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A exploração da natureza e o surgimento de novas doenças

    A nossa relação com a Natureza é evidente. Mas porquê a sua exploração é responsável pelo surgimento de novas doenças?

    Nos Alpes
    24/05/2021 10:25

    A exploração da natureza e o surgimento de novas doenças

    A interação do ser humano com a natureza é evidente desde os tempos primórdios. É notável que no desenvolvimento desta relação há um sentimento de dissociação experimentado pelo homem perante a mãe Terra. Desde tempos remotos a humanidade provoca a exploração da natureza de acordo com suas necessidades. Por meio do aprimoramento de técnicas de trabalho nós passamos a cultivar alimentos e domesticar animais, o que fez deixar de lado o nomadismo e o método caçador-coletor. O ser humano começou a formar civilizações quando passou a se organizar de forma coletiva e alcançou mais estabilidade em sua sobrevivência.

    Atualmente, a sociedade em que vivemos segue a lógica do capitalismo, do self e do consumo desenfreado, principalmente dos recursos naturais. A relação do homem com o meio a cada dia está se tornando mais agressiva. Causa profundas transformações e impactos negativos na natureza. Alguns deles são: desmatamento de florestas, poluição de rios, defasagem de recursos hídricos, mudanças climáticas e o aumento de emissão de gases nocivos na atmosfera.

    A exploração da natureza no oeste americano

    No início do século XIX, várias florestas na região oeste dos Estados Unidos foram derrubadas para dar espaço a criação de gado e a agricultura. Essa ação acabou ocasionando inúmeros problemas ecológicos, como por exemplo a quase extinção dos lobos na região. Com a derrubada das florestas, os lobos passaram a caçar bois e outros animais de fazendeiros. Em reação a esse acontecimento, os fazendeiros passaram a realizar a caça massiva aos lobos.

    Mais tarde, na década de 1950, a população de lobos nos Estados Unidos era quase inexistente. Devido a drástica redução dos seus principais predadores a população de alces cresceu. Isso ficou mais evidente e exacerbado no Parque Yellowstone, o que acabou contribuindo muito para a redução da vegetação dos vales e das proximidades dos rio do parque. Sem a presença dos lobos os alces sentiam-se seguros para ocuparem e se alimentarem nesses locais mais sensíveis, causando um grande desequilíbrio no ecossistema.

    Aprendendo com os erros

    Mais tarde, na década de 1950, a população de lobos nos Estados Unidos era quase inexistente. Devido a drástica redução dos seus principais predadores a população de alces cresceu. Isso ficou mais evidente e exacerbado no Parque Yellowstone, o que acabou contribuindo muito para a redução da vegetação dos vales e das proximidades dos rio do parque. Sem a presença dos lobos os alces sentiam-se seguros para ocuparem e se alimentarem nesses locais mais sensíveis, causando um grande desequilíbrio no ecossistema.No início do século XIX, várias florestas na região oeste dos Estados Unidos foram derrubadas para dar espaço a criação de gado e a agricultura. Essa ação acabou ocasionando inúmeros problemas ecológicos, como por exemplo a quase extinção dos lobos na região. Com a derrubada das florestas, os lobos passaram a caçar bois e outros animais de fazendeiros. Em reação a esse acontecimento, os fazendeiros passaram a realizar a caça massiva aos lobos.

    Em 1995, o governo resolveu recuperar a área fazendo a reinserção de 14 lobos, que apesar de poucos acabaram matando alguns alces, que provocou uma mudança no comportamento desses animais, que passaram a evitar e permanecer em lugares vulneráveis, como vales e rios. Como resultado da presença dos lobos, a vegetação desses lugares começou a se regenerar, promovendo até mesmo o direcionamento dos rios, e a erosão do solo na região.

    As árvores começaram a crescer, e aumentaram em até 5 vezes o seu tamanho. Logo os pássaros e aves migratórias voltaram a visitar o parque, ocupando as árvores altas. O número de castores também subiu porque havia mais alimento nas árvores, e os lobos por sua vez caçaram os coiotes que também estavam em alto número, o que possibilitou o aparecimento de coelhos e ratos. Consequentemente mais falcões, raposas, texugos e ursos, ocuparam esses espaço, que vinham se alimentar das carcaças dos animais no chão e dos frutos silvestres das árvores.

    O Parque Yellowstone fica localizado na região do Wyoming nos EUA. Sua história ilustra a relação de inter conectividade que permeia os ciclos naturais da nossa existência e a importância de cada elo dessa corrente. Cada ser vivo é ao mesmo tempo independente, e dependente de outras interações coletivas para sobreviver, tanto ao ponto de lobos alterarem o comportamento de rios.

    Somos partes integrantes da natureza

    Nós precisamos refletir sobre a aparente incapacidade que temos de nos perceber parte integrante da natureza. Este é um tipo de reprodução histórica em que nos colocamos como externos e dominadores da natureza, de acordo com o que diz Ana Maria S Oliveira em seu artigo “Relação homem/natureza no modo de produção capitalista”. Sendo assim, a experiência em Yellowstone nos coloca como parte integrante deste ciclo vivo que sustenta a biodiversidade do nosso planeta. Levando adiante esta reflexão é possível notar que esta relação entre ser humano e natureza precisa ser concebida de forma mais inteligente e não destrutiva. Não podemos simplesmente rejeitar o que nos desagrada, como o lobo que ataca os animais domésticos. Esse pensamento dualista faz com que a espécie humana se coloque como superior a natureza e mantenha uma relação desproporcional de exploração dos recursos disponíveis.

    O que a exploração da natureza tem a ver com o COVID-19?

    Com o surgimento de uma pandemia capaz de mudar drasticamente nossa rotina vem também a pergunta: O que a exploração da natureza tem a ver com o COVID-19? ou com tantas outras doenças infecciosas como a peste negra, doença de Chagas, toxoplasmose, lepra, raiva, HIV, malária, ebola, zika, dengue, chikungunya, febre amarela, gripe suína, gripe aviária, nipah, SARS, MERS, entre outras? Todas essas doenças são zoonoses, doenças que passam de animais selvagens ou domésticos para humanos, mas a contaminação depende de uma mutação genética para acontecer. O mundo em que vivemos está repleto de parasitas como vírus e bactérias. A maior parte deles não faz mal ao ser humano, mas alguns podem ser muito nocivos. Cerca de 60% das doenças infecciosas humanas que surgiram nos últimos 80 anos vieram de animais, em sua maioria animais selvagens.

    O consumo de animais selvagens, o desmatamento, a poluição, as alterações climáticas, o tráfico de animais e a caça são as maiores ameaças contra a biodiversidade, que é aquilo que nos protege de novas doenças. Quanto maior for a biodiversidade menor é a chance dessas doenças se propagam em humanos. Em um ambiente com alta biodiversidade ocorre um processo chamado “efeito de diluição”. Os poucos animais que carregam muitas doenças ficam diluídos no meio de vários outros bichos que carregam pouca ou nenhuma doença.

    Consciência e harmonia com a biodiversidade

    Quando a exploração da natureza acontece de forma não harmônica com a biodiversidade e os recursos naturais, os primeiros animais que morrem são aqueles que carregam poucos parasitas por serem mais sensíveis às alterações ambientais. Sendo assim os animais cheios de parasitas não só sobrevivem como também ocupam o espaço deixado pelas espécies extintas. Os bichos cheios de parasitas se tornam mais abundantes e logo o vírus têm maiores chances de “pular” de um animal para outro e adquirir mutações que vão permitir a infecção de humanos, segundo afirma a bióloga Márcia Chame, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz

    "Estamos espremendo os ambientes silvestres com nossas atividades, cada vez mais a espécie humana entra em contato com a circulação de agentes infecciosos que deveriam estar na mata"

    Além disso quando a exploração da natureza ocorre sem uma consciência de integração com o meio, seja para extrair madeira, minérios, ou para construir fazendas e cidades ficamos mais perto desses animais que carregam doenças. Nesse caso as consequências dessas atitudes se tornam mais do que um problema ambiental e passa a ser também de saúde pública. Doenças como o novo COVID-19 podem ser consequências da forma como nos relacionamos com os animais e a natureza. Agora que estamos percebendo como a relação desarmoniosa com a natureza pode nos prejudicar diretamente, fica a provocação para que possamos refletir: em tempos de isolamento como posso contribuir para a preservação do meio ambiente?

    Artigo escrito pelo Grupo Montanheros. Conheça mais em @grupomontanheros

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    Publicado em 24/05/2021 10:25

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    4 Comentários
    Bruno Negreiros 25/05/2021 09:15

    Uma reflexão extremamente necessária!

    Mínimo Impacto 26/05/2021 14:53

    Excelente! Parabéns pelo post!

    Nos Alpes 01/06/2021 12:17

    Valeu Bruno. Que se torne presente e mais pessoas percebam e compreendam a importância da conservação e preservação do meio ambiente.

    Nos Alpes 01/06/2021 12:17

    Valeu Mínimo Impacto! Estamos juntos 👊💚🌿

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