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Maiza Nara Dos-Santos 18/08/2018 13:45
    Circuito W, Parque Nacional Torres del paine

    Circuito W, Parque Nacional Torres del paine

    5 dias de caminhada pelas paisagens mais belas do Chile

    Sabe para que serve aquelas fotos lindas que vemos diariamente nas redes sociais das outras pessoas?

    Para nos inspirar!

    Foi exatamente assim que a vontade de conhecer este lugar mágico começou, a partir de uma foto que vi no Facebook! Pronto, a sementinha estava plantada. Era hora de começar o planejamento!

    A Patagonia é uma região localizada no extremo sul da América do Sul, compartilhada pela Argentina e pelo Chile. O Parque Nacional Torres del Paine (TDP) fica na Patagônia Chilena, destino obrigatório para os amantes de belas paisagens e aventureiros que visitam a região. O TDP se tornou um dos maiores atrativos de aventura de toda a Patagônia, recebendo visitantes do mundo todo.

    O parque pode ser visitado de carro (existem vários mirantes) e também por trilhas incríveis. Você pode fazer trilhas de 1 dia (chamados de day tour) para visitar alguns pontos específicos, como a montanha Torres del Paine, o símbolo do parque, ou encarar dias de trilha percorrendo os famosos O Circuit (trilha completa pelo parque com duração de 9 dias) e o W Circuit (uma versão mais curta, de 5 dias). Ou seja, tem opções para todos os níveis de preparo físico e disposição.

    Nós optamos pelo Circuito W, que é mais curto mas contempla os pontos mais bonitos do parque.

    O circuito W é uma trilha normalmente feita em 5 dias no Parque Nacional Torres del Paine e considerada uma das mais bonitas do mundo. Existem duas maneiras para fazer o circuito: no sentido tradicional (iniciando por Torres del Paine e seguindo para o Glaciar Grey) ou no sentido inverso (Glaciar Grey para Torres del Paine). Há opções para todos os bolsos quando assunto é hospedagem e alimentação.

    Dia 1

    Acordamos na cidade de Porto Natales, ela é o ponto de partida para todos os aventureiros com destino ao Parque Nacional Torres del Paine. Nós caminhamos até a rodoviária para encontrar um mar de pessoas com suas mochilas enormes nas costas. Me senti em casa. Todos muito animados para a trilha de suas vidas. Durante o percurso até a entrada do parque é possível ver os guanacos pulando as cercas e a linda cadeia de montanhas ao fundo, é difícil descrever, parece que o ônibus está nos levando ao paraíso.

    Na Portería Laguna Amarga enfrentamos uma longa fila para preenchermos o termo de compromisso e pagarmos a taxa de entrada. É necessário assistir um vídeo com informações gerais e as regras do parque. Uma das mais importantes: não é permitido fazer fogo fora das áreas delimitadas(!!!). Infelizmente no passado muitas áreas foram devoradas pelo fogo, iniciado por próprios visitantes do parque. Eu quero que meus filhos vejam aquela beleza, espero que você também!

    Entramos em outro ônibus (valor já incluso) que nos levou até a Portería Pudeto.

    Fomos um dos últimos a pegar o catamarã que cruzou o Lago Pehoe. A viagem pelas águas límpidas e azuis não poderia iniciar de melhor maneira. Á nossa direita, o imponente Los Cuernos, teria como ficar melhor? Os bilhetes são comprados dentro do próprio catamarã, durante o trajeto.

    Chegamos ao Refugio Paine Grande sem reservas (isso era algo muito comum no passsado, mas tudo mudou por lá) e por sermos os últimos a chegar no camping, as meninas da recepção nos deixaram ficar. Muito obrigada, meninas! (AVISO: aconselho fortemente que você não faça isso!! Hoje eles).

    Armamos a barraca, deixamos nossas mochilas e fomos apenas com a mochila de ataque até o mirante Grey. Muito cuidado com as comidas deixadas nas barracas, a raposa-colorada (Lycalopex culpaeus) adora lanchinhos fora de hora.

    Infelizmente, o que mais me impressionou neste percurso não foi a linda paisagem ao meu redor, mas o resultado do maior incêndio florestal do Chile em 2012: 18 000 hectares queimados. Uma tristeza ver as marcas desta grande tragédia e por isso repito: siga as regras do parque, não faça fogo nem use seu fogareiro fora das áreas destinadas. Precisamos cuidar e respeitar a natureza. Aquele lugar é espetacular e todos têm o direito de visitá-lo e apreciá-lo.

    Depois de quase 3 horas de caminhada e muito vento no caminho, chegamos ao Mirador Grey. O tempo estava bem fechado. A geleira Grey se misturava com o céu e não dava para saber onde terminava a geleira e começava o céu. A geleira é um local impressionante!

    Dia 2

    Após uma noite de muito vento (dica: monte muito bem sua barraca!), tomamos café na cozinha do acampamento com uma vista incrível, arrumamos tudo e saímos.

    Nosso sonho de ver um puma foi parcialmente realizado. Parcialmente pois conversando com o pessoal que estava hospedado no refúgio soubemos que um puma havia rondado as área das barracas tarde da noite anterior. Ficar no refúgio tem suas vantagens... Nós não vimos o Puma, mas saber que ele passou tão pertinho da gente já foi uma grande emoção!

    Logo no início da trilha, na Portería Lago Pehoe, o guarda-parque pediu para ver a nossa reserva impressa do acampamento Italiano, reservas confirmadas, pé na trilha! A cadeia de montanhas Los Cuernos estava bem escondida, mas conforme nos aproximávamos dela, mais ela aparecia, e uma caminhada de 2,5 horas, fizemos em incríveis 4,5 horas. Haja foto!

    A alegre chegada ao acampamento Italiano é anunciada pela ponte que temos que atravessar e deu um medinho! Como venta muito, ela parece bem instável.

    Fizemos o check-in no acampamento, conversamos com os guardas e fomos preparar nosso jantar.

    Decidimos não fazer nenhuma outra trilha neste dia pois a trilha para o Mirador Britanico fecha às 17h e a do Mirador Frances às 19h. E quando digo que a trilha fecha, ela fecha mesmo, pois um dos guardas percorre a trilha até o final para garantir que não há mais ninguém na trilha (todos os dias, imagina!).

    Dia 3

    O vento faz parte da Patagônia, aceite! Eu acordei assustada a noite, pois dormíamos debaixo da copa das árvores e o vento balançava seus galhos com força. E o medo daqueles galhos caírem sobre nós?

    Não, nenhum galho caiu, ufa! Deixamos nossos pertences no acampamento e seguimos em direção ao Mirador Britanico com nossas mochilas de ataque. Todo mundo larga suas mochilas no acampamento, isso é bem normal (também algo que tive que aceitar meacostumar).

    Quando chegamos ao Mirador Frances o tempo já estava muito fechado, andamos mais um pouco e decidimos voltar, afinal não conseguiríamos ver nada mesmo. Ficamos sentados um tempo esperando por uma avalanche no topo das montanhas, que também não aconteceu…

    Mesmo assim estávamos só felicidade, afinal estávamos a caminho do Refugio Los Cuernos, onde passaríamos a noite em uma linda cabana de madeira na beira do lago.

    Sim, foi puro luxo! Não ligamos para luxo quando o assunto é hospedagem, mas há anos atrás vimos uma foto no Facebook de um casal em um ofurô com uma paisagem de tirar o fôlego ao fundo. Escrevemos para a pessoa que postou a tal foto perguntando onde era: Refugio Los Cuernos.

    Deste dia em diante, não tiramos mais aquela imagem da cabeça e estava decidido: iríamos naquele ofurô e ponto final. Não era nossa intenção ficar na cabana, mas no site estava bem claro: somente hóspedes das cabanas tinham acesso ao ofurô. Bem, com muita, mas muita dor, reservamos a tal cabana e sonhamos com este dia desde então.

    Na trilha para o Refugio Los Cuernos, o sol finalmente resolveu aparecer de forma muito marcante, acentuando ainda mais a cor da lagoa. Para quem está fazendo o W invertido é descida na maior parte. Eu senti por quem estava subindo… Na minha opinião o trecho de trilha mais lindo!

    O vento intenso levantava a água da lagoa e até DOIS arcos-íris se formavam na nossa frente ao mesmo tempo, arrancando gargalhadas dos dois bobos incansáveis ao admirar tamanha beleza.

    Então, finalmente chegamos às cabanas e, ansiosos, vimos de longe o tal ofurô. Corremos para checar o tão sonhado ofurô de perto. Mas o que encontramos foi uma placa:MANUTENÇÃO!

    Mas que #@$%&! Ficamos arrasados tristes com a notícia, afinal estávamos esperando há anos por aquele dia, mas não tinha nada que pudéssemos fazer. A cabana era linda, tinha uma lareira, toalha limpinha, cama fofinha e chuveiro gostoso!

    Fomos conhecer o refúgio, admirar o Los Cuernos e conversar com nossos amigos e quando retornamos encontramos uma garrafa de vinho chileno e alguns docinhos. A princípio, tive a certeza que havia sido o Antonio quem preparou aquela linda surpresa (tipo cena de filmemesmo! Imaginem que romântico: uma cabana de madeira, um vinho, lareira e aquela vista incrível). Ele perdeu a chance de ganhar muitos pontos (e na sequência perder muitos mais, é claro) ao não confirmar que havia sido ele – não foi, acreditamos que foi a forma do refúgio se desculpar por destruir nossos sonhos pelo inconveniente. Após muitas risadas e desapontamento (nunca vou esquecer da cara do Antonio não conseguindo confirmar que havia sido ele o autor da ideia romântica) aproveitamos o delicioso vinho.

    Dia 4

    A noite na cabana não foi tão tranquila quanto imaginávamos, o vento era tão forte que parecia que a cabana se desmontaria. Não sobrou dinheiro para queríamos comprar a pensão completa no refúgio, fizemos nossa comida na mesma cozinha reservada para o pessoal do camping.

    Seguimos rumo ao acampamento El Chileno. Neste dia enfrentamos as 4 estações do ano, inclusive chuva. Existe um cruzamento, e você pode optar por ir para o Hotel Las Torres ou um atalho para o acampamento – é claro que optamos pelo atalho!

    No caminho vimos os bombeiros resgatando alguém em uma maca, ficamos muito assustados (depois ouvimos boatos de que a menina havia torcido o tornozelo – o que a impossibilitou de terminar a trilha, por isso todo cuidado é pouco).

    Chegando no refúgio, fizemos o check-in e fomos procurar uma plataforma para colocar nossa barraca. Dica: chegue o mais cedo que puder e coloque sua barraca, as plataformas estão colocadas num barranco, e se estiver chovendo(como estava) o chão molhado quase te impedirá de chegar em sua barraca sem cair alguns tombos.

    O jantar no refúgio foi extremamente agradável, nada de macarrão com vina, ou salsinha como vocês dizem. Entrada, prato principal e sobremesa, tudo com raio gourmetizador ativado! Não havia opção de reservar o local de camping sem todas as refeições inclusas (sim, eles são bem espertinhos).

    Ficamos na área de convivência do refúgio até tarde conversando, quando nossa amiga Tânia chega desesperada dizendo que estava entrando água dentro da barraca dela. Conseguimos alguns sacos de lixo e o Antonio foi ajudar o Beto com o “pequeno” problema. Logo em seguida entra outro trilheiro com seu saco de dormir completamente encharcado, eu entrei em desespero! Já imaginei meu saco de dormir molhado, seria o fim (que exagerada!). Pedi ao Antonio que conferisse se nossa barraca estava molhada, e para minha alegria, tudo estava completamente seco.

    Dia 5

    Antonio nunca havia visto neve e sempre falou que se fosse para ver neve, que fosse na montanha. Estávamos tomando café no refúgio quando vejo um ser saindo correndo gritando “Está nevando, está nevando”. Parecia uma criança vendo neve pela primeira vez – e na montanha, como ele havia sonhado!

    Eu não fiquei assim tão feliz, afinal isso significava que o tempo estaria fechado nas Torres – e como eu queria ver aquelas meninas! Tomamos um café super reforçado (incluído em nosso pacote) e seguimos a trilha até às Torres. Ao contrário dos outros dias, neste caminhamos muito rápido e os joelhos reclamaram um tanto (DICA: se puderem fazer a trilha no seu tempo, sem correr, é melhor. Fizemos isso todos os outros dias e não sentimos dor alguma).

    A trilha é pesadinha, mas isso não impede que jovens, crianças e idosos a façam, cada um no seu ritmo, no seu tempo. Eu não sabia quem eu admirava mais, se as famílias comcrianças ou o grupo dos mais experientes. Quando fomos chegando pertinho da lagoa o coração foi acelerando. O Antonio foi na frente e lá do alto chamou minha atenção ao gritar uma linda declaração <3.

    Quando finalmente meus olhos encontraram as meninas (as Torres) não pude me conter de emoção – me faltam adjetivos para descrever a beleza deste local. Encontramos nossos amigos Daniel, Daniela, Beto e Tânia lá no topo, foi uma delícia compartilhar aquele momento com nossos novos amigos.

    Mas foi o tempo de contemplarmos a paisagem, tirar algumas fotos (nossa e da Maiza, coitado do Antonio) que o tempo virou completamente. As nuvens encobriram o céu azul e as Torres, e a neve começou a cair – “não era neve que você queria Antonio?”

    Muita neve! O vale também ficou completamente encoberto. A emoção de completar o circuito W, nossa primeira travessia, foi indescritível. Sensação de superação e eterna gratidão.

    Bons ventos!

    - Para realizar a reserva das hospedagens, cunsulte:

    3 Comentários
    Camila 23/08/2018 13:05

    Que fotos lindaaaaasss!!! Amei

    Márcia Cristina 14/09/2018 14:46

    Lindaaaaaaaa, tudo lindooooo, parabéns

    Renato Miranda 28/04/2020 08:03

    Que lindas experiência maravilhosa... Parabéns. Realy Nice places to be!

    Maiza Nara Dos-Santos

    Maiza Nara Dos-Santos

    Campinas, SP

    Rox
    91

    Apaixonada por natureza e amante de aventura! M.A. Way Viagem e Aventura Compartilho minhas fotos no meu blog e no Instagram www.instagram.com/mawaybr

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