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Marcelo Pontes 27/08/2018 16:02
    Serra do Amolar: um paraíso escondido no coração do Pantanal

    Serra do Amolar: um paraíso escondido no coração do Pantanal

    Uma vivência única em uma das regiões mais belas (e isoladas) do mundo, nas palavras do fotógrafo Sebastião Salgado (e nas minhas também)!

    Hiking Canoagem Mountain Bike

    Muito prazer, Marcelo:

    Me apresentando da forma mais breve possível, sou um paulistando de 30 anos, aventureiro apaixonado por esportes e pelas belezas naturais ainda preservadas que esse Brasilzão tem. Um economista de formação que em 2015 decidiu largar o mercado financeiro para trabalhar com ecoturismo e fundar a Ravenala Viagens, operadora de "ecoturismo ativo", que une destinos de natureza selvagem e exuberante com a prática de atividade física ao ar livre. Deixo meus contatos ao final do relato... espero que gostem!

    Serra do Amolar, no coração do Pantanal: como descobrimos esse paraíso escondido?

    O nosso Brasil tem muitos cantos ainda inexplorados, e eu sou meio obcecado em encontrar esses paraísos escondidos. Depois que soube que o fotógrafo Sebastião Salgado, em seu livro Gênesis, se referiu à Serra do Amolar (que até então eu desconhecia) como uma das regiões mais belas do mundo, pedi à Shubi Guimarães, que há alguns anos havia organizado o mundial de corrida de aventura na Serra do Amolar (EcoMotion), que me desse o caminho das pedras para explorar a região.

    Foi assim que ela me apresentou o gestor do Instituto Homem Pantaneiro, que gerencia grandes áreas de reserva natural na região (RPPN's). E a partir daí nossa aventura começou a se desenhar.

    Dia 1 - O 1º contato com o Pantanal e a chegada à Serra do Amolar.

    A Serra do Amolar é uma cadeia de 80km de montanhas em meio à maior planície alagada do mundo. Nossa saga para chegarmos até a Serra do Amolar foi a seguinte: voo até Campo Grande, depois um ônibus noturno de leito até Corumbá, cidade que faz divisa com a Bolívia (é possível voar direto pra Corumbá, mas voos costumam ser mais caros). Lá eu e a Verônica (namorada e parceira de todas as aventuras) nos encontramos com Coronel Rabelo, gestor do Instituto Homem Pantaneiro e famoso pelo combate aos caçadores de jacarés na década de 80. Após conhecermos um pouco da curiosa história de Corumbá, palco da Guerra do Paraguai em 1864, pegamos o barco subindo o Rio Paraguai.

    Foram cerca de 4 horas rio acima, passando por comunidades ribeirinhas e pela escola Jatobazinho, cuja construção foi bancada por Teresa Bracher, esposa do presidente do Banco Itaú.

    Chegamos para o almoço na sede da reserva onde seria nossa base pelos próximos dias.

    À tarde saímos para nosso 1º contato com a mata pantaneira, que ao nos afastarmos da beira dos rios é uma mistura de cerrado com caatinga. Vimos muitas pegadas de anta, onça e porcos no caminho, e uma variedade impressionante de pássaros que nosso guia Adriano foi nos explicando e mostrando um a um. Foi rápido para termos uma dimensão da impressionante biodiversidade da região.

    O destino final era o Morrinho, a 300m de altitude e que nos brindou no fim da tarde com uma vista panorâmica inesquecível da planície pantaneira que sumia no horizonte, com o solitário Morro do Chané em frente. Começamos com o pé direito, já encantados com a Serra do Amolar e animados com o que estava por vir.

    Dia 2 - Trilha do Amolar, uma imersão na mata pantaneira

    Aqui no Pantanal acordamos às 5:30 para ver o dia clarear e o sol nascer. Um espetáculo! Às 6h00 vem os mosquitos. Logo os pássaros começam um alvoroço e fazem um show de cantoria: caturrica (da família da maritaca / papagaio), jaó, joão colobó, gralha azul, araras e muitos outros.

    Às 7h45 começamos uma trilha de 16km que fez nos sentir em um verdadeiro safári, com o pequeno detalhe de estarmos a pé. Cruzamos vales, morros, planícies alagadas com água até os joelhos e vimos quase de tudo: tuiuiú, pica-pau, araras vermelhas posando pra foto, gado, incontáveis tipos de pássaros e um cateto, um grande porco do mato, que para nossa sorte estava sozinho e não se assustou conosco. Quando estão em bando, podem ser bem agressivos, portanto cada um já tinha mirado uma árvore para trepar caso o bichão se irritasse com a nossa presença, mas ele estava tranquilão.

    Não tivemos a sorte (ou azar) de encontrar uma onça pintada, mas vimos vários ossos de vítimas e pegadas do gigante felino, de anta, onça parda e queixadas.

    Caminhamos o dia todo, e pra fechar com chave de ouro, uma volta de caiaque ao pôr do sol às margens do Rio Paraguai.

    Dia 3 - Piscina natural, birdwatch e o esturro da onça

    Todos os dias começavam da mesma forma: às 5:30 abro a porta do quarto e vejo o Rio Paraguai em frente, com o dia clareando no horizonte, e conforme o sol vai aparecendo os pássaros vão cantando cada vez mais animados.

    Após o café da manhã fomos até a reserva Acurizal, 1 hora de barco rio acima, para conhecer uma piscina natural. Fizemos a trilha de 8km de bike, com trecho final à pé em uma mata mais antiga com grandes árvores, muitos pássaros cantando e um show à parte da tapuíra, ou “cacique”, uma ave que imita o canto de outras com as quais convive, foi um momento especial.

    Após banho nas águas cristalinas da piscina natural, retornamos à Acurizal e ficamos fotografando uma revoada de talhamar, tucanos e tuiuiús, ave símbolo do Pantanal. Tivemos também a grata surpresa de avistar um veado pororoca, ali, parado, posando pra foto antes de saltitar mata adentro.

    Na volta de barco à pousada, tentamos localizar uma onça que estava nas redondezas. A expectativa cresceu quando nosso guia Adriano chamou a onça imitando seu esturro e ela respondeu ao longe. No fim, porém, ela resolveu não se mostrar para nós e nos contentamos com uma família de capivaras à beira do rio.

    Dia 4 - O grande encontro

    Hoje fomos novamente para a região da fazenda e RPPN Acurizal. De manhã conhecemos a Baía da Figueira, com uma diversidade enorme de aves que nos rendeu belas fotos: gavião velho, maguari, entre muitos outros... Seguimos para a Acurizal, onde comemos e ficamos algumas horas descansando, escutando os pássaros e contemplando a paisagem, em paz.

    À tarde fizemos uma pequena trilha até um ponto onde os caiaques nos esperavam para um passeio pelo baía. Eu e a Verônica em um, e o Adriano e Luiza (responsável pelo ecoturismo do Instituto Homem Pantaneiro) no outro caiaque.

    Foi uma remada boa, e a corrida que apostamos até o outro lado da baía deu pra cansar. Ah, e nós ganhamos, claro (não somos quase nada competitivos hahahaha).

    Mas o melhor do dia ainda estava por vir. Sugerimos que fizéssemos um passeio noturno para focagem de animais (o que não existe por lá), pois a lua cheia permitia boa visibilidade. Com auxílio de boas lanternas pra iluminar as margens, identificávamos os animais pelo brilho dos olhos ao serem iluminados. Quando eu menos esperava, a maior surpresa: foco minha lanterna em um barranco e vejo uma enorme cabeça dourada com pintas pretas. Sim, era ela, a onça pintada!

    Gritei para pararem o barco e fiquei eufórico. Apesar das luzes, do barulho e do barco, a onça mostrou a calma de quem está no topo da cadeia e não tem predador (além do homem!), se escondeu lentamente na mata, e depois foi andando pela margem e se mostrando novamente em alguns breves momentos, quando consegui algumas fotos.

    Em nossa última noite na Serra do Amolar, o encontro com a onça fechou com chave de ouro a inesquecível vivência que tivemos nesta semana.

    Dia 5 - retorno a Corumbá e o surpreendente frio pantaneiro

    Após o café da manhã, arrumamos nossas coisas e nos despedimos do nosso guia Adriano, um cara super boa gente, que ama o que faz e é profundo conhecedor da fauna e flora do Pantanal. Ele mora e cuida da RPPN Elieser Batista, onde dormimos todos esses dias.

    A viagem de volta duraria 4h30 de barco. No caminho paramos para dar carona à uma moradora de uma comunidade ribeirinha que estava levando seu filho recém-nascido ao médico em Corumbá, mas na canoa em que estavam não chegariam a tempo.

    O forte vento do barco tornou a sensação térmica extremamente gelada, e todos tentavam cobrir cada espaço vulnerável do corpo o máximo possível. Quem diria, passamos frio no Pantanal!

    Chegando em Corumbá, nos despedimos da equipe e passeamos pela simpática cidade, conhecendo ainda o incrível projeto do Moinho Cultural, que transformou um grande edifício antigo em uma escola de música e dança, com muitas salas super bem equipadas para crianças de toda a região. No dia seguinte voltamos para Campo Grande para pegar o voo de volta para casa. Foi uma semana inesquecível, que pareceu 1 mês com tantas experiências incríveis que vivenciamos. A Serra do Amolar nunca mais sairá da lembrança, e em breve estaremos de volta.

    ;)

    Meus contatos:

    Marcelo Pontes
    Marcelo Pontes

    Publicado em 27/08/2018 16:02

    Realizada de 21/07/2018 até 26/07/2018

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    5 Comentários
    Pedro 16/09/2018 10:55

    Incríveis as fotos Marcelo!!!!! Parabens....

    Maway 18/09/2018 10:04

    gente que paraíso é esse? Que fotos incríveis! :) Parabéns, surreal!

    Liliam Pereira 11/03/2021 16:39

    Sensacional! Paraíso....

    Marcelo A Ferreira 29/01/2022 17:59

    Cara, estou planejando fazer uma roadtrip pelo MT e procurando coisas legais no estado. Descobri a Serra do Amolar. Pelo poucos relatos que vi, pessoal sempre sai de Corumbá, sobe o rio paraguai e ai sim chega em Amolar. Sabe se existe outro meio de chegar por lá, saindo do MT e não do MS?

    Liliam Pereira 17/10/2023 16:49

    Muito bom!

    Marcelo Pontes

    Marcelo Pontes

    São Paulo

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    Viajante e amante da natureza. Economista de formação, turismólogo de profissão Fundador da Ravenala Viagens

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