Maio – Semana 2
Nos dias 10 e 11 de maio de 1996, o Everest foi palco de um dos desastres mais mortais da história do montanhismo. O que deveria ser uma conquista virou uma luta desesperada pela sobrevivência quando uma tempestade atingiu a montanha, resultando na morte de vários escaladores.
Livros como No Ar Rarefeito, de Jon Krakauer (sempre recomendo este como primeiro livro para quem quer entender o que é a escalada em alta montanha. Não que seja o melhor, mas sem dúvidas é o mais didático), A Escalada, de Anatoli Boukreev, e Deixado para Morrer, de Beck Weathers narraram a tragédia. Nos cinemas, foi retratada nos filmes Morte no Everest (Filme de baixo orçamento e bem ruim) e Everest (muito bem filmado. Na época assisti no cinema em IMAX - Vale a pena).
Naquela temporada, diversas expedições comerciais buscavam o cume, entre elas Adventure Consultants e Mountain Madness. Mesmo com alertas meteorológicos, ambas prosseguiram. Em 10 de maio, dezenas de alpinistas começaram a subida final. Atrasos e decisões questionáveis fizeram com que muitos ainda estivessem em altitude extrema quando a tempestade chegou. Ventos violentos e temperaturas congelantes tornaram a descida impossível, deixando vários alpinistas presos acima dos 8.000 metros.
Entre as vítimas estavam Rob Hall (🇳🇿), Scott Fischer (🇺🇸), Yasuko Namba (🇯🇵), Doug Hansen (🇺🇸) e Andy Harris (🇳🇿), além de três alpinistas indianos da Polícia de Fronteira Indo-Tibetana. Um deles, Tsewang Paljor, ficou conhecido como "Green Boots", tornando-se um marco na rota de escalada, até seu corpo desaparecer da montanha em 2014.
O caso mais impressionante foi o de Beck Weathers, dado como morto após passar horas inconsciente na neve. Milagrosamente, ele despertou e desceu sozinho, apesar de sofrer congelamentos severos e perder parte das mãos e nariz.
O desastre de 1996 levantou debates sobre a comercialização do Everest, que levou alpinistas inexperientes ao topo e aumentou os riscos.
Apesar das tragédias, grandes filas ainda são registradas na montanha. Em 2019, 354 alpinistas chegaram ao cume no mesmo dia; em 2023, 667 atingiram o topo na temporada—mas 18 perderam a vida.
- Superlotação e decisões arriscadas: Em 1996, a escalada comercial já era uma indústria multimilionária, com expedições cobrando entre US$ 30.000 e US$ 65.000 por cliente. Isso levou a um grande número de alpinistas na montanha, aumentando os riscos.
- Previsões meteorológicas ignoradas: Relatórios meteorológicos alertavam para uma grande tempestade após 8 de maio, com pico em 11 de maio. Mesmo assim, as expedições decidiram seguir com a tentativa de cume.
- Impactos físicos extremos: Além da hipotermia, os alpinistas enfrentaram hipóxia severa, edema pulmonar e cerebral, que comprometem a coordenação e o julgamento.
O futuro do Everest
Quando estive no Nepal, no Jubileu de Ouro da escalada do Everest (2003), já se discutia a necessidade de restringir o número de alpinistas ou exigir experiência prévia. Este ano, o governo do Nepal propôs novas regras para reduzir a superlotação e aumentar a segurança. Um projeto de lei exige que apenas escaladores que tenham subido pelo menos uma montanha de 7.000 metros no Nepal possam obter permissão para escalar o Everest.
Mas a exploração do Everest é uma fonte de renda crucial para o país—só em 2024, arrecadou mais de US$ 4 milhões em permits, e acredita-se que injete entre US$ 50 e 100 milhões anuais na economia local.
Diante disso, dificilmente algo relevante acontecerá.
E você, o que acha da “febre” do Everest? Deveria haver um controle maior sobre quem pode escalar a montanha? Como ? Feito por quem ? Você gostaria de escalar o everest? (ja adianto a minha resposta. Eu não tenho a mínima vontade de ir ao Everest. Prefiro outros 8.000m menos explorados)
