Áreas Remotas: Estudos e Atualizações
O montanhismo é multidisciplinar e exige conhecimento em diversas áreas. Os estudos em Segurança e Prevenção apenas minimiza acidentes, não elimina falhas que é intrínseca ao Ser Humano.
É impossível falar de estudos sem leitura, um resultado lamentável está na última pesquisa do Instituto Pró livro.
A decadência de estudos que caiu para curso técnico e após curso prático onde se recomenda mas não estuda um livro, está baseada na suposta Pirâmide de Aprendizagem atribuída a William Glasser. O Neuroeducador José Mario Chaves explica bem os equívocos dessa pirâmide, a qual induz a pessoa a estudar de forma errônea, penosa ou incompleta. Para aprender alguma coisa e de assuntos diversos requer tempo e dedicação, hoje no eixo do Montanhismo quase todas aprendizagem são de curta duração e voltado para práticas. Há muitos cursos que tem uma boa iniciativa e intenção, contudo há uma grande desvantagem o montanhista depender apenas desses cursos para se atualizar.
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Conteúdo Técnico
A área da Saúde e Cartografia são a base para se prevenir ou lidar melhor em alguns acidentes, hoje já temos dois livros escritos por brasileiros que são completos nesses temas, esses livros tem uma linguagem compreensível, é indicado para todos que tem frequência acentuada em ambientes remotos. Interpretar e conhecer o comportamento da natureza é importante também. Esses livros são essenciais aos dias que antecede um curso de atualização, para ajudar em Estudos de Casos, consultar.
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Atualização e a Leitura
Uma leitura dedicada nos proporciona um melhor entendimento para aplicar as práticas de maneira eficaz. Aprender com erros e acertos dos outros no montanhismo é possível graças ao incentivo e autorização dos familiares em colocar os acontecidos na literatura. Segue abaixo algumas indicações desse tipo de leitura.
Os filmes não são tão fieis quanto ao livro. Vou citar apenas um caso como exemplo.
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Caso Gabriel Buchmann: O filme relata apenas o final das viagens de Gabriel de uma forma belíssima. O livro relata o início de sua mochilagem, e desde o começo Gabriel sempre se envolveu em acontecimentos relacionados a hipotermia, ou seja mesmo tendo a confirmação da causa da morte, muitos atribuíram o acontecimento a más condições climáticas, mas não as ações equivocadas do indivíduo que sempre foi presente.
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Estudo de Casos
Nem sempre os casos que nos ensinam e edificam estão registrados de forma clara. É sempre reciproco o montanhista ou familiar voltar e relatar o acidente para a comunidade. Entendo que isso possa acentuar a dor do luto, certa invasão de privacidade em algumas famílias a primeiro momento, ou até mesmo vergonha mas essa colaboração para o montanhismo é de importância ímpar, crucial. Olhando mais próximo dos dados parece que muitos acidentes poderia ser evitados com técnica e conhecimento, contudo a fração de tempo em que acontecem é como um raio.
Ainda que se esforçamos para evitar acidentes “o tempo e o acaso afetam a todos” (Ecle.9:11)
Existem dois extremos em acidentes fatais de montanha; O inexperiente e o Experiente, o Direito ao Risco cabe a todos e não faz distinção.
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Psicologia de emergência em áreas remotas e Desastres
Uma mente bloqueada e com trauma não consegue aplicar as técnicas, não consegue ajudar e nem ser ajudado num acidente, nem sempre é assim existem pessoas que só conhece sua resiliência nas adversidades. Há vários livros específicos sobre esse tema, mas eu tenho preferência por livros que tratam o tema de forma indireta e com citações de casos.
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Orientação e Navegação para Montanhistas
ON Tecnológica: Utiliza aparelhos eletrônicos diversos. As marcações são quase exclusivamente eletrônicas.
ON Manual: Utiliza mapas, cartas topográficas impressas, bússola, papel, lápis, compasso, etc.. As marcações são com auxílio de fitas, cordins, tintas, emblemas de associações, etc...
ON Natural: Depende exclusivamente do Ambiente e a interpretação e memorização de pessoas em ler os sinais que a natureza dispõe, como por exemplo chuva, vento, sol, animais, vegetação etc... As marcações são naturais como totens, marcação direto na arvores, com galhos, vegetação etc...
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** Muitos profissionais utilizam essas Orientações para aplicação em seu trabalho de campo. P/ex: Biólogos, Engenheiros Florestal, Ambiental....
** A ordem está debaixo pra cima devido ser melhor na visão sustentável, para aprendizado é bom dominar um pouco de cada.
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Busca e Salvamento em áreas remotas
As técnicas de busca e salvamento para os montanhistas são Terrestre (inclui subterrânea) Aérea e Aquáticas, acredito que saber o básico dessas 3 áreas é de suma importância.
Mesmo que tomou todas precauções e mesmo assim caiu num acidente ou esteja perdido, é importante saber qual é a conduta padrão e recomendada desses Profissionais. Nas atividades ao ar livre hoje em dia existe boas chances de ser atendido por pedido de socorro.
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Comunicação em áreas remotas // Radiocomunicação
O principal empecilho nesse tema é compreender a legislação vigente, a qual à primeira vista é embaraçosa. O manual ajuda a compreender o básico de radiocomunicação. Há muitos desafios para tornar a radiocomunicação +democrática e acessível a todos, estão fazendo testes dessa comunicação em áreas remotas a qual a maioria é montanhosa na região da Mantiqueira com alguns montanhistas. Isso é um passo muito bom para o Montanhismo Brasileiro.
http://www.pu2tsl.qsl.br/manual
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Sustentabilidade
O Programa Pega Leve! É um norteador de mínimo impacto em Ambientes Naturais desenvolvido pelo CEU (Centro Excursionista Universitário) A Fundação Florestal vinculada a Secretária do Meio Ambiente SP inclui esse conteúdo em sua divulgação, o conteúdo é direcionado a todos praticantes de Atividades ao Ar Livre. No site os artigos estão organizados por Atividades ou por Biomas, facilitando a orientação do aventureiro.
https://www.ceubrasil.org.br/pega-leve
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** Essa publicação só foi possível graças ao incentivo de duas famílias que tiveram complicações de seus entes em acidentes nas áreas remotas.
Muitíssimo legal o artigo. Tema de enorme relevância para o bom progresso nas atividades de Montanhismo e, também, todas as outras vertentes de atividades em ambientes outdoor. Abordagem ampla, escrita leve e fluida . Como sugestão, talvez mereça acrescer a parte de planejamento, onde a disputa Amundsen x Scott é riquíssima em cotejar as ações de cada equipe, e suas consequências. Parabéns pelo artigo e pela iniciativa.
Parabéns pelo artigo, Priscila! Muito bom! Agradeço por mencionar o Manual do Serviço de Radiocomunicação. Em breve, posto um artigo sobre este trabalho por aqui.