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Marco Valadares 01/04/2016 22:30 com 1 participante
    Vulcão ativo Láscar, no Chile, a 5.600mt

    Vulcão ativo Láscar, no Chile, a 5.600mt

    Saindo de San Pedro do Atacama, percorremos 155km de carro até a lagoa Leija, para então deixarmos o carro na base do vulcão à 4.800mts.

    Alta Montanha Hiking Montanhismo

    Ao iniciarmos os planos de mais uma viagem, eu e minha esposa estávamos focados em incluir alguns trekkings e aventuras, como gostamos de fazer. Já tenho alguma experiência com trekking e a Gisele está começando a entender sentimentos tão diferentes e grandiosos quando fazemos este tipo de atividade na natureza.

    Já havíamos decidido ir ao Chile, mais precisamente Atacama e Ilha de Páscoa e agora estávamos no detalhamento da viagem quando nos deparamos com a notícia de um vulcão ativo "próximo" (155km) de San Pedro. E era possível subir o Láscar!!! Então...

    Todo o planejamento da viagem teve isso como pano de fundo, uma vez que o cume está a 5.600mts e então era necessário fazer atividades de aclimatação antes de chegar o dia da subida, programado para ser o último dia da viagem de 6 noites em San Pedro.

    O Atacama é surreal, com paisagens fantásticas e várias destas foram acima de 4.000mts exatamente para nos dar a aclimatação necessária. Eu já haiva estado a 5.000mts e a Gi não havia passado de 2.000mts... então não sabíamos como ela reagiria a altitude.

    Correu tudo bem, com pequenas reações como dor de cabeça e um pouco de enjôo, mas tudo dentro do esperado e apenas nas primeiras incursões pela altitude... Então... mantivemos os planos e confirmamos a subida na agência.

    Luvas, bastões, gorros, casaco, bolsa de hidratação... um guia e um 4x4... enfim... todo equipamento necessário para fazer a subida com segurança.

    Acordamos as 4:00hs e o guia nos pegou as 4:30hs para quase uma hora e meia de viagem pela deserto ainda escuro, até a Lagoa leija, a 4.400mts. Ou seja, de cara, em uma hora e meia uma variação de 2.000mts, entre San Pedro (2.400mts) e a lagoa (4.400mts).

    O café da manhã na lagoa e parada para aclimatação é fantástico pois a paisagem é surpreendente com os vulcões refletindo nas águas paradas. Como ainda era de madrugada estavávamos com cinco graus abaixo de zero... Muuuuuito frio...

    Então partimos de carro para a base do vulcão e a cerca de 4.800mts o carro não tinha mais força para subir (perde 10% de potência a cada 1.000mts de altitude). Deixamos o carro e iniciamos a subida.

    A partir daí, uma trilha razoavelmente bem marcada e muita pedra... muita pedra vulcânica solta... os espanhóis chamam de "acarreo"... do tipo três passos pra frente e um pra trás. Os bastões de trekking foram fundamentais tanto na subida quanto na descida.

    Não foi fácil... muito esforço... acima dos 5.200mts estava beeeem difícil e começamos a reavaliar... parávamos muito para descansar e chegamos a pensar em desistir. O guia, muito competente, avaliava nossas condições e, vendo que estávamos apenas cansados, sem maiores sinais de problemas com a altitude, nos encorajava a continuar a subida.

    Ele (Gonzalo) seguia na frente, eu estava no meio e a Gi vinha mais abaixo, então até mesmo a comunicação era difícil.. tipo cada um por si... e contra si próprio, pois os desafios psicológicos de um trekking como este aumentam a cada passo.

    Na minha cabeça, a grande preocupação era com a energia para voltar... se eu já estava tão cansado no meio do caminho, como aguentaria voltar todo aquele percurso?!?!?!

    A partir daí, cada três passos eram um esforço fenomenal, que resultaram em poucas fotos mas muitas memórias da jornada. A última grande motivação foi ver descendo um outro grupo de três pessoas quando já estávamos quase na cratera e que diziam que valia muito a pena chegar lá.

    Apesar de não me incomodar muito, o cheiro de enxofre era presente em todo o percurso o que nos causava certa preocupação pois era possível se intoxicar em função do longo tempo de subida. Outra preocupção com relação ao tempo eram os ventos, que pegam os trekkers na descida do Vulcão, em função do horário mais próximo ao meio dia e podem ser bem fortes, além de frios.

    Então, nos últimos passos, a Gi chegou na frente com o guia e fiquei pra trás podendo ver a expressão dela ao chegar na cratera... é a melhor motivação quando você vê aquele sorriso descontraído de felicidade e orgulho por ter feito todo aquele esforço.

    Chegamos! Felizes! Emocionados! É muito diferente da nossa realialidade subir um vulcão ativo e olhar pra dentro daquela cratera enorme lá de cima, soltando fumarolas constantes e exalando aquele odor característico do enxofre. A paisagem inóspita em todo o redor, sem nenhuma vida, e apenas aquela lagoa como referência, lá embaixo... muito... muito distante, pra te lembrar que ainda tem um grande caminho de volta pra casa e que é preciso chegar bem lá.

    Comemoramos e nos sentimos refeitos. Estavamos bem e felizes e iríamos começar a descida...

    Agora os desafios eram outros... as pedras vulcânicas soltas, em que era fácil (e certo) escorregar e os ventos... ah os ventos... eram fortes e frios.... a descida foi muito mais fácil que a subida, mas mesmo assim foi um grande desafio.

    Chegamos bem! Cansados, muito cansados, mas bem, que é o que importa. E muito felizes por mais essa conquista e dessa vez, juntos!

    Não é fácil estar a 5.600mts... e não é todo mundo que percebe o quão gratificante é fazer uma atividade como essa. Mas para aqueles que nos entendem, fica a dica de um trekking único em um vulcão ativo na América do sul.

    Marco Valadares
    Marco Valadares

    Publicado em 01/04/2016 22:30

    Realizada em 19/03/2016

    1 Participante

    Gisele Fortes

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    4 Comentários
    Bruna Fávaro 03/04/2016 22:41

    Caraca! Realmente... a sensação de estar a essa altura é surreal. Ao mesmo tempo que muito difícil, é viciante. :) Parabéns!

    Danielle Hepner 05/04/2016 09:38

    Que bacana! E parabéns pela conquista! Tô no meio do planejamento de uma trip pro Deserto, e o Lascar, sem dúvida, será um dos meus destinos lá!

    Marco Valadares 06/04/2016 15:13

    Não deixe de ir, Danielle. O Atacama me surpreendeu muito positivamente. Uma variedade incrível de paisagens e cores, além de ser possível fazer programas diversos. Nós por exemplo, fujimos de passar horas dentre de carros... mas claro que alguns passeios requerem deslocamento longo e são imperdíveis! Se quiser dicas estamos a disposição. Também fizemos um trekking legal de Guatin a Puritama, que terminam em piscinas de águas termais apóis uns 7km de caminhada parte por cima, parte pela foz de um Rio com cactus de 5 metros de altura.

    Marcelo A Ferreira 21/02/2019 08:54

    muito legal. parabens pela conquista

    Marco Valadares

    Marco Valadares

    Rio de Janeiro - RJ

    Rox
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