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A prática consciente de atividades ao ar livre traz consigo a necessidade de reflexão sobre diversos fatores que envolvem o cuidado com a natureza. A conservação do ambiente, conforme abordamos na matéria anterior, trata sobre os cuidados com os locais que frequentamos. Nesta matéria avançamos nesse processo de aprendizagem sobre mínimo impacto, conhecendo alguns dos principais cuidados com aqueles que, verdadeiramente, habitam estes espaços: os animais.

Podemos entender o termo “fauna” como a diversidade de vida animal presente em uma determinado ambiente. A fauna, junto à flora (diversidade vegetal) e aos microrganismos compõem a biota presente em uma região. Os animais possuem um papel fundamental na manutenção do equilíbrio natural entre todos esses fatores. Em seus ciclos de vida, além de estarem inseridos em uma cadeia alimentar, muitos são responsáveis pela dispersão de sementes, a polinização e a ciclagem de nutrientes.

Desta forma, qualquer impacto sobre a vida animal tem sérias consequências para todo um tênue equilíbrio natural. Os efeitos são ainda piores se considerarmos as espécies de animais ameaçadas de extinção devido, principalmente, à interferência humana. No Brasil, por exemplo, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, pesquisas realizadas apontam 1.173 táxons (categorias de classificação de seres vivos) ameaçados de extinção no Brasil.

Quati, Por Renan Cavichi

O cuidado com a fauna se torna ainda mais importante quando falamos de espécies endêmicas, aquelas espécies de animais ou vegetais que são encontradas somente em uma determinada área ou região. Por isso, se não tivermos especial cuidado com este local, essas espécies poderão ser extintas.

Neste contexto, para contribuir com o contínuo processo de conscientização de praticantes de atividades outdoor, apresentaremos alguns dos principais problemas que podem ser provocados por uma atitude desrespeitosa aos animais. Associados aos problemas, seguem também boas práticas de mínimo impacto que podemos adotar para reduzir nossa interferência.

  • Alimentação de animais silvestres: muitas vezes aventureiros desavisados costumam alimentar animais silvestres com o objetivo de se aproximar dos mesmos ou até mesmo em busca de fotos e registros. Muitos consideram que estão, de certa forma, fazendo algum bem ao animal. Isto não é verdade, já que o impacto negativo dessa atitude pode gerar muitas consequências sobre a fauna local.
    A alteração dos hábitos alimentares de uma espécie pode implicar em uma menor resistência à doenças e impactos sobre o seu metabolismo e cadeia reprodutiva. Além disso, os mesmos podem passar a invadir acampamentos em busca de alimentos, roubando-os e danificando equipamentos. Por isso, ao guardar e não compartilhar seus alimentos, você respeita e conserva todo o ciclo alimentar da fauna.

  • Caça: Desde 1967 a caça de animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais sem determinada autorização prévia é proibida no Brasil. A caça profissional é totalmente proibida. Isto pode parecer óbvio para alguns aventureiros experientes, mas a realidade diz outra coisa. Muitos já se depararam com armadilhas e áreas de caças instalados em Unidades de Conservação de Proteção Integral ou fora delas. Muitas vezes a lei não é cumprida.
    Por isso, não cace animais silvestres e busque denunciar e avisar as autoridades competentes caso aviste alguma atividade suspeita.

  • Pesca em áreas ou épocas proibidas: Em muitas unidades de conservação espalhadas pelo Brasil, a pesca é proibida. Em outros, durante determinadas épocas do ano a atividade também não pode ser realizada por conta do período de reprodução de algumas espécies.
    De qualquer maneira, durante as suas atividades evite ao máximo pescar ou consumir algum animal silvestre. Planeje e prepare a sua aventura para que você esteja carregando todo o alimento necessário para uma prática saudável e sustentável.

Pássaro, ao fundo Serra Fina, Por Renan Cavichi

  • Contato com animais: A busca por um maior contato com a natureza pode confundir alguns esportistas. Por desconhecimento, muitos podem procurar um contato próximo com algum animal em busca de algum tipo de experiência ou registro. Esta pode ser uma atitude perigosa, já que muitas espécies podem se tornar ariscas ao contato humano, interpretando a interação como uma possível ameaça e atacando. Além disso, muitas espécies podem transmitir algum tipo de doença ou veneno. Na maioria dos casos vai causar um estresse desnecesário ao animal.
    Lembre-se, durante a sua aventura você é um "intruso" naquele local. Por isso, incomode o mínimo possível. Ao avistar uma bela espécie, registre a experiência de longe. Um bom exemplo a ser seguido é a prática de Birdwatching, uma atividade recreacional ou científica de observação e fotografia de aves a distância.

  • Cuidado por onde anda ou acampa: A caminhada fora de trilhas ou até mesmo o acampamento em locais não demarcados para essa atividade podem acarretar em interferências nas rotinas dos animais silvestres daquele ambiente. Hábitats naturais podem ser destruídos ou alguns animais podem ser impedidos de caçar ou transitar. Além disso, ataques a pessoas e equipamentos podem ser consequências trágicas disso tudo.
    Por isso, evite atalhos, vara-matos, procure sempre que possível andar sobre trilhas demarcadas e acampe nos locais próprios para isso. As trilhas e áreas de acampamento, em sua maioria, são áreas escolhidas de forma a minimizar este tipo de impacto.

Não podemos esquecer que nas atividades na natureza estamos sempre inseridos em um ecossistema e que nossa postura e decisões tem impacto na conservação deste local. Quando frequentamos um ambiente natural ou uma Unidade de Conservação, somos meros visitantes. Passar de forma cuidadosa, sútil e provocando o menor impacto possível é essencial.

Lobo-guará, Por Ferrarezi Jr.

Esperamos que esta matéria e reflexão amplie o conhecimento sobre as práticas de mínimo impacto em relação a preservação da fauna. Lembre-se, os animais são os verdadeiros moradores dos locais por onde passamos. Respeite suas vidas, suas rotinas e seus habitats!

Leia também:
Conservação do Ambiente

Contribuição: Bruno Negreiros e Renan Cavichi

3 Comentários
Blog Outdoor 16/09/2021 10:51

👏👏👏

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Francisco 16/09/2021 15:55

Muito bom

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Pedro 21/09/2021 15:53

Excelente publicação!

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