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Claudio Murilo 17/11/2015 15:45
    Trekking W - Torres del Paine - Chile - pt 1

    Trekking W - Torres del Paine - Chile - pt 1

    Viagem de Ushuaia até o parque, passando por Punta Arenas e Puerto Natales.

    Um sonho de criança. Foi assim que minha aventura começou. Desde pequeno via nas revistas de aventura as fotos e relatos das pessoas que viajavam até a remota Patagônia. E o que sempre me chamou mais atenção eram aquelas torres, aquelas quatro torres magnificas, espelhadas em um lago verde jade. Então pensava: "um dia vou até lá". E fui. Duas décadas depois daqueles sonhos de criança. E como valeu a pena esperar...

    Sai do Rio de Janeiro com destino à Ushuaia, Patagônia Argentina, tão propalada cidade mais austral do planeta. Fiz varias coisas lá que vou relatar depois. A intenção era ir de Ushuaia até Punta Arenas (já no Chile), depois até Puerto Natales, pequena cidade de onde partem os onibus que levam ao P. N. Torres del Paine. É possivel ir direto desde Punta Arenas, em excursôes com agências. Estava sozinho e minha intenção era fazer tudo por minha própria conta. Não tenho nada contra agências, mas evito ao maximo utilizar esse tipo de serviço em minhas viagens.

    A viagem de Ushuaia até Punta Arenas dura umas 12h se tudo correr bem. Ela é dividida em 3 partes: Algumas horas depois que o onibus sai de Ushuaia, ele faz uma parada obrigatoria na aduana chilena, fronteira com Argentina. Pente fino total! Bastante demorado. Não se pode entrar com nada de origem animal ou vegetal, os caras são super rigidos. Todas as bagagens são retiradas do onibus e levadas para uma sala onde tem uma esteira com raio X. Antes de passar as mochilas o fiscal dá as explicações de praxe e avisa que se alguém tem alguma coisa proibida, aquele é o momento de falar, caso contrario, se o raio X detectar, o responsável será multado! Momento tenso, pois a gente sempre fica imaginando se temos algo que não sabemos que é proibido.

    Mochilas ok, seguimos viagem até a próxima parada: a travessia do Estreito de Magalhães. Apesar de ser um procedimento demorado, essa travessia é muito legal, e serve para quebrar a rotina de horas de viagem sentado por uma paisagem bonita, mas monótona. A travessia é feita em uma grande balsa, que comporta varios onibus, carros e até caminhoes cegonha, além de nós, é claro. Dura uns 30 minutos, alguns dos quais somos acompanhados por vários golfinhos de magalhães, que ficam pulando e se amostrando para nós.

    Barca-Balsa que faz a travessia do Estreito de Magalhâes.

    Enquanto a balsa não chega.

    Nossa escolta marinha.

    Feita a travessia, pé na estrada novamente. Mais algumas horas pelos llanos patagônicos e finalmente chega-se a Punta Arenas. a maior cidade do sul do Chile, uma cidade com um porto muito importante e uma grande zona franca. Essa é uma cidade histórica, onde ocorreram fatos importantes ao longo da história do Chile. Por exemplo, durante a Guerra das Malvinas, os ingleses precisavam do apoio terrestre de algum pais sulamericano para poder pousar seus avioes vindos da Inglaterra. Sem isso, a campanha inglesa estaria seriamente ameaçada, pois apenas o porta-avioes ingles não seria suficiente para dar suporte à Royal Air Force (RAF). Os ingleses solicitaram autorização para várias nações sulamericanas, nenhuma aceitou, exceto o Chile. E a cidade que os ingleses usaram como apoio foi justamente Punta Arenas. Como todos sabem, a Inglaterra venceu o conflito, ficou com as Malvinas (Falklands para eles) e até hoje os argentinos não perdoaram os chilenos, a quem chamam de traidores, para começar.

    Curiosidades históricas à parte, a cidade é muito bem preservada em sua parte histórica. Apesar de importante para o país, é uma cidade media, e ainda guarda um certo ar provinciano. Fiz reserva no Hostel Fitz Roy, que por acaso fica em frente à parada final do onibus que vem de Ushuaia. Foi só descer e entrar no Hostel. Depois de 12h no busão, foi um alivio. Cheguei por volta das 11h. Passaria o restante do dia andando pela cidade e trocando alguns dolares. Aliás, se for trocar dolares, prefira trocá-los aqui, pois em Puerto Natales o cambio é pior e existem poucas opções de casa de cambio.

    Ao redor de Punta Arenas existem diversas opções de atividades: trekkings pelos montes nevados e glaciares, caiaque e passeios de barco pelos estreitos, visita a sitios arqueologicos etc. Para quem dispor de mais tempo, vale a pena passar alguns dias por aqui.

    Hostal Fitz Roy. Confesso que o nome sugestivo pesou na hora da escolha.

    Como muitas cidades portuárias da America do Sul, a arquitetura de Punta Arenas tem muita influência inglesa.

    Punta Arenas foi um importante entreposto de caça de baleias até o seculo XIX. Entre outras coisas, o óleo era usado para iluminação dos postes e residências.

    A parte histórica do porto da cidade. Vê-se claramente a influência inglesa e a importância do comércio de baleias.

    Punta Arenas faz parte da região Magalhãnica do Chile, porta de entrada para a Região Antártica. Por isso, muitos exploradores passaram por aqui antes de rumar para o continente antártico. Ainda hoje é assim. Acima, referências aos lendários Shackleton, Scott e Amundssen, que, no inicio do séc. XX, disputaram a honra de pisar pela primeira vez no Pólo Sul.

    Por toda a costa chilena, somos alertados para o perigo das Tsunamis.

    Aqui, me senti em casa.

    Bem, depois de um rolé por Punta, passagem para Puerto Natales comprada para o dia seguinte. A viagem duraria umas 3h. Em Puerto Natales não fiquei em hostel, através do couchsurfing, passei a noite na casa de uma familia muito gente fina, que esta acostumada a receber os gringos que chegam para fazer os trekkings em Torres del Paine. Inclusive, a dona da casa tem um pequeno restaurante e também aluga equipos para quem vai ao parque. Aluguei com ela a barraca, saco e isolante. No parque também é possivel alugar, mas sai beeeem mais caro.

    Puerto Natales é uma cidade bem pequena, com muito menos estrutura do que Punta Arenas. Mas é possivel encontrar um bom numero de hostels, lugares para comer e mercados para se abastecer. Os arredores também proporcionam muitas atividades para que dispoe de tempo. Inclusive, para quem tambem escala rocha, tem ótimas paredes lá. Em uma proxima ida, com certeza vou dar uma calangada nos granitos de lá.

    Cheguei na cidade à noite, imediatamente fui procurar uma passagem para o parque. Na rodoviária, existem uns 6 guiches das empresas que vendem as passagens para o parque. Saem diariamnete em diferentes horários. Convém pesquisar antes, pois conforme a temporada vai acabando, os horarios vao diminuindo. Por exemplo, o circuito W e o O fecham no final de abril. Consegui passagens para o outro dia bem cedo. Dalí, fui andando até a casa onde iria pernoitar. No camonho, pensava: "finalmente estou aqui, falta pouco para ver aquelas torres que viveram na minha imaginação durante tantos anos"

    Mochileiros de várias partes do mundo esperando o onibus rumo ao P. N. Torres del Paine. Rodoviária de Puerto Natales.

    Continua na segunda parte...

    Claudio Murilo
    Claudio Murilo

    Publicado em 17/11/2015 15:45

    Realizada de 09/04/2014 até 13/04/2014

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