vimos que era quase impossível caminhar ao redor, pois afundávamos até o meio da canela na areia molhada, ou melhor, quase congelada.
    Na hora percebemos a gravidade da situação; havíamos cruzado com apenas 3 carros em todo o percurso de ida e não tínhamos ideia de quanto tempo demoraria e se apareceria alguém para nos ajudar.
    Tínhamos ainda pouco mais de 3 horas de luz pela frente então começamos imediatamente a buscar pedras em volta e colocá-las por baixo dos pneus; tarefa muito dificil a 4200 metros de altitude e com temperatura de 6 graus.
    Pouco tempo depois já estava exausto, já que fiquei com a tarefa de colocar as pedras e o Sérgio de ir para a estrada esperar o milagre de encontrar algúem. Percebendo que seria inútil ficar na estrada, Sérgio voltou e juntos recolhemos muitas pedras para tentar movimentar o carro.
    Foi inútil, pois o carro só afundava a cada tentativa de retirá-lo.
    Depois de mais de uma hora e já se preparando pscologicamente para passar a noite no carro com o motor e o aquecedor ligados, apareceu nosso anjo da guarda. Uma van de uma empresa de turismo estava retornando para buscar alguns turistas que caminhavam pela região e depois de muitos gritos, buzinas e de pular balançando os braços, o carro começou a vir em nossa direção, me dando um alívio que a muito tempo não sentia. Tivemos algum trabalho para convencê-lo a chega a uma distância que desse para amarrar nossa fita de reboque na van, mas depois de várias tentativas saí0mos do atoleiro aliviados.


    SUSTO GRANDE....MUITO GRANDE.


    Demos mais umas voltas na região e voltamos em seguida para San Pedro para aliviar a tensão. Amanhã sairemos por volta das 3 da manhã para visitar um geiser

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    DIA-7

    Depois do jogo da seleção brasileira contra a Argentina na noite de ontem fomos dormir rápido, pois saimos por volta das 4 e meia para o Geiser de Tatio.


    Chegamos ao parque por volta de 7 horas da manhã, a temperatura batia na casa dos 12 graus negativos e apesar de estar vestindo ao mesmo tempo toda a roupa limpa que eu ainda tinha, passei um frio de doer os ossos.


    Estava com duas calças, duas meias, camiseta, casaco, anorak e mesmo assim o vento cortava os ossos.


    Após a visita retornamos a San Pedro e após um rápido almoço, caimos na estrada rumo a Antofagasta. Na noite anterior deixamos tudo preparado e já dentro do carro para não perder tempo no retorno dos geisers.


    Chegamos a cidade litorânea de Antofagasta ao anoitecer e com isso finalizamos a travessia completa do continente do Atlântico ao Pacífico.


    Passamos em uma loja para comprar alguns vinhos, nacionais é claro, e logo estávamos em um hotel no centro que não tinha estacionamento, que nos separou do nosso transporte pela primeira vez na viagem deixando a X-TERRA em um estacionamento duas quadras do hotel.


    As cidades grandes são difíceis para rodar de carro e o horário em que chegamos, no final da tarde, não colaborou muito para conseguirmos uma hospedagem melhor.


    Tinha muitas dúvidas no caminho a seguir para retornar a Argentina por uma passagem (paso) diferente do que utilizamos para entrar. A idéia original era retornar pelo Paso Sico, mas o mesmo estava fechado por motivos que não consegui descobrir.


    Dormimos logo após pesquisar um pouco na internet nosso caminho para o dia seguinte.

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    DIA-8

    Depois do jogo da seleção brasileira contra a Argentina na noite de ontem fomos dormir rápido, pois saimos por volta das 4 e meia para o Geiser de Tatio.


    Chegamos ao parque por volta de 7 horas da manhã, a temperatura batia na casa dos 12 graus negativos e apesar de estar vestindo ao mesmo tempo toda a roupa limpa que eu ainda tinha, passei um frio de doer os ossos.


    Estava com duas calças, duas meias, camiseta, casaco, anorak e mesmo assim o vento cortava os ossos.


    Após a visita retornamos a San Pedro e após um rápido almoço, caimos na estrada rumo a Antofagasta. Na noite anterior deixamos tudo preparado e já dentro do carro para não perder tempo no retorno dos geisers.


    Chegamos a cidade litorânea de Antofagasta ao anoitecer e com isso finalizamos a travessia completa do continente do Atlântico ao Pacífico.


    Passamos em uma loja para comprar alguns vinhos, nacionais é claro, e logo estávamos em um hotel no centro que não tinha estacionamento, que nos separou do nosso transporte pela primeira vez na viagem deixando a X-TERRA em um estacionamento duas quadras do hotel.


    As cidades grandes são difíceis para rodar de carro e o horário em que chegamos, no final da tarde, não colaborou muito para conseguirmos uma hospedagem melhor.


    Tinha muitas dúvidas no caminho a seguir para retornar a Argentina por uma passagem (paso) diferente do que utilizamos para entrar. A idéia original era retornar pelo Paso Sico, mas o mesmo estava fechado por motivos que não consegui descobrir.


    Dormimos logo após pesquisar um pouco na internet nosso caminho para o dia seguinte.

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    DIA-9

    Depois de uma bela noite de sono em Antofagasta, amanhecemos com um problema, nosso hotel não aceitava cartão de crédito e juntos tínhamos apenas 36 mil pesos chilenos, 30 mil para o hotel e cinco mil para o estacionamento.


    Com os outros mil pesos (equivalente a R$ 3,50) não iríamos muito longe, logo a solução foi aguardar a abertura dos bancos e casas de câmbio para conseguirmos trocar mais alguns dólares. Independente do atraso da saída o dia rendeu bem, rodamos 750 Km, considerando que 246 em estrada de terra. O objetivo inicial era visitarmos a escultura “la mano Del desierto” que fica a 75 Km ao sul de Antofagasta. Trata-se da escultura de uma mão saindo da terra em pleno deserto de Antofagasta e que tornou-se o símbolo do desertto chileno. Depois de várias fotos seguinos rumo a Cordilheira buscando a travessia “Paso de San Francisco”. Muitas paradas para pedir informação foram necessárias já que não tínhamos um mapa, e não preciso dizer que para cada caboclo que você pergunta vem uma resposta com uma direção e distância diferente. Após acertarmos a estrada seguimos por várias horas seguidas dirigindo até acharmos uma placa indicando: Paso San Francisco 265 Km. A distância não nos assustou e pela hora daria tempo suficiente para chegarmos ao Paso, mas qual não foi nossa surpresa quando logo após os primeiros 10 Km o asfalto acabou . Ficamos preocupados já que eu havia lido que a fronteira fechava as 19:00 h. A estrada era muito boa apesar de não ter asfalto e conseguíamos uma velocidade média razoável, dando a esperança de chegar a fronteira antes do fechamento e principalmente antes de escurecer. Seguimos o fluxo da estrada e optávamos pela via mais movimentada sempre que havia uma bifurcação sem placas até o início de uma serra muito forte que nos fez sair dos 2100m de altitude e nos levou a 3850m até chegarmos a uma porteira que bloqueava a estrada e que nos fez perceber que estávamos no caminho errado.
    Orientados, voltamos descendo toda a serra até o último entroncamento para depois subi-la novamente do outro lado, desta vez no sentido certo. Rodamos muito parando várias vezes para fotos na belíssima paisagem do topo da cordilheira e apesar do bom estado da estrada só cruzamos com um único carro até a aduana chilena por volta das 18:00h.
    O posto que marca a saída do Chile fica no meio da estrada, mas os funcionários que ali trabalham em turnos de 10 dias, moram em pequenas casas ao redor da barreira e por ser um local extremamente remoto e ter poucos veículos que atravessam por ali nessa época do ano, o posto da fronteira estava completamente vazio e apesar do barulho, buzina e a campainha que o cartaz mandava apertar não apareceu ninguém por quase 20 minutos, nos fazendo lembrar aqueles filmes de terror quando o assassino oculto esquarteja todo mundo em um lugar remoto e sem comunicação. Já estava vendo a hora de encontrar um corpo morto quando abrisse a porta de uma das salas do lugar. Fomos atendidos rápido (depois que pareceram) e com muita educação e as 18:40h estávamos livres para continuar rumo a aduana Argentina. Segundo informações do policial da imigração chilena, estávamos a meia hora do posto Argentino, e daria tempo suficiente para chegarmos. Como aconteceu em todas as vezes em que perguntamos alguma coisa a alguém, a informação estava completamente errada e só fomos chegar ao posto Argentino as 21:30h após duas horas dirigindo pelo caminho coberto de gelo e terra e vestido apenas com camiseta, moleton e bermuda. Não quisemos parar para colocar mais roupas com a esperança de chegarmos logo e apesar do termômetro do carro marcar 5 graus negativos lá fora, mantínhamos a temperatura interna com o aquecedor do carro ligado no máximo. Os policias que nos “receberam” não foram muito simpáticos principalmente por precisarem sair de dentro da casinha de descanso deles para nos informar que a fronteira estava fechada e que deveríamos voltar. Na hora vi que nossa situação não era das melhores, mas voltar os mais de 200 Km por terra aquela hora da noite não estava dentro da nossas possibilidades. Imploramos por um lugar para dormir, ameaçando dormir no carro mesmo (estava morrendo de medo que dissessem: tudo bem) e depois de algumas palavras entre eles pediram para que entrasse e nos indicaram um abrigo com vários beliches e um banheiro com água fria, que de pronto aceitamos sem discutir.
    Dormi como um anjo apesar do 22 graus negativos que fazia lá fora, temperatura que só foi nos atingir as 8 da manhã ao verificar que os líquidos do carro estavam congelados e que o mesmo não dava nem sinal de ligar.

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    DIA-10

    Colocamos o carro de frente para o sol empurrando (o que posso afirmar não ser muito fácil, tratando-se de uma carro de 2 toneladas e estarmos a uma altitude de 4100m) e o deixamos ali jacarezando até as 11:00h da manhã quando conseguimos ligá-lo. Pensando que nossa dificuldade da noite anterior, e dessa manhã fosse amolecer o coração dos argentinos, percorremos os 200 metros que separavam nosso abrigo da aduana e começamos o desembaraço do carro para providenciar a importação temporária e nossa liberação na imigração. Ledo engano; fomos tratados com a mesma má vontade com que fomos recebidos na noite anterior e as dificuldade começaram a surgir, solicitando formulários que seriam de nossa responsabilidade e que obviamente não tínhamos. Foram mais 40 minutos de desnecessário stress e que só fez com que ficássemos mais atrasados ainda. Novamente voltamos a ter problemas com abastecimento, já que os poucos postos que encontramos tinhan filas gigantescas. Demos sorte na cem Almogasta já que a fila do diesel era infinitamente menor que a de nafta (gasolina). Rodamos o resto do dia parando para dormir em Vale de San Fernando de Catamarca com o pouco dinheiro argentino que havia sobrado da ida, já imaginando a dificuldade que teremos amanhã para trocar dólares por aqui que não é um lugar muito visitado por turistas. Cartão de crédito não é uma coisa muito comum por aqui e quando aceito tem ágio de 10% a 20%.

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    DIA-11

    Acordamos cedo para tentar ganhar mais quilômetros já que hoje é domingo e as estradas teoricamente estão mais vazias, mas ao tentar sair do hotel havia dois carros bloqueando nossa saída no estacionamento.


    Enquanto tomávamos café, os proprietários tentavam descobrir quem seriam os felizardos que seriam acordados as 7 da manhã de um domingo para manobrar seus carros. Aliás mais uma vez nesse cafofo que ficamos, me convenci de que o conceito de café da manhã deveria ser revisto por alguns “hotéis”, pois chamar aquela água suja com pão de ontem de café da manhã é uma sacanagem.


    Sair de San Fernando também não foi uma tarefa fácil já que não encontramos muitas pessoas em condições alcoólicas razoáveis para nos dar informações, sinal de que a noitada nessa cidadezinha deve ser boa. Ou é a falta de opção leva o povo a cachaçar , nunca saberemos.... Seguimos por uma serra de muitas curvas e mais uma vez subimos muito para descer até próximo do nível do mar no final do dia. A dificuldade para conseguir combustível continua e agora temos outro problema, já que o dinheiro acabou. Tínhamos de achar uma gasolineira( posto de gasolina) que tivesse diesel e que aceitasse cartão de crédito ou dólar, o que só fomos conseguir na terceira tentativa em um posto Petrobras. A próxima cidade razoavelmente grande que chegamos foi Santiago Del Esfero onde nos informamos novamente sobre a estrada que deveríamos seguir e a surpresa foi que a estrada era de mão dupla, mas só tinha uma pista, ou seja sempre que cruzávamos um carro na direção contrária um de nós tinha que sair da estrada e esperar a passagem do outro, realmente bizarro. Nesse caminho em uma das paradas policiais fomos “cantados” para uma propina, mas conseguimos nos safar rapidamente; mas logo em seguida pouco mais de 100 Km depois, nova tentativa e novamente saímos pela tangente.


    Chorei tanto que quase tomo uns trocados do policial; que vendo que não conseguiria muita coisa nos mandou ir embora. Depois disso foi só estrada e mais estrada até Posadas, mas não sem antes errar a entrada da rota 12 na cidade de Corrientes e andar por quase 10 Km até perceber o erro.


    Hoje foi o dia mais puxado da viagem, foram quase 14 horas de estrada com pouquíssimas paradas. Amanhã de manhã vamos decidir o caminho a seguir, se voltamos pelo mesmo caminho da ida, via Puerto Iguazu ou se passamos para Concepcion, no Paraguai seguindo até Ciudad Del Este, já na fronteira do Brasil.

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    DIA-12

    Chuva pesada pela primeira vez na viagem, saimos rumo a Foz do Iguaçu e encaramos os últimos quilometros até o Brasil. Em Foz, fomos direto para o parque nacional das Cataratas visitar as quedas e ficamos surpresos com a organização do parque, coisa difícil de se ver aqui no Brasil. Procuramos um Hotel perto da ponte da amizade que leva ao Paraguai para comprar alguns presentes.

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    DIA-13

    Seis da manhã já estávamos tomando o café no hotel Portinari em Foz do Iguaçu para conseguir lugar na primeira van do dia que o hotel disponibiliza para levar os hóspedes ao Paraguai. Depois de tanto tempo comendo só bolacha e barra de cereal, ontem mergulhamos de cabeça em uma churrascaria o que nos causou problemas para dormir por causa as quantidade exagerada de comida ingerida. Antes das 7 da manhã e antes mesmo da maioria das lojas estarem abertas, já estávamos circulando por Ciudad Del Leste atrás de alguns presentes. Eu não lembrava muito bem daqui, já que faz muito tempo que visitei o Paraguaii, mas tudo é um grande shopping a céu aberto, com coisa boa a preços melhores que no Brasil e itens a preços inacreditáveis, mas de qualidade duvidosa. Voltamos a pé pela ponte da amizade rumo ao Brasil e encaramos a fila da aduana com tranquilidade por estarmos dentro da cota permitida de US$ 300,00 por pessoa. A fila era grande, mas andava rápido, e conversando com os outros “turistas” ficamos sabendo o motivo por estar tudo tão “tranqüilo” (segundo o conceito deles). Havia uma operação do exército junto com a receita e a polícia federal na estrada que sai de Foz sentido Cascavel, e que espantava a maioria dos sacoleiros do dia. Antes de cair na estrada fomos procurar uma empresa para fazer a nova placa do carro que foi furtada em San Pedro de Atacama, problema esse resolvido em 15 minutos a um custo de R$ 50,00 . Estrada foi nosso destino, e com o objetivo de chegar até Curitiba saímos de Foz do Iguaçu por volta da 11:30h. Rodamos até o anoitecer e ficamos em dúvida se seguiriamos direto para Santos ou se pararíamos para dormir. Optamos por não rodar a noite e um hotelzinho simples na BR-116 foi nosso o nosso destino final para o dia. Tranquilidade não é a palavra exata que defina nossa última noite na estrada, pois o entra e sai de caminhões a madrugada toda no posto não nos deu muito sossego.

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    DIA-14

    Sem muita pressa saimos para os últimos quilometros que nos separavam de Santos e encaramos novamente o trecho de estrada em piores condições de todos os 7700 Km rodados; o trecho entre a Br 116 e a cidade de Pedro de Toledo no litoral paulista.


    Chegamos em Santos ainda para o almoço e para rever a todos .

    Rogério Lupiao
    Rogério Lupiao

    Publicado em 13/08/2018 22:33

    Realizada de 09/09/2011 até 23/09/2011

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    Rogério Lupiao

    Rogério Lupiao

    Santos-SP

    Rox
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    Engenheiro mecânico, Engenheiro Segurança do Trabalho, bacharel em Direito lupiao@kokimbos.com.br

    Mapa de Aventuras
    www.kukenam.com.br