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Paulo 15/06/2020 22:11
    Cicloviagem - Florianópolis / La Pedrera

    Cicloviagem - Florianópolis / La Pedrera

    Relato de uma cicloviagem saindo de Florianópolis até la Pedrera no Uruguai. Foi minha primeira cicloviagem, levou 20 dias auto suficiente.

    Cicloturismo Acampada

    No dia 30 de março de 2018 eu sai de Fortaleza com destino a Florianópolis de avião. Cheguei em Florianópolis por volta de 10 horas da manhã e acampei em um camping pago na Fortaleza da Barra. Meu amigo Leonardo, que viajou comigo, saiu de São Paulo de ônibus na noite do dia 30 e chegou em Florianópolis no dia primeiro de Abril.

    Foto: Pousando no aeroporto internacional Hercílio luz em Florianópolis

    Depois de receber a caixa da minha bicicleta e os alforges, eu teria que ver como faria para montar a bicicleta. Será que eu saberia montar la novamente? Minha boca estava seca e as mãos geladas de tanta ansiedade. Procurei um local calmo dentro do terminal do aeroporto Hercílio luz, mas não encontrei, então sai do aeroporto e montei a bicicleta do lado de fora. Eu devo ter passado mais de uma hora para montar bicicleta. Quando comecei a pedalar, observei que o guidão estava tremendo demais, parei e observei se tinha alguma coisa errada, mas era falta de prática mesmo. Eu pedalei 4000 km treinando para fazer essa viagem, mas eu treinava sem os alforges.

    Foto: Desembarque aeroporto de Florianópolis

    A foto abaixo mostra o trecho que eu fiz do aeroporto de Florianópolis ao camping da Barra, foram 21 km de pedal tranquilo, entretanto a subida do morro da praia mole foi extremamente cansativo eu tive que empurrar a bicicleta por todo trecho.

    Depois de armar minha barraca no camping, eu fui dar uma volta a pé próximo à praia mole, minha preocupação era se seria seguro deixar as minhas coisas dentro da barraca no camping, pois só tinha mais uma pessoa além de mim. Eu resolvi pegar objetos de valor e dinheiro e coloca los na mochila e deixar apenas os alforges dentro da barraca. Seria a primeira vez na vida que eu iria acampar. O camping era tranquilo e tinha uma infraestrutura regular. Poderia ser mais bem cuidado na minha opinião. Florianópolis sempre foi a minha cidade preferida e era a sexta vez que eu a visitava. Eu conhecia muito bem seus principais pontos turísticos. O tempo estava nublado ameaçando chover, então retornei para o camping, procurei alguma coisa para comer e entrei em contato com Leonardo para saber que horas ele chegaria em Florianópolis, pois eu tinha combinado que iria até a rodoviária ajudar a montar sua bicicleta. Disse que eu só não iria pegar lo na rodoviária se estivesse chovendo.

    Foto: Trecho Aeroporto Hercílio luz / Camping Barra

    Foto: Camping Fortaleza da Barra em Florianópolis

    A minha primeira noite na barraca foi tranquila apesar de ter me acordado várias vezes. As 7 horas, eu tomei um iogurte de chocolate, arrumei a bicicleta apenas com um alforge e fui em direção à rodoviária de Florianópolis buscar o meu parça. O tempo estava nublado e ameaçando chover, mas mesmo assim, eu decidi ir. Florianópolis é uma ilha e foi relativamente fácil circular pelas estradas. Quando eu estava chegando próximo à rodoviária Rita Maria, eu recebi uma mensagem pelo WhatsApp do Leonardo dizendo que já estava indo para o camping de taxi. Na hora eu fiquei um pouco aborrecido, mas a minha ansiedade, motivação e entusiasmo de está fazendo aquela viagem era superior a esse pequeno aborrecimento. Mal sabia eu que isso era um mal presságio

    Foto: Próximo ao terminal rodoviário Rita Maria em Florianópolis

    Meu parça e eu ficamos 2 dias em Florianópolis antes de iniciar a viagem propriamente dita.

    Foto: Preparado para a partida.

    Dia 1

    Saimos de Florianópolis com destino a Caieira da Barra do sul, no sul da ilha, para fazer a travessia de barco para o continente onde iríamos passar a noite. O trecho entre o camping e Caieira durou o dia inteiro e foi muito puxado devido o sobe e desce. A minha bicicleta tinha 27 velocidades e aro 29. A do Léo, era uma aro 26. Como eu eu falei anteriormente eu tinha me preparado para essa viagem durante um ano. Eu cheguei a pedalar em torno de 4000 km em treinamento. Meu companheiro de viagem aparentemente não investiu muito em treinamento e eu observei que ele se cansava com muito mais facilidade, além da bicicleta dele está muito pesada. Mas conseguimos chegar em caieira da Barra do sul no final da tarde. Contratamos um barqueiro que fez a travessia por r$ 100 para praia do sonho no continente.

    Foto: Travessia Florianópolis / Praia do sonho

    Conseguimos armar barraca ao lado de onde desembarcamos era um local tranquilo e bonito. Felipe, o dono do local, nos recebeu com muita gentileza. Logo depois de tomar um banho fui ao supermercado local comprar alguma coisa para jantarmos. Dormir em uma barraca era algo novo para mim mas eu consegui me adaptar rapidamente.

    Foto: Praia do sonho.

    Dia 2

    No segundo dia de viagem, nós pedalamos em direção a Imbituba. Iniciamos pela BR 101, trânsito caótico mas relativamente seguro. Pedalavamos pelo acostamento e sempre que passavamos ao lado de um posto de gasolina nós parávamos para tomar água e descansar um pouco. Neste momento, nós não tínhamos nenhum warmshowers que fosse nos receber em Imbituba. Eu tinha combinado com uma pessoa pelo Facebook para ficar na casa dela, em Imbituba, mas acabou que não deu certo e nós provavelmente teríamos que dormir em um posto de gasolina. Pedalar pela BR 101 era algo que merecia sempre muito cuidado e atenção. Ainda bem que eu tinha comprado um retrovisor em Florianópolis que foi importante durante toda viagem. Atualmente acredito que um retrovisor é indispensável em uma cicloviagem, ele pode salvar sua vida e considero que seja um dos itens mais importantes em uma ciclo expedição principalmente se você for pedalar por rodovias estaduais ou federais e mesmo dentro das grandes cidades.

    Por volta de 4 horas da tarde pedimos permissão para montarmos a barraca em um posto de gasolina as margens da br-101. A noite não foi muito tranquila, pois o local onde montamos barraca era uma estacionamento de caminhão. Passamos a noite inteira acordando com medo que os caminhões fossem passar por cima das barraca...(risos).

    Foto: Acampamento posto de gasolina BR 101. Trecho Praia do sonho / Imbituba.

    Dia 3

    No terceiro dia nós seguimos em direção à Laguna, SC. O Heitor ia nos receber no final da tarde em sua casa. O tempo estava ótimo. Abril é outono, então pedalar com tempo ameno foi espetacular. Eu sou de Fortaleza onde a temperatura durante o dia é insuportável e eu não tive nenhum tipo de problema com o tempo em relação a calor. O trecho entre Imbituba e Laguna foi tranquilo. Tivemos que pedir direções ao chegar em Laguna pois era uma cidade grande. Também fizemos a travessia de uma lagoa por uma balsa. Do outro lado da lagoa nós pegamos a estrada Laguna cinquenta e fomos direto para a casa do Heitor que nos recebeu com muita gentileza. A casa na verdade fica em um sítio muito bem arborizado,verde com animais. Nós armamos a barraca no lado de fora da casa, tomamos banho e dormimos tranquilo.

    Foto: Sítio do Heitor e Fernando em Laguna SC.

    Dia 4

    Depois de conversar um pouco com os donos da casa e tomar café, nós arrumamos as nossas coisas e seguimos para balneário Rincão. A distância de onde estávamos até balneário Rincão era de mais ou menos 65 Km. Durante toda a viagem nós não tivemos nenhum perrengue na br-101. O trecho sempre muito tranquilo, entretanto nós tínhamos muito cuidado com os caminhões e carros que passavam em alta velocidade ao nosso lado. O vácuo causado pelo caminhão poderia nos derrubar da bicicleta.

    Foto: Chegando em Balneário Rincão.

    Em balneário nós ficamos acampados no camping campestre Park e foi uma maravilhosa surpresa. Era um local bonito, com um lago espetacular, banheiros com ducha e eramos os únicos acampados no local. Nos cobraram r$ 20 à noite. Nós ficamos duas noites no balneário Rincão. Ficamos atualizando Facebook, Instagram e eu aproveitei para tomar banho no lago e fazer muitas fotos. O local era realmente incrível. Neste momento da viagem eu já começava a sentir um certo descompasso no meu ritmo em relação ao do meu amigo de viagem. Ele regularmente ficava para trás e eu frequentemente tinha que esperar por ele no meio da estrada.

    Foto: Campestre Park em balneário Rincão.

    Dia 5

    Saímos cedo e fomos em direção à balneário gaivota. O trecho que fizemos era sempre pela br-101, nós apenas saíamos desse trecho quando tínhamos que procurar um local para acampar nas praias do litoral, que no caso de Santa Catarina, foi o litoral de balneário Rincão, balneário gaivota e Passo de Torres. Nesse trecho, como eu falei anteriormente, já era nítido a falta de ritmo entre eu e o meu companheiro de viagem. O meu amigo sempre ficava para trás e como consequência, eu tinha que esperar regularmente por ele em torno de 40 minutos no acostamento da br-101, para que eu não pedalasse sozinho e nem deixasse ele pedalando sozinho. Uma vez eu esperei por ele mais de 40 minutos e como ele não aparecia eu tive que retornar para saber o que tinha acontecido, porque eu já estava preocupado que ele tivesse sofrido um acidente ou algo parecido, mas graças a Deus foi apenas um pneu furado. Quando chegamos em balneário gaivota fomos procurar um camping para passar a noite e escolhemos um camping próximo à praia, bem estruturado e limpo. Além de nós, tinha um casal que estava viajando de van. A noite eles nos convidaram para comer um churrasco e tomar cerveja. Foi muito bacana. No dia seguinte, eu fui dar uma volta a pé na praia para conhecer balneário gaivota. Como maioria das praias de Rio Grande do sul, na minha opinião, não tinha muitos atrativos era uma Praia limpa, bem longa e com poucas pessoas. Quando estávamos conversando com alguém a respeito da nossa viagem, sempre pedimos sugestões sobre o roteiro que faríamos, as pessoas geralmente davam sugestões de roteiros, então decidimos fazer o trecho balneário gaivota para Torres no Rio Grande do sul, pela praia, e assim fizemos.

    Foto: Balneário Gaivota, SC

    Durante a minha pesquisa sobre uma cicloviagem, eu sempre lia que o ideal era sair de manhã bem cedo para evitar pedalar à noite. Essa questão me deixava extremamente irritado com a minha parceria, pois nós sempre saíamos tarde, e por consequência, tivemos que pedalar à noite várias vezes e eu não concordava com isso... Chegamos em Torres pela praia à noite e eu estava sem farol. Apesar do Léo ser uma cara super bacana e simpático, eu não sentia muita abertura para expor uma opinião diferente da dele, então eu sempre acaba ficando calado e fazia aquilo que ele decidia. Quando chegamos em Torres procuramos um camping e ficamos no Mampituba.

    Dia 6

    No dia seguinte, depois de ouvirmos por mais de uma hora o dono do Camping tagarelar suas vantagens de vida e nos cobrar r$ 20 por uma pernoite bem meia-boca, nós saímos em direção à xangri-lá no Rio Grande do sul. Pinheiros e pastos verdes moldurou nosso trecho até xangri-lá. Para mim, que sou do Ceará, as paisagens eram muito aprazíveis. Chegamos em um camping e a recepcionista nos cobrou um valor que achamos alto. Choramos um pouco e ela baixou o valor. Na verdade, nós ficamos em um apartamento muito bem estruturado. Não conhecemos nada de xangri-lá, nós apenas dormimos e no dia seguinte seguimos para Cidreira, onde teríamos ajuda de um warmshower.

    Dia 7

    A rotina era sempre a mesma. Depois do café seguimos para Cidreira. O trecho foi tranquilo e minha única preocupação era com a falta de alinhamento do nosso ritmo de pedalada. Pouco antes de entrarmos na cidade de cidreira o pneu do parça furou. Depois de trocá-lo seguimos para casa do Daniel que nos recebeu com muita gentileza. A tardinha saímos para comprar algo para comer. Eu caminhei pela praia de Cidreira, fiz algumas fotos e fui dormir cedo. No dia seguinte seguimos para Bacupari.

    Dia 8

    Depois que saímos de cidreira nosso destino seria Capivari do sul, para a partir de lá, seguirmos para bacupari, entretanto erramos o caminho e voltamos para a praia de Cidreira. Foi um erro estúpido e bem infantil. Eu observei que havia um outro descompasso na parceria com meu amigo. Se nós tínhamos um GPS no celular funcionando normalmente, não havia necessidade de ficar perguntando para os locais como fazer para chegar em local x ou y. Léo, costumava perguntar para as pessoas na rua como fazer para chegar em um local x e isso acabava atrapalhando as decisões que já tinham sido tomadas. Eu também observei, que meu colega não levava muito em consideração quando eu mostrava um trecho no GPS do celular, era como se a minha observação não fizesse muita importância e ele acabava seguindo as informações dele. O erro, neste caso, foi totalmente dele, inclusive ele ficou meio aborrecido quando observou o que tinha feito. Eu não falei nada. Ele, irritado, disse que não voltaria para corrigir o percurso de 15km e que ia seguir mesmo assim, o que significava que nós deveríamos entrar na região do Quintão, em Cidreira, onde a estrada era de terra e nós teriamos que pedalar então até a br-101, por essa estrada de terra. E assim seguimos. Não pedalamos nem 50m tivemos que parar porque a estrada era intransitável, a areia muito fofa o pneu da bicicleta afundava. Nesse momento eu estava com muita raiva e aborrecido por está passando esta situação. Decidimos então pegar uma carona que nos levou até próximo da br-101. Hoje, olhando para trás, eu teria tido uma abordagem muito diferente, eu teria ficado mais tranquilo e aproveitado a oportunidade de estar passando por esse perrengue para bater fotos e observar a natureza. Quando chegamos no trecho onde era possível pedalar, contiuamos seguindo em direção a br 101, o Leo ficou pra trás e eu pedalei até bacupari onde nós íamos ficar acampados. Eu não sabia onde estava o Leonardo, qual o trecho ele tinha tomado, ou se ele tinha entrado em alguma outra trilha, então eu decidi acampar em um camping em bacupari e esperar por ele, na esperança que ele encontrasse o mesmo camping onde eu estava. Ele provavelmente chegou por volta das 9 horas da noite. Eu já estava deitado na minha barraca. No dia seguinte, eu desci até a lagoa de bacupari e gravei um vídeo desabafando aquilo que eu estava sentindo e o meu descontentamento com a viagem até o momento. Já fazia alguns dias que nós estávamos viajando, mas para mim a viagem se resumia em pequenos aborrecimentos que eu guardava só para mim tais como; saíamos tarde demais, parávamos muito, pedalavamos à noite, eu ficava muito tempo esperando o meu amigo no acostamento... esse tipo de coisa. Outra coisa que me deixava muito irritado era que meu parceiro tinha o costume de mostrar para as pessoas que ele era o mais fodão da viagem. Sempre que parávamos em um posto de gasolina, meu amigo não perdia a oportunidade de pedir que as pessoas segurassem na bicicleta dele para mostrar o quanto ela estava pesada e depois, pedia para que as pessoas pegassem na minha bicicleta ,que era bem mais leve, passando a impressão de que ele era o que se esforçava mais... que era o mais fodão e isso me deixava extremamente irritado porque eu não estava em uma competição com ninguém. Neste ponto da viagem eu já estava pensando seriamente em desfazer a parceria.

    Dia 9

    Seguimos então para o sul do Rio Grande do sul onde passamos a noite na cidade de bojuru em um warmshower. Eu cheguei na casa do seu Luiz por volta das 6 horas da tarde. O parça tinha ficado para trás e com o passar do tempo comecei a me preocupar com ele pois deu 7, 8, 9 horas da noite ele não chegava. Eu tenho um certo transtorno de ansiedade, então, pensar negativamente faz parte do meu dia a dia, muitas coisas poderiam ter acontecido com ele, pneu furado, assalto, acidente, quebra da bicicleta, mas finalmente ele chegou e depois de tomarmos banho fomos convidados para jantar. Nós arrumamos a nossas barracas do lado de fora da casa, mas era um local tranquilo e confortável e no dia seguinte nós seguiremos para Rio Grande.

    Foto: Casa do Sr. Luiz. Bojuru

    Dia 10

    Dorminmos bem em Bojuru e seguimos para Rio Grande, onde iamos ficar na casa do William na praia do Cassino. Antes, teriamos que passar na cidade de São Jóse do Norte onde pegariamos uma balsa para atravessar para Rio Grande. Se eu fosse fazer esta viagem novamemnte eu procuraria aproveitar mais os detalhes. Talvez passar mais dias nas praias do litoral gaucho. Nós praticamente percorremos toda a extensão da br 101 entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul sem parar. Mas eu era marinheiro de primeira viagem e tudo foi aprendizado , como mencionei anteriormente. Chegamos em São Jóse do Norte e o transito me pareceu bem caótico. Antes de entrar na cidade tinham varios carros transitando em alta velocidade. Precisei manter cuidado redrobrado. Nos dirigimos ao porto para pegar a balsa que nos atravessaria para Rio Grande. Esperamos uns 30 minutos e pegamos o barco. Entendemos que o trecho do porto da balsa até a praia do Cassino seria muito longo, uns 30 km, que não é pouca coisa quando se está de bicicleta. O William entrou em contato com uma amiga que nos recebeu com muito carinho e atençaõ. Claudiane morava proximo ao porto e seguimos para casa dela. Nós passariamos apenas uma noite na cidade e no dia sequinte planejamos fazer uma manutenção nas bikes. Não deu certo, pois teriamos que passar 4 dias para receber as bicicletas, então, resolvemos continuar o pedal rumo ao Taim. Nós sairiamos depois do almoço, ou seja, nunca que chegariamos no taim a tarde, pois são 80km. Na saida, por sorte, encontramos uns ciclistas que nos acompanhou até a saida da cidade. Então fomos em direção ao Taim. Nós iriamos ficar na praia da Capilla, um pequeno vilarejo no Taim. O trecho foi traquilo e eu cheguei na Capilla por volta de 6h da tarde, já estava escurecendo. Consegui um alojamento por 15 reais. O Léo ainda não tinha chegado. Sai para comer algo e quando voltei o ele chegou. Eu disse para ele que no dia seguinte eu sairia as 8 da manhã. Ele disse "tudo bem". Eu estava me despidindo dele, mas ele não sabia ... Essa noite foi a última vez que eu o vi. Hoje 13/06/2020, escrevendo esse relato, eu sinto uma mistura de tristeza, ansiedade , culpa e arrependimento, mas eu estou, na verdade, valorizando uma bobagem... Mantivemos a amizade e de vez em quando, mantemos contato.

    Foto: Reserva ecologica do taim

    Dia11

    Eu não tenho absoluta certeza se realmente é o dia 11, mas vai assim mesmo. Eu sai por volta das 8 horas da manhã e deixei meu amigo dormindo. Eu não o veria nunca mais. Eu gosto desses trechos trágicos ( risos ). Comecei a pedalar sem saber exatamente onde iria dormir, provavelmente em Santa Vitória do palmar, mas seriam 140 Km até lá. Entre esse trecho tinham postos de gasolina em torno de 40 Km entre um e outro. Como eu estava sozinho e não tinha mais a preocupação de esperar pelo parça, eu pedalei forte e consegui chegar em Santa Vitória do palmar antes do final da tarde. Foram 140 Km de pedal sem nenhum tipo de problema. Às vezes eu achava que o eu estava pilotando uma moto, tão grande era minha velocidade, mas na verdade não passava nos 30km por hora. O local mais barato que eu consegui para pernoitar em Santa Vitória foi um hotel que me cobrou r$ 80. Aparentemente eu era o único hóspede do hotel mesmo chorando o rapaz não quis baixar o preço eu poderia ter ido embora e procurar outro local para ficar, mas nesse momento eu comecei a observar que eu já não tinha mais muita paciência para negociar ou ficar procurando as coisas... Se eu estivesse com o Léo eu com certeza não teria feito esse gasto. No dia seguinte, depois do café da manhã sai para o Chuí, onde eu supostamente faria minha entrada triunfante no Uruguai de bicicleta ( risos ). Digo supostamente porque não foi nada triunfante foi uma coisa muito simples e sem graça nenhuma, mas tá valendo...

    Dia 12

    Entre Santa Vitória do palmar e o Chuí são 20 km. Assim como em Santa Vitória do Palmar eu não tinha local para ficar no Chuí que tive que pagar r$ 80 para dormir em uma pousada próximo à rodoviária. O fato é que eu observei que estando sozinho eu não tinha muita paciência de ficar procurando camping gratuito ou batendo nas portas da pessoa para pedir abrigo. O Chuí é um local bem tumultuado e com comércio ambulante. Tem uma avenida que separa os dois países. Eu precisava comprar algumas roupas mas meus cartões não funcionavam do lado uruguaio. Com isso, eu me preocupei em ter que sacar dinheiro do banco para poder usar o Uruguai, pois eu não tinha certeza se poderia usar meus cartões fora do Brasil. No Chuí, não tem banco Santander, então eu tive que voltar para Santa Vitória do palmar para fazer o saque do dinheiro.

    Dia 13

    Depois de tomar o café da manhã eu peguei um ônibus urbano e fui até Santa Vitória para sacar o dinheiro. Passei o resto do dia no Chuí tentando comprar algumas coisas que eu estava precisando. No dia seguinte eu iria finalmente entrar no Uruguai e fazer a imigração.

    Foto: Chuy

    Dia 14

    No dia seguinte, depois de tomar o café da manhã no hotel eu entrei no Uruguai. Os trâmites na fronteira foi tranquilo e rápido. Continuei o pedal pela ruta 9 e logo depois de alguns minutos eu cheguei em frente à Fortaleza de Santa Teresa onde eu iria ficar acampado. A Fortaleza de Santa Teresa é um forte bem conservado e pode ser visitado, mas antes de visitar lo eu dei uma passada na praia de moza e depois, procurei um local para montar minha barraca. Eu era praticamente o único hóspede do camping. Ainda existia a possibilidade de eu me encontrar com Leonardo mas nesse momento ele já deveria estar a mais ou menos uma semana atrás de mim. A viagem estava chegando ao fim pois eu encerraria a minha cicloviagem na cidade de La Pedrera que ficava a poucos quilômetros mais ao sul da Fortaleza de Santa Teresa. Neste mesmo dia antes de dormir eu fui atrás de comprar alguma coisa para comer e beber pois na Fortaleza apesar de ser um Balneário turístico estava praticamente tudo fechado, não tinha nada aberto, eu andei mais ou menos 15 km até encontrar a entrada oficial do parque. Santa Teresa é um parque nacional na entrada principal, que não foi onde acampei, comprei uma garrafa d'água e um pacote de biscoito por quase r$ 20. Uruguai é extremamente caro para os padrões brasileiros. Retornei ao camping, comi um macarrão e fui dormi. Passei a noite acordando com movimento de carros que estavam passando pelo camping.

    Foto: Fortaleza de Santa Teresa

    Dia 15 ( Final )


    No dia seguinte eu sai bem cedo na esperança de não pagar o camping. Sim, eu não queria pagar. Eu estava já meio aborrecido. Achei o camping muito bom mas sem nenhuma estrutura e ainda tive que pagar em torno de 20 reais. Mas paguei de qualquer maneira, pois na saida o guardinha já estava a postos...Continuei o pedal descendo a ruta 9 e entrei no pueblo de Punta del Diablo. Não gostei. Tinha muito sobe e desce era impossivel pedalar subindo e descendo aqueles morros. Fiz uma única foto e continuei a viagem. Durante todo este percurso, eu estava lembrando dos videos do canal Bonito no caminho, um casal que pedalou exatamente de Florianopolis até Montevideu. Da ruta 9 dava para ver um pouco da Laguna negra. Passei pela cidade de Agua Dulces e depois parei na entrada do parque Cabo Polonio. Pensei na possibilidade de ir conhecer o parque, mas desisti. Já no inio da tarde, o ceu estava meio nublado e ameaçava chover. Observei que não tinha muitas opçoes de abrigo no meio do caminho , mas continuei. A chuva me pegou de jeito. Não conseguir abrigo em local algum. Em todas as estancias que eu parava pedindo auxilio, me foi negado. Por fim, todo molhado eu cheguei em La Pedrera onde eu encerraria minha viagem. Em La Pedrera eu fiquei 2 dias. Ainda conheci um pouco de La Paloma, cidade que fica ao lado. Concluindo, esta minha cicloviagem não pareceu ser exatamente o que eu planejei. Não por forças externas, mas sim internas. Eu aprendi muito mais do que "curtir" muito mais. Eu acabei me punindo muito por não ter tido a mesmas experiencias que outros tiveram. Ler relatos de viagens de outros é bacana, mas NUNCA se deve esperar que com voçe será a mesma coisa. Não precisa ser. E não vai ser. No fundo a minha viagem de bike foi MARAVILHOSA. Eu sai disso mais maduro, mais inteligente, mas paciente e com muita, mas muita vontade de repetir.

    Quero aproveitar para agradecer meu amigo Leonardo. Apesar de nosso descompasso, foi um grande professor para mim. Obrigado.

    Paulo
    Paulo

    Publicado en 15/06/2020 22:11

    Realizado desde 02/04/2018 al 20/04/2018

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    1 Comentarios
    Blog Outdoor 08/07/2020 11:17

    Sensacional Paulo! Que experiência...

    Paulo

    Paulo

    Fortaleza CE

    Rox
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