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Maurício Façanha 08/09/2021 13:06
    Pintou um clima na Pedra Pintada...

    Pintou um clima na Pedra Pintada...

    Um relato metafórico de um caminhante pelas belezas amazônicas...

    Hiking Trekking

    Se não existe pecado ao sul do Equador, no extremo norte do país, há muitas outras "tentações" de rara beleza antes do Monte Roraima...

    A trilha à Pedra Pintada reserva paisagens e surpresas admiráveis a quem aprecia mais que uma boa vista da natureza, mas como sempre a lindeza maior não está nos caminhos, mas em com quem se caminha! E se molha... Em qualquer lugar do planeta, as quase imprevisíveis condições climáticas não nos permitem confiar muito nas previsões meteorológicas.

    Sentidos aguçados, corpo e alma molhada na alquimia de chuva e suor... Olhares impressionantes e impressionados, cheiros doces amadeirados, a beleza roraimense é uma experiência sensorial inigualável...

    Até quem vive no lavrado, lava a alma e limpa a vista ao mergulhar na exuberância de paisagens e igarapés típicos da região. Algumas vezes lava muito mais que a alma...

    Nessa manhã, depois de uma noite quase fria, nuvens carregadas se encarregaram de encharcar os caminhos que nos conduziram a abraços, a árvores e cordas... A sorrisos e suspiros... Com corpos e almas molhadas... Algumas mãos trêmulas... De um quase frio cortante para quem vivencia as intempéries dos trópicos...

    Em nossa aventura pintada e gravada na memória afetiva, fomos presenteados com o vôo de morcegos e um rasante de uma belíssima coruja, incomodada por seres estranhos ao seu habitat...

    Além da flora de orquídeas, flores comuns nessas paisagens, surpreende sua fauna peculiar. Há alguns anos avistava-se facilmente tamanduás pelas estradas. Animais peçonhentos são raros, apesar da imagem de ambiente inóspito.

    As chuvas agostinas deram um gostinho especial à aventura para ir ver as pinturas rupestres de nossos artistas originários e o rio que corta o caminho inundou nosso grupo de muita adrenalina... Não fosse a força ancestral de nosso guia wapichana, não teríamos conseguido.

    Nadar contra correntezas, mais ou menos fortes, é sempre um desafio ousado... Nem sempre satisfatório... No caso da trilha, fomos deliciosamente arrastados pela força das águas amazônicas, mas seguros por cabos instalados nas árvores...

    Um equilíbrio das forças da Mãe Natureza, simbólico de nossa natureza humana, demasiado humana, com nossos desequilíbrios interiores, cicatrizes escondidas, marcas superficiais ou profundas de outras trilhas, lembranças esquecidas ou rememoradas, revisitadas a cada nova paisagem ou dejà vu, cortes de razão e emoção, entre a saudade do não vivido, o desejo de viver mais e a satisfação de (se) reencontrar...

    Algumas curvas surpreendem e nas voltas da vida, volta e meia se entrecruzam novamente e se entrelaçam... E de novos laços os presentes são enfeitados... Ainda que em futuros alguns nunca sejam desatados...

    Que venham muitas outras pedras nos caminhos, que venham mais caminhantes de boas vistas e boas visões, que novos retornos sejam cada vez mais reencontros com toda a exuberante natureza da Amazônia e de si mesmes...

    Agradecimentos pelas fotos e vídeos disponibilizados pelo grupo macuxiwana!

    Maurício Façanha

    Maurício Façanha

    Entre santos... Paulo e Luís...

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    Um caminhante de trilhas diversas, compartilhando bons saberes, sabores e em busca de sabedoria, com mais harmonia com a Natureza.

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