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Rogério Lupiao 25/11/2020 23:06
    TITICACA - SALAR DE UYUNI (BOLÍVIA)

    TITICACA - SALAR DE UYUNI (BOLÍVIA)

    Depois de Copacabana, seguimos pela Bolívia até Uyuni, para visitar o maior deserto de sal do mundo.

    Overlanding 4 x 4

    Depois de Copacabana, deveríamos tomar uma decisão; seguir pela Bolívia até Uyuni, para visitar o maior deserto de sal do mundo ou desviar o caminho e voltar para o Chile onde as condições são bem melhores para viajar.

    Já na saída de Copacabana um pedágio era cobrado em nome da conservação da cidade e uma taxa adicional, a título de colaboração, me foi cobrada pela polícia sem motivos aparentes nem comprovantes.

    Preparado para isso nas muitas viagens anteriores comecei a negociação que da minha parte começou no zero e da parte do policial em 100 bolivianos ( R$ 30,00) e que no decorrer das negociações acabou em 10 bolivianos (R$ 3,00).

    A ideia inicial era resistir as tentativas de suborno, mas como iriamos encarar mais de 350 Km Bolívia adentro sem nenhuma informação sobre as condições das estradas, resolvi não prolongar muito e cedi pensando em ganhar tempo.

    A técnica deles é a ameaça através de exigências de itens como 2 extintores, e triângulos de sinalização, kit de primeiros socorros, lençol branco para cobrir um eventual morto em acidente, etc.....

    Vencido o primeiro pedágio seguimos rumo ao estreito de Tiquina por uma estrada bem conservada, mas com muitas curvas e que nos levou a mais de 4000 metros de altitude fazendo o carro de arrastar e nos sem poder respirar.

    Esse primeiro trecho acaba no estreito de Tiquina que separa as comunidades de San Pedro e San Pablo.
    A travessia é feita em grandes barcos de madeira a um custo de R$ 12,00 para o carro e R$ 0,25 para as pessoas.
    Alegando segurança, somente eu pude ir junto com o carro no barco maior e a Dinira e a Luiza tiveram que seguir em um pequeno barco de passageiros.








    VÍDEO - TRAVESSIA LAGO TITICACA
    A travessia é tranquila e em pouco mais de 10 minutos estava do outro lado onde a Dinira e a Luiza já me esperavam.

    Seguimos viagem e agora era hora de abastecer. Aqui começa outra bizarrice Boliviana.
    O combustível para estrangeiros é quase 3 vezes mais caro do que para Bolivianos (enquanto o Uruguai paga o combustível dos estrangeiros para atrair turistas, a Bolívia quer espantá-los).
    O preço do diesel para Bolivianos é de B$ 3,70 (R$ 1,12) e para estrangeiros B$ 9,55 ( R$ 2,90) e os postos são obrigados a emitir uma nota diferenciada para os estrangeiros.
    Começa que nem todos os postos tem essa nota fiscal e com isso não tem autorização para vender para estrangeiros, depois os que tem vendem o combustível sem a nota por um preço intermediário e embolsam a diferença que deveria ser recolhida na forma de impostos.
    No final o maior beneficiário disso tudo são os frentistas que lucram coma diferença cobrada. ( paguei B$ 7,00 por litro sem nota).
    Outro grande problema é que um terço dos postos absolutamente não tem combustível para vender ou por ter um estoque pequeno só vendem 10 ou 15 litros; portanto de você vier de carro para a Bolívia tente manter seu tanque cheio, pois pode acontecer de você rodar muito antes de conseguir abastecer.

    Passamos La Paz sem que tivéssemos que entrar na cidade, o que não nos poupou de percorrer grande parte da periferia causando uma péssima impressão.

    As paradas policiais são uma obsessão por aqui, mas não por uma questão de segurança e sim como uma forma de arrecadação. Em cada pedágio (e não são poucos) todos os motorista tem que mostrar a licença para dirigir e por duas vezes o motorista a nossa frente deu dinheiro no lugar da licença, que foi embolsado sem nenhuma cerimônia pelo policial.

    Em uma das paradas no pedágio (há vários pedágios, mas não sei porque você paga o primeiro e os seguintes vão carimbando seu boleto e não cobram nada), um dos policiais exigiu que eu mostrasse todos os documentos. Não satisfeito em ver que eu tinha tudo que ele pediu, começou a pedir os "ítens obrigatórios", a começar pelo pneu extra, 2 triângulos, e extintores (só um é obrigatório, mas eu levei 2) e me pegou no Kit de primeiros socorros.
    Levamos uma caixa de remédios que passou tranquilamente como o Kit exigido, mas a alegação era que o Kit deveria estar à mão e não no "porta malas" pois caso acontecesse alguma coisa com algum dos ocupantes eu teria que agir rápido no socorro.
    Patética a atuação do caboclo !!!!

    Aleguei que antes de sair do Brasil consultei o Consulado Boliviano em São Paulo (não fiz ) e que me foi informado que deveria ter no carro, não especificando onde e que ele estava indo contra as orientações do Consulado.

    A fila de carros e caminhões se formava atrás de nós (estava parado no meio da rodovia no único guichê do pedágio bloqueando a estrada) e logo começaram o buzinar (aqui eles buzinam por qualquer coisa, inclusive para a polícia), e pressionado o policial acabou nos liberando e sem cerimônia virou para os outros policias e fez um sinal de negativo, como quem diz: não consegui nada !!!.

    Dormimos e Oruro onde chegamos sem hotel reservado no horário de saída do trabalho.
    Rodamos cerca de uma hora e meia pelas estreitas ruas da cidade até encontrar um hotel onde havia uma garagem disponível ( 4 quadras).

    No dia seguinte seguimos direto para Uyuni, mas antes aguardamos o horário para a entrevista semanal para o programa " CAMINHOS ALTERNATIVOS" na rádio CBN coma jornalista FABÌOLA CIDRAL, que deveria ser feita via fone as 11:30h (horário da Bolívia).

    Finalizada a entrevista saimos correndo, pois não sabiamos quais as condições para rodas os 350 Km até
    Uyuni e logo na saída da cidade nos deparamos com o primeiro bloqueio de pedras e pneus queimados. Desci para tentar uma negociação para nossa passagem, mas de novo não foi possível.

    Demos meia volta e seguimos os carros que tentavam fazer o mesmo percurso que nós, o que foi possível contornando algumas quadras, mas que devido as péssimas condições e o excesso de carros, ônibus, vans e caminhões, nos tomou mais de meia hora.

    Voltando para a rodovia, andamos pouco mais de 5 Km e o segundo PARO era bem maior e nem quiseram me ouvir. Passagem negada !!!!

    Novamente voltei e comecei a seguir os carros que tentavam como eu seguir pela rodovia.
    O atalho dessa vez era difícil e muito longo e consumiu mais de uma hora para conseguirmos sair a poucos metros do outro lado da manifestação; no final foram duas horas para andar apenas 7 Km do nosso roteiro.

    Na estrada de novo acelerei para que não anoitecesse antes de chegarmos a Uyuni.
    Foram mais 3 paradas para que conseguisse abastecer e mais 2 paradas de "pedágio" nas pequenas comunidades por onde passamos (eles fecham a estrada com uma cancela improvisada e cobram um pedágio), e que consegui contornar sem ter que pagar.

    Quando faltavam 190 Km para chegar a estrada acabou e se transformou um uma caminho de terra, areia, pedras e muitos buracos.
    Consulando os mapas constatamos que o caminho era aquele mesmo, já que entre as opções que o google maps me dava, eu escolhi a de menor distância.





    Com pouquíssimos carros cruzando nosso caminho, comecei a ficar com medo de um problema mecânico, pois as únicas "cidades" ou povoados que passamos tinham pouco mais de 20 casas de barro e sem nenhuma pessoa na rua.

    Em um determinado trecho a estrada dava de cara com um rio que decidimos atravessar seguindo as marcas dos outros carros no chão, já que não tinha nenhuma informação a respeito. Tração 4 x 4 ligada, Dinira tensa e lá fomos nós atravessar aquele obstáculo que não se mostrou muito grande, mas que assustou bastante.

    Anoiteceu e como nos imaginávamos ainda tinha muita estrada pela frente e só chegamos em Uyuni por volta das 8 e meia da noite cansados não só da estrada, mas em grande parte do strees gerado pela estrada.

    Sem condições de escolher muito acabamos em um apartamento com cozinha e 2 quartos,um 6 estrelas para os padrões Bolivianos e por um preço que não nos assustou muito (R$ 100,00/ dia - caro para os padrões bolivianos) e que devido a cozinha nos fez economizar bastante na comida.

    A primeira visita foi no cemitério de trens que fica na periferia da cidade, onde locomotivas e vagões eram abandonados após acidentes ou para serem trocados por máquinas mais modernas desde a década de 30.
    Algumas máquinas eram sabotadas pelos índios locais que viam a ferrovia, construida entre os anos de 1888 e 1892, como uma invasão as suas terras.


















    No dia seguinte seguimos para o Salar de Uyuni, o maior salar do mundo, com cerca de 12.000 Km², uma vez e meia a área do Lago Titicaca.
    Há várias teorias sobre a formação do salar, mas a mais aceita é que o local fazia parte do aceano e após a elevação das cordilheiras e a evaporação das águas o sal ficou concentrado em profundidades que variam de 2 a 10 metros de puro sal.

    Depois de conversar com algumas pessoas em Uyuni, resolvi que não iriamos com nosso carro para o salar, dado o desgaste que o sal poderia causar, além do guia que deveria ser pago.
    Contratamos uma das diversas empresas que fazem o passeio de um dia, pelo salar e lá pelas 10:30h da manhã, saímos junto com mais 2 japoneses, um mexicano, um canadense e o motorista boliviano.
    O percurso começa em um vilarejo cerca de 15 Km onde se faz uma parada na feira de artesanato e um pequeno museu.

    A parada seguinte já é dentro do salar, onde se faz o recolhimento do sal para o processamento e venda. O sal é acumulado em pequenos montes para secar e ser recolhido posteriormente.




    Segue-se para o "hotel de sal", uma construção onde anteriormente funcionava um hotel e que foi fechado devido a contaminação que provocava no local.


    Mais 15 minutos circulando em alta velocidade pelo sal, sem um destino aparente, chega-se a ilha do pescado, (uma ilha dentro do salar) uma reserva natural que preserva o ecossistema local com milhares de cactus gigantes. Po uma trilha se chega ao topo de onde se tem uma visão privilegiada de todo o salar.
    A entrada para a ilha custa B$ 30,00 ( cerca de R$ 9,00) por pessoa.





    Alí também é servido o almoço que está incluso no passeio (salada de tomate e pepino, quinua, carne de lhama, filet de frango e banana, acompanhado de água e refrigerante).

    O próprio motorista prepara a refeição que é servida em uma mesa de sal, uma da diversas mesas que foram montadas no local para esse fim. Vários carros se alinham para a visita à ilha e o almoço.

    O retorno é feito após uma hora de descanso após o almoço, que foi dedicada a construir castelos de sal com a Luiza e tirar algumas fotos.



















    Voltamos já no final da tarde para Uyuni felizes por ter conhecido esse lugar maravilhoso e nos preparando para seguir viagem rumo a Argentina.

    Rogério Lupiao
    Rogério Lupiao

    Publicado em 25/11/2020 23:06

    Realizada em 25/11/2020

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    1 Comentários
    Carla Lins 18/01/2021 16:28

    Muito legal Rogério! Parabéns pela aventura

    Rogério Lupiao

    Rogério Lupiao

    Santos-SP

    Rox
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    Engenheiro mecânico, Engenheiro Segurança do Trabalho, bacharel em Direito lupiao@kokimbos.com.br

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