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Almas e Itobira - Páscoa no teto do Nordeste
Dois dos gigantes do Nordeste no feriadão com grandes e divertidos amigos do Bushcraft BA
Trekking MontanhismoFoto portada: vista do Almas a partir do Vale do Queiroz. O cume tem o formato de um cupim de boi.
Foto avatar: acampamento no cume do Itobira.
Lucas, da loja Planeta Outdoor, convidou membros do grupo Bushcraft Bahia para subir o Pico das Almas e o Itobira no feriadão Páscoa - Tiradentes. Queria mostrar as montanhas para Laura, sua namorada. O Dantas prontamente aceitou, pois também não conhecia. Samuel e Lucinha, de Feira de Santana, também toparam. Samuel queria filmar com drone estas montanhas.
Eu também topei, embora tenha uma forte ressalva quanto a viajar em feriados prolongados, eu gosto muito deste pessoal. Minha mulher não poderia ir devido a um plantão.
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Saímos de Salvador (eu, Dantas e Laura no carro de Lucas) sexta, 18/04, muito cedo, mas não cedo o suficiente. Pegamos uma hora e meia de engarrafamento na BR 324. Em Feira encontramos com Samuel e Lucinha. Passei para o carro deles para distribuir melhor a carga.
Almoçamos em Itaetê e prosseguimos. São sete horas de viagem normalmente. Mas chegamos apenas 17:30 no início da trilha, onde deixamos os carros.
Pessoal nos ultimos preparativos antes de zarpar.
Rapidamente começamos a andar pois o acampamento base no Vale do Queiroz ficava a hora e meia dali. Para facilitar as coisas começou a chover copiosamente. Meus amigos pararam para botar capa e ponchos. Eu preferi continuar como estava, apenas com chapéu para não embaçar os óculos.
Escureceu e ligamos as headlamp. Apenas enxergávamos o nosso caminho encharcado através de um aro de luz . No escuro pegamos duas vezes bifurcações erradas pois a trilha dava zignau nestes pontos. Somente consultando o GPS descobrimos o erro.
Chegamos no vale após percorremos 3,4 km desde os carros e visualizamos as formações rochosas típicas deste bonito lugar. Apressadamente armamos nossos abrigos ainda debaixo de chuva. Eu, com minha tarp, armei o mais próximo das pedras. As tendas, com inner tent montada primeiro, sofreram uma lavagem antes de serem cobertas pelo fly. Os casais faziam DR enquanto montavam as tendas. Montar uma tenda com chuva e no escuro realmente mexe com os nervos.
Algum tempo depois, com os abrigos montados, a chuva arrefeceu e parou.
Alguns então prepararam a janta. Outros comeram lanche frio. Eu usei o pequeno fogareiro de Esbit (combustível sólido) para esquentar o feijão pronto (numa embalagem tetrapak). Comi o feijão com uma farofa.
Um ou dois corajosos resolveram tomar banho de rio que ficou 5 minutos para trás, na trilha. Eu considerei a chuva, que me molhou até a alma, como uma ducha e me dei por satisfeito.
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A noite São Pedro deu uma trégua mas o sábado amanheceu chovendo.
Pela manhã. Ao fundo, parte da Serra das Almas. Visível uma cachoeira que só existe quando chove.
Decidimos subir o Almas sem mochilas, pois a previsão era de chuva com raios. O cume desta montanha é particularmente perigoso para acampar com relâmpagos, daí a decisão do bate-e-volta ao invés de acampar lá em cima, nosso planejamento inicial.
Eu e Quartinha tomamos um banho de rio, que ontem adiamos.
O rio, a 5 minutos do acampamento. Dantas é pobrinho mas é limpinho!
Depois desarmarmos os abrigos e arrumamos as mochilas que foram escondidadas entre as pedras. Um grupo grande, guiado, passou por nós rumo ao pico. Pouco depois das 11 horas partimos.
Caminho fácil até uma bonita mata onde cruzamos o rio e dali chegamos no sopé da montanha. Ali começava a subida chata e dificultosa. Considero o Almas o mais difícil dos 3 grandes do Nordeste (Barbado e Itobira são os outros).
Alcançamos o grupo de turistas no Portal das Almas, onde eles tiravam fotos. Como havia fila de espera, optamos por tirar fotos no atrativo apenas na descida.
Com cerca de uma hora chegamos na passagem estreita do falso cume e, logo em seguida, na carrasqueira, trecho final da subida, com alguma exposição. A sorte é que a rocha, um aglomerado, oferece bons pontos/agarras, não é escorregadio e não há pedras soltas.
Passagem estreita no falso cume. Ao fundo o trecho final para o cume verdadeiro.
Pouco antes do topo arbustos calcinados por um incêndio, provocado por raios, testemunhando o risco de acampar ali com tempestade.
Ao chegar tiramos fotos. As nuvens obstruiam a vista a maior parte do tempo. Eu e Dantas escrevemos no livro de cume. Havia espaço para 4 ou 5 barracas. Poderia ter trazido minha tenda Lanshan Pro ao invés da tarp, se fosse acampar ali.
Nas nuvens.
Avisei ao pessoal que ficaríamos apenas meia hora. Lucinha ficou descontente, mas poderia voltar a chover a qualquer momento e a descida da carrasqueira merece muito cuidado mesmo sem chuva.
Envoltos em nuvens, na permanência no cume não chegamos a ver a cidade de Rio de Contas ou Livramento do Brumado. Apenas o Vale do Queiroz, por momentos.
Na descida começou a chover. Com cuidado, não tivemos nenhum incidente. No meio da descida parou a chuva.
Ao chegarmos no Portal das Almas tiramos as tradicionais fotos (não fizemos isto na subida).
Fotos: Laura.
De volta ao acampamento colocamos as mochilas nas costas e voltamos aos carros. Nosso destino seria agora o acampamento base do Itobira, no rio Cambuca.
Pegamos a estrada voltando a Rio de Contas. Com meia hora quebramos a esquerda para a Ponte do Coronel. Vimos horrorizados como o local estava tomado por tendas.
Pouco depois nova bifurcação a esquerda, deste vez para Caiambola. Estrada muito boa no começo, com muita plantação de manga. Já perto do local de estacionamento ela fica bem precária. Samuel, no volante, chegou a duvidar do caminho. Mas Lucas, que vinha atrás, avisou por rádio que era ali mesmo.
Chegamos outra vez no escuro. Pegamos as mochilas e partimos para nosso acampamento, aproximadamente a 20 minutos dali.
O local para acampar a beira do rio Cambuca é bonito. Mas Lucas lembrou que da última vez ali um cavalo passou a toda pelo lugar de noite, ameaçando atropelar as barracas.
Abrigos montados sem chuva, sem pressa. Desta vez armei a tarp de forma mais decente.
Banho no rio a luz de headlamp e jantar. Após isto penduramos a comida/lixo nas árvores e fomos dormir.
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A noite apenas um pequeno chuvisco. O que me incomodou foi o colchão inflável escorregando de cima do isolante, porque estava num terreno um pouco inclinado. Também, culpa minha, botei a face aluminizada do isolante para cima, que é bem mais escorregadia.
Fotos de manhã cedo.
Cafofo espaçoso. Faltava tensionar um pouco mais os cordoletes para deixar a cumeeira sem folga.
Após o café partimos cerca de 9 da manhã. Dantas e Samuel se deram ao luxo de voltarem aos carros para deixar alguma coisa por lá e pegar algo que ficou nos veículos.
Não queríamos ser ultrapassados por outro grupo que, se chegasse primeiro no cume, pegaria a pouca área disponível para acampar.
Subida tranquila. Fui na frente porque queria tomar um banho rápido no último córrego que havia no caminho. Não quis tomar um banho pela manhã no Cambuca, como alguns fizeram.
Cheguei e cai na água. Molhei a camisa para tirar o suor e vestir ela molhada para não suar na subida final.
Após pegarmos água, variando de 3 a 4 litros por pessoa, estavamos prontos para subir. O grande guia Lé apareceu com um grupo. Tinham passado a noite no topo e estavam descendo. Conversamos rapidamente e ambos partimos em direções opostas.
Queria subir vagarosamente com meus 4 litros de água, para evitar suar. Porém no meio da subida da encosta final o pessoal ouviu vozes, um grupo estava subindo atrás. Fiz o que não queria, subi acelerado para garantir nossos lugares. Chegamos bem antes do grupo que, depois viemos a descobrir, estava com um guia e seria apenas bate-e-volta, não dormiriam no topo. Corrida desnecessária. Fiquei todo suado.
Eu, Dantas, Lucas/Laura armamos os abrigos no círculo de pedras e Lucinha/Samuel debaixo da projeção da rocha, na toca da cozinha.
Círculo murado por pedras. Minha tarp (marrom) formou uma meia-água aproveitando o muro. O muro serviu de prateleira para minhas coisas.
Foto: Dantas.
Toca da cozinha com a tenda de Samuca/Lucinha.
Foto: Dantas.
Depois que os turistas foram embora tratamos de cozinhar e relaxar. Era algo como 13:30.
Enquanto comia o almoço o Samuel lançou o drone de cima da toca e deu rasantes no acampamento. Teve uma hora que o drone chegou perto e eu ofereci uma colher de risoto liofilizado. Esperto, ele recusou! Logo que Samuca postar o vídeo na página dele no YouTube colocarei o link aqui.
A cozinha da toca é bem abrigada. O Itobira tem o cume mais amigável dentre os três grandes picos do Nordeste.
Foto: Dantas.
No meio da tarde uma nuvem de chuva despejou água. Corri para baixo da tarp mas raciocinei que era minha chance de tomar uma ducha! Tirei a roupa ficando só de calção e fui para a chuva. O tecido da tarp direcionava a água para uma bacia de silnylon dobrável da Sea to Summit onde eu a pegava de caneco e jogava no corpo. Foi um banho bem satisfatório. Vesti então a roupa da noite.
Aí voltei para dentro da tarp e deitei. Com um pouco Dantas chegou e perguntou se não havia escutado a confusão na toca da cozinha. Disse que não (provavelmente adormeci). Um escorpião apareceu no meio do pessoal. Segundo Lucas, pela agitação, teve gente que achou que ele ia voar no pescoço de alguém kkkkkk. O bichinho foi devidamente pulverizado a base de pancada.
O Lucas devia montar um show de stand up. O cara é hilário!
O interessante é que ele (Lucas) já havia cantado a pedra na subida: cuidado com escorpião no pico do Itobira. Um guia, amigo nosso, Chicão, de Catolés de Cima, levou uma dolorosa picada ao mexer numa pedra e alertou Lucas. Dito e certo.
Ali tem toda uma fauna que se aproveita de restos de comida deixados por descuidados: pássaros, ratinhos ousados e mocós.
O entardecer foi lindo. Subimos na pedra da toca da cozinha e Samuca lançou seu drone novamente, fazendo bela filmagem. Tiramos fotos.
Desci depois para minha tarp para assistir um filme na Netflix devidamente envolto no meu saco de bivaque (bem leve, da Borah Gear), para não correr o risco de receber uma ferroada.
Jantei sanduiches. Outros optaram por uma refeição quente, liofilizada. Samuca e Lucinha se deram ao luxo de comer um cuscuz com sardinha. Eles fazem parte do famigerado Kuskuz Klã do Nordeste.
Lucinha catou um pouco de lenha e fizemos uma pequena fogueira tribal ao anoitecer, observando estrelas. O tempo melhorou muito! Poucas nuvens no céu. Lucas e Dantas tiraram fotos noturnas.
Tenda do Lucas, Foto dele.
Segunda, 21/04, feriado de Tiradentes.
Não choveu pela noite.
Acordei 6 horas. Combinamos de estarmos prontos para descer as 08 horas. Teríamos um longo caminho para Feira de Santana e Salvador.
Foto de despedida do Itobira. Da esquerda para a direita: Samuca (Algoritmo)/Lucinha (Morcegona) ambos de camisa verde, eu (Gandalf), Lucas (Bateu na Trave)/Laura (Lady Laura) e Dantas (Quartinha) de amarelo.
Foto: Samuel.
Almoçamos na pracinha de Rio de Contas, no tradicional Portela. Três litros de Coca Cola e meio boi no churrasco. Impressionante como se come após uma volta da trilha.
Chegamos em Salvador apenas meia noite e meia de terça-feira, devido ao grande engarrafamento que pegamos. É a parte chata de trilhar nos feriadões. Mas valeu muito pela aventura e pela companhia.
Top demais! Semana Santa não tinha como colar! Mas fiquei demais na vontade de ir!!! Parabéns por mais um relato meu amigo!
Peter sempre com relatos diferenciados. Estou para ir pro Itobira e Barbado. Almas ja fui e adorei.
Grande Lê ! Um senhor guia e um show de pessoa !
Que bom que Peter voltou a velha tarp ! 👏👏👏
Esta tarp até que é recente Seng! É uma 3F UL 3x3. Não tinha quadrada até então.